Thursday, August 23, 2007

 

coluna 15 de agosto


SLENDER CLUB

Olá, estou oferecendo 20 tickets para uma noite de música ao vivo no norte de Londres, no projeto chamado Slender Club (flyer). O evento será no dia 23 de agosto, quinta feira, e contará com quatro ótimas bandas: Strange Idols, Monster Bobby, The Sunny Street e Pete Green. Fora isso ainda haverá DJ tocando indie-pop entre e depois dos shows.

Os primeiros 10 leitores que me enviar um e-mail ficarão com o nome na lista VIP, com direito a um acompanhante: marcio.dj@gmail.com

Gosto de todas as atrações, mas a minha preferida é The Sunny Street, uma dupla francesa responsável por climas sublimes e tocantes. Música pop em sua faceta mais melancólica e bonita.

Visite o MySpace das bandas:
www.myspace.com/strangeidols
www.myspace.com/thesunnystreet
www.myspace.com/monsterbobby
www.last.fm/music/Pete+Green

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THE GO! TEAM VOLTA COM NOVO SINGLE

Esse já é o segundo single tirado do aguardado segundo disco da banda. A música escolhida foi a estupenda “Doing It Alright”, que vem com um turbilhão de energia, cores e explosões, ou seja, com a marca registrada do The Go! Team. Será lançado no dia 3 de setembro, e o álbum vem na semana seguinte. Não existe banda tão estrondosa e entusiástica quanto essa.



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OPERATOR PLEASE
Estou completamente viciado por essa música que vem passando a todo momento na MTV inglesa. Um puta hit surf-rock-punk-new wave; essa banda é composta por meninos e meninas com a idade média de 15 anos. A onda de bandas “underage”, ou seja, com integrantes menores de idade, não se restringe apenas ao Reino Unido, já que o Operator Please vem da Austrália. A faixa “It’s Just a Song About Ping Pong” é sem dúvida uma das melhores de 2007.



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THE BRIGHTS

Há três semanas atrás testemunhei um show de uma banda chamada The Brights no Windmill, show esse comentado aqui na coluna. Aconteceu que na semana passada a banda tocou aqui perto da minha casa, e eu conheci os caras pessoalmente. A sorte é que eu estava com meu gravador, e o que seria um descontraído papo com uma pint de cerveja na mão, acabou ficando uma entrevista.

Conversei com os simpáticos David Burgess (vocalista) e James Prudence (guitarrista), os dois dandies que lideram o grupo. The Brights vem da região de Essex, um município que fica a uma hora do norte de Londres. O som é uma inspirada fusão de guitarras jangly a lá Johnny Marr com um baixo pulsante ostentando o vigor do New Order e um vocal aludindo ao Gene. Típica banda britânica, sem tirar nem por, e se eles tivessem surgido há 15 anos atrás, seriam os reis do britpop. Confira como foi o papo com os rapazes...

Eu: Conheço The Brights faz um bom tempo, desde 2004, quando vocês lançaram um ótimo single 7” chamado “Girl In A Bric-a-Brac Shop”. Só que não ouço falar de vocês há um bom tempo. O que houve? Deram um tempo dos shows?
James: Bem, tivemos que terminar a Universidade. Três de nós estávamos no início dos cursos quando começamos a banda, então nesses últimos três anos tivemos que dividir nossa atenção com os estudos.
David: Mas não ficamos totalmente parados, fizemos alguns shows bacanas aqui em Londres, no Barfly e na ULU, além de shows locais no nosso município de Essex. Fora isso, tivemos uma música incluída da compilação New British Invasion, lançada pelo selo alemão Firestation Records, e gravamos uma faixa que ainda será lançada por uma gravadora do Japão.

E vocês se formaram na universidade? Em que?
James: Me formei em Música...
David: Eu em Geografia.

Lembro que no seu primeiro single, “Girl In A Bric-a-Brac Shop”, tinha uma foto de vocês vestidos com aquelas jaquetas vermelhas da Guarda-Real, aquelas que ficaram imortalizadas pelos Libertines...
James: Oh... hehe... errr.. sim, naquela época estávamos muito ligados em... err... Jimi Hendrix... haha...
David: Bem, na verdade acho que não existe uma banda sequer que em determinado momento, especialmente no início, não deixa de expor suas referencias, e nós éramos muito jovens na época que lançamos esse single, tínhamos 17 anos...

Na verdade fiquei surpreso na época, pois quando peguei o single achei que seria mais uma banda copiando Libertines, mas quando escutei, vi que era diferente... e era muito bom!
David: Oh, obrigado!
James: Gostávamos bastante de Libertines na época, mas jamais pensamos em fazer um som semelhante. Muitas pessoas, ao escutarem “Girl In A Bric-a-Brac Shop”, nos compararam com Orange Juice, Smiths, essas coisas. Na verdade não se pode classificar uma coisa de algo muito especifico. Hoje em dia todo mundo gosta de classificar as coisas, rotular, mas acho que nosso som absorve diversas influências.

E vocês se conhecem há muito tempo?
David: E eu nosso baixista Mark nos conhecemos há anos. Tivemos bandas antes e tudo. Depois conhecemos James e por último o nosso baterista David, no qual encontramos através de um anúncio no NME.
James: Foi útil o anúncio que colocamos na NME, funcionou com a gente. E funcionou com outras bandas também... Bernard Butler achou o Suede através da NME...

To ligado. Vocês lêem a NME?
David: Sim, claro, até porque é bom ficar atento ao que acontece no mundo da música. Mas a revista não esta tão boa quanto era antigamente... Mas ainda sim é útil.

Eu estava conversando com James no bar, e ele me perguntou os discos recentes que comprei. Agora faço essa pergunta pra vocês: quais foram os últimos álbuns que vocês compraram, aqueles que vocês têm escutado bastante nos últimos dias?
David: Eu passo por períodos diferentes, por fases que fico apaixonado por determinado artista, mas depois passa. Recentemente descobri Suede, e tenho ido atrás de todos os discos deles.

Legal, sou um grande fã do Brett Anderson, vou sempre aos shows...
James: Você gostou do álbum solo dele? Li resenhas variadas sobre esse cd...

Achei legal, mas percebi que é o trabalho menos inspirado dele. Ainda sim, há momentos de extrema beleza nesse disco, baladas lindas...
David: Concordo, há uma música chamada “Song To My Father”, que é tocante, maravilhosa, mostra todo o poder da voz do Brett.
James: Voltando aos discos que tenho escutado, estou numa fase bastante Bob Dylan atualmente, os trabalhos dos anos 60 são excelentes. E também o segundo disco solo do Syd Barret. Além disso, deixa eu ver, comprei um MP3 player no mês passado, e um álbum que tenho escutado bastante é “Meat Is Murder”, dos Smiths. É um disco que não tem muitos hits famosos, mas é brilhante do começo ao fim.
David: Sim, não há singles nesse cd, mas há faixas imortais, como “Barbarism Begins At Home”. É apenas um álbum fantástico dos Smiths, sem ter aqueles hits manjados. Também me agrada os discos do Gene, uma ótima banda britpop.

Já que você citou britpop, conhecem Bluetones? Adoro eles, e tenho que dizer que The Brights lembra um pouco...
James: Oh, isso pra mim é um elogio, adoro Bluetones! O primeiro álbum é clássico, e a coletânea de singles também é impecável, hit atrás de hit... Nossa sonoridade lembra várias outras bandas, mas isso não é intencional, a gente apenas faz o que a gente faz, um meio de nos expressar através da música, e se fica parecido com outras coisas, é apenas coincidência. Eu particularmente gosto de ver quando as pessoas referenciam bandas como Bluetones, Orange Juice e Smiths para descrever nossa banda, fico lisonjeado com isso. Mas a única coisa que a gente realmente tenta é fazer as pessoas dançarem!

E vocês já possuem músicas suficientes para gravar um álbum?
James: Sim, temos muitas músicas, mas queremos entrar no estúdio na hora certa. Em termos de lançamento de um álbum, estamos procurando uma gravadora. Existe uma no Japão que quer nos lançar, mas a prioridade é aqui no Reino Unido. E também queremos encontrar o produtor certo, gravar num estúdio decente.

Por que vocês não tentam Bernard Butler para produzir o disco?
James: Soube que ele é um ótimo produtor, seria perfeito se ele produzisse a gente. Eu até mandei uma mensagem para o MySpace dele, tentei fazer contato, mas ele não me respondeu (risos). Sou apaixonado pelos discos solo que ele gravou, são de qualidade impecável. É uma pena que são massivamente subestimados...

Vocês estão surpresos por estarem sendo entrevistados por uma uma mídia brasileira? O que vocês conhecem do Brasil?
James: Bem, tenho que dizer que adoro o futebol...
David: Mulheres exóticas... O Rio de Janeiro é um lugar que tenho muita curiosidade de conhecer, principalmente aquele monumento do Cristo Redentor. Não sei porque, mas é um dos lugares que tenho certeza que ficarei fascinado.

Alguma banda brasileira?
James: Oh, desculpe-me, mas não consigo me lembrar de nenhuma no momento...

Nem Mutantes? CSS?
David: Já ouvi falar do CSS, eles são brasileiros? Nunca escutei a música deles, mas um amigo comentou outro dia, disse que era legal.

E o que podemos esperar do The Brights nos próximos meses?
James: Vamos fazer alguns shows agora no segundo semestre, e também gravar novas músicas, testar faixas novas. Quem sabe conseguir uma gravadora, fazer turnês.


Ouça The Brights aqui: www.myspace.com/thebrights









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Wednesday, August 15, 2007

 

coluna 08 de agosto

JOE LEAN AND THE JING JANG JONG

E o furacão Joe Lean And The Jing Jang Jong começa a tomar forma. A banda tem sido destaque de algumas revistas aqui no UK, e na NME dessa semana há um grande artigo com eles, disparando elogios atrás de elogios. Não tem jeito, essa será a banda de 2008. Quando a banda é boa, eu adoro o hype.

Algumas pessoas do Brasil desdenharam o hype do Joe Lean & JJJ, apenas dizendo que a banda é ‘legalzinha’. Mas como bem notou meu irmão Gilberto, que recentemente me visitou aqui em Londres, quem vivencia todo o hype, seja lá qual for a banda, acaba se derretendo, não tem jeito. Aqui em Londres arma-se todo aquele circo ao redor do hype, a gente liga a TV e ta passando entrevista com os grupos, entra nas lojas e ouve tocando, sintoniza o rádio e escuta uma música e comentários. Lavagem cerebral. Lavagem cultural.

Sem contar as revistas e jornais, dos mais sérios aos tablóides sensacionalistas, nos quais sempre há artigos com bandas, independente de ser fofoca ou não. Andamos pelas ruas e recebemos os jornais gratuitos, sempre com muita música e muito hype. E os shows? Aqui vemos aquele alvoroço de fotógrafos, as filas, fãs em estado de êxtase, groupies alucinadas, os cambistas gritando o nome da banda pelas ruas. Existe todo um universo em volta do hype, o que não pode é levar muito a sério.

Mas parece que algumas pessoas no Brasil não entendem isso e ficam meio ‘amargas’ com esse hype. Fica aquela coisa “ai, mais uma banda do UK que estão hypando, ai que merda, ai, detesto hype, oh”. Eu até compreendo. Esse pessoal não está aqui pra vivenciar isso, então é melhor não gostar mesmo do hype. Estão assistindo tudo do lado de fora. É a mesma coisa que ir num concerto e ouvir o espetáculo do lado de fora do teatro. They don’t have a clue.

Teve um comentário que li esses dias na internet que achei hilário, dei muitas risadas, ilustra isso que estou dizendo. O rapaz estava dizendo mais ou menos o seguinte: “olha, advinha, vem do UK, mas não tem hype, o que será? Lewis Hamilton”. Que??? Esse jovem piloto inglês de Fomula 1 vem sendo a coisa mais hypada da Inglaterra nesses últimos 7 meses, aqui só se fala nele, TV, jornais, revistas, websites, outdoor pelas ruas, o garoto é o símbolo da Inglaterra moderna, hype, hype, hype... nada contra o sujeito que soltou essa pérola, muito pelo contrário, mas que planeta será que ele vive? É por isso que eu falo, they don’t have a clue. Mas esqueça isso, a maior parte do publico brasileiro não se importa com o hype, de fato até curte. Só as figuras tediosas que não entendem. The bore Nine-to-Fivers...

Enfim, a NME finalmente esqueceu lixos como Twang e voltou a apostar em artistas de qualidade como Jack Peñate e Kate Nash, e isso é uma boa notícia. Joe Lean And The Jing Jang Jong faz parte dessa nova leva e é uma puta banda legal. E que venha o hype!

> Uma coisa que já tinha notado antes mas esqueci de comentar, Joe Lean também a ator, sempre vejo ele em comerciais de TV, isso é citado na matéria da NME.

Traduzi o artigo da NME, confira abaixo. Alias, esse é um daqueles artigos clássicos da NME, e virará artefato de colecionador nos próximos anos.

“PERFECTIONIST FIZZ POP FROM THE MAN WHO WILL BE KING”

Texto: Pat Long
Tradução livre: Marcio Custódio


Namorados ciumentos, roqueiros entendiantes, fãs do Twang: vire para a próxima página, você vai odiar o Joe Lean And The Jing Jang Jong. O restante de vocês, sejam bem vindos para a sua nova banda favorita. A frente está Joe Lean, the man who would be king. Assim como liderar a banda mais cool desse país, enquanto a tinta da caneta seca no contrato milionário recém assinado, ele também está escrevendo músicas para o próximo disco das Sugababes e acabou de atuar em seu primeiro filme de Hollywood. FODA!

“É meu último trabalho como ator, depois vou me aposentar”, ele explica, com um sotaque nos mesmos moldes posh de Damon Albarn. “É uma adaptação drogada de Alice No País das Maravilhas – meu personagem é Cheshire Cat”.

Mas, francamente, não são com suas qualidades felinas que estamos excitados. É a sua banda. Uma potente combinação de ternos mod dos anos 60, rostos angulares e um repertório repleto de futuros hit singles. O fizz pop apaixonante do Joe Lean And The Jing Jang Jong é o tom perfeito para esses tempos tristonhos. Glamourosos, escapistas e românticos, essa banda deixou metade dos executivos de gravadoras se sentindo como retardatários porque eles perderam seus dois primeiros shows, e não os viram ao vivo até que a banda fizesse sua terceira apresentação. Ultrapassaram todas as bandas que estão há anos tentando alguma coisa no circuito underground, foram assinados por uma gravadora na noite anterior que a NME os conheceu, momentos antes do show de número 15. O single de estréia “Lucio Starts Fire” chega em setembro em edição limitada, e no ano que vem eles estarão sendo tocados na jukebox do pub Queen Vic, serão alvos de fofoca dos tablóides e estarão como trilha sonora do programa Match Of The Day (nota do tradutor: esse programa é uma espécie de Mesa Redonda do futebol inglês, que vai ao ar nos domingos a noite, e sua trilha sonora é composta por bandas do momento, como Arctic Monkeys, The Automatic e Interpol). Confie em nós quando falamos que essa é uma banda especial, uma banda feita de poppeteers para ser a trilha sonora das batidas do coração dessa nação.

Hoje, contudo, a banda mais quente da Grã-Bretanha é também a mais encharcada – estão sentados fumando spliffs depois de terem levado um banho para a sessão de fotos da NME, nas piscinas do parque de Hampstead Heath, norte de Londres. Hoje é o dia seguinte após uma festa que começou 21 horas atrás e que parece improvável que vá terminar antes de 2008. Joe Lean And The Jing Jang Jong (nome tirado de uma swing-song dos anos 30), é de se compreender, estão em bons espíritos, apesar de estarem ensopados. “Tudo que aconteceu foi porque eu dei duro”, sorri Joe. “Mas 70% do que aconteceu com essa banda veio do amor e romance e serendipismo.”

Parte amabilidade, parte arrogância a-lá Borrell, Joe Lean nasceu Joe Beaumont, mas fãs de uma boa televisão talvez o reconheçam pelo seu nome artístico de Joe Van Moyland. Entre papéis em Peep Show (Sophie’s Brother) e Nathan Barley (Mudd), ele era também o baterista da girl-group de Brighton, The Pipettes. Foi membro até seu último show com elas, no palco Pyramid Stage do Glastonbury desse ano.

“As Pipettes era uma banda bastante democrática, mas isso significava que eu não tinha muita opção. Ao invés disso eu sonhava esse mundo alternativo, onde eu teria minha própria banda, sem muitos compromissos. Na minha cabeça soava como Smokey Robinson liderando New Order. Eu fui falando pra todo mundo sobre essa banda maravilhosa que eu tinha, até que chegou num ponto que ficaria meio chato se eu não fosse lá e formasse a banda. Mas eu sou também um perfeccionista. Quando era criança eu nunca desenhava num papel que estivesse amassado. E minha banda é a mesma coisa – não tinha sentido de começar isso se não fosse pra ser perfeito em todos os sentidos, logo desde o início”.

Entretanto – embora ele constantemente refere-se ao grupo como sua banda – Joe quer deixar claro que os Jing Jang Jong não são meros veículos de seu ego. “O Jing Jang Jong não é uma ditadura, é mais ou menos como a ONU, e eu sou os EUA”.

Então vamos introduzir os outros Estados Membros: o guitarrista Tom Dougall é o irmão da Rose Pipette – seus colegas de escola Dom O’Dare e Panda costumavam visitar a casa dela e sempre encontravam Joe Lean passeando por lá. Joe, enquanto isso, percebeu que aquele exército de school-boys andando no quarto de Tom poderia servir para o grupo ideal que tinha em mente.

“Eu percebi que conhecia os três melhores guitarristas desse país”, ele sorri astutamente. “e consegui fazer um deles tocar baixo”. Convencer o baterista de nome esquisito Bummer Jong a deixar sua banda precária foi moleza, especialmente quando Joe delineou sua visão.

“Musica pop precisa ser concisa. Eu odeio qualquer tipo de virtuosidade”, ele diz, socando a mesa. “Você nunca ouvirá um solo de guitarra da gente. Nós nunca iremos escrever uma música com mais de três minutos”.

E que sinfonias de três minutos que elas são: o soul afetado de “I Ain’t Sure”, “o torpedo lamentoso de “Lonely Bouy”, a doce explosão do debute single “Lucio Starts Fire”. Enquanto o Pop está de volta à moda, Joe Lean & JJJ está se entregando a isso; eles não são indie esnobes.

“Quero que minha música seja inclusiva – a meta é ter uma garotinha de nove anos e um senhor de 80 anos dançando ao mesmo tempo em diferentes países. Não precisa ter uma subdivisão no tocante ao que pessoas cool gostam e o que outras pessoas gostam. Odeio isso. Só quero fazer a pessoas se beijarem, essa é a idéia”, declara.

Impressionista felino de Hollywood, destruidor de corações indie, dominador do Pop – Joe Lean é o garoto prodígio multi-task que, junto com seu Jing, seu Jang e seu Jong, irá detonar em 2008.

Wednesday, August 08, 2007

 

coluna 01 de agosto

Leitores, meus amigos, gostaria de informar-lhes meus novos contatos, para vocês continuarem a escrever mensagens queridas para esse colunista que aqui escreve. Anotem aí:

Email: marcio.dj@gmail.com
MySpace: www.myspace.com/marxdiscjockey
Last.fm: www.last.fm/user/marciocc
MSN: marcio.dj@gmail.com


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GOONITE CLUB

Como disse a vocês algumas semanas atrás, um dos clubes que sou DJ residente aqui em Londres é o Goonite Club, que acontece todas as quartas no Buffalo Bar. Recebemos sempre três ou quatro bandas ao vivo, e eu discoteco antes, depois e entre as bandas. O som que coloco é basicamente novidades indie, mesclado com soul, shoegaze e outros beats. A maioria das bandas que se apresentam são de Londres, mas as vezes também recebemos artistas de outras cidades do Reino Unido, e em alguns casos até da Europa e EUA.

Essa semana decidi fazer uma promoção e sortear 20 ingressos VIP para os leitores da coluna que moram ou estão de passagem por Londres. Os 10 primeiros que me escreverem estarão com os nomes na guest-list, com direito a um acompanhante, para os dias 08 e 15 de agosto. Mande e-mail para marcio.dj@gmail.com

No dia 08/08 teremos as seguintes bandas:
Bearsuit + John & Jehn + Sister + Time.Space.Repeat.

E no dia 15/08:
Shimura Curves + Monday Club

Você pode ler o que acontece na Goonite Club se acessar nosso blog. São resenhas e textos meus sobre as bandas que tocaram. Os artigos estão em inglês.
www.gooniteclub.blogspot.com/


GOONITE CLUB @ BUFFALO BAR259 Upper Street - Tube: Highbury & IslingtonDoors from 8.30 til 2am.info 020 7359 6191

Mais informações da festa você encontra aqui: www.myspace.com/gooniteclub


SEE YOU THERE!


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SHOWS

Semana passada dei o toque de vários shows legais que vão rolar no segundo semestre aqui em Londres. Vale a pena postar novamente a lista de concertos, só para ter certeza de que você foi plenamente avisado. Depois não reclama que não aviso dos shows!

TEGAN AND SARA, 16 de agosto, Bush Hall
RILO KILEY, 20 de agosto, Islington Academy
HOT HOT HEAT, 30 de agosto, King’s College
RICHARD HAWLEY, 05 de setembro, Roundhouse
TILLY AND THE WALL, 06 de setembro, Electric Ballroom
JUSTICE, 06 de setembro, Koko
JESUS AND MARY CHAIN, 07 de setembro, Brixton Academy
ARCHITECTURE IN HELSINK, 10 de setembro, Koko
THE GO! TEAM, 12 de setembro, Electric Ballroom
JACK PEÑATE, 26 de setembro, Astoria
THE DECEMBERISTS, 02 de outubro, Royal Festival Hall
HAPPY MONDAYS, 06 de outubro, Brixton Academy
KATE NASH, 07 de outubro, Bloomsbury Ballroom
MAXIMO PARK, 11 e 12 de outubro, Brixton Academy
THE CRIBS, 17 de outubro, Fórum
PHILIP GLASS, 21 de outubro, Barbican
LOS CAMPESINOS!, 23 de outubro, ULU

Vale lembrar que quanto antes você garantir seus ingressos, melhor. Então compre-os já, nos seguintes site: www.gigsandtours.com/ ou http://www.seetickets.com/


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CATS ON FIRE + THE SUNNY STREET + THE BRIGHTS
Ao vivo no Windmill, Londres, 26 de julho


Pois é, minha gente, show é o que não ta faltando aqui em Londres. Semana passada fui em vários, com destaque para essa noitada no Windmill, com três ótimas bandas ao vivo e ainda discotecagem indiepop. Antes de falar dos concertos em si, é obrigação minha comentar sobre o local onde eles aconteceram, o legendário Windmill, no bairro de Brixton, aqui na capital inglesa.

Esse colorido, pequeno e aconchegante pub no sul de Londres vem abrigando shows ao vivo todos os dias da semana, por nove anos. Você entendeu o que eu disse? ESSE PUB VEM ABRIGANDO SHOWS AO VIVO TODOS OS DIAS DA SEMANA, POR NOVE ANOS. Ok, que bom que você entendeu. Apesar do difícil acesso (é longe pra caramba, nos cafundós da quebrada de Brixton), esse é o pub de maior credibilidade no tocante a shows indie aqui em Londres. Os promoters conhecem as bandas que marcam, e não dão bola fora. Se pegarmos as listas de artistas que recentemente passaram por lá, ficamos de boca aberta: Maximo Park, The Cribs, The 5678s, The Horrors, Rumble Strips, Television Personalities, The Spinto Band, The Sunshine Underground, The Pipettes, entre centenas de outras. Sem contar que, de uns tempos pra cá, o espaço tem recebido uma grande clientela fã de indiepop, gracas ao projeto How Does It Feel To Be Loved e as próprias bandas indiepop, que praticamente dominaram o Windmill.

O palco do Windmill é pequeno, o balcão do bar é uma bagunça, as atrações são escritas a giz numa losa, as mesas parecem mais mesas de um rancho qualquer do que de um pub, as paredes são coloridas, há luzinhas azuis piscando por todo lado, e as bandas que tocam lá são sempre de qualidade impecável. Esse é o paraíso. Mais twee impossível. Me sinto muito confortável lá, a vibe é sempre a melhor. Fora que o pub também é freqüentado pela população de terceira idade ali das ruas próximas, então se você for, não se assuste com velhinhos e velhinhas jogando baralho, lendo o jornal do bairro ou simplesmente bebendo suas Guinness quase geladas. Os próprios proprietários são meio idosos, e adoram levar seus cães para ficar atrás do balcão ou embaixo das mesas. Tem de tudo: fãs de indiepop, velhinhos, turistas, cachorros. Todo mundo em família. O clima do Windmill é ótimo, pena que moro longe.

A noite de hoje é organizada pelo projeto How Does It Feel To Be Loved?, que é especializado em indiepop e há mais de cinco anos vem promovendo festas pra cima e pra baixo aqui em Londres. O projeto cresceu tanto que, de apenas uma festa com discotecagem indiepop, se tornou uma gravadora independente e agência de shows. O comandante dessa empreitada é Ian Watson, que também é o DJ residente. Ele só toca indiepop, twee e soul-music dos anos 60. Se você me perguntar uma festa que toca preciosidades como Jens Lekman, Field Mice ou Dustry Springfield, eu não saberei indicar outra a não ser a How Does It Feel To Be Loved?. Um detalhe que precisamos esclarecer nos dias de hoje é o significado do termo “indiepop”. A NME recentemente colocou Jack Peñate e Kate Nash na capa dizendo que eram “indie-pop”. Errado. Eles são “pop-indie”, não possuem características do indiepop. Esses dias passei na comunidade das Pipettes no Orkut e vi que as pessoas ali não se conformavam quando alguém disse que as meninas era “indie-pop”, falando que não eram indie, apenas pop. Errado. Elas são sim indiepop, twee-pop, essas são as origens e características da banda. É que o termo “indie” está tão mal interpretado nos dias de hoje que parece ter perdido seu significado. Uma hora falo mais sobre isso. Adoro rótulos. Como disse, o projeto How Does It Feel To Be Loved? é especializado em indiepop.

Temos casa cheia hoje, devem ter umas 70 pessoas. Algumas delas fumando lá fora, por causa do Smoking Ban, lei que proíbe o fumo dentro de bares aqui em Londres. Lá dentro está a maioria do pessoal, bebendo, rindo e dançando indiepop. Perdi a primeira banda, mas cheguei a tempo de ver a segunda e, uau, que filé! Conheço esses caras desde 2003, quando lançaram um single vinil 7” chamado “Girl In a Bric-a-Brac Shop”. Foi amor a primeira vista. Com dedilhados irresistíveis, a banda é uma clássico jangly indiepop, com uma levada britpop. Se você imaginar um Bluetones passando por uma crise diabética, provavelmente vai chegar no The Brights. Os rapazes são novos e bonitinhos, típica banda de classe média da Inglaterra, e a performance de palco é sólida, jamais deixando o pique cair, com uma linha de baixo pulsante e o ritmo sempre contagiante. Tocaram uma porção de músicas, fizeram um set consistente, e quando o show acabou, distribuíram para a galera um cd-demo super bem feito, que ouvi logo quando cheguei em casa. As faixas “London Belongs To Me” e “Nature Got One Over Me” me chamaram a atenção. Olho neles. O endereço do MySpace deles está logo abaixo, não deixe de escutar.

Eis que 10 minutos depois do show do Brights, entra em cena uma garota linda e tímida, e um rapaz tímido. No palco, havia um microfone, um violão e um ipod nano. Só. Esse era o The Sunny Street, que despejou um set repleto das mais tristes e melancólicas canções indiepop desses tempos. Eles parecem ser tão jovens, e ainda sim tão desamparados. Davam a impressão de que estavam com medo de tocar para tanta gente. As faixas eram compostas por apenas voz e violão, com bateria eletrônica e texturas vindo do ipod nano, ali no chão. A menina cantava de olhos fechados, e eu achei isso lindo (foto). A sonoridade do The Sunny Street despe um sentimento de desamparo e melancolia, e não fico nem um pouco feliz de constatar que me identifico demasiadamente com eles.

A última atração são os finlandeses Cats On Fire. Já tinha escutado eles rapidamente no MySpace, achei legal, mas não me cativaram tanto. Entretanto, quando subiram ao palco, esse quadro se reverteu. Liderando a banda está um ser loiro, belo e de expressões frias no rosto. Ele tinha um topete, estava com um lencinho amarelo entre o colarinho de sua camisa e tocava violão. Cats On Fire foi soltando deliciosas indiepop songs, todas carregadas com um ar misterioso, sedutor e literário, e evocando misticamente a Morrissey e Smiths. Mattias Bjorkas, vocalista e líder, mexia com a platéia com suas variadas expressões no rosto e seu jeito de gesticular. Era algo tão frio e sarcástico que não conseguiríamos imaginar se ele era gay ou hetero, tínhamos apenas a impressão (quase certeza) que era assexuado. E ele não sorria de jeito nenhum. Mesmo entre as músicas, sob aplausos e gritos daqueles que assistiam, não sorria, apenas dizia “thank you” no microfone e olhava friamente para frente. O rapaz estava confidente, dava pra ver. No repertório, fiquei maravilhado com números como “Higher Grounds”, “The Smell Of An Artist”, “Draw In The Reins” e “End Of Straight Street”. Confesso que esse foi um dos shows que mais me intrigou nos últimos meses, devido a combinação de performance, expressões e ótimas músicas, tudo acontecendo num cenário pra lá de simples e aconchegante, o Windmill. No final comprei o álbum do Cats On Fire e, ao escutar em casa, tudo fez mais sentido após esse show. Baixe já o disco chamado “The Province Complains”, lançado esse ano. Você não vai se arrepender.


www.myspace.com/windmillbrixton
www.myspace.com/hdif
www.myspace.com/catsonfiremusic
www.myspace.com/thebrights
www.myspace.com/thesunnystreet


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JACK PEÑATE
Ao vivo no ICA, Londres, 27/07
Fotos: Patricia Arvelos


Estou tão feliz pelo sucesso do Jack Peñate, que na última sexta corri pra vê-lo tocar no ICA. É sempre bom ver um artista ao vivo quando na mesma semana ele está pela primeira vez na capa da NME, ainda mais quando se trata de Jack Peñate, moço de talento e carisma. O clima no show era de euforia e hype, e eu estava faminto pelas músicas do Jack que ainda não conheço. Como já foi falado aqui, Jack Peñate é um soul-boy do sul de Londres, um rapaz aficionado por soul music e que está fazendo muito sucesso no UK devido aos seus dois singles arrasa-quarteirão “Spit At Stars” e “Torn On The Plataform”.

A música de introdução ao show foi “Movin’ On Up”, clássico do Curtis Mayfield e uma predileta all-time desse colunista. Caralho, foi lindo ver Jack Peñate entrando no palco com esse hino de fundo. Tudo nos seus devidos lugares, Peñate inicia então “Spit At Stars”, fazendo da pista do ICA uma verdadeira festa, com gente dançando, se esperneando e cantando. Rapaz esperto ele, começa logo com um de seus hits mais poderosos. Depois disso, com exceção da ótima “Cold Thin Line”, o show foi um festival de faixas indie-soul-ska que eu ainda não conhecia, muitas delas aludindo aos mais agitados momentos do Style Council. A única diferença é que o som do Jack Peñate não é polido e orquestrado, na verdade é muito simples e lo-fi: guitarra sem pedal, baixo e bateria. Apenas dois músicos acompanham ele no palco. E muita energia.

Um dos pontos mais legais do show era quando Jack dava suas dancinhas tradicionais, seus passes endiabrados, swingando as pernas e se requebrando por completo. Igualzinho como é no clip de “Spit At Stars”. O menino tem fogo no rabo, e como ele é esperto, deixou sua música mais famosa por último, a maravilhosa “Torn On The Plataform”, que é, sem sombras de dúvida, o maior hino desse verão inglês. O show foi curto, não durou nem uma hora, e quando terminou, deixou a impressão de que Jack Peñate vai longe, e que seu disco virá transbordando com torpedos indie-soul da melhor qualidade. I can’t wait.

Confira o set-list do show:
'Spit At Stars'
'Got My Favourite'
'Learning Lines'
'Made Of Codes'
'Cold Thin Line'
'Have I Been A Fool'
'Dub Be Good To Me'
'We'll Be Here'
'Second, Minute Or Hour'
Bis
'Down Below'
'Wonderful world'
'Torn On The Platform'


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BABYSHAMBLES

Em primeira mão aqui na coluna, segue abaixo o track-list do novo álbum dos Babyshambles, que deve ser lançado ainda esse ano aqui no Reino Unido. Pelo que dizem, esse novo trabalho é melhor e mais consistente que o anterior. Sou grande fã de Pete Doherty e sua banda, e não duvido disso. Na foto você vê Pete no estúdio dando os últimos toque no disco, semana passada.

'Carry On Up The Morning'
'Delivery'
'You Talk'
'Unbilotitled'
'Side Of the Road'
'Crumb Begging Baghead'
'Unstookietitled'
'French Dog Blues'
'There She Goes'
'Baddies Boogie'
'Deft Left Hand'
'The Lost Art Of Murder'








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Thursday, August 02, 2007

 

coluna 25 de julho

CASAS DE SHOWS EM LONDRES

Você leu aqui semana passada sobre o show do Dirty Pretty Things, que aconteceu num teatro chamado Hackney Empire. Fiquei absolutamente encantado com a arquitetura esplêndida do local, o que me estimulou a fazer uma matéria sobre casas de shows aqui de Londres. São dezenas delas, cada uma com sua história e beleza particular. Nelas acontecem os melhores espetáculos do mundo, com as melhores bandas do planeta. Confira!

BRIXTON ACADEMY: Sem dúvida essa é a casa de shows de maior prestígio e tradição aqui em Londres. Há vários anos ela vem sendo votada, em diversas revistas, o melhor lugar para shows no UK. Com capacidade para 5 mil pessoas, é famosa pelo seu interior grandioso, Art Deco, e pelo bom posicionamento do palco, pista e poltronas, possibilitando uma visão perfeita para os espetáculos. Foi construída como um cinema-teatro chamado Astoria em 1929, até fechar suas portas em 1972. Nos anos 70 serviu como depósito de equipamentos, até que em 1983 reabriu como Brixton Academy. A partir daí, as maiores estrelas da música mundial passaram pelo palco dessa magnífica casa. Foi cenário de várias filmagens de shows que mais tarde foram transformadas em DVDs. Algumas bandas chegaram a fazer uma residência de cinco shows consecutivos, como é o caso do The Clash, Massive Attack, Prodigy, Arcade Fire, Nine Inch Nails e Bob Dylan. Você sabe quando um artista está no auge quando ele toca no Brixton Academy.
Shows que testemunhei: Suede, Guillemots, Ian Brown.
www.brixton-academy.co.uk/
Stockwell Road – Metrô: Brixton


ASTORIA THEATRE: Outro lugar de grande destaque na cena musical londrina. Foi aberto em 1927 como um cinema, até se transformar em espaço para shows em 1976. Comporta 2 mil fãs e é passagem obrigatória de bandas. Seu interior é caracterizado por uma estética rock’n’roll, com paredes pichadas e sujas. É uma pena que um re-desenvolvimento urbano na vizinhança coloca em risco a vida do Astoria, e seu fechamento pode acontecer nos próximos anos.
Shows que testemunhei: Suede (último show), Libertines, Cribs, Magic Numbers, Tears, Guillemots, My Life Story, Buzzcocks, Franz Ferdinand, Hot Hot Heat, Hope Of The States
http://www.meanfiddler.com/
157 Charing Cross Road – Metrô: Tottenham Court Rd.


HAMMERSMITH APOLLO: Outro gigante no circuito de shows aqui de Londres. O Hammersmith Apollo abriu em 1932, batizado de Gaumont Palace Hammersmith, e já naquela época dava espaço para shows ao vivo. No ano de 1962 trocou de nome para Hammersmith Odeon, como é até hoje conhecido. O nome atual Hammersmith Apollo foi dado em 1993. Muitas performances históricas aconteceram lá, dos mais variados artistas, como Bruce Springsteen, Motorhead, Johnny Cash, Pink Floyd, Metallica, Iron Maiden, The Cure, Black Sabbath, Gun’n’Roses, Radiohead, entre muitos outros. Todos eles tocaram no auge de suas carreiras. No final de 1964 e começo de 1965, os Beatles fizeram uma residência na casa e tocaram nada mais nada menos que 38 shows, e David Bowie apresentou o último show como Ziggy Stardust em 1973. Essa casa de shows é bastante conhecida internacionalmente, e seu interior lembra um verdadeiro palácio.
Shows que testemunhei: Pet Shop Boys, Flaming Lips (duas vezes), Manic Street Preachers
Queen Caroline Street – Metrô: Hammersmith


BUSH HALL: Um dos lugares mais bonitos e refinados para assistir shows em Londres. Aconchegante e com capacidade para apenas 600 pessoas, Bush Hall foi aberto em 1904 pelo publicitário Willian F. Hurndall, que presenteou suas filhas com esse salão de dança. Há vários lustres no teto, e seu acabamento interno nas paredes (foto) foi feito com gesso, aludindo a Palácios Vitorianos da época. Até hoje é assim. Nos primeiros anos foi um Dance Hall, havia aulas de dança, e também ensaios de orquestra. Durante os anos das Guerras, o espaço foi utilizado como um restaurante popular, um ‘galpão de sopa’, possibilitando aos moradores locais uma economia durante esses anos difíceis. Nas décadas de 50 e 60 o Bush Hall se tornou um Bingo, mas ainda sim não deixou morrer sua tradição musical, servindo como espaço para artistas como The Who e Cliff Richard ensaiarem. Nos anos 80 e 90 ficou famoso por ser um lugar para jogadores de sinuca e bohêmios se encontrarem; era um Snooker Bar. Até que no ano 2000, os empreendedores Charlie Raworth e Emma Hutchinson descobriram o local e viram o potencial que tinha para música ao vivo. Eles compraram o Bush Hall e construíram um palco, possibilitando o acontecimento de concertos variados. Desde então, essa casa de show acolhe muitos artistas que estão em turnê pela cidade, assim como bandas locais. É também palco de muitos shows secretos e especiais; estrelas como Lily Allen, Amy Winehouse, Boy George, REM, Scissor Sisters, Nick Cave, entre outros, se apresentaram para convidados apenas.
Shows que testemunhei: Brett Anderson, Pipettes, Circulus, Apples In Stereo, Baxendale, Lucky Soul, Johnny Boy, Semifinalists, My Latest Novel.
www.bushhallmusic.co.uk/
310 Uxbridge Road – Metrô: Shepherd’s Bush


FORUM: Essa venue é praticamente ao lado da minha casa, no norte de Londres. Foi inaugurada em 1934, também como um cinema. Algumas décadas depois foi transformada em casa de shows, até que em 1993 lhe batizaram The Forum. O design interior é Art Deco, e comporta mais de 2 mil pessoas. Foi palco de apresentações clássicas de artistas do calibre de Prince, Velvet Underground e Oasis, entre outros. Na semana que escrevo esse artigo, a legendária banda brasileira Os Mutantes fará uma apresentação por lá.
Shows que testemunhei: Babyshambles, Le Tigre, Maximo Park, Automatic.
www.kentishtownforum.com/
9-11 Highgate Road – Metrô: Kentish Town


ALEXANDRA PALACE: Esse palácio enorme, situado no topo de um parque no norte de Londres, é atualmente uma casa de show com capacidade para 10 mil pessoas. Localizada entre os bairros de Muswell Hill e Wood Green, o Alexandra Palace (ou apenas Ally Pally para os moradores locais) foi construído em 1873, como um centro de entretenimento e recreação. Em 1936 foi inaugurado o que seria o primeiro serviço de televisão pública, operado pela BBC. Isso durou muitos anos e as transmissões só pararam nos anos de guerra. Depois ficou sendo um centro da BBC, até que nos anos 80 iniciou a abrigar eventos e festivais. Vale acrescentar que o Ally Pally foi vítima de muitos incêndios no decorrer de sua história, tendo que ser restaurado inúmera vezes. Nos anos 90 foi uma pista de patinação, assim como uma pista para jogos de Hockey no gelo. Em 2003 hospedou seus primeiros grandes concertos em muitos anos, e vem sendo assim desde então. Bandas como Franz Ferdinand, White Stripes, Kaiser Chiefs, The Darkness e Bloc Party já tocaram lá.
Show que testemunhei: Morrissey.
www.alexandrapalace.com/
Alexandra Palace Way – Estação de trem: Alexandra Palace


KOKO: Quem anda por Camden Town, já deve ter passado pelo Koko, uma casa para 2.500 pessoas que vem abrigando apresentações de muito prestigio nos últimos anos. Abriu em 1900 com o nome de Camden Theatre, hospedando peças de teatro e musicais. No ano de 1913 foi convertido para um cinema, nomeado de Camden Hippodrome Picture Theatre. Ficou fechado durante a Segunda Guerra Mundial, e depois disso serviu como um auditório e teatro para a Rádio BBC. Nos anos 70 começou receber shows ao vivo, e o lugar passou a se chamar The Music Machine. Até que em 1982 foi batizado de Camden Palace, como é conhecido até hoje. Por lá passaram as melhores bandas dos anos 80. No final dos anos 90 o cenário do local foi decaindo, com bandas de metal e hardcore. Até que fechou em grande decadência em 2002, reabrindo, depois de um grande projeto de desenvolvimento, como Koko, em 2004. De lá pra cá, vem recebendo artistas de muito prestígio, como Madonna, Coldplay e Prince. Atualmente abriga o Club NME nas sextas feiras, levando mais de 2 mil indie-kids a loucura. A arquitetura do Koko foi feita com influencia do estilo Barroco, e seu interior é deslumbrante.
Shows que testemunhei: Babyshambles, The Holloways, Wry, Ash, The Bishops.
http://www.koko.uk.com/
1ª Camden High Street – Metrô: Mornington Crescent ou Camden Town


ROUNDHOUSE: Esse prédio, situado no bairro de Camden Town, foi construído no século passado, sendo inicialmente uma rotunda para locomotivas. Vinte anos mais tarde deixou se ser utilizado, pois as locomotivas foram evoluindo e ficando grandes demais para o espaço. Ficou abandonado um tempão, até que no início dos anos 60 foi transformado num centro de artes, um estúdio e um salão para shows, com seu interior restaurado o mais próximo da arquitetura original. O lugar abrigou grandes shows, como The Who, Mott The Hoople e Pink Floyd, entre outros. Vale lembrar que a única apresentação dos The Doors no Reino Unido foi na Roundhouse. Nos anos 80 ficou abandonado novamente, até que há três anos atrás foi iniciado um projeto de re-desenvolvimento. Em 2006 foi reaberto como estúdio, centro de artes e espaço para shows. O interior é muito legal, aludindo a um circo. Com uma capacidade para mil pessoas, é uma venue grande, mas ao mesmo tempo intimista. Em setembro o Sonic Youth vai fazer um show especial por lá, tocando o disco Daydream Nation por completo.
Show que testemunhei: Jarvis Cocker.
http://www.roundhouse.org.uk/
Chalk Farm Road. Metrô: Chalk Farm


ROYAL ALBERT HALL: Esse é um palacete da Família Real, e desde 1871 abriga eventos diversos, como shows de rock, ópera, exibições, ballet, concertos de música clássica, formaturas e noites de premiações. Também é lar de cerimônias da Família Real. É um lugar elegante, posh e fica numa das regiões mais ricas de Londres, no bairro de Knightsbridge. Seu design é refinado e clássico. Praticamente os artistas mais famosos e poderosos do universo já se apresentaram por lá, como é o caso de Bob Dylan, Rolling Stones, The Beatles, Janis Joplin, Joni Mitchell, Petula Clark, ABBA, Dusty Springfield, The Who e muitos outros. Assistir um concerto lá é uma experiência religiosa, e também um privilégio, já que não é tão fácil de conseguir bilhetes.
Show que testemunhei: Joanna Newsom.
www.royalalberthall.com/
Kensington Gore – Metrô: Knightsbridge


MEAN FIDDLER: Lugar clássico no centrão da cidade. Já perdi as contas de quantas vezes fui. Ele era conhecido como Astoria 2, pois fica ao lado do Astoria, no mesmo prédio. Comporta mil negos, é sujo e detonado, e hospeda shows e nightclubs. Era ali que acontecia a finada Frog, a festa indie mais bombada que já fui na minha vida, e que acabou no mês passado. Foi na Frog que assisti a maioria dos shows no Mean Fiddler. A venue também está com os dias contados, devido ao projeto de expansão do metrô que existe na área. Pena.
Shows que testemunhei: The Go! Team, Ash, Subways, Pipettes, Razorlight, CSS, Spinto Band, Babyshambles, Automatic, Delays, My Life Story, Long Blondes, Sleater-Kinney.


THE CORONET: Esse é um lugar no sul de Londres que surgiu no início do século passado, e serviu de espaço para diversos tipos de entretenimento, como salão de dança, cinema e teatro. Foi lá que Charlie Chaplin se apresentou pela primeira vez. Em 2002 suas poltronas foram retiradas, e o local passou a receber shows com mais freqüência. Já passaram por lá Blur, Primal Scream, Libertines e Placebo, entre outros. Sua capacidade é para mais de 2 mil pessoas, e o palco fica bem posicionado.
Show que testemunhei: The Horrors.
28 New Kent Road – Metrô: Elephant & Castle



ELECTRIC BALLROOM: Outro ponto de grande tradição em Camden Town, bairro roqueiro no norte londrino. Foi o primeiro salão em Londres a ter energia elétrica, e não a gás, daí vem o nome Electric Ballroom. Tem 70 anos de vida, e sempre deu espaço para shows e festas de rock, assim como feiras de discos, roupas e revistas. Nos anos 70 foi considerada a segunda casa do The Clash. O palco é alto, e temos uma boa visão do show.
Shows que testemunhei: The Holloways e M83. Também fui em diversas feiras de discos.
www.electric-ballroom.co.uk/
184 Camden High Street – Metrô: Camden Town


SHEPHERD’S BUSH EMPIRE: Com um design interior impecável, essa venue foi construída em 1903, e foi um teatro e salão de dança até os anos 50. Em 1953 a companhia de rádio e televisão BBC comprou o lugar, que foi utilizado como um auditório para seus programas e shows. Em 1992 a BBC deixou o local, e em 1994 começou a ser local de shows. Apesar de uma capacidade de apenas 2 mil pessoas, muitas artistas de grande porte já passaram por lá, como David Bowie, Elton John e Rolling Stones. O único ponto fraco dessa casa é seu palco baixo, o que te deixa com pouca visibilidade dos shows.
Shows que testemunhei: Bright Eyes, Manic Street Preachers, The Human League, Antony & The Johnsons, Brett Anderson.
www.shepherds-bush-empire.co.uk/
Shepherd’s Bush Green – Metrô: Shepherd’s Bush


HACKNEY EMPIRE: Foi inicialmente construído como um salão de música em 1901, e hospedou muita gente famosa, como Charlie Chaplin e Marie Lloyd. Com sorte, sobreviveu aos bombardeiros alemães durante a Segunda Guerra Mundial, que foram pesados no bairro de Hackney. Em 1963 passou a ser bingo, até que em 1984 o teatro foi comprado por uma agência de comediantes. Assim, o local ficou famoso por shows de comédia. É assim até hoje. Em 2001 passou por um projeto de restauração, e reabriu em 2004. Foram colocadas poltronas vermelhas de veludo, o que possibilita apresentações de ópera. Mesmo assim, é usado regularmente para shows de rock, e recentemente aconteceu uma reunião entre Peter Doherty e Carl Barat, tocando clássicos dos Libertines. A arquitetura e estrutura são refinadas, e o palco muito bem posicionado.
Show que testemunhei: Dirty Pretty Things.
http://www.hackneyempire.co.uk/


SCALA: Com capacidade para pouco mais de mil pessoas, esse espaço também foi aberto como um cinema, em 1920, com o nome de King’s Cross Cinema. Nos seus 70 anos de vida, mudou de nome várias vezes e mostrou uma grande variação de filmes, indo dos populares aos cults, e também filmes pornôs. Em 1972, Iggy Pop estava em Londres com sua banda Stooges gravando o disco Raw Power, e fizeram uma única apresentação na cidade, no Scala. Todas as fotos do encarte desse disco, incluindo a capa clássica, foram tiradas nesse show. Desde então, o Scala continuou hospedando concertos de rock, o que acontece até os dias atuais.
Shows que testemunhei: Los Campesinos!, Tilly And The Wall, McAlmont & Butler, Babyshambles, Kate Nash, Little Ones, Architecture In Helsink.
www.scala-london.co.uk/scala/
275 Pentonville Road – Metrô: King’s Cross


100 CLUB: Qualquer fã dos Sex Pistols já deve ter ouvido falar desse lugar. Foi aqui que os Sex Pistols se apresentaram pela primeira vez em Londres, em 1976. O 100 Club traz música ao vivo desde 1942, misturando bandas de jazz e rock. Desde que o punk surgiu, vem regularmente hospedando bandas do estilo. Sua decoração interna não muda desde os anos 70, e atualmente conta com uma capacidade para 350 pessoas.
Shows que testemunhei: Bloc Party, Maximo Park, 22-20s, The Holloways.
http://www.the100club.co.uk/
100 Oxford Street – Metrô: Oxford Circus


Ficaram de fora casas gigantes como EARLS COURT, WEMBLEY ARENA e a nova O2, assim como bares e pubs na qual testemunhei shows memoráveis, que também fazem parte do circuito de shows londrinos, como SPITZ, WINDMILL, ULU, METRO CLUB, BUFFALO BAR, ISLINGTON ACADEMY, MADAME JOJO’S, KING’S COLLEGE. Um dia quem sabe escrevo sobre eles...


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LONDON’S BURNING!!

O segundo semestre promete vir com muitos shows em Londres. Veja uma lista de gigs imperdíveis, que esse colunista recomenda e certamente estará presente.

TEGAN AND SARA, 16 de agosto, Bush Hall
RILO KILEY, 20 de agosto, Islington Academy
HOT HOT HEAT, 30 de agosto, King’s College
RICHARD HAWLEY, 05 de setembro, Roundhouse
TILLY AND THE WALL, 06 de setembro, Electric Ballroom
JUSTICE, 06 de setembro, Koko
JESUS AND MARY CHAIN, 07 de setembro, Brixton Academy
ARCHITECTURE IN HELSINK, 10 de setembro, Koko
THE GO! TEAM, 12 de setembro, Electric Ballroom
JACK PEÑATE, 26 de setembro, Astoria
THE DECEMBERISTS, 02 de outubro, Royal Festival Hall
HAPPY MONDAYS, 06 de outubro, Brixton Academy
KATE NASH, 07 de outubro, Bloomsbury Ballroom
MAXIMO PARK, 11 e 12 de outubro, Brixton Academy
THE CRIBS, 17 de outubro, Fórum
PHILIP GLASS, 21 de outubro, Barbican
LOS CAMPESINOS!, 23 de outubro, ULU

Vale lembrar que quanto antes você garantir seus ingressos, melhor. Então compre-os já, nos seguintes site: www.gigsandtours.com/ ou http://www.seetickets.com/


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VÍDEOS

MAXIMO PARK – “Girls Who Plays Guitar”

Esse é o novo single do Maximo Park, que será lançado dia 20 de agosto. Uma beleza.



MANIC STREET PREACHERS – “Autumnsong”
Segundo single a ser tirado do último disco dos Manics. A música é linda, o vídeo é legal, bem britânico. Engraçado que mesmo depois de velhos os Manics ainda retratam a realidade dos jovens britânicos.



THE CORAL – “Who’s Gonna Find Me”
Novo single desse coletivo de Liverpool, que deve lançar o quarto álbum em breve. Essa banda dificilmente dá bola fora.





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