Monday, June 26, 2006

 

coluna 26 de junho

LES INCOMPETENTS

To chocado. Esses dias abri meu MySpace e estava lá uma mensagem dos Les Incompetents, a banda que lançou a música mais legal desse ano, “How It All Went Wrong”, já falada aqui na coluna.

Infelizmente, a mensagem não estava divulgando nenhum show ou música nova, e sim informando os fãs sobre o que aconteceu com Billy, um dos vocalistas da banda. Na última sexta eles tocaram no Barfly, em Camden Town, e na volta pra casa, Billy foi atacado por uma gang. Ele caiu, foi espancado e bateu com a cabeça na calçada. O que aconteceu foi que Billy agora está em situação crítica no hospital, inconsciente, com o risco de ter fraturado o crânio. Tá alarmado?? Eu também. Você vai ficar mais ainda quando eu contar a historinha que tenho com Billy e com a banda.

O ano era de 2003, e eu recém chegado em Londres, costumava a freqüentar a festa White Heat, que acontecia às terças no Infinity Club, centro de Londres. Numa dessas baladas, conheci um rapaz no banheiro, e ficamos conversando. Ele ficou surpreso e excitado ao saber que eu era do Brasil e que gostava de rock. Nos demos bem, e minutos depois ele me apresentou para todos seus amigos. O nome dele era Billy, que anos depois fui descobrir que seria o vocalista dos Les Incompetents. Depois desse nosso primeiro encontro, ficamos amigos, mas como minha vida sempre foi corrida, nunca fomos tão próximos. Regularmente eu o encontrava no metrô, na rua ou nas festas de rock, e sempre dávamos risada e bebíamos e curtíamos a vida. Teve uma vez que ele falou pra mim que estava sério com sua banda, que ainda não tinha nome certo, mas estava querendo algo em francês

Pois então, foi assistindo o clip da música “How It All Went Wrong” que eu percebi que o Les Incompetents é a banda do Billy. Nunca encontrei ele novamente depois que percebi isso. E agora o cara está correndo risco de vida no hospital, e isso me deixa chateado pra caramba. Porra, justo o Billy, um cara tão gente fina e animado?!

Na página do MySpace deles há várias mensagens de apoio dos fãs. Deixe a sua: www.myspace.com/lesincompetents

Assista o clip de “How It All Went Wrong” e assista Billy em ação, ele é o vocalista que NÃO está de óculos, e está de terno e gravata.




GET WELL SOON, BILLY!


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THE PIPETTES

Com o lançamento do álbum “We Are The Pipettes” se aproximando, as Pipettes estão em todo lugar. Encontrei no youtube.com uma entrevista mostrada recentemente na MTV2, no programa Gonzo. Notem que a conversa cai num assunto que eu já citei aqui: as Pipettes fizeram as ‘polka-dots' (estampas de bolinha) novamente ficarem em moda aqui no Reino Unido. Se você andar por Londres, vai notar isso. E elas concordam, como podem conferir no vídeo.



Não se esqueça, “We Are The Pipettes” será lançado dia 17 de julho na Inglaterra. Veja aqui a capa, em primeira mão.

www.myspace.com/thepipettes


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PETE DOHERTY

Então mais um capítulo da saga de Pete Doherty foi escrito na semana passada, quando ele mesmo se admitiu numa clínica de reabilitação para usuários de heroína em Portugal. Segundo dizem, o rapaz foi por vontade própria, pois percebeu que se continuasse do jeito que estava, sua próxima parada seria a cova. A idéia é ficar por lá por um tempo, mais ou menos um mês, para receber tratamento e sair do seu círculo de amizades, composto por traficantes, junkies e deliquentes de alto calibre. Ainda, ele pretende gravar algumas músicas por lá. Resta esperar se dessa vez ele fica, ou se não fará como das outras vezes, sair pior do que estava.

Como tributo, deixo aqui um home-vídeo em dedicatória a Pete, com bonitas imagens desde o começo dos Libertines até os dias de hoje, passando pela saga Kate Moss e Babyshambles. Dá pra ver quão doido varrido é o sujeito... hehe...



A música de fundo é “The Man Who Came To Stay”, uma das melhores
coisas que Pete já fez.

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HOPE OF THE STATES – “Left”

Deus do céu, quando li que o Hope Of The States tinham deixado o lado épico e grandioso do trabalho de estréia para dar espaço para uma pegada mais pop nesse segundo disco, fiquei aborrecido, pois adoro esse aspecto grandioso em bandas e naturalmente amei o primeiro cd do HOTS. Mas essa segunda obra não desaponta nem um pouco. Pelo contrário, até empolga. As músicas que dão o pontapé brilham majestosamente, com uma estrutura simples, com portas abertas para as guitarras. Há inspiração, há talento, há substância. O primeiro single “Sing It Out” é o retrato disso. O astral muda na quinta faixa, a deslumbrante “The Good Fight”, que é uma releitura do primeiro disco. Pianos, orquestra, guitarras, drama. Adoro. Em seguida vem a faixa título e sem dúvida a que mais se destaca no disco. Quase seis minutos de rock robusto, com caídas melancólicas e climas cinematográficos. E ainda tem gente que vem me falar de Radiohead...

O álbum poderia terminar aqui, e o cenário ficaria perfeito. Mas não. O Hope Of The States ainda oferece mais meia-dúzia de trilhas, esbanjando rock visceral, ora subindo lá em cima com orquestras, ora abusando das guitarras. A música “The Church Choir”, que finaliza o cd, prova isso e é impecável. Coisa de mestre. Com “Left”, um segundo disco tão bom quanto o primeiro, os ingleses HOTS mostram que não são banda de uma temporada só e nos deixam com boas perspectivas para o futuro. Agora, a razão pela qual esse disco está recebendo críticas negativas é um mistério que pretendo desvendar ainda esse ano.


LILY ALLEN – “Alright, Still”

Taí um disco com alto calibre comercial, que certamente vai ser comercial, e que eu gosto e tiro o chapéu. Oh, se todos os hip-hops fossem assim, o mundo com certeza seria um lugar menos pior. Veja bem, tá na cara que dona Lily Allen não tem lá muitas referências para compôr.. digamos... ‘hits imortais', mas a garota pelo menos tem bom gosto para produtores e o resultado disso é que esse é um disco de verão, leve, livre e solto. “Alright, Still” flerta com reggae, hip-hop e rock, mas tudo com uma produção afiada, esperta e simples. É música comercial sim, mas aqui a substância está sob a aparência, e não o contrário. Os arranjos são
orgânicos e se você procura por um disco eclético e amplo, com certeza esse pode ser a sua salvação. As letras retratam o cotidiano da juventude de Londres e é um bom meio para entender o povo daqui. As faixas que mais gostei são as que possuem sonoridade reggae & ska: “Smile”, “LDN” e “Friend of Mine”. Lily Allen será o novo furacão britânico nos próximos meses.


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THE LONG BLONDES

Parece que o charmoso quinteto inglês The Long Blondes caiu no esquecimento. Errado. A banda na verdade acabou de, finalmente, assinar contrato com a Rough Trade, e está calmamente preparando o lançamento do álbum de estréia. A revista Plan B deu capa para eles nesse mês e o clip da música “Weekend Without Make-Up” está rodando adoidado na MTV inglesa. As rádios também abriram espaço para a faixa. Por isso, resolvi traduzir um artigo que foi publicado no jornal londrino Evening Standard em março desse ano, apostando nos Long Blondes como os sucessores dos Arctic Monkeys. Na época, a banda liderara por Kate Jackson ainda não tinha gravadora, e esse foi um dos pontos discutidos na matéria. Enjoy!


MEET BRITAIN'S BRIGHTEST BAND
“CONHEÇA A BANDA MAIS ESPLÊNDIDA DA GRÃ-BRETANHA”


Texto: David Smith
Tradução livre: Marcio Custódio

Esqueça os Arctic Monkeys – as estrelas do novo pop são os Long Blondes


Enquanto todos os olhares estiveram direcionados para os Arctic Monkeys no NME Awards na semana passada, onde ganharam três prêmios, outra banda de Sheffield, The Long Blondes, acanhadamente compareceu para pegar o prestigiado troféu dos Novos Talentos. Não apenas essa é uma banda sem contrato com gravadora, mas seus integrantes tiveram que tirar folga de seus trabalhos diurnos para atender à cerimônia cheia de estrelas. Quando combinei de encontrar com eles pra discutir essa vitória significante (ganhadores do passado incluem Franz Ferdinand e Kaiser Chiefs), apenas dois deles estão disponíveis em seus horários de almoço para um encontro num pub no centro de Sheffield. O principal compositor e guitarrista Dorian Cox está no trabalho num departamento administrativo da faculdade de Sheffield, a guitarrista base Emma Chaplin está atarefada na biblioteca de artes de Leeds, e a baixista Rennie Delaney está trabalhando no departamento de mídia na universidade de Rotherdam, onde estudantes fãs chegam e ficam bisbilhotando-a.

Fui deixado com a vocalista Kate Jackson, uma fada de expressão vampírica numa boina branca, com unhas azuis e denso lápis de olho preto. Ela vende roupas vintage no E-bay pra ganhar a vida, e sempre pega as melhores peças pra ela. Rapidamente ficamos também na companhia do baterista Screech Louder, do qual o nome rock'n'roll (e está até no certificado de nascimento, graças aos pais hippies)**, os óculos a lá Morrissey e o cabelo curly tingido fazem dele um ser totalmente inapropriado no seu trabalho temporário no Home Office.

“É como viver uma vida dupla”, diz Jackson. “Mas nós realmente achamos que não ter conseguido um contrato de forma mais rápida será bom pra nós a longo prazo. Quando isso acontecer, estaremos prontos para isso.” Isso quer dizer “quando”, não “se” Quatro contratos exclusivos para lançar singles individuais, sendo o mais recente a rouca “Separated by Motorways”, não deram nenhum retorno financeiro, mas criaram um rebuliço na indústria da música e uma apaixonada base de fãs. O burburinho é por causa de pomposas e estilosas canções, incluindo o funk rígido de “Giddy Stratospheres” e a gritada e punky “Lust In Movies”, que referencia Anna Karenina e a protegida de Warhol, Edie Sedgwick. E também há o fato que eles passam horas e horas cuidando da aparência, especialmente Jackson, que está dando duro para alcançar status de ícone. Ela já apareceu em diversos suplementos de moda, e na cerimônia da NME também foi nomeada para Mulher Mais Sexy, perdendo inexplicavelmente para Madonna.

“Ter boa aparência certamente não causa nenhum dano”, ela diz. Louder adiciona: “Mas não gosto da idéia que porque há garotas na banda, nós devemos ser aparência sob conteúdo. Somos pessoas inteligentes – somos capazes de pensar tanto na nossa música quanto no nosso jeito de se vestir, ao mesmo tempo”.

Cantoras glamourosas como Debbie Harry e Marianne Faithful foram mencionadas como comparação, assim como as garotas líderes das bandas britpop Sleeper e Elastica. “Não acho que há garotas suficientes em bandas e eu não diria que sou derivada de ninguém. A procedência não está lá”, diz Jackson.

A causa dos Long Blondes é sem dúvida favorecida pelo sucesso meteórico dos Arctic Monkeys. Estou vendo até quando eu consigo durar sem mencionar eles na entrevista, e é Jackson que eventualmente cultiva o fantasma “É pura coincidência que algumas bandas de Sheffield estão se dando bem no momento. Estamos fazendo coisas diferentes”, ela fala.

"A gente se cruza as vezes, e eles são caras legais, mas não é como se a gente estivesse juntos todo sábado no Leadmill”, diz Louder. “E há também a diferença de idade – os Arctic Monkeys são bem mais novos que a gente”.

Com idade entre 23 e 25, o quinteto decidiu independentemente estudar em duas universidades de Sheffield, inspirados por compartilharem o amor por um dos grandes expoentes da cidade, Jarvis Cocker e Pulp. “Jarvis é realmente um homem inglês, uma figura meio Noel Coward”, arrebata Jackson. A banda não se conheceu nas aulas, mas sim nas várias discotecas indies de Sheffield. “Acho que sempre foi a cidade mais cool do país, não somente agora”.

Há dois casais na banda, Cox e Chaplin, já de longo-termo, e Delaney e Louder, que entrou na banda sem ter nenhuma experiência com as baquetas, mas desse jeito ele poderia conhecê-la melhor. Entretanto, falta de habilidade musical não prejudicou o progresso deles.

“Sei que iremos fazer um bom disco”, diz a vocalista. Fique de olho. Pra agora, já são duas da tarde e a banda mais esplêndida da Grã-Bretanha precisa voltar ao trabalho.


** Nota do tradutor: Louder, o sobrenome do baterista Screech, significa ‘mais alto' no tocante a volume, em português, e é uma expressão típica para fãs de rock.

Assista o vídeo de “Weekend Without Make-Up”, com direito a chapinha no cabelo de Kate e tudo mais!
http://www.youtube.com/watch?

Essa Kate Jackson é muito charmosa, é ou não é?


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coluna 19 de junho

WORLD CUP!!

O clima de Copa do Mundo contagiou geral. Até os indies. E pra não ficar de fora, até comprei minha camiseta pra usar nos jogos do Brasil, como você pode ver abaixo.

Hehe. Sou indie-kid mesmo. Não tem jeito.

Vai Ronaldinho!!


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LILY ALLEN

O que mais admiro na música da Lily Allen é o fato de não ser ‘over-produced’. É pop, mas não é aquela berração horripilante que é farrapos como Pussycat Dolls ou Girls Aloud. Possui arranjos super simples, mas cativantes o suficientes e produção não exagerada. Além do mais, a vibe reggae de Lily caiu como uma luva pra mim. Veio justamente numa hora que ando escutando muito reggae e ska dos anos 60. Londres é muito isso. Mesmo que você esteja em outra, acaba escutando Dub, Reggae e Ska por tabela. Mas não é aquele reggae chulé, típico dos butecos próximos de faculdades no Brasil. É um lance de ótima qualidade, retro, autêntico. E Lily Allen sabe capturar isso. Fora que a menina é TOTAL Londres, né? Ela fala as gírias de Londres, cita nome de ruas e ainda diz que faz compras no Tesco. Não é a toa que a garota tem uma canção chamada “LDN”, e no clip ela passeia de bicicleta pela capital inglesa.

Vai nesse blog de download, e lá você pode baixar algumas músicas de Lily Allen, em versão demo: http://slapyouinpublic.blogspot.com/2006/05/lily-allen-lost-her-phone.html

E dizem que o disco dela vazou na net. Mas ainda não consegui. Semana que vem quem sabe.

Deixo vocês com o vídeo dela se apresentando no tradicional programa inglês Top Of The Pops, com o hit “Smile”.




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SHOWS

Aí está mais algumas dicas de shows para Londres nesse segundo semestre, com destaque para o Elbow, que toca no Somerset House, um dos lugares mais fascinantes da cidade.


- Basement Jaxx – 02/12/2006 – Wembley Arena

- The Beautiful South – 12/12/2006 – Hammersmith Apollo

- Broadcast – 21/07/2006 - Bush Hall

- Cerys Matthews – 26/07/2006 – Scala

- Death Cab For Cutie – 28/06/2006 – Brixton Academy

- Elbow – 13/07/2006 - Somerset House


Não se esqueça, se você que ir, trate de comprar seu ingresso o mais rápido possível. Não deixe para depois. Londres tem o maior circuito de shows do mundo, mas eles são disputadíssimos. Então, compre já: www.gigsandtours.com/


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SKYE – “Mind How You Go”

Quem se lembra daquele estilo musical chamado trip-hop? Bandas inglesas como Moloko, Morcheeba, Sneaker Pimps e Massive Attack marcaram os anos 90, mas, nesse novo milênio, parece que desapareceram. Quem está de volta é Skye Edwards, dessa vez não como vocalista do Morcheeba, mas lançando seu primeiro trabalho solo. Skye tem uma voz pra lá de especial e se o Morcheeba merece algum mérito, com certeza Skye é uma das razões. Aqui ela soa parecida com suas obras anteriores, porém a produção está mais orgânica e menos eletrônica. O panorama aqui ainda é de um clima viajante, com orquestras e linhas de violão em evidência. Certamente cativará aquelas que admiram a cantora Bjork, e quem era fã do Morcheeba, provavelmente não se desapontará. Destaques: “Powerful”, “Tell Me”, “No Other”, “Love Show” e “Solitary”.


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MY LIFE STORY: youtube.com

Um dos melhores shows que presenciei esse ano foi ao youtube.com. Bem, pelo menos um trecho dele. Se você visitar o site abaixo, vai poder conferir a música “Motorcade” com o My Life Story, naquele show de volta no Mean Fiddler, no final do mês passado. Repare que, como eu disse, as pessoas sabiam as letras de cor. Ainda, no final há uma avalanche de violinos e orquestração, conforme relatei aqui. Quem não estava lá, dá pra sentir um pouquinho como foi. Quem estava, vale como recordação.




Bandas de rock com orquestra: adooooooro.


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KEANE

Curto algumas bandas que lá foram são conhecidas como ‘bed-wetter’ e que eu traduziria para ‘mela-cueca’. O que posso fazer? Eu gosto, ué. Em suma, gosto de alguns discos do Travis, Coldplay e Embrace. E aprecio também o primeiro álbum do Keane. Ah, admita, vai... aquele disco tem umas músicas liiiiiiiindas. Quando surgiram, eu ia em shows e ficava fascinado quando os ouvia na Xfm ou os via na MTV2. Mas vou te contar uma coisa: esse novo trabalho perdeu o bonde. Não rolou. As faixas não são boas suficiente, oras. Faltou um pouco aquele clima meigo e choramingão, e a principal qualidade deles era justamente essa. Não é um disco ruim. É um disco que eu não me vejo escutando mais de uma vez e meia. Passo.




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Monday, June 12, 2006

 

coluna 12 de junho

LILY ALLEN

Eu deveria ter falado isso aqui já. Foi preguiça. Mas vamos lá. Foi assim... Da noite pro dia, Lily Allen virou o centro do planeta na cabeça dos londrinos que tinham cabeça. A menina estava em todos os lugares possíveis ao mesmo tempo. Revistas, jornais, NME, rádios, televisão. Ela saiu na capa de uma revista, sem nunca ter lançado absolutamente nada. Tudo culpa do MySpace. Lily Allen será a maior estrela da música na Inglaterra em 20 anos. A moça não ta pra brincadeira.

Londrina tradicional, patricinha, típica garota que vemos bêbadas em ponto de ônibus as três da manhã no centro de Londres. Ela não deve ter muito cérebro, mas como mora em Londres e tem pais ricos, se veste bem e tem bom gosto musical. E é bonitinha. Pronto. A indústria descobriu, deu de bandeja os melhores produtores e ela vai voar como cometa. Sabe o que é melhor? A música dela é boa pra caralho. Se é produção enlatada ou não, estou pouco me fudendo. O que importa é que “Smile”, uma música que anda tocando aos montes na rádio XFM, é uma delícia. Pra você cantarolar no chuveiro, peladão, sem medo de se feliz. Não acredita, né? Então vai em www.myspace.com/lilymusic e esteja pronto pra mudar de opinião. Pop, ska, rock. Uma beleza.

Lily Allen tem carisma. Ela sempre ri. Sabe lhe dar muito bem com o hype que está avançando para o lado dela. Alguns cínicos vão malhar ela, só por causa do hype. Deixa esses pra lá. Lily Allen taí pra gongar os cínicos. Ela tem uma música chamada “Alright Still” que será lançada como single em breve. Fique de olho. Não vai ter melhor música nessa temporada. Lily Allen será o próximo Arctic Monkeys, no quesito hype e música boa.

Lily Allen toca em Londres nos dias 17 e 18 de julho, no Bush Hall, e dia 06 de novembro, no Astoria.


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RESENHAS
Essa semana escolhi cinco discos suaves, pra ouvir no quentinho da caminha ou tomando café da manhã. Vamos lá?



::: CAMERA OBSCURA – “Let's Get Out of This Country”
Em primeiro lugar, a capa desse disco não é linda? Eu acho. Em segundo lugar, a faixa de abertura e primeiro single, “Lloyd, I'm Ready to Be Heartbroken”, não é uma das coisas mais fofas e geniais desse ano? Eu acho. O Camera Obscura surgiu no começo dessa década em Glasgow, Escócia. São da mesma turma do Belle And Sebastian, então é natural que possuam aspectos em comum na sonoridade. Inclusive, fui introduzido ao Camera Obscura de um jeito especial. O ano era 2001, mais exatamente no dia seguinte ao show do B&S no Free Jazz, e eu estava perambulando por uma praça em SP quando me deparo com nada mais nada menos que Stuart Murdoch, mestre do Belle And Sebastian, comprando discos de Tropicália. Claro que cheguei nele e começamos a conversar. Ele me disse então que a namorada dele tinha uma banda muito legal, chamada Camera Obscura. Óbvio que fui atrás e me apaixonei. Esse é o terceiro disco deles, e não mudaram nada em relação aos dois trabalhos anteriores: música pop, meiga, folky, orquestrada, com uma pitada de twee-pop. Adoro. São nove pérolas aconchegantes, que ganharão o coração dos mais sensíveis. E em terceiro lugar, esse disco do Camera Obscura não é lindo? Tenho certeza disso.


::: EL PERRO DEL MAR – “El Perro Del Mar”
Essa moça está na boca de todo mundo que aprecia um bom pop com tratamento sessentista. El Perro Del Mar é uma cantora nativa da Suécia, e esse é seu primeiro álbum cheio, descrito pela loja de discos inglesa Rough Trade como o encontro de Kate Bush com Phil Spector. Realmente. Talvez ela seja a versão feminina para o também sueco Jens Lekman, apenas menos melancólica. Comparações com os momentos mais calmos do Saint Etienne também foram feitas, com razão. Esse cd foi lançado na Inglaterra pelo selo Memphies Industries, casa de jóias como The Go! Team e The Pipettes. El Perro Del Mar soa melhor naquelas ocasiões onde você convida seus amigos para um jantar e uma noite de vinho. Destaques: “Here Comes That Feeling”, “Party” e “I Can't Talk About It”.


::: ESPERS – “Espers II”
O trio americano Espers lançou no ano passado seu ótimo disco de estréia, devidamente lembrado por esse colunista. Mas se alguém me dissesse que já em 2006 eles voltariam com um novo trabalho, e ainda melhor que o primeiro, eu desconfiaria. Mas é isso mesmo que aconteceu. Intitulado apenas “Espers II”, o cd é um passeio pelos caminhos do post-rock, se infiltrando com folk, vocais frágeis e experimentalismos diversos, oferecendo sete trilhas, com mais ou menos oito minutos cada uma. É uma obra tão boa quanto a primeira, apenas um pouco mais tocante, carregada e coesa. Prato cheio pra quem gosta de Godspeed You Black Emperror, Mogwai, Sigur Rós ou Galaxie 500.


::: BARZIN – “My Life In Rooms”
Grande surpresa lá do Canada. Esse é o segundo LP dessa banda, e não desaponta nem um pouco. Se você procura um álbum repleto de texturas introspectivas e delicadas, esse é a sua pedida. Cabeceado por Tony Dekker e Suzanne Hancock e contando com a ajuda de músicos de apoio, “My Life In Rooms” foi gravado por diversos estúdios no Canadá e EUA e, graças a gravadora inglesa Monotreme Records, está disponível nas melhores lojas do Reino Unido. Com instrumentação criativa e vocais sensíveis, esse disco com certeza vai cativar aqueles que estão cansados de barulho e querem partir para um clima mais suave. Excelente trabalho.


::: TRES CHICAS – “Bloom, Red & The Ordinary Girl”
Oh, que músicas deliciosas. Morei em cidades grandes como São Paulo e Londres durante minha vida toda, e confesso que as vezes tenho vontade de tentar uma cidade menor. Quando ouço esse disco das Três Chicas, tenho certeza disso. Isso sim é que é música country de qualidade. Bom para um rancho. Bom para umas férias. Três Chicas é um trio de mulheres oriundas das fazendas canadenses, Caitlin Cary, Lynn Blakey e Tonya Lamm, e esse é o terceiro disco delas, gravado (advinha?) na Inglaterra. Contando com convidados e produtores de ponta, “Bloom, Red & The Ordinary Girl” possui forte apelo jazz, com delicadas linhas de pianos e harmonias gospel. Quando você voltar pra casa depois de um dia de trabalho e quiser uma massagem e não ter quem faça, apenas deite na cama, apague a luz e coloque esse disco. O efeito será o mesmo, garanto. A faixa “Only Broken” é o ponto alto do disco, mas as outras também não ficam muito atrás. Lindo.


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2006
Estamos no meio do ano, exatamente, e não custa nada relembrar aos leitores todos os discos que recomendei aqui na coluna. Segue e lista, sem ordem de preferência.


PET SHOP BOYS – “Fundamental”
PRIMAL SCREAM – “Rock City Blues”
THE PIPETTES – “We Are The Pipettes”
ABSENTEE – “Schmotime”
SHACK – “On The Corner Of Miles And Gil”
FARIÑA – “Allotments”
YEAH YEAH YEAHS – “Show Your Bones”
GRAHAM COXON – “Love Travels At Illegal Speeds”
RHETT MILLER – “The Believer”
TWO GALLANTS – “What the Toll Tells”
TOY – “Toy”
DIRTY PRETTY THINGS - "Waterloo To Anywhere"
EMBRACE – “This New Day”
THE ELECTED – "Sun, Sun, Sun"
DAVID GILMOUR – "On An Island"
THE MONTGOLFIER BROTHERS – "All My Bad Thoughts"
DEVICS – "Push The Heart"
DELAYS – "You See Colours"
SPARKS – "Hello Young Lovers"
MY LASTEST NOVEL – "Wolves"
THE GOSSIP – " Standing In The Way Of Control"
THE FLAMING LIPS - "At War With The Mystics"
BE YOUR OWN PET – "Be Your Own PET"
DESTROYER – "Rubies"
JOHNNY BOY - "Johnny Boy"
BELLE AND SEBASTIAN – "The Life Pursuit"
ARCTIC MONKEYS – “Whatever People Say I Am, That's What I'm Not”
THE KOOKS – “Inside In/Inside Out”
JENNY LEWIS with THE WATSON TWINS – “Rabbit Fur Coat”
JOHN HOWARD – “As I Was Saying”
THE STROKES – “First Impressions Of Earth”

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THE RUMBLE STRIPS

Eitaaaaa. Banda boa do caralho. Foda-se que são filhotes do Dexys Midnight Runner. Quem se importa? O lance é que toda hora que ouço Rumble Strips, me empolgo mais e mais. Não é pra menos: música alto astral, com instrumentos de sopro e roupagem retrô. É disso que eu gosto, meu amigo. Vai lá na página do MySpace e assista os clips de duas músicas, “Hate Me You Do” e “Motorcycle”. Os dois vídeos muito legais. Rumble Strips é foda! www.myspace.com/rumblestripsuk


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MAXIMO PARK: DVD

Então é isso aí. Uma das melhores bandas do cenário indie da atualidade, se não a melhor, acaba de lançar no Reino Unido um DVD, que registra toda a temporada do primeiro álbum “A Certain Trigger”, com shows, clips, documentário de turnê e apresentações em estúdios. O que dizer do Maximo Park? A banda não tem sequer uma música ruim, a presença do vocalista Paul Smith é uma das mais marcantes do rock atual e é a banda que aposto mais alto para um segundo disco matador. Com o título de “Maximo Park Found On Film”, o DVD trás dois shows ao vivo: um em Londres, o outro em Newcastle. O destaque fica com uma apresentação para os estúdios da AOL. Ainda, o DVD vem junto com um CD, onde podemos escutar sessions para a rádio BBC de Londres. Enfim, um item imperdível para fãs do Maximo Park.


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SHOWS

Raramente organizo uma agenda de shows aqui na coluna, mas a partir de agora darei mais atenção a isso, afinal de contas o circuito de shows em Londres é sem duvido o melhor do mundo. Segue uma pequena listagem de concertos que ocorrerão aqui em Londres nos próximos meses, e que ainda há chances de comprar ingressos.

> Boy Kill Boy – 23/10, no Astoria

> Ed Hardourt – 09/06, na St James Church, Piccadilly

> Graham Coxon – 25/10, no Astoria

> Hope Of The States – 22/06, no Koko

> Hot Chip – 11/10, no Astoria

> Primal Scream – 24/11, no Hammersmith Apollo

> Semifinalists – 08/06, no Barden's Boudoir

> The Automatic - 13/07 e 24/07, no ULU

> The Cramps – 15/08, no Astoria

> The Futureheads – 12/06, no The Forum

> The Holloways - 19/07, no Garage

> The Kooks – 17, 18 e 19/10, no The Forum, Astoria e Shepherds Bush Empire, respectivamente

> The Long Blondes – 21/06, na Kings College

> The Sleepy Jackson – 18/07, no Scala

> We Are Scientists – 09 e 10/11, no Brixton Academy


Não demore, se você estiver afim de ir em algum show aqui no UK, agilidade para comprar os tickets é a ferramenta numero um. Acabei de receber uma mensagem de uma amiga no msn dizendo que tentou comprar ingressos para ver as Pipettes em Londres, mas já tinham se esgotados. Ta vendo... Então, corra!

Compre ingressos aqui: www.seetickets.com

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Duas faixas pra já

Jamie T – “Salvador”: Jamie T é um rapaz londrino que anda fazendo a cabeça da inglesada pelo seu estilo especial em cruzar poesia e rap com um som pop retrô. A voz dele é marcante e as letras retratam o comportamento da juventude inglesa. Você sabe que na opinião dos ingleses as letras é um elemento muito importante na música, e quando surge um cara como o Jamie T, é certeza que ele fará sucesso. “Salvador” é sua faixa mais famosa e você pode escutar aqui: www.myspace.com/jamietwimbledon

The Grates – “Lies”: Essa é uma banda que passou por mim uma vez e eu não captei. Esses dias estava ouvindo o programa do Steve Lamacq na Radio One, e ele tocou essa música e eu achei uma graça. É uma coisa indie-pop-punk, com vocais femininos. www.myspace.com/thegrates

 

coluna 29 de maio

BRETT ANDERSON

Boletim para fãs do Suede e The Tears: finalmente Brett Anderson quebrou o silencio. Desde que o The Tears lançou o álbum, no primeiro semestre de 2005, a banda deu apenas um show em Londres e depois sumiu completamente.

Recentemente Brett afirmou que não estava rolando nada com os Tears no momento. Aí na semana passada ele divulgou seu website, e falou de seu álbum solo, que deve ser lançado em janeiro de 2007 e terá muita orquestra e uma pitada Scott Walker. Disse ainda que compôs e produziu todas as músicas, e que tocou todas as guitarras no disco. Uau! To muito curioso pra ouvir isso aí!!! Anyway, pra quem quiser visitar o site do mocinho, visite: www.brettanderson.co.uk/

É bonitinho, né?


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MY LIFE STORY
Ao vivo no Mean Fiddler, metrô Tottenham Ct Rd, Londres, 26/05/06


Quando somos adolescentes, sonhamos em um dia fazer coisas que, naquele momento, beiram o impossível. Fico me perguntando as vezes que tipo de sonhos as pessoas tem. Comprar um carrão? Ter um emprego numa ‘multinacional'? Ter gêmeos? Ir pra Disneylândia? Ser médico? Sei lá. Esses nunca foram meus sonhos, embora não reclamaria se acontecesse comigo. No meu caso, lá nos meus 16 ou 17 anos, sonhava em assistir ao vivo as bandas que faziam minha cabeça e marcavam minha vida naquela época.

Oh, que tempos penosos foram aqueles. Naquela fase da minha vida, eu estava na escola e trabalhava em empregos que eu teria que juntar dois anos de salário pra pagar somente as taxas de embarque de uma passagem para o exterior. A adolescência é uma época mágica da nossa vida. Por mais que eu goste das coisinhas de hoje, são as coisinhas dos meus tempos de teenager que levam lágrimas aos meus olhos. Por mais que me empolgue com Maximo Park e Guillemots, na verdade são conjuntos como Suede, Pulp e My Life Story que realmente mexem comigo.

Mas a vida caminha e a fila anda. E o destino me trouxe aqui no UK. Um pouquinho tarde, é verdade, mas tudo bem. Posso dizer que sou uma pessoa realizada. Dos grupos que fizeram uma marca no meu coração aos 17 anos, só faltava o My Life Story pra assistir ao vivo. Peguei Suede antes de terminarem, nove vezes. Pulp foi uma inesquecível vez. Placebo também um único surpreendente show. Manic Street Preachers algumas vezes. Mas quem diria, em pleno 2006, o My Life Story retorna para apenas um show. Quem viu, viu, quem não viu, jamais verá. E eu estou aqui.

Bem, vamos ao que interessa. A molecada de hoje, chegada em !Forward Russia! e Arctic Monkeys, não deve fazer idéia do que é uma banda de orquestra pop. Não estou falando de orquestras pra velhos, devagar quase parando. Falo daquelas que fazem a gente dançar. Algo triunfal. O My Life Story, liderado pelo excêntrico Jake Shillingford, era isso: um combo indie, mas que abusavam de romantismo, lançando três álbuns nos anos 90 e atingindo o ápice de uma orquestra pop.

O show de hoje reúne a banda completíssima, contando com uma orquestra de oito músicos, mais a banda base. Ao todo eram 12 pessoas no palco. O lugar comportava mil pessoas e estava lotado. Os ingressos se esgotaram em três semanas. O público obviamente era formado por trintões. Barrigudinhos e barrigudinhas viajaram de longe para esse show. E muitos gays. Bem semelhante ao pessoal que freqüenta os shows do The Tears hoje em dia.

Pensei que seria tranqüilo ali na pista, mas quando as luzes se apagaram, uma introdução com uma música clássica começou e as pessoas se puseram a gritar, tudo mudou. Oh My God. A banda tomou seu lugar, Jake Shillingford chegou triunfantemente por último e o explosivo início de “Sparkle” deu o pontapé. Vi que eu estava enganado. Empurra-empurra, gritaria e histeria tomaram conta. Aquela explosão de violinos foi teste pra cardíacos.

My Life Story não poderia ter escolhido uma faixa melhor para iniciar o concerto. “Sparkle” é sem dúvida o cartão de visita da banda. Não acreditava no que eu estava testemunhando. Três violinos e um cello, todos no talo. Deu um relâmpago na minha cabeça e comecei a pensar quantas vezes eu já não tinha escutado aquilo na minha vida. Lembrei de pessoas que não vejo há anos. Como o tempo passa. Jake estava irradiante. Ele é mesmo um pop-star. Nasceu pra isso. Pena que o mundo não sabe. “IF YOU TOOK MY HAND, WOULD IT STILL BE BLIND? YOU DON'T SPARKLE, YOU DON'T SHIIIIIIINE, SPARKLE IN MY EYES!!”.

Emendaram com “Girl A Girl B Boy C”, o primeiríssimo single da banda, se não me engano, lançado há mais de dez anos. Depois foi “Funny Ha Ha”. Engraçado que fazia muito tempo que eu não escutava My Life Story, pois meus discos estão todos no Brasil. Mas conforme foram tocando o set, percebi que conhecia todas as músicas tããão bem, mas tão bem, que foi como se eu tivesse passado a semana inteira com eles bombando meu iPOD. Mas enfim, era um show dos hits do My Life Story, ou seja, músicas imortais, hits turbinados por orquestras, instrumentos de metais, o vocal andrógino de Jake e uma sensibilidade pop única. É claro que eu iria facilmente me identificar com essas músicas, independente se foi ontem ou há cinco anos que as escutei pela última vez.

Derramaram hits atrás de hits. O set foi baseado na compilação “Sex And Violins: The Best Of My Life Story”, que estava sendo lançada naquela noite. “Strumpet”, uma das faixas mais rock, foi divina. Tenho um carinho especial por ela e sempre injeto, de uma forma ou de outra, nas minhas discotecagens por aí. Eita musicão pra levantar defunto!! Outra que teve histeria foi “The Penthouse In The Basement”, do primeiro álbum “Mornington Crescent”.

O fato das músicas estarem muito fieis as versões em estúdio foi um ponto alto do show. Melhor ainda era ver tudo aquilo sendo tocado ao vivo, na nossa frente. O palco estava tomado por uma parafernália de instrumentos, e todos músicos, quando chegava sua hora de solar, fazia uma grande pose, pra roubar a cena. O repertório do MLS é tão rico que teve solo de tudo: piano, trompete, violinos, trombone, flauta, guitarra, cello. Um Espetáculo realmente com E maiúsculo.

Jake se preparou bem para esse show de volta. A cada três músicas, o rapaz estreava uma nova vestimenta, uma mais glamourosa que a outra. Jake é puro luxo. Enquanto ele ia ao camarim se trocar, a banda estendia as versões das faixas, com a orquestra sem nenhum medo de ser feliz. “Angel”, uma da baladas mais bonitas da história da música pop, foi um desses momentos. A versão original possui lá seus sete minutos, mas no show durou mais de dez, com a orquestra arrancando todas as lágrimas que poderia existir dentro de nossos olhos. Chorei. Muito. E não foi só eu.

Pulei e dancei e cantei em “The King Of Kissingdom”, do segundo álbum. Uma das minhas preferidas, ela é alto-astral, feliz, brilhante. Tinha ocasiões que Jake pegava o violão. Isso acontecia quando apresentavam canções do terceiro e último LP da banda, “Join Up Taking”, que é o menos orquestrado, porém tão comovente quanto os outros. “Neverland” foi um desses momentos que mais se destacou. Não é pra menos, a faixa é ótima e tocante.

Saíram do palco, fizeram uma ceninha de dez minutos e retornaram para o biz. Naturalmente não esqueceram de “12 Reasons Why I Love Her”, uma das faixas mais conhecidas do MLS. Só que essa música tem duas versões. Não sei como aconteceu, foi gravada inicialmente com os “17 motivos pelo qual ele ama ela”, sendo assim, o nome da canção era “17 Reasons Why I Love Her”. Depois a faixa foi editada, e acabaram ficando apenas 12, “os motivos”. Mas no show, como era uma apresentação de gala, foi deixada como no original. Jake então contou, um por um, todos os 17 motivos. A cada motivo que ele cantava, uma pessoa da banda jogava pra platéia uma folha com o número do motivo, e o motivo em si escrito. Deu pra entender? Arrasaram. As orquestras deixaram todo mundo surdo nessa hora. Foram 15 minutos de luzes, escândalo e virtuosismo espalhafatoso orquestrado.

Terminado o espetáculo, a banda inteira deu as mãos e agradeceram o suporte de todos. O público não deixou a desejar e ovacionou por uns cinco minutos sem parar. Jake estava a ponto de chorar de emoção. Fim de show, todos comemoraram ali na pista. Muitos davam risadas. Alguns seguravam o choro. Fui para a banca de mershandising e comprei a camiseta que celebrava esse show de volta, como você vê na foto. Encerrava ali mais um capítulo da história da minha vida.

>> Jake Shillingford abriu um profile no MySpace para celebrar a volta do My Life Story. Quem diria, quando a banda estava na ativa, MySpace era algo inimaginável. Pois é, agora eles tem uma página lá, e você pode ouvir quatro das pérolas do MLS, incluindo a versão original de “17 Reasons Why I Love Her”: www.myspace.com/mylifestoryspace . Como vocês podem ver, a página tá cheia de comentários de pessoas que foram no show, com algumas fotos ótimas. Confira!!!!

>> Todas as fotos que você vê aqui na coluna fui eu mesmo que tirei.


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THE AUTOMATIC
Ao vivo no Frog, metrô Tottenham Ct Rd, Londres, 27/05/06


Mais uma vez a noite Frog, uma das baladas indie mais descoladas de Londres, nos dá de lambuja um puta show. A essas alturas, achar ingresso para ir num show do Automatic é algo que poucos conseguem. Esse quarteto galês apareceu no final do ano passado e vem aumentando sua legião de fãs de forma alarmante. Essa semana estão em primeiro lugar da parada da MTV2 com o single “Monster”. E mesmo assim, como de praxe nas noites Frog, era só chegar cedo e entrar, sem precisar comprar ingresso antecipado. Que beleza. Já perdi as contas de quantos shows inesquecíveis peguei no Frog, assim, facinho facinho.

Eu e o Automatic temos uma rixa. Quer dizer, tínhamos. Minha namorada é completamente obcecada por eles. Uma obsessão de ouvir a banda todos os dias e ficar idolatrando quando estão na MTV. Teve uma vez que ela me arrastou num show dos caras. Não sei o que me deu naquela noite, eu estava muito irritado. Na segunda música, fiquei tão puto de estar ali que deixei ela sozinha e fui pra casa. Como sou desnaturado. Sei lá, eles me pareciam uma banda de roqueiros idiotas, com uma pitada da coisa mais horripilante desses tempos: emo.

Mas eu estava enganado. Pois foi só a música “Raoul” começar a passar na MTV que vi que ali tinha algo. Essa música é muito boa. Vibrante até não poder mais. Mas mesmo assim, sempre pra discordar da minha namorada, eu falava que não gostava. Afinal não poderia voltar atrás. Eu estava curtindo a banda, mas claro que não poderia admitir isso pra ela. Quando o single foi lançado, comprei de presente pra ela uma cópia. E outra pra mim, mas essa eu escondi.

Veio o segundo single, a faixa chamada “Monster”. A partir do momento que minha namorada ouviu pela primeira vez, ela descontroladamente canta todos os dias, toda hora. “WHAT'S THAT COMING OVER THE HILL, IS IT A MONSTER, IS IT A MONSTER?!!?!?!” Tenho ouvido esse refrão há três semanas sem parar. Até que quando descobri que o Automatic iria facilmente tocar no Frog, dei a notícia a ela, e lá fomos nós novamente ver o Automatic.

A noite nem estava tão cheia quanto imaginei. Quer dizer, estava cheia e lotada, mas suportável. O Automatic iria tocar logo a uma da manhã. Fomos, juntos com um casal de amigos, lá pra frente assistir. E aí veio a banda e foi loucura do começo ao fim. Definitivamente me arrependo de ter falado mal deles, pois são ótimos, pura energia e rock'n'roll, e me lembram os momentos mais inspirados do Weezer. Sério, o Automatic é tudo que o Weezer vem tentando ser desde o segundo álbum, mas não conseguem.

O som é puro indie-rock. Não se iluda como eu, pois eles não são (argh!!!) emo. É indie, nem um pouquinho a mais, nem um pouquinho a menos. Eu sou indie-kid, e você? Eu gosto do Automatic, e você? A molecada gritou, cantou e fez muito crowd-surfing. Na hora de “Raoul” e “Monster”, a duas mais conhecidas, foi gente voando pra todo lado. Perdi minha voz e meu chapéu. O tecladista, como disse um amigo, tem fogo no rabo. Ele rouba o show, com suas danças, pulos e gritos. Um figurão.

O show foi curto e quando me dei conta, já tinha acabado. Me surpreendi: oito músicas sensacionais. Não vejo a hora de escutar o disco desses moleques. Minha namorada agora está tirando sarro da minha cara. Que merda. Só quero deixar claro uma coisa: RETIRO TUDO QUE EU DISSE ANTERIORMENTE SOBRE O AUTOMATIC. ELES SÃO MUITO FODA!!! Com certeza eles vão ser capa da NME esse ano e fazer mis sucesso do que já estão fazendo agora.

>> Ouça as fantásticas “Raoul” e “Monster” na página do MySpace do Automatic: www.myspace.com/theautomatic . Note que eles estão em extensiva turnê no UK. Venha ver o Automatic já! Você não vai se arrepender.




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