Tuesday, January 25, 2005

 

coluna 26 de janeiro: best music 2004

MELHORES DE 2004 :

01. The Go! Team – ‘Thunder, Lighting, Strike’
Quem diria que num ano que o que eu mais ouvi foram músicas melancólicas, o meu disco favorito foi algo totalmente oposto à melancolia. ‘Thunder, Lighting, Strike’ é um álbum fresh e jovem, uma das coisas mais contagiantes que ouvi nos últimos tempos. É uma enorme explosão de cores e energia. Esse sexteto de Brighton, UK, conseguiu como ninguém compor melodias variadas e inteligentes, sensíveis e up-beat, repletas dos mais espertos sons, que possuem teclados, guitarras, scratches, samples, mad-beats, vocais hip-hop e gaitas, tudo harmoniosamente encaixados com apenas um único propósito : fazer você dançar até o amanhecer. Torpedos como ‘Bottle Rocket’, ‘Junior Kickstart’ e ‘Ladyflash’ são alguns dos motivos pelos quais não abandono minha ‘carreira’ de DJ. Pra quem gosta de: japanese disco pop, dirigir e alta velocidade, Avalanches, dançar, dançar e dançar.

02. The Album Leaf – ‘In a Safe Place’
Escutar esse LP do The Album Leaf é uma experiência única. Você simplesmente é transportado para um outro universo, cheio de paz, onde os sonhos viram realidade e seu corpo recebe uma energia e calor especial. Esse é o terceiro disco dessa formosa banda, que é liderada pelo californiano Jimmy LaValle e que vem trabalhando sob a alcunha de The Album Leaf desde 1999. Dessa vez, LaValle resolveu ir até a Islândia para gravar e compor com membros de outras bandas, os locais Sigur Ròs e Múm, e os americanos Black Heart Procession. Aí vem o inevitável. Quando todas essas bandas maravilhosas se juntam, o resultado só pode ser um: disco clássico. Não se surpreenda se o que você ouvir lhe remeter aos momentos mais bonitos de Mogwai ou To Rococo Rot. Em músicas como ‘Twentytwofourteen’, ‘The Outer Banks’ e ‘Another Day (Revised)’, pura beleza orquestral é recebido com uma leve e suave base eletrônica, dando ao álbum um charme raramente presente em outros LPs por aí. ‘Over The Pond’ nos acaricia com a marcante voz do vocalista do Sigur Ròs, e por isso fazendo dela uma faixa de primor particular. Em ‘Window’ e ‘Stream Side’, você flutua pelo espaço e quer porque quer permanecer por lá. Porém, tem uma coisa que não gostei em ‘In a Safe Place’: quando a última música termina e faz você voltar à realidade. Isso definitivamente achei horrível.

03. Dogs Die In Hot Cars – “Please Describe Yourself”
Ah se tivessem mais bandas como a escocêsa Dogs Die In Hot Cars, tenho certeza que o mundo seria melhor. Digo isso porque a música dos DDIHC é exuberante, primorosa, apaixonante e viciante. Provavelmente um dos cds que mais ouvi em 2004. Eis um bom exemplo de música pop de altíssima qualidade. E quando vejo a mídia popular ‘hypando’ lixos como Kasabian e The Others, sinto uma enorme tristeza, pois são os DDIHC que deverian estar lá. Afinal uma banda que faz música com a intensidade e primor de ‘Lounger’, merece estar no topo. Se você gosta de jóias como Pulp, Talking Heads, Franz Ferdinand ou Roxy Music, é 100% de chances de você gostar da excelência pop que é os DDIHC. O jeito apaixonante que o vocalista canta é fascinante. E a letra de ‘Lounger’ retrata as coisas boas de ser uma pessoa livre e não um ‘fucking 9-to-5’ : ‘I get up when I like / wear anything I like / don’t keep up with the cool / I make up my own rules / don’t have to eat my greens / or keep my bedroom extra tidy ‘cause nobody is around to tell me off’. Os highlights são: ‘Godhopping’, ‘Lounger’, ‘I Love You ‘Cause I Have To’, ‘Modern Woman’ e ‘Paul Newman’s Eyes’.

04. 65daysofstatic – The Fall Of Math
Esse debute álbum do 65daysofstatic, banda de Shefield, Inglaterra, foi uma das coisas mais avassaladoras que ouvi em 2004 e ataca com o mais violento post-rock da primeira à última faixa. É como se Mogwai e Squarepusher estivessem num ringue lutando luta livre. As batidas glitch são fortes e perversas, as guitarras pesadas e tudo isso num volume alto, muito alto. Há um intervalo, um momento de paz nas músicas, que são curtos e de uma hora pra outra engolidos por uma camada grossa do mais demoníaco e lindo barulho. O apocalipse, como sabem, está próximo, e ‘The Fall Of Math’ com certeza é a trilha sonora adequada.

05. Brian Wilson – ‘Smile’
Após 37 anos do início do que seria o sucessor de ‘Pet Sounds’, finalmente Brian Wilson finalizou a obra-prima ‘Smile’. É oficialmente o disco mais demorado da história da música pop. Durante as gravacões do disco nos anos 60, Brian se afundou em depressão, loucura e drogas, no que resultou no abandono do disco. Durante todos esses anos, quando questionado sobre ‘Smile’, Brian sempre afirmou que era música inapropriada. Estamos em 2004 e agora que o álbum viu a luz do dia, ainda acho que é inapropriado, pois esse mundo conteporâneo é uma grande porcaria e não merece ter a sinfonia mágica que é ‘Smile’. Ironicamente, o nome do LP é ‘Smile’ mas tudo que consigo fazer é chorar ao ouvir pérolas como ‘Cabin Essence’, ‘Child is The Father Of Man’, ‘Our Prayer/Gee’, ‘Heroes And Villains’ e tantas outras… Como ja dizia Stephen Merrit, se você não chorar, é porque você não sentiu profundo o suficiente.

06. The Cribs – ‘The Cribs’
Mandando ver um excelente rock simples, juvenil, sem complexidade e de produção simplória, o trio inglês The Cribs foi completamente ignorado pela grande mídia. Mas isso já era de se prever. Bandas DIY não aparecem em meios mainstream. Ouvindo este belíssimo álbum de estréia, não consigo conter a impressão de que o grupo é nada mais que três moleques adolescentes que ensaiam e fazem músicas de pijama na garagem da avó de um deles e que não tem muitas pretensões, não pensam muito no que fazer com a música depois de pronta e que apenas gostam do que fazem : criar e compor melodias com sinceridade e paixão. Lembra os melhores momentos do Pavement, Pelvs e até mesmo Strokes. Um dos cds de rock que mais me excitou no último ano. Oh man, this is so beautiful, so beautiful. Buy this cd. Now.

07. Khonnor – ‘Handwriting’
Difícil de acreditar que um garoto de apenas 17 anos é o autor de ‘Handwriting’, um dos discos mais bonitos e melancólicos de 2004 (se não o mais…). Englobando altas doses de reverb, barulhos digitais, distorção e vocais tristes, esse disco te suga pra dentro dele e te dá treze pérolas puramente lo-fi, carregadas de melancolia e suavidade. Tente imaginar Slowdive e Four Tet juntos com vocais a lá Blueboy, gravando num domingo chuvoso de inverno. Altamente recomendado.

08. The Libertines – “The Libertines”
Que esse segundo disco dos Libertines é bacana, ok, isso é fato. Porém, temos que concordar que foi completamente ‘overrated’ pela imprensa em função dos problemas pessoais entre a banda do que pela música por si só, pois esse álbum tá longe de ser a perfeição que é o primeiro LP, esse sim o grande masterpiece. Ainda sim, ‘The Libertines’ é mil vezes melhor do que quase 100% dos discos de rock que existem por aí atualmente.
O que eu mais gosto nos Libs é o fato deles despejarem as músicas de qualquer jeito, de modo simplório e proposital, mas com muita classe e ciência no que estão fazendo. É completamente natural, despretensioso e longe de ser óbvio, repleto de riffs simples, doces e contagiantes. Ouça o álbum e comprove você mesmo com ótimas faixas como (a minha favorita) ‘The Man Who Would Be King’, ‘Last Post On The Bugle’ e ‘Can’t Stand Me Now’. A sequência ‘Tomblands’, ‘The Saga’ e ‘Road To Ruin’ é rasgante, poética e furiosa. Já ‘What Katie Did’ é hip, uma canção que certamente não pertence a essa época e que só poderia ter sido escrita pelo poeta-junkie-sailing-to-arcadia Pete Doherty. Esse jovem compositor está à frente de seu tempo e clama que vive numa outra dimensão, a famosa Arcadia, uma civilização onde os cigarros nascem nas árvores e as pessoas são soltas e sem responsabilidades. Um mundo livre. E o que dizer de ‘Music When The Lights Go Out’ e ‘What Became Of The Likely Lads’? Infelizmente, são verdadeiros testamentos de uma banda se separando. Na primeira, Pete lamenta : ‘all the memories of the pubs and the clubs and the drugs and the tubs we shared together, will stay with me forever.’ De partir o coração.
Não posso deixar de expressar minha contrariedade no tocante à expulsão de Pete da banda pelos outros membros, em particular Carl Barat. Afinal Pete estava numa banda de rock e não num colégio de freiras, e se o cara tinha problemas e é junkie, a banda tinha que ficar ao lado dele ao invés de expulsá-lo e sair em turnê por aí em troca de grana. Isso me cheira a regras do mundo corporativo e ordinário. E a última coisa que os Libertines se aproximavam era de algo corporativo e ordinário. Por isso que os Libs sem o Pete não são os Libs. E ver um show deles sem o Pete deve ser uma experiência horrível, algo do tipo assistir os Rolling Stones sem Mick Jagger ou Stone Roses sem Ian Brown. Mas agora, a revanche está armada. Se a banda não acabar a qualquer momento (afinal, tudo que Pete está envolvido é auto-destrutivo), que venham os Babyshambles!

09. The Czars – ‘Goodbye’
Poucos discos oferecem a riqueza e exuberância de ‘Goodbye’, lançado ano passado pelo quinteto americano The Czars. Majestoso, frágil e carregado de arranjos delicados, esse álbum é desde já um clássico, um masterpiece da música pop atual. O disco jorra tristeza por quase todas suas doze faixas. Das harmonias às letras, a angústia impera. E por isso me identifiquei. Não ouvi canção mais triste que ‘Los’ esse ano. Aqui o vocalista John Grant canta : ‘the rain, when it comes, it tastes like nothing… I want you to remember me for things I never did ‘cause no one in this world deserves to see my happiness’. Tome cuidado, as coisas aqui são profundas e o The Czars não está para brincadeira.

10. Jens Lekman – ‘When I Said I Wanted To Be Your Dog’
O sueco Jens Lekman é mais um compositor gênio que bebe da mesma fonte que Magnetic Fields, Lambchop, Belle & Sebastian e afins, ou seja, nos presenteia com as mais sensíveis e profundas melodias, carregadas de suavidade e paixão na medida certa. Esse álbum chegou a ser top 10 nos charts da sua terra natal, Suécia, e é sem dúvida nenhuma um masterpiece para apreciadores de um bom e exuberante pop. A canção ‘You Are The Light (by which I travel into this and that)’, com seus instrumentos de sopro e seu apelo soul, é a única up-beat do disco e é magistral. Já na última música, ‘A Higher Power’, Lekman sampleou as bases de violinos da música ‘So Catch Him’ do Blueboy e o resultado é de tirar sua respiração. Um álbum nota 10.

11. Franz Ferdinand – ‘Franz Ferdinand’
Tem zé-povinho aí que deve achar que eu implico com a NME, o que não é verdade. Acho que de vez enquando eles acertam, e posso afirmar sem vergonha nenhuma que sou grande fã de NME-darlings como The Strokes, The Libertines, The Coral, Bloc Party, Futureheads e claro, os escoceses do Franz Ferdinand. Considero eles uma puta banda e um bom exemplo de que dessa vez a NME acertou em cheio. Os Franz são competentes, esforçados e maravilhosos musicalmente, e não é à toa que já venderam mais de dois milhões de discos pelo mundo. 2004 foi o ano do Franz Ferdinand : 25 países visitados, incluindo três turnês de grande sucesso nos EUA, e diversos awards recebidos. Sinto enorme orgulho de tê-los visto ao vivo logo na segunda semana de janeiro, quando eles ainda tocavam em miúdas lojas de discos para não mais de 40 sortudos. O álbum é excelente, recheado de guitarras, espalhadas em petardos art-pop como ‘Take Me Out’, ‘This Fire’, ‘Michael’, ‘The Dark Of The Matinée’, ‘Jacqueline’ e a minha predileta, ‘Come On Home’. Isso é o que eu chamo de uma guitar-band classe A.

12. Rilo Kiley – ‘More Adventurous’
A banda Rilo Kiley é um quarteto de Los Angeles liderado pela bela vocalista Jenny Lewis e esse é o terceiro long-play deles. É uma coleção de canções que jorram exuberância e apelo pop por todos os lados. O ponto alto sem dúvida é a cativante, doce, apaixonante, cool e suave voz de Jenny Lewis. O disco tem seus momentos diversos, às vezes country (‘A Man/Me/Then Jim’, ‘More Adventurous’ e ‘I Never’), às vezes apenas pop music (‘It’s A Hit’, Does He Love You?’, ‘Accidntel Deth’, ‘The Absence Of God’), às vezes puro e maravilhoso e contagiante indie-rock (‘Portions For Foxes’ e ‘Love And War (11/11/46)’). Eu classificaria a banda como ‘traditional-pop-bliss’. Se os brasileiros Maybees tivessem continuado cantando em inglês, ampliado suas influências e gravando discos, esse seria seu masterpiece. Fatos: a revista americana Rolling Stone elegeu Jenny Lewis a indie-queen do ano passado; o semanário inglês NME nunca deu sequer uma nota para a banda; Elvis Costello elegeu esse disco o melhor de 2004.

13. State River Widening – ‘Cottonhead’
Seu sono certamente será profundo e gostoso se você ouvir essa preciosidade antes de dormir. O som é esparso, sensível e quase todo instrumental. Boa música em excelência. Ouça os leves beats, os violinos e os teclados, todos lindamente encaixados e sinta você também esse fascinante bem estar. Uma perfeita mistura entre Nick Drake e Boards Of Canada. Altamente recomendável.

14. Kings Of Convenience – “Riot On An Empty Street”
Às vezes me pergunto porque diabos gosto tanto de músicas tristes. Afinal sou DJ e parte da minha renda vem das minhas discotecagens então supostamente eu teria que ir atrás de músicas up-beat. Mas a primeira coisa que faço quando entro numa loja de discos é procurar por álbuns como esse. A fórmula aqui é basicamente uma: voz, violão e uma alta dose de melancolia. Esse é o segundo álbum dessa ótima banda da Noruega e é um prato cheio para quem aprecia doçuras como Blueboy, Lambchop, Belle & Sebastian e Beaumont. O single ‘I’d Rather Dance With You’, com sua belíssima base de violinos, é a única canção que se difere das demais do disco, por ser um pouquinho mais agitada; porém, tão linda quanto.

15. Efterklang - “Tripper“
Oriundos do continente da Escandinávia, mais precisamente Dinamarca, o Efterklang faz sons tão delicados e gélidos e tristes e puros e angelicais e opacos e escuros que me sinto como se eu tivesse acabado de nascer e ainda não soubesse falar ou me comunicar por gestos e que a única coisa que sei expressar é choro e angústia por estar num lugar desconhecido e assustador. Isso é música que pouquíssimas pessoas no mundo vão apreciar. É música que não dialoga com a civilizacão moderna. Corais, pianos, cordas, eletrônica avant e intensidade, todos se duelando entre si e criando algo tão frágil que quase nem existe. São cantigas de ninar para pessoas surdas. Elas não vão ouvir, mas com certeza vão sentir.

16. The Earlies – ‘These Were The Earlies’
Essa maravilha ‘These Were The Earlies’ vai lhe servir como um ótimo sedativo. Altamente variado e abrangendo elementos de psicodelia, kraut-rock, folk, post-rock, eletrônica e harmonias a la Brian Wilson e Phil Spector, esse disco está em quase todas as listas de melhores do ano. A banda reside no Texas e é um quarteto, porém, com colaborações vindas de vários outros músicos. Inacreditavelmente, a NME deu nota 10 para esse disco. A loja inglesa Rough Trade colocou esse disco na terceira posição do ranking de melhores do ano. Artistas similares: Mercury Rev, Neu!, Boards Of Canada, Phil Spector, Polyphonic Spree, Spiritualized.

17. Arcade Fire – “Funeral”
Já consigo imaginar a mídia popular ‘hypando’ esse sexteto canadense em 2005. Direto de Montreal, o Arcade Fire traz consigo uma sonoridade exuberante, épica e extrema, carregada de guitarras, violas, xylofones, violinos, sinceridade e paixão. ‘Funeral’ é um dos grandes álbuns de 2004 e com certeza vão ser grandes em 2005. Às vezes lembram Flaming Lips, Talking Heads, Polyphonic Spree ou Modest Mouse, mas ao mesmo tempo não se assemelham com nenhum desses. Em recente show em New York, David Bowie, Eric Clapton e David Byrne estavam presentes. Não fique de fora dessa, apaixone-se você também pelo Arcade Fire.

18. Mylo – Destroy Rock’n’Roll
Essa colecão de músicas do escocês Mylo é um sôpro de frescor na sua mente, onde as partículas e moléculas das músicas se ligam entre si numa perfeita harmonia e nos deixam sem vontade de fazer nada e sem se lembrar que tarefas precisam ser feitas, metas atingidas e dívidas pagas. Um disco adequado para uma tarde quente de verão, onde tudo que queremos fazer é nos estirar numa rede e ficar no sossego. Se você se identifica com Royksopp, compre já ‘Destroy Rock’n’Roll’.

19. Cocorosie – ‘La Maison de Mon Rêve’
A cena aqui é : Paris. Duas irmãs. A Sierra e a Bianca Cassidy. Juntas, mergulharam-se num mar de inocência e lá compuseram e gravaram esse belo álbum. Doze cancões prá lá de introvertidas e intimistas, apenas com amor, vóz e violão. Bem lá no fundo, ouvimos os mais delicados ruídos, de leves e agradáveis chocalhos à pássaros nos seus pios matinais. Uma obra tão graciosa que nos faz imaginar que essas duas irmãs são sereias. Só podem ser... Inspiracões: arco-íris, Joni Mitchel, barulhos que ouvimos quando estamos acordando e nossos ouvidos ainda estão frágeis, amor, sonhos de amor, sexo com amor.

20. The Thrills – “Let’s Bottle Bohemia”
Seria ‘Whatever Happened To Corey Haim?’ a música mais linda de 2004? Muito possivelmente. God, o que são aqueles ‘Ohh’ no refrão duelando com aquelas orquestras?? Breathtaking. Olha, o The Thrills é uma das bandas mais legais dos dias de hoje e esse novo LP vai pela mesma linha pop do album anterior. Eles são o tipo de banda que ou você odeia e diz que são uns bundões que fazem música para pessoas que vão pra cama antes das oito ou você ama e derruba lágrimas ao ouvir ‘Found My Rosebud’, como eu. Já sei, quando me perguntarem porque sou obssecado por música pop, apenas responderei: The Thrills.

21. Bark Psychosis – “Codename: Dust Sucker”
Excelente disco dessa banda baseada em Londres e que já esta na estrada faz tempo. O Bark Psychosis é liderada por Grahan Sutton e nesse disco ele se juntou com Lee Harris, que recentemente trabalhou com Beth Gibbons e um dia foi do Talk Talk. Se você pensar em ‘Spirit Of Eden’, já dá pra ter uma idéia do som. As vezes shoegazer, as vezes etéreo, as vezes experimental, as vezes avant-rock, mas sempre atingindo limites. Com certeza você vai encontrar Arcadia ouvindo esse disco. Pra quem gosta de: Tarentel, Comespace, revista Wire, Slowdive, early Roxy Music.

22. The Futureheads – ‘The Futureheads’
Fucking Futureheads! Depois de anos no underground e vários eps lancados, finalmente a banda conseguiu por no mercado o debute álbum, intitulado apenas ‘The Futureheads’, e se infiltrar no mainstream. Para nossa alegria, o que temos aqui são explosões pós-punk uma atrás da outra. Músicas simples e inflamadas, de espírito jovem, dignas de deixarem os tiozinhos do Buzzcocks e Gang Of Four orgulhosos. Eu não consigo conter meus pulos e guitarras imaginárias ao ouvir bombas como ‘Decent Days And Nights’, ‘Robots’, ‘Meantime’ e ‘A to B’. No cd tem até cover da Kate Bush versão pós-punk. Uma beleza de disco.

23. Explosions In The Sky – ‘The Earth Is Not A Cold Dead Place’
Esse álbum foi lancado no finalzinho de 2003, mas eu conto como 2004 pois só fui descobri-lo lá para abril. Uma beleza post-rock de te tirar a respiracão. Apenas cinco faixas, todas orgânicas (isto é, apenas com a trinca básica do rock : baixo, guitarra e bateria) e completamente instrumentais, que beiram os dez minutos cada uma. Aqui não tem sintetizadores e os acordes de teclados são tocados com a microfonia da guitarras. Climas delicados, com guitarras em sensíveis dedilhados que vão crescendo e atingem o clímax e depois caem novamente, para subir em seguida. É assim o disco todo. Pode parecer chato, mas quando você ouve, você é levado para dentro da melodia e se apaixona por cada altos e baixos que a música passa. A faixa ‘First Breath After Coma’, tanto pelo nome em si como na sonoridade, te dá uma boa introducão do que é esse álbum. Lindo.

24. The Heavy Blinkers – ‘The Night And I Are Still So Young’
Os The Heavy Blinkers são de uma pequena vila no Canadá e este novo trabalho deles é um típico disco para se ouvir em momentos bem apropriados. Se você é um 9-to-5 (and I feel sorry for you), tente se deliciar com ele logo após que você acordar, de manhãzinha, enquanto você se arruma pra mais um dia de trabalho. Agora se você é uma pessoa livre e tem uma vida mais flexível, esse álbum é ótimo para aquela descansadinha na cama num sábado a noite pré-balada. A suavidade das músicas te darão muita paz pra você. Vai cativar fãs da Siesta Records e dos momentos mais fofos de Brian Wilson.

25. Felix da Housecat – “Devin Dazzle & The Neon Fever”
Só mesmo o americano Felix da Housecat pra lancar o disco mais sexy de 2004. Esse cd esparrama glitter e cores e sesualidade e alto astral pelos ares quando é tocado num cd player. Dessa vez, Felix se juntou com Devin Dazzle e a girl-band B-52s-like The Neon Fever, bebeu da fonte new wave, adicionou uma roupagem atual e sexy, e nos deu quinze jóias para ferver as melhores pistas desse planeta. Um luxo de disco, como prova faixas como ‘Rocket Ride’, ‘What She Wants’, ‘Everybody Is Someone In LA’, ‘Let Your Mind Be Your Bed’, ‘Hunting Season’ e tantas outras. Pra ouvir numa colorida pista de danca, vestido do seu casaco de oncinha e muita, muita maquiagem.

26. The Ordinary Boys – ‘Over The Counter Culture’
Soube deles através da mídia mainstream e obviamente desconfiei pois, francamente, não confio na mídia mainstream. Veio a primeira música de trabalho e achei ok. Entretanto, com o Segundo single ‘Week In Week Out’ vi realmente que ali tinha algo especial. QUE HIT! Punky-pop puro, com flashes de The Jam e The Smiths. Os Ordinary Boys são liderados pelo vocalista e guitarrista Preston e as músicas da banda nada mais são que um passeio pelas aventuras do rapaz, que antes de montar a banda, trabalhava numa empresa multinacional e encarava diariamente o ambiente corporativo. E suas letras refletem isso: a grande chatisse da vida ‘9-to-5’. E vão além ao atacar o consumismo estúpido e a mídia mainstream (que cada dia está mais limitada, corporativa e passionless) e celebrar a beleza do seaside, já que são de Brighton, um dos poucos lugares na Inglaterra que tem praia. A música ‘Week In Week Out’ é de longe uma das mais legais de 2004 e deveria ser tocada em radios do mundo todo, pra sempre. Nela Preston ataca os que só pensam em consumir enquanto o cérebro só atrofia: ‘you’re quite happy to live with nothing more than a life-long shopping-list / you tick it off on credit, well, you will pay for it’. A deprimente jornada 9-to-5 é espelhada em petardos como ‘Talk Talk Talk’ (‘how’s the weather? grey and boring… it’s back to work on monday morning’) e ‘Robots and Monkeys’ (‘you work all day and sleep all night, it’s not right, not right’). Já a sublime ‘Seaside’, que conta com um video-clip maravilhoso, retrata a agradável vida nas lindas praias de Brighton, onde Preston canta “Not gonna wait, gonna wait, For the weekend, To step outside, Hurry up hurry up put, Your shoes on, We're stepping out tonight, The seaside needs us more than ever”. Em ‘The List Goes On’, o rapaz ataca a mídia e ridiculariza os jornalistas: “Media press has become an utter mess, The opinions of failed pop stars, They constantly try to divert the public eye, Led by large cash advances and such”. Nos dias de hoje onde os hypes que tem por aí são um pior que o outro, os Ordinary Boys, que de odinários não tem nada, saem pela tangente e se consolidam como uma das poucos bandas de rock que tem algo a dizer.

27. The Dears – ‘No Cities Left’
O The Dears se formou há uns anos atrás em Toronto, Canadá, e lancou desde então alguns álbuns apenas para o mercado de lá. ‘No Cities Left’ é o primeiro lancamento da banda aqui na Inglaterra a primeira aparicao no mainstream. A composicao das músicas e conceito do album é obra de Murray A. Lightburn, vocalista, guitarrista e líder da banda. Alguns já chegaram a dizer que o cara é o Morrissey negro. O grupo tem estilo e talento e o álbum ataca com doze deliciosas cancões, ora dark, ora soulful, sempre lindas. Flashs de Echo & The Bunnymen, Blur, Burt Bacharach ou Suede surgem durante a audicão de ‘No Cities Left’. Se eu destacar alguma faixa aqui, estaria sendo injusto com o resto do album. Realmente, todas as músicas são excelentes. Altamente recomendado.

28. The Polyphonic Spree – Together We’re Heavy
Direto do Texas, EUA, a áurea The Polyphonic Spree vem mais uma vez para iluminar o seu caminho. Contando com mais de 25 músicos (incluindo um coral de dez pessoas), esse coletivo lanca seu segundo trabalho, ‘Together We’re Heavy’, e mais uma vez nos abencoa com dez novas e magníficas cancões, ou sections, como eles dizem, que te passam as mais poderosas e magicas energias. Contando com melodias agridoces e bonitas, com os mais variados instrumentos (entram aí harpas, violas, cello, themerin, flautas, sintetizador, guitarras, trombone, piano, trumpete, oboé, etc…), o som do The Polyphonic Spree é uma religião. Ouca gemas como ‘Hold Me Now’, ‘A Long Day Continues/We Sound Amazed’, ‘Suitcase Calling’, ‘When the Fool Becomes a King’ e a minha predileta ‘Two Thousand Places’ e você vai sentir o que estou falando. Levante suas mãos para cima e seja você também mais um devoto de Polyphonic Spree.

29. Prodigy – ‘Always Outnumbered, Never Outgunned’
Quem não dava nada para o Prodigy, Liam Howlett surpreendeu e rejuveneceu sua banda com classe. Tirou os vocalistas e performes regulares, incluindo o endiabrado Keith Flint, convidou uma galera para contribuir com vocais e idéias (Princess Superstar, Kool Keith, Lian Gallagher, o duo Ping Pong Bitches, Juliette Lewis) e lancou um puta disco sexy, sleazy e trashy. Isso aqui é trilha sonora para sexo bizarro, orgias regadas à muitas drogas e pessoas desorientadas. Coloque as músicas ‘Girls’ e ‘The Way It Is’ no talo, tire suas roupas e chame seus amigos para uma grande festa, com muito alcool e química.

30. The Sadies – ‘Favourite Colours’
Mais um conjunto canadense brillhando em 2004. Nesse terceiro trabalho, o quarteto The Sadies continua a nos brindar com sua genialidade de englobar vários gêneros musicais (country, surf music, power pop, psicodelia, rock’n’roll) e construir em cima disso a sua própria personalidade. São treze faixas orgânicas, retrô e grandiosas, que consolidam o The Sadies como uma das mais geniais bandas da música conteporânea. Não espere ler sobre eles na mídia mainstream.

31. Morrissey – ‘You Are The Quarry’
Depois de sete anos de exilio nos EUA, Mozz volta com disco novo, que por sinal é infinitamente superior ao ultimo trabalho ‘Maladjusted’, de 1997. Com ‘You Are The Quarry’, Morrissey não só conseguiu se recuperar musicalmente mas também conseguiu novamente o respeito de público e críticos. Esse novo trabalho é o mais intimista de Mozz desde ‘Vauxhall And I’ e traz uma porcão de cancões que estão entre as melhores de sua carreira, como ‘First Of The Gang To Die’, ‘Let Me Kiss You’, ‘I Have Forgiven Jesus’, ‘Irish Blood, English Heart’ e ‘The World Is Full Of Crashing Bones’, entre muitas outras. Quanto as letras, Mozz voltou mais afiado do que nunca. Em ‘America Is Not The World’, ele declara seu amor pela America (“America, I love you”), porém, sempre com algumas alfinetadas (“America, your belly is too big / the land of the free and opportunity / but where the president is never black, female or gay”). Já em ‘I Have Forgiven Jesus’, Morrissey diz que perdoa Jesus, mesmo tendo-o colocado nesse mundo sem amor (“Jesus hurt me when he deserted me / but I have forgiven Jesus for all the desire He placed in me when there’s nothing I can do about desire / Jesus, why did you give me so much love in a loveless world, when there’s no one I can turn to to unlock all this love / Jesus, do you hate me?”). A amarga batalha pelos royalties dos The Smiths que Morrissey enfrentou nos final dos anos 90 contra o baterista Mike Joyce não é esquecida nesse disco, onde Mozz diz em ‘You Know I Couldn’t Last’: “Your Royalties bring you luxuries / but oh, the squalor of the mind”. Com a moral que Morrissey esta no momento, é fácil para ele dizer isso. Falar que 2004 foi o retorno de Morrissey não é justo, pois Mozz sempre esteve lá. Foi o mundo que não olhou para ele durante todo esse tempo. But anyway, welcome to the spotlight again, Mr. Mozzer.

32. The 5 6 7 8’s – Teenage Mojo Working
Se alguém me falasse que três japonesas, todas quarentonas, tinham lancado um dos discos mais excitantes de blues-garage do último ano, eu ficaria meio com o pé atrás. Pois pasmem, foi isso mesmo que aconteceu. ‘Teenage Mojo Working’ é o terceiro álbum desse trio japonês, e vem repleto de regravacões de rock’n’roll e rhythm and blues dos anos 50 e 60, todas de deixar muita banda do selo americano Estrus prá trás. Os singles ‘(I’m Sorry Mama) I’m a Wild One’ e ‘I’m Blue’ que o digam. Indispensável para festas de rock.

33. The Hidden Cameras – ‘Mississauga Goddan’
Pouco mais de um ano após o aclamado álbum de estréia ‘The Smell Of Our Own’, o coletivo canadense The Hidden Cameras segue com o segundo long-play, o ótimo ‘Mississauga Goddan’, onde praticamente rumam pelo mesmo caminho do debute, ou seja, pura sinfonia indie pop, com o líder Joel Gibbs cantando seus contos gays e sendo a áurea dessa ‘gay-church-choir-folk’ band. As apresentacões ao vivo deles são verdadeiras pecas teatrais, contando com go-go boys, strippers, músicos, projecões em telão e grande participacão do público. Mais um exemplo que mostra que o Canadá é um país mais do que fértil para boas bandas pop. Deve ser por que lá é tão frio e as pessoas são obrigadas a ficarem enfurnadas nos seus quartos fazendo música…

34. Múm – ‘Summer Make Good’
O grupo de pop experimental islandês Múm conta com duas irmãs gêmeas formadas em música clássica como vocalistas e, junto com outros dois integrantes, criam os mais melancólicos e delicados climas que se tem por esse mundão, aliados a muita experimentacão de computadores e instrumentos de cordas. Ainda conseguimos ouvir barulhos de ventos e água caindo. E os vocais são os mais doces possíveis. A banda é baseada em Reykjavik e esse é o terceiro long-play deles. Denso, bonito e muita paz.

35. The Magnetic Fields – ‘i’
Os Magnetic Fields vêm de New York e esse é o sétimo trabalho dessa banda que muitos consideram clássica. O gênio por trás do grupo é Stephen Merrit e o cara nada mais é que o melhor letrista da música dos últimos 15 anos. O disco anterior a esse foi triplo e continha 69 músicas sobre amor, daí o nome ’69 Love Songs’. Simplesmente as letras mais lindas que já li em toda minha vida. Nesse novo long-play, Stephen, gay assumido, continua o mesmo, escrevendo as mais bonitas cancões de amor, cheias de melodias moody, irônicas, engracadas e dark. O nome do disco se chama ‘i’ (a letra, não o pronome), por causa que as 14 músicas aqui comecam com a letra ‘i’. A letra de ‘I Wish I Had an Evil Twin’ prova a genialidade de Stephen: “I wish I had an evil twin / running ’round doing people in / I wish I had a very bad evil twin to do my will / to call and conquer, cut and kill just like I would if I weren’t good / I wish I had an evil twin / my evil twin would lie and steal / and he would stink of sex appeal / all men would writhe / beneath his scythe / he’d send the pretty ones to me / and they would think that I was he / I’d hurt them and I’d go scot free / I’d get no blame and feel no shame / ’cause evil’s not my cup of tea / down and down we go / how low one would not need to know / all my life there should have been an evil twin”.

36. King Of Woolworths – Rediffusion
Se você procura por algo na linha ambient-moog como Stereolab, Broadcast e The High Llammas, peca por ‘Rediffusion’, terceiro disco de Jon Brooks, aka King Of Woolworths. É uma profunda jornada em agradáveis, reflexivas e variadas melodias, vindos de um arsenal de moogs e sintetizadores diversos. Para alguns, isso pode soar música esquisita e chata. Para outros, serve como um perfeito chill-out. Quatorze músicas cheias de paz. Destaque para a líndissima faixa ‘Tranches’.

37. Lambchop – “Aw C'mon/No You C'mon”
Kurt Wagner, líder e vocalista do coletivo americano Lambchop, disse que a idéia desse disco era escrever uma música por dia, logo que ele acordasse. E por isso que esse trabalho é na verdade dois discos em um, totalizando 24 faixas. Pra quem não conhece Lambchop, só digo que eles são uma das coisas mais divinas que esse mundo possui. Nesse ‘dois em um’, a banda meio que pega os dois discos anteriores e fazem uma revisão. Encontramos o clima soul de ‘Nixon’ ao mesmo que passeamos pela áurea intimista de ‘It’s a Woman’. Quem é fã da banda, vai adorar. Quem não conhece, deite na sua cama e ouca ‘Aw C’Mon’ para você ter um bom sonho.

38. The Divine Comedy – ‘Absent Friends’
Dessa vez Neil Hannon desistiu de pisar em solo desconhecido e voltou ao que sabe fazer de melhor: musicais divinos, com grandiosas e dramáticas orquestracões, repletos de climas encantadores, elevados aos mais altos limites da sofisticacão. Após o fracasso do disco anterior, ‘Regeneration’, onde tentou fazer um pop-rock convencional e desisitiu de usar seus já marcantes luxuosos trajes de gala, Neil Hannon volta com um álbum que é a sua marca registrada e é sem dúvida um dos melhores de sua carreira. Me lembra meus 18 anos quando eu não me cansava de ouvir clássicos como ‘Casanova’ e ‘Liberation’. Realmente, devo ser uma pessoa a frente do meu tempo mesmo para ouvir The Divine Comedy com 18 anos, no Brasil. Ah, como o tempo passa... Só mesmo Neil Hannon para resgatar nossa memória das tardes de cursinho e domingos de Grind. And guess what?? Neil Hannon é meu vizinho aqui no bairro de Highgate, norte de Londres. ‘Absent Friends’ é essencial para quem gosta de Scott Walker, Pulp, My Life Story, Rufus Wainwright ou Burt Bacharach.

39. Manic Street Preachers – “Lifeblood”
Sétimo long-play de uma das bandas de rock mais cultuadas da Grã-Bretanha. São tão importantes aqui como o Legião Urbana é no Brasil. Nesse disco, estão longe de atingir a qualidade de clássicos como ‘Holly Bible’ ou ‘Everything Must Go’, porém, um álbum ruim dos Manics ainda sim é um grande álbum. Em ‘Lifeblood’, o trio se envergou para o lado pop da moeda. É como se o Keane tivessem guitarras. Uma das coisas que o vocalista/guitarrista James Dean Bradfield falou sobre o disco foi que dessa vez ele evitou de gritar, e, se tratando de Manics, isso já diz o suficiente sobre o apelo pop que a banda injetou nesse trabalho. As músicas são agradéveis e gostosas, uma calmaria. Convenhamos, os Manics já são dinossauros do rock e não faria sentido fazerem um outro ‘Holy Bible’. Eles nunca chegarão lá novamente. Highlights: ‘Empty Souls’, ‘1985’, ‘Love Of Richard Nixon’, ‘I Live To Fall Asleep’ e ‘Glasnost’.

40. Ash – ‘Meltdown’
Se tem uma banda que está de bem com a vida e em excelênte sintonia nos últimos quatro anos, essa banda é o Ash. Após o ótimo ‘Free All Angels’ de 2001, o grupo lancou em 2004 seu álbum mais potente e vigoroso até o momento. Onze faixas de puro rock’n’roll. Vou além, onze músicas do mais belo bubblegun-metal. Simplesmente o guitarrista e vocalista Tim Wheeler nasceu com o don para criar os mais ganchudos refrões, aqueles que ficam na sua mente por horas e horas. Não acredita? Ouca ‘Won’t Be Saved’, ‘Meltdown’, ‘Evil Eyes’, ‘Starcrossed’, ‘Detonator’ e ‘Orpheus’, essa última, umas da músicas mais alto astral de 2004. Impossível ficar parado quando Tim explode ‘I need the sunshine in the morning / I'm heading for the open road / Sunshine in the morning / Lord you gotta let it flow’. Arrepia.

41. Flotation Toy Warning - "The Bluffers Guide To The Flight Deck"
Companheiros de gravadora de bandas como Clientele e The Ladybug Transistor, o quinteto Flotation Toy Warning finalmente lanca seu álbum de estréia em 2004 pela Pointy Records, e é sem dúvida um disco potencial para fãs de ‘indie introspectivo’. Um lp com clima dreamy e sensível que, inevitavelmente, vai cativar quem gosta dos climas agridoces de Mercury Rev e afins. Ótimo.

42. Nick Cave & The Bad Seeds – ‘The Lyre Of Orpheus/Abattoir Blues’
Posso estar enganado, mas esse talvez seja o grande masterpiece de Nick Cave e sua banda Bad Seeds. Impressionante como, com tantos discos bons nas costas, Nick Cave conseguiu se superar. Esse álbum é duplo e vem com rajadas para todos os lados. Foi gravado em Paris e é uma colecão das mais imaculadas músicas lancadas em 2004. Cancões que sobreviverão por séculos e séculos. É quase impossível destacar faixas, pois todas são mais do que primorosas. Mesmo assim me obrigo a ousar e recomendar como cancões introdutórias ‘There She Goes, My Beautiful World’ para o disco ‘Abattoir Blues’ e ‘O Children’ para ‘The Lyre Of Orpheus’. O álbum, que vem em luxuoso digipack com livrinho de letras, é desde já mais do que um clássico.

43. Modest Mouse – ‘Good News For People Who Love Bad News’
Fala se o nome desse disco não é ótimo? Não sei bem quantos albuns o grupo americano Modest Mouse já lancou, mas sei que não foram poucos. Entretanto, esse disco foi o mais bem recebido de todos, com a banda penetrando o mainstream com o hit ‘Float On’. Esse trabalho segue a mesma linha dos últimos lps do Flaming Lips. É o que eu chamo de indie-weird-rock. E ‘Float On’ realmente foi o hino de 2004 nos indie-clubs de Londres. Linda música.

44. Charlotte Hatherley – Grey Will Fade
Enquanto os britânicos Ash aproveitavam uma temporada em Los Angeles e se preparavam para o início das gravacões do novo álbum, a guitarrista da banda Charlotte Hatherley resolveu alugar um estúdio e finalmente gravar um disco solo, projeto este que ela já vinha desenvolvendo há tempos. O resultado foi ‘Grey Will Fade’, um lp de dez jóias pop bubblegum, exatamente como as Go-Go’s e Blondie cansaram de fazer. Abusando das guitarras, sua especialidade, aqui Charlotte se mostra também uma boa vocalista, com uma voz as vezes suave, as vezes twee. A lindíssima ‘Summer’ faz jus ao nome e é sem dúvida para ouvir no volume máximo nos dias mais ensolarados do ano. Um hit. Outros destaques vão para ‘Kim Wilde’, ‘Grey Will Fade’, ‘Bastardo’ e ‘Paragon’.

45. Sondre Lerche – “Two Way Monologue”
Segundo long-play desse garoto prodígio oriundo da Noruega. Sondre Lerche já tem vários eps e dois major lps nas costas e o rapaz só tem 21 anos. Em “Two Way Monologue”, Sondre segue a mesma linha pop do trabalho anterior, o que gerou comparacoes pela loja inglesa Rough Trade dele com artistas como Cole Porter, Jeff Buckey e Brian Wilson. Pra mim, lembra contores na linha de Ed Harcourt e Eliott Smith. Ou talvez um Badly Drawn Boy melhorado. Pesquisando na internet, li que ele tem grande fascínio por A-ha, Beach Boys, Prefab Sprout e ‘mainstream Brazilian music’. O que será que ele quer dizer com ‘mainstream Brazilian music’??

46. Delays – ‘Faded Seaside Glamour’
Se você pegar bandas como The Hollies, Cocteau Twins e The La’s e colocar num liquidificador, o resultado vai ser o quarteto ‘quintessentially English’ Delays. Vindos da cidadezinha de Southampton, Inglaterra, a banda manda ver um sunny-ethereal-pop de primeira e ouvindo o disco ‘Faded Seaside Glamour’, nos perguntamos se realmente ele foi lancado em 2004 ou em 1991, o ano shoegazer. Um puta disco legal. Destaques: ‘Wanderlust’, ‘Nearer Than Heaven’, ‘Long Time Coming’, ‘Bedroom Scene’, ‘You Wear The Sun’ e ‘Hey Girl’, entre outros. Fato: Existem apenas três vocalistas que são ‘boys who sing like girls’, eles são David McAlmont, Brett Anderson do Suede e Greg Gilbert do Delays.

47. The Stands – “All Years Leaving”
Bacana banda de Liverpool. Como diz meu irmão Gilberto, quem não gosta de power-pop ensolarado, boa pessoa não é. Então se você não gostar desse disco do The Stands, boa pessoa você não é. E tenho dito. Highlights: ‘Here She Comes Again’, ‘I’ve Waited So Long’, ‘When The River Rolls Over You’ e ‘Some Weekend Night’.

48. Cobra Killer – ‘76/77’
O Cobra Killer é um duo feminino oriundo da Alemanha e ‘76/77’ é seu primeiro long-play, no qual vem carregado de inflamados beats electro pós-punk, trilhando por um caminho fora da obviedade. Tente imaginar o Le Tigre se encontrando com Slits, e sendo produzidas pelo DJ Hell louco de lsd. A loja inglesa Rough Trade deu álbum do mês para esse disco e a banda chegou até a fazer shows em São Paulo na época do lancamento. A faixa ‘Needle Sharing’ é um hit mor.

49. Q And Not U – Power
O trio americano Q And Not U é famoso pela sua versatilidade e competência em misturar gêreros como indie, emo e disco e fazer um som com característica própria. ‘Power’ é o quarto long-play da carreira deles e segue a mesma linha de som dos anteriores, o que alguns chamam de punk-funk. Imagine XTC e Prince sendo bombardeados pelo Fugazi. A ótima ‘Wonderful People’ é o grande hit. Perfeito para pistas.

50. Regina Spektor – ‘Soviet Kitsch’
Como disse uma amiga minha, Regina Spektor é apenas mais uma ‘chick who has a good voice and plays piano’. Esse é o debute album dessa garota que mora em New York e que é amiga dos caras do Strokes. ‘Soviet Kitsch’ foi produzido por Gordon Raphael e é basicamente um disco de piano e voz. Mas é diferente, engracado, moody, fresh. E é lo-fi. E muito. Se você gosta de Devendra Banhart ou Joanna Newsom, talvez esse disco é pra você. E o que dizer do petardo ‘Your Honor’? Fantástico. Vai em http://www.reginaspektor.com/ e leia o blog que a rapariga tem lá.

51. Keane – ‘Hopes And Fears’
O Keane é mais uma banda melosa que surge na Inglaterra a cada temporada. Travis, Coldplay, Starsailor… e agora o Keane, com a diferenca que eles não precisam de contra-baixo e gritarras para criar baladas que derretem o Alaska. Apenas bateria, piano e voz. É meloso, meigo, sensível, fofo, o vocalista tem cada de bebê, e eu adoro isso. Fico feliz pelo Keane. Vi a banda tocando numa loja de cds para 100 pessoas e a banda tinha carisma e é muito simpática. Mal eu sabia que iriam dominar o mundo. Esse disco é muito legal, com músicas lindíssimas como ‘Everybody’s Changing’, ‘This Is The Last Time’, ‘Somewhere Only We Know’, ‘Bedshaped’ e a minha predileta ‘Can’t Stop Now’.

52. Lucky Jim – ‘Our Troubles End Tonight’
Fui apresentado ao Lucky Jim através de uma amiga, que comprou o cd sem nunca ter ouvido falar dele, totalmente no escuro, apenas por que no disco tem uma cancão com o nome dela: ‘Leah’. Mas ela teve sorte nessa e achou uma banda especial. Lucky Jim é outro grupo de apenas um membro, o cowboy escocês Gordon Grahame, conhecido pela sua antiga banda The Lost Soul Boys, dos anos 90. Depois de dez anos, ele reaparece como Lucky Jim e lanca o álbum ‘Our Troubles End Tonight’, que é Dylan até a medula. São dez bacanas faixas de puro folk. O destaque? ‘Leah’, acredite você ou não.

53. The Radio Dept. – ‘Lesser Matters’
A NME tentou criar em cima dos suecos The Radio Dept. o movimento ‘Nu-Gazer’, o que seria o novo Shoegazer, pela altas doses de reverb e climas esparsos que a banda possue. Esse é o movimento que menos durou na história da música. Acho que uns dois dias. Porém, a banda é bacana, faz um som competente, com microfonia, reverb, guitarras e vocais tristes. Se My Bloody Valentine e Slowdive é a sua praia, procure por The Radio Dept.

54. Squarepusher – Ultravisitor
Mais um disco do cientista louco da música eletrônica e mais uma avalanche de beats quebrados, músicas anti-música, barulhos demoníacos e jazz do satã. Squarepusher nunca muda. Só mudará se um dia internarem ele num hospício. Quem já viu um show dele sabe do que ele é capaz. Esse disco pode demorar um pouco pra pegar, mas depois que engata, é só esperar pelo satã te abracar. Você que curte os superstars djs de drum’n’bass, experimente Squarepusher. Sua concepcão de música não será a mesma depois disso.

55. Micah P. Hinson and The Gospel Of Progress - Micah P. Hinson and The Gospel Of Progress
Micah P. Hinson só tem 22 anos e esse é seu primeiro disco. O rapaz, que vem do Texas, EUA, bebe da mesma água que Johnny Cash, Lambchop, Leonard Cohen e Tindersticks e esse trabalho foi produzido pelo grupo The Earlies. Um disco vigoroso e rico, repleto cancões para se ouvir naquela sua viajem anual pro interior na tentativa de escapar do caos urbano.

56. The Concretes – ‘The Concretes’
Sei que isto já está virando clichê, mas o The Concretes é outra banda sueca que faz um pop perfeito. Absorvendo os melhores momentos de Velvet Underground, Mazzy Star e Nico, esse segundo álbum dos Concretes expeli qualidade e beleza nas suas onze faixas e é ótimo para um chill-out pós balada de rock. A voz da vocalista Victoria Bergsman é realmente bem semelhante a de Hope Sandoval. Toda a impresa, da mainstream à undeground, adorou esse disco. Vale destacar também o trabalho gráfico das capas dos singles e álbum, principalmente as edicões em vinil, são de fato primorosos e fazem jus a música da banda.

57. Mull Historical Society – This Is Hope
Opa, o pop perfeito está no ar. Saímos da Suécia e vamos para a Escócia, uma terra digamos, abencoada pelos deuses pop. Mais precisamente vindo da longínqua ilha de Mull, o Mull Historical Society é uma banda de um homem só, Colin MacIntyre, que compõe e toca todos os instrumentos em ‘This Is Hope’. Doze músicas de puro pop radiante, revigorado, orquestrado e sensacional. Esse é o terceiro disco do rapaz e da a pinta de que mais preciosidades vêm por ai. Os outros álbuns, ‘Loss’ (2001) e ‘Us’ (2003) também são altamente recomendáveis.

58. Air – Talkie Walkie
Outra banda que não muda é o Air. Mudar pra que?? Esse é o quarto long-play do Air, contando com a belíssima trilha Virgin Suicides. E um grande disco, como já era de se prever. O estilão é o mesmo: atmospheric-dreamy-mellow-sexy-spacey-gentle pop. São dez novas músicas, dez novas jornadas no espaco, onde acentua o duo francês como o principal artista no gênero ‘chill-out’, sem a menor dúvida. Só uma pergunta: Porque o Air está na sessão ‘dance’ das lojas de discos???

59. Marjorie Fair – ‘Self Help Serenade’
O clima nesse album é bem devagar. Quase parando, eu afirmaria. Mas não pára, não. Segue firme numa trilha recheada de ricos pianos, guitarras e vocais tristes. Sim, é mais uma banda que podemor dizer ‘lembra o Mercury Rev’, e sim, é mais uma puta banda. O Marjoria Fair vem de Los Angeles e esse é o álbum de estréia. Um prato mais do que cheio para fãs de Doves, Elbow, Granddady e, claro, Mercury Rev.

60. Laboratório S.P. – ‘Sob o Céu de São Paulo’
Desde os anos 80 existem bandas brasileiras que resgatam com propriedade o espírito mod dos anos 60. O ponta pé inicial desse revivalismo aconteceu com o surgimento do Ira! em 81 e teve seu ápice com o lançamento de “Mudança de Comportamento” em 85, um disco explicitamente mod até a raiz. Com o lançamento do 2º álbum “Vivendo e Não Aprendendo” (86), a banda timidamente fugia da estética modernista, que veio se concretizar com o lançamento do indigesto “Psicoacústica” de 87.
Mas o estrago já estava feito.
O eterno mod Sandro Garcia, já em 85, criava o Faces & Fases, outra banda que calcava suas composições no ritmo brusco e pegada contagiante de bandas como Who e Kinks. A banda durou até 89 (infelizmente não lançaram nada), quando acabou para dar espaço ao The Charts, que abria o leque de influências ao acrescentarem elementos de soul, R&B, garage rock e até tropicalismo. Além de fitas-demo e memoráveis shows, a banda deixou para posteridade o álbum “Carbônicos”, lançado em 96.
Com o fim dos Charts, Sandro Garcia cria o psicodélico Momento 68 e monta o estúdio Quadrophenia, lugar que naturalmente se tornou o epicentro dos mods paulistanos, ponto de encontro de bandas e amigos. E foi nesse estúdio que foi gravado o que, desde já, é um dos melhores álbuns do estilo no país. Falo de “Sob o Céu de São Paulo”, debut do Laboratório SP.
As referências ao mod são explícitas, a começar pela lambreta da capa, passando pela introdução, que é um diálogo do filme Quadrophenia, até mesmo as roupas dos integrantes e é óbvio, as vibrantes e explosivas canções, cheia dos riffs típicos a la The Jam e letras que mostram como é a vida num grande centro urbano. Taxar o disco de empolgante é pouco. É ouvir e sentir a vontade de ir para as ruas crescer a cada canção que passa. Sentir o ar noturno, encontrar os camaradas, ver luzes modificando a paisagem, se apaixonar por alguém, cruzar com linhas brancas sobre o espelho...
Agora, dizer que a banda fica repetindo as mesmas fórmulas convencionais de décadas atrás é a mais ignorante das afirmações. O Laboratório SP tem um certo groove contagiante que nenhuma banda mod nos apresentou até hoje. E isso se deve a forte influência da Jovem Guarda, em especial Roberto Carlos, no som dos rapazes. Prova maior disso é ver a banda ao vivo. Sempre boa parte da platéia dança enlouquecidamente do começo ao fim. Mas também, pudera. Com um ataque sonoro que inclui hinos como “Mundo Moderno”, “Coisas sem Sentido”, “Almas Gêmeas”, “Vertigem”, além de covers como “David Watts” do Jam, “Heat Wave” da Martha and the Vandellas, é difícil, para não dizer impossível, ficar parado...
Gilberto Custódio Jr.

61. Hope Of The States – ‘The Lost Riots’
Disco bombástico dessa banda inglesa. Nas gravacões do disco, um dos guitarristas se enforcou no estúdio. Sem motivo nenhum. A banda decidiu fazer um break e ir ver uns videos em uma das salas do estúdio. James Lawrence, que era guitarrista principal, avisou que iria depois, e que terminaria uns takes na sua guitarra. Meia hora depois a banda voltou pra chamar ele e o cara tava enforcado. Sinistro, não? Mais sinistro ainda é o som da banda. Um verdadeiro bombardeiro épico com guitarras e violinos no ultimo volume. Sensacional. Vale a pena também comprar o single ‘Nehemiah’, as quarto faixas são perfeitas. Se você curte o Radiohead, essa banda é pra você.

62. The Bees – ‘Free The Bees’
Ouvindo o disco ‘Free The Bees’, ficamos na dúvida se foi gravado em 2004 ou em 1968. Esse é um segundo long-play do The Bees e vem com doze gemas psicodélicas de dar inveja a muita banda americana considerada ‘west-coast’. Os The Bees são influenciados por Beatles, Zombies, Tropicália, Byrds e afins. No album anterior, ‘Sunshine Hit Me’, chagaram até a regravar o hit ‘A Minha Menina’, de Jorge Bem/Mutantes. Essa cover foi um grande hit aqui na Inglaterra. Esse novo disco é tão bom quanto o primeiro, e eu não ouvi música mais fofa que ‘Chicken Payback’ em 2004. Ótimo album.

63. The Eighties Matchbox B-Line Disaster – ‘The Royal Society’
Sou mais que suspeito pra falar dos ‘The Box’, pois adoro suas músicas explosivas e o jeitão doentio da banda. Os ‘The Box’ é mais que apropriado pra se ouvir no volume máximo quando você está com raiva e quer explodir com tudo. É um psychobilly-metal capaz tremer seu prédio inteiro. Esse é o segundo trabalho desse quinteto de Brighton/UK e o peso e raiva e terror e psychobilly e estilo continuam em forma. Tem menos faixas ‘trash’n’scream’, mas o caos ainda está presente. Os The Box são um atentado contra as pessoas chatas do mundo e todos os kiss-ass do sistema. Ouca mísseis como ‘Mister Mental’, ‘Rise Of The Eagles’, ‘Puppy Dog Snails’, ‘Migrate Migraine’, ‘The Fool’ e ‘Freud’s Black Muck’ e mande as pessoas caretas ao seu redor pra merda.

64. The Zutons – “Who Killed The Zutons?”
Direto de Liverpol, mais um combo hip-psychedelic nos moldes do The Coral. O quinteto The Zutons abrange influências retrô, de Beatles a Dexys Midnight Runners, passando por The Animals e The Monkees. O high point é a saxofonista figuraca Abi Harding. Seja você também um hip groovy, vista um terno de segunda mão e um chapéu, pegue um violão velho e saia nas estacões de metro da sua cidade cantarolando as músicas do The Zutons. Destaques: ‘Zuton Fever’, ‘Havana Gang Brawl’, ‘Long Time Coming’, ‘Pressure Point’, ‘Dirty Dancehall’ e a ótima (e melhor do disco) ‘Remember Me’.

65. Sufjan Stevens – ‘Seven Swans’
Mais um disco folk nessa lista. Sufjan Stevens é um multi-instrumentista de New York e esse é o seu quarto disco. Segue a mesma linha folk do disco ‘Master and Eveyone’ de Bonnie ‘Prince’ Billy, isto é, calmo, delicado e mágico. Stevens toca de tudo: oboe, banjos, violão etc. Tem até um coral de garotas aqui. Se sua praia é o ‘nu-folk’ de Devendra Banhart ou Iron & Wine, não deixe de ouvir esse disco. A imprensa em geral fez ótimas críticas desse disco.

66. Razorlight – ‘Up All Night’
O quarteto londrino Razorlight cativou muita gente em 2004 gracas ao álbum ‘Up All Night’, lancado em maio, e as triunfantes apresentacões nos festivais de Glastonburry e Reading/Leeds. A banda é liderada pelo vocalista/guitarrista Johnny Borrel, que um dia foi dos Libertines e que é famoso pelas suas intrevistas inflamadas. Certa vez chegou até a dizer que era melhor que Bob Dylan. Nem tanto, eu diria. ‘Up All Night’ é um bom disco de guitarras, meio na linha dos Libertines e Strokes. Destaques: ‘Golden Touch’, ‘Don’t Go Back To Dalston’, ‘Rip It Up’ e as minhas favoritas, ‘Up All Night’ e ‘Stumble And Fall’.

67. The Unicorns – ‘Who Will Cut Our Hair When We’re Gone?’
Esse album foi lancado em 2003 nos EUA e Canada, porém so teve lancamento inglês recentemente via Rough Trade. O The Unicorns vem do Canada e fazem um som indie lo-fi bacana, que as vezes lembra Flaming Lips, Pavement e Mouldy Peaches. É um mood engracado, fofinho, moleque, high-school friendly. Em ‘I Was Born (a Unicorn)’ eles cantam ‘We're the Unicorns, we're more than horses and we're people too!’. Eu adoro o fato deles se dizerem ‘unicorns’, pois me lembra o desenho animado Caverna do Dragão. Não lembra?

68. Bonnie ‘Prince’ Billy – ‘Greatest Palace Music’
Eis um disco autêntico de ‘alt-country’. Bonnie ‘Prince’ Billy é mais um projeto de Will Oldham e nesse disco ele se enfiou num estúdio em Nashville com mais alguns músicos e regravou quinze músicas do Palace Brothers, seu mais conhecido projeto. Tudo com jeitão country. O resultado é ótimo e super apropriado para ouvir com um galho na boca, na fazenda do seu avô. Eita!

69. The Killers – ‘Hot Fuss’
Quando vi os The Killers ao vivo abrindo para os Dirtbombs em novembro de 2003, no London Garage, escrevi uma nota para o website da revista Zero dizendo que, com aquelas músicas ganchudas e potentes, seriam uma das sensacões de 2004. E não deu outra. Com hits que marcam o encontro entre Duran Duran e The Smiths, ‘Hot Fuss’ já vendeu mais de um milhão de cópias pelo mundo e acentuou a banda como uma das mais importantes do ano anterior. Caso você desconfie, dê uma boa escutada em hits como ‘Mr. Brightside’, ‘Jenny Was a Friend Of Mine’, ‘Somebody Told Me’, ‘All The Things That I’ve Done’ e ‘Belive Me’. Impossível não se contagiar. Morrissey já disse que á fã. E você?

70. TV On The Radio – ‘Desperate Youth, Blood Thirsty Babes’
Quando questionado numa entrevista para a revista Plan B sobre o que seria se não fosse músico, David Sitek, um dos cérebros por trás do sexteto de New York City TV On The Radio, respondeu que seria um serial killer. Possivelmente isso espelhe a urgência do som da banda. ‘Desperate Youth, Blood Thirsty Babes’ é o primeiro long-play deles e expeli uma sonoridade estranha para alguns, extraordinário para outros. É como se fosse algo embarassado, mas que se solta aos poucos. Influenciados, segundo eles mesmos, por Sonic Youth, jazz brasileiro e hardcore, o TV On The Radio constrói música desafiadora, e o que temos é algo que soa avant eletrônica, rock progressivo, experimentacão, jazz e soul. Talvez seja música para viciados em heroína. As vezes assustadora, as vezes leve, as vezes paranóico, as vezes aliviante.

71. The Rogers Sisters – ‘Three Fingers’
Direto de NYC vem as jovens The Rogers Sisters. Esse é um mini album com sete músicas que junta garage-rock, post-punk e new wave com primor. Teclado e strings foram incorporados às guitarras e a música das Rogers Sisters é uma explosiva mistura de soul, bom humor e ótimas batidas. Pense em B-52’s, Futureheads, Le Tigre e Slits. Altamente recomendável.

72. Brooks – ‘Red Tape’
Grande álbum de música eletrônica que engloba elementos de rock e de música clássica. Soa experimental e acessível ao mesmo tempo. Talvez se juntássemos Roxy Music com Aphex Twin, esse seria o resultado. Mas tem que ouvir de headphones, para não deixar escapar nada. E não brinque com o fogo : se fumar um baseado ou tomar cogumelos, aí o cenário fica perigoso.

73. Kings Of Leon – ‘Aha Shake Heartbreak’
Pouco mais de um ano após o lancamento do debute álbum ‘Youth & Young Manhood’, os imãos (e um primo) Followill lancam o segundo LP, intitulado ‘Aha Shake Heartbreak’. Menos punk e mais maduro, esse disco foi feito por uma banda que já não é mais aquela que escrevia as cancões na traseira da camionete do pai evangélico, que viajava o sul dos EUA ouvindo Rolling Stones, Neil Young e country-music. Os Kings of Leon são agora rockstars, e as letras refleten o rock’n’roll lifestyle: groupies, drogas, turnês e madness. Destaques: ‘The Bucket’, ‘King Of The Rodeo’, ‘Pistol Of Fire’, ‘Soft’ e ‘Four Kicks’.

74. The Veils – ‘The Runaway Found’
Taí um disco que vai ressussitar os fãs de Echo & The Bunnymen. Será que eles ainda existem?? O quarteto The Veils é da Nova Zelândia e é responsável por algumas das cancões mais épicas e dark de 2004, construídas para cativar em cheio quem gosta de Radiohead, Smiths, Jeff Buckley e o já citado Echo. A faixa ‘Lavinia’ vai deixar você com dificuldades para respirar de tão bela que ela é, enquanto que a ‘The Tide That Left and Never Came Back’ é um hit britpop a lá Gene. ‘The Runaway Found’ foi produzido por Bernard Butler.

75. Interpol – Antics
O segundo álbum do Interpol, de New York, segue a mesma linha do primeiro, com referências diretas de bandas dark-pop do comeco dos anos 80, porém, mais acessível e melódico. O disco é bom como um todo e foi um passo certo no carreira da banda, o que nos faz ter otimismo a cerca do futuro do Interpol. Well done.


PIORES DE 2004:

The Others
Jamais pensei que a NME fosse chegar à tamanho baixo nível. Desde quando tocar num vagão de metrô e convocar toda a imprensa é ‘guerrilla gig’? Criancas, guerrilla gigs jamais aparecem na mídia; nos guerrilla gigs de verdade, a imprensa nem sequer fica sabendo. Essa coisa toda do The Others tocar ‘em qualquer lugar, em qualuer condicão’, não passa de armacão da mídia. Sem contar que musicalmente, o The Others é pra lá de medíocre: as composicões são ruins, tocadas de forma pretenciosa e produzidas do jeito errado. Uma grande bosta. O single ‘This Is For The Poor’ é uma das músicas mais chatas de 2004. E o lance do vocalista querer posar de working-class?? Péssimo. Ele que vá para o terceiro mundo e veja o que é sofrer como working-class. É por essas e outras que a NME, que nos anos 70 foi a grande líder na mídia musical, hoje em dia vende tanto quando a gazeta da Vila Formosa.

Goldie Lookin’ Chain
Chav é o nome que a gente dá para pessoas ignorantes, racistas e anti-estranjeiros, que lêem tabloides e que moram nos piores lugares aqui na Inglaterra. Pra simplificar, são pessoas de Council Estates. E a cultura chav esteve em alta em 2004 gracas a lixos como The Streets, Jamelia, 50 Cent e… Goldie Lookin’ Chain. Esses caras não passam de chavs que se vestem a carater e que cantam sobre o dia-a-dia deprimente dos chavs e, obviamente, não tem nada a ver comigo. As piadas são as piores e aquelas roupas são horríveis, além de que eu odeio racismo e é isso que é as pessoas que ouvem essa merda de banda. Puxe a descarga e evite.

Kasabian
É oficial: o Kasabian é a banda mais datada e chata de toda a história do rock. Não dá. Esse grupo horrível pega os PIORES momentos dos Stone Roses e Primal Scream e faz algo totalmente intragável. Aqui em Londres, as descoladas baladas indies White Heat e After Skooool Club chegaram até a printar nos flyers das festas um aviso dizendo que não tocam Kasabian. Música ruim em seu melhor exemplo. Com essa banda, a NME realmente chegou no fundo do poco.

The Streets
Jamais vou pagar pau para um ingles babaca que é o esteriótipo do chav racista, que usa blusa de moleton azul-bebê 365 dias ao ano e que só quer saber de beber cerveja, reclamar dos estrangeiros e ver futebol no pub. Desse tipo de gente, fico bem longe. Esses dias um amigo inglês me disse que acha o Mike Skinner um poeta ingles conteporâneo. Putz, uma terra onde já foi lar de Oscar Wilde e Willian Shakespare, tá mal de poetas atualmente. O The Streets faz hip-hop ruim e os brasileiros que estimam ele, não conhecem a realidade.

Scissor Sisters
Teve uma vez que Elton John, de ferias no sul da Franca, exigiu de imediato um avião de volta para sua casa logo no dia em que tinha chegado para as férias, pelo simples fato de um fã ter falado com ele. Elton alegou que estava de ferias e não tinha que ter contato com fãs. Como alguém pode gostar de um sujeito desse? Pior, como alguém se influencia por Elton John? Além da música ser escrota, ele consegue ser o maior mala entre celebridades. E o Scissor Sisters é puro Elton John (além de chupar o pior da Disco Music). O single ‘Laura’ e a regravacão de ‘Confortably Numb’, do Pink Floyd, até que passam. Mas o resto do disco é overproduced e pobre musicalmente, além de ser irritantemente overplayed. A faixa ‘Mary’ está entre as músicas mais ‘bunda’ de 2004. Muito fraquinho para eu perder meu tempo com esse tipo de coisa. Se é pra ouvir Disco Music, prefiro ouvir Chic.

Elton John
Todo ano que Elton John lancar um disco novo, ele vai direto para a minha lista de piores do ano.

U2
Todo ano que o U2 lancar um disco novo, ele vai direto para a minha lista de piores do ano. Bono é o segundo maior mala de 2004. Só perde para Elton John.

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