Friday, May 26, 2006

 

coluna 22 de maio

Um amigo acabou de me falar que a Rough Trade largou o Pete. Agora o mocinho está sem gravadora. Se fudeu. Se o cara não ta mais afim de fazer música, porque ele precisa de uma gravadora, não é? Espero que isso realmente seja um ‘wake-up’ para ele, mas acho que não vai ser não, pois ele é muito guloso com a ‘mister brown’. It’s a shame.

Essa coluna é praticamente só resenhas de álbuns. Tem muitos discos legais sendo lançado. Dá uma olhada nos que eu selecionei, em especial a resenha das Pipettes, que acabou saindo meio que um tributo meu para a banda.

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PET SHOP BOYS – “Fundamental”


The boys are back! Nono trabalho da dupla inglesa Neil Tennant e Chris Lowe. Oh, eles raramente desapontam. Pra mim são uma das melhores duplas pop de todos os tempos. Lançaram discos clássicos nos anos 80, depois nos 90 se perderam um pouco, mas em 2002 voltaram com “Release”, um álbum lindo, cheio de baladas folk e um bocado cheesy, mas mesmo assim sensacional. Como Renato Russo já dizia, “é brega, mas é bonitinho”.

Então, agora o Pet Shop Boys mete nas lojas esse disco absurdo, conceitual, pop e... errr... fundamental! Isso mesmo. “Fundamental” pega praticamente tudo o que a banda já fez (beats, experimentações, coisas acústicas, orquestras, harmonias melosas) e encaixa tudo em 12 faixas. Não vai fazer sentido se ouvir aleatóriamente, ou seja, escolher algumas faixas em ordem diferenciada. Porém, se tu pegas o cd e deixa rolar, estarás testemunhando um disco que mais parece uma trilha sonora de um filme lindo e romântico e complexo do que qualquer outra coisa.

Adorei o ‘mood’ dessas doze trilhas. Contemplativas, fervidas, épicas, doces. E você terá que concordar comigo agora: Neil Tennant possui de uma das vozes mais bonitas que já existiu. Fato. E nunca muda, ainda bem. Meu momento predileto desse cd: “Indefinite Leave To Remain”.


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PRIMAL SCREAM – “Rock City Blues”


Amei, amei, amei. Esse novo Primal Scream é uma beleza! Tem gente desapontada, pois acha que o Primal Scream por ser o Primal Scream, deveria estar inovando, sendo vanguarda e soando sempre atual. Papagaiada. Se esquecem que o Primal Scream é uma banda com raízes rock e nesse novo trabalho eles apenas voltaram ao que sabem fazer de melhor: rock monstruoso e divertido. Bobby Gislespie está dizendo em entrevistas que dessa vez queriam fazer um disco menos paranóico e nervoso, e sim cheio de amor. Tô com ele. Aprecio os últimos trabalhos dos Primals, mas como Gislepie mesmo diz, aqueles eram discos feitos sob a influência de bad-drugs, esse novo é sob good-drugs.

Vejam bem, o single “Country Girl”, apesar de um clip besta, é uma das músicas mais legal desse ano. Alto astral até não poder mais. Semana passada, numa das noitadas que eu discotecava no Red Stripe Bar, centro de Londres, decidi incluir essa música no meu set. Pra minha sorte, naquele momento tinham um pessoal indie antenado, e eles foram às nuvens quando “Country Girl” começou. Cantaram e dançaram feito malucos. Aí meia hora depois, um deles chegou em mim e disse “mate, play the new Primal Scream again!!”. Eu falei que não costumava repetir músicas e ele respondeu “who cares, we love that track and tonight we wanna go nuts, mate!!!!!!”. Toquei, e foi loucura de novo. Daí mais tarde vieram de novo me pedir a música. Toquei. Dessa vez me puxaram pra pista pra dançar com eles, ficamos pulando, cantando, abraçados, derramando cerveja para todos os lados. As garotas do bar, cientes que a música tratava de garotas que querem fazer farra, eram as mais empolgadas. Davam passinhos de bêbadas, pulavam a ameaçavam tirar a roupa. Nunca vi aquele lugar numa vibe tão boa. Realmente, “Country Girl” é demais! Naquela noite ainda toquei a música mais duas vezes.

Mas voltando ao disco “Riot City Blues”, são dez números rock, pra escutar no último volume e fazer seu bairro tremer. As faixas “Nitty Gritty” e “Dolls” seguem o mesmo alto astral de “Country Girl”; “Hell’s Coming Down” é puro amor; “Boogie Disease” e “The 99th Floor” despejam um blues divertido, com direito a gaita; “Little Death”, beirando sete minutos, remete as viagens dos Rolling Stones circa “Their Satanic Majesties Request”; a canção que finaliza o cd, “Sometimes I Feel So Lonely”, é uma baladinha indie-soul-country de clima final de festa. Definitivamente, o Primal Scream fez bem de sair daquela paranóia e desatar a fazer rock’n’roll novamente.


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THE PIPETTES – “We Are The Pipettes”


Era meio de 2004 e eu aqui, ainda me adaptando ao UK, ainda tentando entender a sociedade daqui. Não era um choque cultural no sentido artístico, mas na forma de tratar as pessoas e ser tratado. Aí, certo dia, li numa revista sobre uma banda indie-twee-pop de Brighton, que tinha a frente três garotas de vestidos de bolinha que estavam revivendo a época áurea do pop com as girl-groups. Meu irmão Gilberto, no Brasil, sempre muito bem informado no circuito indie-pop mundial, me mandou um e-mail dizendo que eu deveria urgentemente ver essa banda, pois era nova sensação da cena. E em novembro daquele ano, rolou um festão num lugar abandonado na região de King’s Cross, onde tocariam um monte de banda famosa, incluindo The Rakes, Bloc Party e Graham Coxon. A banda que daria o pontapé na noite seria as tais Pipettes. No momento em que Rose entrou no palco, acompanhada pela Riot Becki, de óculos, e Julia, e começaram a cantar, meu coração irradiou. Fui injetado por uma sensação de inocência, felicidade e muito amor.


Eu posso dizer que minha experiência no Reino Unido é classificada como AP/DP: Antes-Pipettes / Depois-Pipettes. Antes de conhecer a banda, estava meio pra baixo, tinha dúvidas sobre minha vida com os costumes e energia daqui. Mas depois passei a amar cada minuto que eu vivia. Curtia cada momento e encarava tudo com muito amor e paz. Adorava meu trabalho, adorava minhas discotecagens, adorava conhecer pessoas e andar de ônibus e pegar metrô e passear por aí. Naquele show, fiquei ipnotizado, literalmente. Aquelas melodias twee-pop que do nada caiam para um soul-melodramático, aquelas coreografias, a Rose, a banda de apoio. Tudo fazia sentido. A apresentação durou meia hora. Depois, eu teria que agüentar mais uns cinco shows de bandas emergentes que a mídia estava babando. Não consegui. Fui embora logo após as Pipettes, empolgadíssimo e muito feliz. Cheguei em casa e mandei um e-mail para meu irmão, dizendo “cara, eu vi um show da melhor banda do mundo!!!!!!!”. Foi na época que comecei a escrever a coluna para o OiLondres, e claro, em primeira mão em qualquer veículo de mídia brasileira, relatei aqui a magia das Pipettes. Decidi que iria vê-las sempre que tocassem em Londres. E demorou três meses pra isso acontecer.


Era fevereiro de 2005 e elas tocariam no Bush Hall. Decidi levar uma amiga comigo. Ela não conhecia a banda, mas confiava em mim. Não deu outra. Outro show arrasa-quarteirão, outra vez fiquei ipnotizado, outra vez me apaixonei, outra vez fiquei feito bobo me perguntando como aquilo era possível. Minha amiga estava pasma. Tinha horas que eu olhava pra ela e ela estava de boca aberta, com brilho nos olhos, balançando a cabeça. Fim de show, ela chegou em mim, “Marcio, amei muitíssimo elas, principalmente a Rose, lindo, lindo, lindo, ohhhh”. Eu apenas sorri e concordei. Cheguei em casa e resenhei o show para a coluna. Tinha ficado na minha cabeça músicas como “Kitchen Sink”, “School Uniform” e “We Are The Pipettes”. Eu tentava achar algo na net, mas nada. A única forma de escutar aquelas pérolas era ir em shows, coisa que fiz muitas e muitas vezes.


Daí pra frente sempre que podia eu ia num show delas. Teve uma época que meu irmão veio passar uma temporada em Londres comigo, e o rapaz foi nuns dez shows das Pipettes. Ele, assim como eu, achava a melhor banda do mundo, e nos shows ficávamos nós dois meio abobalhados, com os braços pra cima, cantando, sem medo de ser feliz! Boas memórias. Meu irmão se foi, eu fiquei. Sempre com as Pipettes. A Julia, uma das meninas fundadoras da banda, decidiu sair. Cansou das coreografias. No lugar dela veio Gwenno, uma galesa que está mais para Califórnia-Girl do que qualquer outra coisa. Ela se encaixou perfeitamente na banda. Senti que elas ficaram revigoradas com a entrada da Gwenno. Percebi também que o conjunto evoluía a cada show. A cada música nova apresentada, era uma nova paixão. E os seguidores das Pipettes sempre aumentando.


Lançaram pelo micro-selo Unpopular Records o primeiro single, edição limitadíssima em vinil 7”, com as músicas “School Uniform” e “It Hurts To See You Dance So Well”. Foram feitas apenas 500 cópias, e graças a Deus consegui a minha. Depois que se esgotou, teve neguinho dando 50 pounds pelo single no e-bay. A partir daí começaram a vazar demos na Net, e quem não era do UK agora também tinha a oportunidade de ouvir. Quem acompanha a coluna faz tempo sabe que sempre dei espaço para as Pipettes. Recebi muitos e-mails de pessoas que estavam loucos por elas. Era um sopro de frescor. Não era um conceito original, mas ainda sim diferenciado nos tempos atuais. As meninas foram tocando e lançando alguns singles limitados. Lançaram “ABC” e “Judy” pela Trangressive Records. Consegui uma pra mim, ufa! Nos EUA saiu um 7” rosa, com capa-dobradura, de bolinhas. Consegui também.


Em setembro de 2005 tive o prazer de entrevistar as garotas e, embora eu estivesse nervoso e não tinha sequer experiência de como entrevistar uma banda, elas foram muito simpáticas. A banda já me conhecia, pois eu sempre tava nos shows e tal, e por isso elas aceitaram conversar um pouco comigo. A gravadora Memphies Industries, sempre atenta nas melhores bandas pop, não perdeu tempo e assinou as Pipettes. Elas enfim poderiam contar com uma distribuição decente de seus singles. Passaram a tocar ao vivo cada vez mais.


Foi lançado “Dirty Mindy” como single e pela primeira vez fizeram um clip, que você acha fácil no YouTube.com. No clip elas dançam do jeito que elas sabem, dão risadinhas e fazem aquelas coreografias fofas no meio de um monte de balões. Essa inocência mágica que é expelida de toda a concepção da banda é provavelmente um dos motivos que eu tanto gosto delas. E ainda sim é a razão que muitos não suportam as Pipettes. Quem não gosta geralmente argumenta que elas são umas garotas forcadas que querem se fazer de pirralhas fofinhas e fazem papel de idiotas. Bem, como disse, esse é um dos motivos que gosto delas, não tenho nenhum problema com o ar de inocência que a banda toda possui. E também nem é por causa da Rose ou das outras duas meninas, que são bonitas e atraentes, que é a razão de eu apreciar as Pipettes. A verdade é que não tenho nenhuma atração por elas, mas sim pela idéia por elas estarem juntas fazendo aquilo.


E, claro, há o fator mais importante: a música, excelente em todos os sentidos, pelo menos para os paladares mais pop. É uma banda indie-twee-pop sem tirar nem por, açucarada que pode causar diabete nos desavisados. Toda a banda, incluindo as meninas e os meninos, vem de background indie-pop. Brighton é um das cidades com maior força nessa pequena cena. Esse elemento fofinho indie-pop é talvez uma das barreiras que a banda enfrenta, caso queiram estourar. A mídia odeia, a maioria das pessoas odeia, os mais sensíveis adoram. Como esse mundo tá mesmo perdido, talvez as Pipettes fiquem cravadas apenas no coração de alguns. Ou não. Nunca diga nunca. Pois elas não são somente indie-pop. De repente, a música entra num refrão lindo de morrer, assim mesmo como a Motown costumava fabricar em seus estúdios em Detroit. É nessas horas que fica difícil conter a empolgação.


No início desse ano foi para as lojas um novo single, “Your Kisses Are Wasted On Me”, que chegou a ganhar bastante repercussão aqui no UK, em revistas, jornais e alguns programas de rádios. Apresentações na Europa seguiram-se. Agora em maio foi divulgado o próximo single, com certeza a faixa de maior força que as Pipettes lançaram até hoje. Com forte apelo disco, “Pull Shapes” tem potencial para entrar pelo menos no top 5 das paradas britânicas, se for promovida como deve ser. Isso depende das gravadoras, rádios e MTV. E o álbum? Bem, meu amigo, o álbum vazou na Net e a essas horas todo mundo com um bom gosto por música pop já deve estar se deliciando. Intitulado “We Are The Pipettes”, abrange praticamente todas as músicas da banda. São 14 hits. Cada uma poderia ser single. A faixa “It Hurts To See You Dance So Well” está com novo arranjo. Antes ela durava apenas um mágico minuto. No álbum está estendida, meio que incluíram uma nova canção no final, e agora esta com 1min53.


Um dos trunfos das Pipettes é que elas conseguem transpor tamanha magia e beleza e tão pouco tempo. As canções têm uma média de dois minutos cada. Acabou uma, logo vem outra, rapidinho. Minha predileta do cd é “I Love You”. Tem 1min37 e geralmente ouço essa música incansávelmente no repeat, por uma meia hora. Sempre que essa música chega, fico enganchado nela. Eu tinha escutado antes uma versão demo, mas agora no cd ela está orquestrada e ficou muito mais linda. Tem outras que gosto muito: “Tell Me What You Want”, “Judy”, “Why Did You Stay”, “One Night Stand”. E “Pull Shapes”, claro. O disco inteiro é perfeito. A produção está impecável e não há uma música sequer que fica sobrando. Todas são irresistíveis.


Ao contrário de discos conceituais, “We Are The Pipettes” é uma obra que você pode ouvir no sistema “randon”, ou seja, escolher qualquer música, fazer sua seleção. Todas soarão fantásticas, independente da ordem. To feliz que elas enfim estão lançando o álbum. Acompanhei a trajetória desde o começo e me sinto como uma espécie de guru delas, mesmo que elas nem lembrem mais que existo, obviamente. “Pull Shapes” já está sendo executada em alguns programas de rádios. Em breve deve vir o vídeo-clip. Se conseguir MTV, elas ficam a um triz de estourar, acredite. Elas poderiam muito bem ir a programas como Jools Holland, Jonathan Ross e Top Of The Pops. Tenho certeza que fariam bonito e ganhariam muitos novos fãs. Tomara que consigam. Qualquer novidade sobre as Pipettes, eu escrevo aqui.


> Pra quem teve paciência de ler o texto inteiro, agora vem o presente: lembra que falei que elas se apresentaram num programa de televisão aqui na Inglaterra, chamado The Álbum Chart Show? Então, agora está no YouTube.com, em ótima qualidade de áudio e imagem. São duas músicas: “Your Kisses Are Wated On Me” e “Dirty Mind”.


ENJOY:




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ABSENTEE – “Schmotime”


Eis então que o quinteto londrino Absentee põe nas lojas seu álbum de estréia. Ano passado tinham lançado um EP com oito músicas, e eu adorei. Agora lançam esse LP, contento onze elegantes faixas. É o encontro entre Pavement e Leonard Cohen. O som deles é puro indie-rock, e a voz grave do vocalista Dan, aliadas aos suaves backing vocals da tecladista Melinda, trás um charme extra para o disco. Você, indie rocker saudosista, que não consegue esquecer Pavement, Pixies ou Breeders, baixe já esse disco do Absentee, pois não há a mínima chance de você se arrepender.


www.myspace.com/donkeystock


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SHACK – “On The Corner Of Miles And Gil”


O Shack é um combo de Liverpool liderado pelos irmãos Michael e John Head. A história desses dois é longa e começa lá nos anos 80, quando formaram o The Pale Fountains, uma das bandas mais injustiçadas de toda a história do rock. Considero o Pale Fountains tão bom quanto os Smiths. Lançaram dois álbuns clássicos, mas devido a tragédias envolvendo a banda (o estúdio dos caras pegou fogo, Michael Head se tornou um viciado peso-pesado em heroína, perderam fitas com gravações...), decidiram acabar.

Nos anos 90, contudo, voltaram ao mundo da música sob a alcunha de Shack, lançando alguns bons discos, com destaque para o magistral “HMS Fable”, que foi o primeiro disco do Shack que eu ouvi. Foi lançado em 1998 e naquele ano eu ainda era iniciante nessa história de música, e aquele disco me marcou pacas. Lembro-me que citei esse como melhor disco daquele ano. Em 2003 teve mais um álbum, porém, não tão inspirado como “HMS Fable”.

E esse ano os irmão voltaram, dessa vez pela gravadora do Noel Gallangher, Sour Mash. “On The Corner Of Miles And Gil” é um passeio por folk-rock, onde percebemos criatividade pulsando entre as músicas. Instrumentos de metais, orquestras, violão, guitarra e a grande voz de Michael Head dão o tom nessas doze incríveis trilhas. Um disco maduro, feito por alguém que percebemos entender muito de fazer rock. Destaques: “Black And White”, “Funny Things” e “Tie Me Down”, pra citar só três.


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FARIÑA – “Allotments”


Taí um cd que poderia ficar lado a lado com o cd do Shack, resenhado acima. Mas aqui a jornada é maior. Trata-se de uns caras ingleses, aqui de Londres, que desde 1981 estão tocando juntos, e esse é apenas o segundo long-play deles. A sonoridade é o que rotulamos de ‘dream-pop’: conceitual, passagens folk, clima contemplativo, instrumentação rica e inventiva. Um belo álbum que vai acertar em cheio o coração daqueles que apreciam coisas como Mercury Rev, Earlies, The Polyphonic Spree e o já citado Shack.



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* Quem tá com novidades são as meninas THE REVELATIONS. Elas botaram duas músicas inéditas na página do MySpace, duas pérolas soul-pop de lhe tirar a respiração. Ouça já. Já comentei delas aqui quando lançaram o single de estréia ano passado, a maravilhosa “You’re The Loser”. São três garotas de Londres que possuem bons contatos e bons produtores e que desejam dar seqüência na linha girl-group que as Pipettes ressuscitaram nesse novo milênio. Curioso é que elas afirmam ser mesmo uma banda fabricada, mas pelo menos, segundo as próprias, tem qualidade e sabem cantar. Citam um tal de Adam Howorth como o cérebro da banda, e dizem que o sujeito tem conexões com Alam McGee. Eu não tenho nenhum problema com uma banda fabricada, você tem? Contanto que a música seja irresistívelmente boa, como é o caso das Revelations, e não aquela coisa brega horrorosa exageradamente-erroneamente produzida como R’n’B, ta tudo bem. E fora que as Revelations tem MySpace e tocam ao vivo em bares, pubs e porões aqui em Londres, ou seja, mesmo fabricada, a banda é independente. Em outras palavras, indie.


* Meus queridos GUILLEMOTS também tem novidades na praça. Trata-se da divulgação do título e da data de lançamento do tão aguardado álbum de estréia. E, para nossa alegria, nem ta muito longe: 10 de julho, e vem com o nome de “Through The Windowpane”. Em breve deve vazar na Net. Segundo o figurão Fyfe, mentor da banda, o álbum é “a big dreamy mix of orchestra and cheap keyboards and belgian bells and paperclips in pianos and phantom guitars and double bass and rumbling drums and stuff”. Rapaz, deve ser um discão, falaí? Tô achando que o título de melhor album de 2006 vai ser uma disputa acirrada entre Pipettes e Guillemots, você não acha? Anyway, antes do álbum, teremos de presente o single da linda “Made-up Lovesong 43”, que nós já conhecemos e amamos. Irá para as lojas no dia 26 de junho, e em vários formatos. Pra completar, o quarteto foi nomeado pela revista Mojo para concorrer ao premio de melhor nova banda. Eles realmente merecem, né?



Preciso ir trabalhar. Tchau ae.



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coluna 15 de maio

Olá pessoas do bem, aqui vai mais uma coluna com coisinhas aqui e ali. Estou triste pelos acontecimentos envolvendo a polícia e bandidos no estado de São Paulo. Venho de um lugar onde os bandidos têm mais força que a polícia e o Estado. QUE PIADA! QUE LIXO! Ás vezes tento ter fé no Brasil, mas assim fica difícil. Tento defender o Brasil aqui para os gringos, mas acontecimentos como os dos últimos dias anulam qualquer argumentação minha. Próxima vez que vierem me perguntar sobre o Brasil, terei mesmo que concordar com o pessoal aqui e dizer “my country is really crap!”, e depois desconversar e perguntar do disco das Pipettes. É o jeito.


Só mesmo ouvir as Pipettes para tentar esquecer essas merdas que rolam no Brasil.


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THE PIPETTES

Pois é. Semana passada informei em primeira mão sobre o lançamento do disco de estréia das Pipettes, chamado “We Are The Pipettes”, a ser lançado no dia 17 de julho aqui no Reino Unido. E não foi que o dito cujo apareceu dando sopa na Net? À essas horas quem é fã das meninas já deve estar se deliciando com o álbum. Mas se você ainda não teve a oportunidade de baixar, aqui vai a dica: corra para a comunidade das Pipettes no orkut e confira o link que o pessoal deixou para o devido download. To amando o disco, são todas as músicas que já conhecíamos há meses, mas agora estão com arranjos melhorados e um acabamento de primeira. Estão todas lá. Uma mais linda que a outra. É o disco do ano e tenho dito! Semana que vem comento mais, pois ainda não escutei o disco bem o suficiente.


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FRESH NEW MUSIC: MY ASS

Realmente estou ficando cansado de tanto escutar música. Tipo, de escutar musica desenfreadamente desde meus oito anos de idade. Chega uma hora que cansa. Acho que vou me dedicar ao cinema mudo alemão. Digo isso por que algumas bandas novas estão ganhando o coração de muita gente ao meu redor, mas elas não me passam sequer energia suficiente pra eu digitar seus nomes aqui de tão sem graça que me parecem.

Não que sejam ruins, mas falta um tempero. Ou eu não saquei qualé. Ou estou me tornando um cara retrógrado e patético. Ou escutei na hora errada numa situação errada. Música às vezes tem disso. É o tipo de coisa que, por exemplo, uma pessoa mais jovem deve adorar, mas comigo fica aquela coisa “hum, já escutei isso antes, há bem pouco tempo, aliás”. E é justamente isso que me deixa deprimido: saber que os jovenzinhos estão adorando e eu não. É uma sensação péssima.

Tá, tudo bem, eu sei que a música hoje em dia é muito derivativa e tal, que mesmo assim tem coisas muito boas na praça, mas enfim, quando leio o nome dessas bandas por aqui e ouvindo por cima (eu deveria escutá-las melhor), acabo desencanando e vendo um noticiário deprimente na tv, ou jogando Fifa 06 no playstation, ou lendo um livro no banheiro. Ok, estou falando do Klaxons, Larrikin Love, The Sunshine Underground, The Fratellis, The Aliens, Hollings Bells, e mais uma penca de outras bandas…

> Escrevi os três parágrafos acima ouvindo o novo álbum do Pet Shop Boys. Será que isso tem alguma coisa a ver com minha falta de animo para essas bandas que citei?


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HEFNER – “The Best Of Hefner 1996 – 2002”
Vish, que discão. Pra quem é jovem e não deve estar ligado, o Hefner foi uma banda londrina que surgiu na segunda metade dos anos 90 e durou até 2002, lançando quatro álbuns, vários singles e EPs. Infelizmente eles nunca deram em nada, talvez pelo elemento indie-twee-pop que possuíam ou pelas letras espertíssimas e recheadas de humor-negro do vocalista-líder-nerd Darren Hayman, que provavelmente muita gente não devia ter QI ou estômago suficiente pra digerir. Essa é uma puta banda injustiçada, e dá pena de ver algumas coisas atuais que não tem um pingo da inspiração que o Hefner tinha, mas que estão ganhando as paradas. Se tinha uma banda com guitarras que soavam brutais, fofinhas e criativas ao mesmo tempo, essa é o Hefner. Essa compilação resgata algumas das gemas dos quatro discos da banda. As que gosto mais são: “Sad Witch”, “Christian Girls”, “Pull Yourself Together”, “Hello Kitten”, “Hymn For The Cigarettes”, “I Took Her Love For Granted” e “Day That Thatcher Dies”, ou seja, é patricamente o cd inteiro. Tem também as lentinhas, super adoráveis: “Lee Remick” e “Good Fruit”. Nossa, que puta banda inspirada! E tem nego que vem dizer que Alex Turner é um poeta. Ouça as letras de Darren Hayman e você vai ver quem realmente é um poeta. Tenho uma historinha engraçada com Darren. No início desse ano, eu tava numa balada e trombei com o sujeito no bar. Falei: “Ei, você é do Hefner!”. Ele fez uma cara de choro e de muita, muita vergonha, como se tivesse sentido alguma culpa por ter sido do Hefner. Quando ele de fato afirmou que sim, eu deixei quieto e respondi “Beleza, sua banda é legal”. Ele agradeceu e saiu com medo, foi beber sozinho num canto escondido do bar. Figurão, esse aí. E é com esses que me identifico. E conto mais, ele acabou de lançar um disco solo. Mas isso é outra história. Por hora, baixe já esse Best Of Hefner e você não irá se arrepender nem um pouquinho.


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THE RUMBLE STRIPS

Olha só uma banda novinha que todo mundo gosta e eu também! ÊÊÊÊÊÊÊ!! São os Rumble Strips. Vi eles uma vez ao vivo, mas eu tava irritado naquela noite, não me lembro porque, e não curti. Aí peguei eles novamente numa noite qualquer e curti. Vai entender. São filhotes do Dexys Midnight Runners, mas ainda sim com qualidade. Usam e abusam de instrumentos de metais e não possuem baixista. O vocalista-guitarrista tem um estilão meio Alex Kapranos e as músicas são um duelo entre indie, soul e rock, ou seja, só pode ser coisa fina, minha gente. Devem lançar um single em breve (ou será que já lançaram?), mas isso não importa muito, pois você pode ir agora na página deles no MySpace e ouvir qual que é dos Rumbe Strips. Let’s groove, babe! ;-)


www.myspace.com/rumblestripsuk



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Está passando na TV aqui sobre os acontecimentos em SP. Tão falando que é uma coisa faroeste. Tão dizendo que é uma ‘guerrilha’ civil. Acabaram de comparar São Paulo com Bagdá. Ê que beleza, hein? País de bosta, esse Brasil.


Um bom motivo pra eu acabar já com a coluna e ir dormir.





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Thursday, May 18, 2006

 

coluna 08 de maio

THE PIPETTES: FINALMENTE O ÁLBUM!

As garotas favoritas dos indie-kids do mundo todo dão sua grande investida no cenário musical da Grã-Bretanha e divulgam a data de lançamento do tão aguardado álbum de estréia. Para fortalecer essa ótima notícia, elas também informam que o disco será antecedido por um novo single, a ser lançado duas semanas antes.

E como se isso ainda não bastasse, a música escolhida para o single, com o nome de “Pull Shapes”, é um FURACÃO-DISCO pra levantar qualquer defunto desse planeta!!! Deus do céu! No momento que escrevo essas linhas, estou ouvindo essa faixa e não consigo parar de tremer e babar no teclado de tão boa e irradiante que ela é. Não há palavras suficientes para descrever minha empolgação com esse SUPER HIT.

Vamos manter a calma. A música está no fim. Preciso ouvir outra coisa para parar de tremer, caso contrário não consigo escrever. Babei. Pronto. Olha só, o single furacão “Pull Shapes” estará nas lojas aqui do Reino Unido a partir do dia 03 de julho, e será lançado em três formatos, conforme segue:

Vinil 7” de cor laranja
A) Pull Shapes
B) Guess Who Ran Off With The Milkman?

Vinil 7” de cor amarela
A) Pull Shapes
B) Magician Man

CD single
1) Pull Shapes
2) Really That Bad

Com a letra indo assim: “Dance with me pretty boy tonight / Dance with me and we'll be alright / There's a whole floor before us, just for you and me”… e com majestosas orquestracões que estão mais para a áurea disco do que para Phil Spector, “Pull Shapes” é com certeza onde as Pipettes engatilham seu grande arsenal pop para dominação das paradas de sucesso, e também onde fica definitivamente impossível não dançar e vibrar ao escutá-la. Eu diria que o potencial de “Pull Shapes” está no mesmo padrão de hinos como “Dancing Queen” do Abba, “Hey Ya” do Outkast e “Like a Virgin” da Madonna.

Produzido pelo maestro por trás do The Go! Team, Gaz Parton, e por Andy Dragazis, o álbum de estréia das Pipettes contará com a força de “Pull Shapes” e com mais outros doze hits, incluindo o single anterior “Your Kisses Are Wasted On Me”. A data de lançamento é 17 de julho.

As meninas estão com forca total. Ontem, em horário nobre na televisão britânica, as Pipettes participaram de seu primeiro programa de TV, o novo programa The Chart Show, que é uma espécie de mix entre Top Of The Tops e Jools Holland. Elas tocaram duas músicas e participaram de um breve bate-papo com o apresentador. Arrebentaram! Assim que o vídeo estiver disponível no youtube.com, eu coloco aqui.

Como reportei anteriormente, rádios, revistas e jornais também se renderam e estão sempre abrindo espaço para as garotas. Oh, se eles alcançarem o sucesso merecido, o mundo com certeza será um lugar melhor. Mais notícias das garotas em breve.

www.myspace.com/thepipettes



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THE ELECTED

Há dois meses atrás eu resenhei aqui na coluna o disco do The Elected chamado “Sun Sun Sun”. Engraçado é que ninguém dá a mínima para essa banda. Eles nunca estão na mídia. E nem lançado aqui no Reino Unido esse cd foi. Mas esse combo americano tem tocado bastante aqui no meu mundinho. Quando ouvia pelas primeiras vezes, achava bem legal e dizia para mim mesmo “oh, que coisa linda, que coisa maravilhosa, ui”. Mas como tem tantas coisas lindas e maravilhosas, o The Elected era só mais uma no meio de um monte.

Mas aí há semanas que eu só escuto The Elected. Tipo, tento me policiar e tal e dar chances para outras bandas, mas não, têm semanas que eu SÓ ouço The Elected. A semana inteira. Dias e dias e dias. Aí eu digo para mim mesmo “oh, eles já estão ocupando uma grande parte da minha vida, preciso de uma vez por todas me declarar e dizer na cara que eu AMO eles”. Sim, eu AMO The Elected.

Pois veja bem, discos ensolarados como “Sun Sun Sun” fazem você ficar feliz pelo simples motivo de estar vivo. E não é todo dia que eu sinto isso, infelizmente. Não sei se são as deliciosas linhas de teclados farfisa, ou a voz real, sofrida e esperançosa do vocalista Blake Sennet, ou o clima irradiante, ou as harmonias backing-vocals, ou tudo junto, mas as 14 trilhas em “Sun Sun Sun” são poderosas, mesmo que sejam inocentes e meigas. Mas no fundo acho que é realmente isso. A meiguice e inocência presente aqui tem o poder de nos deixar pensando que a vida é meiga e inocente e que somos felizes. Então elas são sim poderosas.

Pegue por exemplo “Did Me Good”. Se ao ouvi-la e você não tiver vontade de fazer um strip-tease para o seu amor, ou não tiver vontade de pegar um conversível e cair numa estrada ao sol, é por que realmente jamais vou entender seus sentimentos. Você deve ser uma pessoa muito diferente de mim. E “Not Going Home”, então? É nessas horas que você se convence de que a melhor receita para uma música soar irresistivelmente linda é a simplicidade.

A faixa título é folk e bem suave. Produção simplória. Mas Blake, com sua voz tão verdadeira e doída, se sobressai. O resultado trás lágrimas nos olhos. Sabe aquelas músicas que soam como um sussurro no seu ouvido num domingo de manhã? É o tipo de coisa que você não quer nunca que acabe, e vai indo, indo, indo, e aí você decide que é a melhor faixa do cd. Aconteceu isso com “Biggest Star”. Imagine um orgasmo de oito minutos. Puro deleite.

Eu poderia ficar aqui listando todas as faixas de “Sun Sun Sun”, pois todas são muito boas. Mas a melhor coisa que você faz é botar pra ouvir do início e relaxar. Se você procura por uma obra com gemas soul, sunshine-pop, country e indie, esse é o cd pra você comprar.

Esse disco foi gravado em diversos locais, basicamente quartos de hotéis enquanto Blake viajava com sua outra banda, o Rilo Kiley. É o segundo trabalho do The Elected. O único problema é quando o cd acaba e na seqüência vem um outro cd, por exemplo o novo do Morrissey. Puta, que decepção. Não há outra alternativa a não ser voltar as 14 música e ouvir tudo de novo. É o que tenho feito. E acho que continuarei fazendo por algum tempo.

Após uma intensa turnê de dois meses nos EUA, finalmente The Elected toca em Londres no dia 12 de junho, no Shepherd’s Bush Empire. Na foto você vê a banda com Blake Sennet à frente, de chapéu e bigode.

www.myspace.com/theelected
www.theelected.com


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RESENHAS


YEAH YEAH YEAHS – “Show Your Bones”
Demorou pra sair esse segundo álbum do Yeah Yeah Yeahs. Exatamente três anos. Se eu falar que não gostei, to querendo dar uma de chatão velho. Eu gostei. Mas que senti falta dos torpedos tipo “Date With The Night” ou “Tick”, ah, isso eu senti. Mas esse disco não é ruim. Pelo contrário, essas guitarras viscerais fazem qualquer fã de barulho se apaixonar instantaneamente por essas doze músicas. É visível que eles decidiram fazer um álbum um tanto mais conceitual e elaborado ao invés daquele turbilhão dançante. E não desapontaram. A produção, instrumentação e vocais de Karen O estão afiadíssimos. O único tropeço foi deixar as duas melhores faixas do cd – “Turn Into” e “Deja Vu” - para serem as duas últimas. Se fosse o inverso, o pique talvez seria diferente. Mas diz aí, o YYY’s é sem dúvida uma das melhores guitar-bands desses tempos, não é?
www.myspace.com/yeahyeahyeahs


GRAHAM COXON – “Love Travels At Illegal Speeds”
Eeeeei. Que porra é essa?! O cara sai de sua banda e sozinho lança uns discos foda. Esse eu tiro o chapéu. Curioso que nem muito fã de Blur eu sou, e sempre torci o nariz para o Graham, pois quando trabalhava numa loja de discos há cinco anos atrás, eu ouvia os discos toscos que ele produzia em paralelo ao Blur e achava realmente horrível, uma barulheira desnecessária. Ou era eu que não escutava direito ou estava de mau humor. Mas foi o só o rapaz sair do Blur e eu comecei a prestar mais atenção nele e em sua música. Aquele álbum de 2004, “Happiness in Magazines”, é um clássico. Pena que só fui descobrir isso dois anos depois dele ser lançado, ou seja, bem recentemente. Agora em 2006 vem esse “Love Travels At Illegal Speeds”, e o pique é o mesmo: indie punk da melhor qualidade possível. Meu, isso aqui tá muito melhor que Blur. Ouve aí “Standing On My Own Again” (fácil uma das melhores faixas rock EVER), “What's He Got?”, “I Can't Look At Your Skin”, “You & I”, e mais um monte, e você verá que não estou errado.


RHETT MILLER – “The Believer”
Se você procurar pelo termo ‘power-pop’ no dicionário do rock, você vai encontrar algo assim: melodias assobiáveis, lindas e de fácil assimilação, como as primeiras canções dos Beatles e coisas do tipo. Errado. A resposta correta seria assim: power pop = Rhett Miller. Pelo menos em 2006, quando alguém lhe perguntar o que é power-pop, você pode responder apenas Rhett Miller. Veja bem, esse rapaz do Texas tem uma banda de alt.country chamada The Old 97’s que vem lançando discos há mais de uma década. Em paralelo, Miller também sempre tocou sua carreira solo. E “The Beliver” é seu terceiro trabalho, e chega recheadíssimo com algumas das mais assobiáveis pérolas de rock-pop de 2006. A esplêndida “I Believe She's Lying” é a que mais se destaca. Junto ainda podemos colocar “Help Me, Suzanne”, “My Valentine” e “I'm With Her”. Puta discão, esse.
www.myspace.com/rhettmiller


TWO GALLANTS – “What the Toll Tells”
Quando essa dupla americana surgiu aqui nas revistas e jornais, eu nem me interessei. Mas aí comprei o single “Steady Rollin'” e o quadro se reverteu. Teve uma vez que toquei essa música no Nambucca, bem no começo da noite. O dono do lugar veio correndo me perguntar o que era. Mostrei a capa do single. Na semana seguinte o cara veio me agradecer por ter mostrado a banda, pois ele tinha comprado o cd e adorado muito. Fiquei contente por ele. Aí resolvi baixar o disco e ver eu mesmo qualé que é. Porra, esse álbum é da hora. Sem firula, sem essa coisinha de sensibilidade pop que tanto falo aqui. O som do Two Gallants é cru, rasgado, intenso. É como se fosse o Bright Eyes seguindo para o blues. As vezes caem inesperadamente num rock impetuoso, como é o caso de “Age of Assassins”. Mas as horas que mais gosto são quando usam gaita, por exemplo “The Prodigal Son” e “Some Slender Rest”. O álbum todo é demasiadamente lo-fi, e no caso do Two Gallants isso é positivo. Esse é o som do rancho, meu compadre. Pra gente firme e decidida. Por isso me espanto que eu tenha curtido.
www.myspace.com/twogallants


TOY – “Toy”
Alisdair Stirling e Jorgen Traeen, a dupla por trás do Toy, diz que se conheceram na sessão de teclados da maior loja de brinquedos da Inglaterra, a Hamleys. História boa, essa. O resultado desse encontro foi que eles decidiram formar uma banda, com nome, naturalmente, de Toy. Esse é o primeiro disco deles. Remete muito ao compositor Jean-Jacques Perrey, que nos anos 60 lançava discos com teclados moog e sintetizadores e fazia basicamente trilha sonora de programas infantis. O Toy não economiza nessas melodias engraçadinhas, cheias de efeitos espertos e com um tempero Royksopp, como provam as trilhas “Don't Be” e “The All Seeing Eye”. Não há ninguém no momento fazendo música eletrônica semelhante a essa. Exótica, simples e muito boa.


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Esse pequeno artigo foi publicado semana passada no jornal Metro aqui de Londres. Aborda o fato de que a Inglaterra é basicamente o país do rock. As bandas citadas podem ser mainstream, mas o fato de que a música rock está no topo, é algo pra realmente nós ‘roqueiros’ daqui celebrarmos. Segue a tradução do artigo que eu mesmo fiz.

BRITAIN STILL ROCKS
Por Jayne Atherton


De acordo com números revelados ontem, o Reino Unido está novamente numa fase Rock’n’Roll, já que as vendas de música com guitarras barulhentas estão no topo.

Um total de 31.191 novos lançamentos foram para as lojas no ano passado, e foram bandas modernas de rock que fortaleceram o aumento de vendas de CDs.

O rock emergiu como o gênero de música preferido no UK já que sua cota no mercado de álbuns atingiu 36% - as melhores vendas de todos os tempos. Especialistas em música dizem que esse aumento é devido aos velhos compradores de música que estão substituindo suas coleções de discos de vinil por CDs e downloads da internet.

A British Phonographic Industry (BPI) disse: “o crescimento da popularidade de novas bandas britânicas tem visto a música rock se tornar firmemente como o gênero favorito da nação. Sete dos dez discos do ‘rock top 10’ são artistas britânicos e nove dos dez singles do ‘rock singles top 10’ também são britânicos.”

“Artistas britânicos somam 49.4% das vendas de CDs do ano passado, o número mais alto desde 1998.”

Bandas como Coldplay, Kaiser Chiefs e Oasis, assim como os americanos Foo Fighters, Killers e Green Day, estão entre os artistas mais vendidos. O presidente do BPI, Peter Jamieson, disse: “São os fãs de música que decidem o que é sucesso e ano passado eles decidiram com uma boa margem que 2005 foi predominantemente o ano do rock.”

Embora o pop permaneceu como o gênero dominante no mercado de singles, o aumento nas vendas digitais ajudou o rock a aumentar sua cota em 9% sobre 2004 e 36% sobre 1999.


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Fui nessa. E vc?

Saturday, May 06, 2006

 

coluna 02 de maio

DIRTY PRETTY THINGS > “Waterloo To Anywhere”
Ao vivo na HMV de Oxford Street, centro de Londres, 24/04


Na semana que consegui baixar o disco do Dirty Pretty Things, eles lançaram o primeiro single do álbum, Bang Bang You’re Dead, e tocararam gratuitamente na loja de discos HMV, no centro de Londres, para promover o lançamento. Antes de contar como foi o show, vou falar sobre o tão aguardado álbum, “Waterloo To Anywhere”.

Pois então, Carl Barat finalmente esta de volta depois do trágico fim dos Libertines. Muita gente encarar isso como uma guerra. Quem é melhor? Babyshambles ou DPT? Não devemos enxergar dessa forma. Devemos, primeiro de tudo, é lamentar que os Libertines afundaram. Sabe o que senti quando escutei pela primeira vez “Waterloo To Anywhere”? Que o que os DPT têm, os Babyshambles não têm. E vice-versa. Então é uma pena que Carl Barat e Pete Doherty não estão mais juntos. Pois Dirty Pretty Things carece da ‘ginga’ e carisma que, apesar de todos os demônios, o Babyshambles possui. Já os ‘Shambles’ pecam pela falta de controle e seriedade, que é um dos trunfos de Carl Barat e sua gangue. E nos Libs, pelo menos em “Up The Bracket”, tudo estava ali.

Se fomos ver, os nomes dizem tudo: Babyshambles é de fato uma bagunça, desordem; Dirty Pretty Things é rock sujão, mas bonitinho. Ambos são talentosos e criativos e, convenhamos, se fomos contar desde começo, essa novela já rendeu aos fãs quatro discos bons. Sim, “Waterloo To Anywhere” é um bom disco. É um puta disco. Mas assim como o segundo trabalho dos Libs e o debut dos ‘Shambles, não supera “Up The Bracket”. Mas também não faz feio.

O álbum começa como um turbilhão. “Deadwood” é dinâmica, rápida e suja, e com certeza deve ser um futuro single; “Doctors and Dealers” segue a mesma trilha, com boa pegada e energia. Então chega o single “Bang Bang You're Dead” que é realmente uma belíssima música e talvez o momento que mais se aproxima do início dos Libertines. Grande parte das letras desse disco retratam os tempos penosos da relação entre Carl e Pete, onde o primeiro dá a sua versão da história sobre o segundo, e “Bang Bang You're Dead” é um exemplo disso: “I knew all along that I was right at the start, that the seeds of weeds that grew in your heart / Bang bang, you’re dead, always so easily led, bang bang, you’re dead, put all the rumours to bed”.

Daí pra frente o cd entra num rítmo que, embora competente e alto astral, peca um pouco pela falta de variedade. Tive que ouvir diversas vezes esse álbum pra saber qual música que era qual. Parece tudo igual. Mas aos poucos nos acostumamos. E logo percebemos que estamos viciados nele. A faixa “The Gentry Cove” vem com roupagem reggae e não desaponta. Em “The Enemy” tem um groove de fundo, e é outro destaque. O rapaz daquela banda chata Cooper Temple Clause, que toca baixo no DPT, deve ter dado palpites, e o resultado é provavelmente “You Fucking Love It”, onde ele próprio começa cantando. Punk-rock rápido e sem tempero. Passo. A música que finaliza o disco é possivelmente a melhor. “B.U.R.M.A” é o nome e também é outra que remete à Time For Heroes-Boys In The Band’s da vida.

Como disse, “Waterloo to Anywhere” é um álbum bacana, mas não se iluda pois não supera o passado e não é nem melhor nem pior que “Down In Albion”. Mas a pergunta que devemos fazer é: mesmo se Carl e Pete estivessem juntos numa boa, como nos velhos tempos, será que fariam um disco tão bom quanto “Up The Bracket”? Acho que não.

Sobre o show, não estarei exagerando se disser que a banda é melhor ao vivo do que em estúdio. Pelo menos fiquei com essa impressão. O impacto deles tocando ao vivo foi maior e só depois do show é que comecei a apreciar de verdade o disco. Bem, apresentação gratuita em lojas de disco no final da tarde pode ser bom para algumas bandas, ruim para outras. No caso do Dirty Pretty Things, que basicamente atrai um público jovem permeado por roqueiros babacas que adoram empurrar e pogar, foi bom, porque quem estava ali pra ver o show numa boa e prestar atenção nas músicas, pôde fazer isso traquilamente, pois o grosso do público do DPT não estava e shows numa loja de disco não oferece a mínima atmosfera e espaço para empurra-empurra.

Outro lado positivo foi que a banda apareceu pra tocar um set de meia-hora, mas a empolgação deles foi tanta, que decidiram fazer um show por completo, que durou mais ou menos uma hora e apresentou o disco inteiro, e ainda dois clássicos dos Libertines, “Death On The Stairs” (minha preferida da banda!!!) e “I Get Along”. Não preciso dizer que foram nessas que o público vibrou mais, preciso? E como de praxe nessas ocasiões, a HMV filmava o show e ao mesmo tempo transmitia para um enorme telão atrás do palco. Então a gente via o Carl pequenino cantando, e atrás o Carl grandalhão imitando, como você vê na foto. Cute.

Dirty Pretty Things é o oposto ao Babyshambles no tocante a dar importância aos fãs. Incrível como eles fazem questão de tratar bem os fãs, atendendo pedidos e conversando entre as músicas. Tanto que um dos motivos para prolongarem o show foi por causa dos fãs, que imploravam por mais. Claro que isso é ótimo, mas senti ali uma pontinha de ‘revanche’ ou sei lá como você queira chamar isso, pois claramente estavam meio que dizemdo “Olha como somos legais e profissionais, Pete é mesmo um vilão!!”. Vi os Libertines em 2002 e o Carl não era tão generoso assim. Mas anyway...

Falando em vilão, deixa eu falar um pouquinho do Pete. Pois é, o rapaz está descendo ladeira abaixo. Deve morrer logo. Ou não. Mas seus demônios estão vencendo. Pobre rapaz. Tão carismático, tão gracioso, tão criativo e ainda sim com os piores demônios dentro de si. Ele não está mais tocando nem gravando, e muito provavelmente só quer saber do cachimbo ou da seringa. Que pena.

O fato de ser preso toda semana é meio foda, porque ele é uma das pessoas mais conhecidas do Reino Unido, tem foto dele nos jornais todos os dias e os noticiários na TV sempre estão tratando dele, por isso é foda o que a polícia está fazendo, pois é só o cara pisar pra fora de casa que algum policial resolve prende-lo. Bem, é o preço que ele está pagando por ser o viciado mais famoso da nação. Qualquer pedreiro ou varredor de rua ou lixeiro sabe quem é o Pete. Eles não sabem o que é Libertines ou Babyshambles, mas sabem quem é o Pete, “the cunt”.

Uma coisa que não concordo são as pessoas que curtem rock e acham Pete um babaca pelas suas atitudes e loucuras. Se não gosta da música, ok, compreendo e respeito. Mas Pete sempre foi um delinqüente. Nas primeiras entrevistas que deu, sempre deixou claro isso. Uma de suas frases clássicas é “o melhor e pior dia da minha vida foi quando assinei contrato com uma gravadora”. O moço nunca escondeu que sempre detestou a indústria da música e todo o sistema que a envolve. Entrevistas, turnês, cumprir horários, ele nunca curtiu isso. Prefere muito mais fazer o papel de trovador, e tocar se e quando estiver afim, em pubs e flats, para amigos e chegados.

Agora achar que o cara é um idiota porque ele é louco ou vai preso ou é viciado em drogas, é meio incoerente, pois pelo que sei o rock’n’roll sempre foi a voz dos delinqüentes, outsiders e malucões, e Pete é nada mais que isso: um delinqüente, outsider e doido varrido. Com final feliz ou não. Mas se você não curte esse lado maluco dele, compre o cd das Sugababes, elas nunca são presas e nem usam drogas. E além do mais, Iggy Pop, David Bowie e Keith Richards (pra citar alguns...) passaram anos e anos afundados em miséria e maluquices, e atualmente o público e crítica elegem esses períodos de loucuras como o pico de criatividade e época áurea deles. Compre uma biografia dos Rolling Stones e descubra você mesmo o que Keith Richards fez durante a década de 70 inteira.


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THE BOY LEAST LIKELY TO
Ao vivo na HMV de Oxford Street, centro de Londres, 26/04


A HMV semana passada tava agitada. Segunda teve Dirty Pretty Things tocando ao vivo. Quarta foi a vez da duplinha The Boy Least Likely To. A diferença é que no DPT ficou gente pra fora, enquanto que no TBLLT tinha espaço sobrando. Cada um cada um. O gancho do mini-show foi o lançamento do single “Be Gentle With Be”, lançado naquele dia.

Cada vez que ouço o álbum “The Best Party Ever”, eu gosto mais. Não é todo dia que tem na praça um disco inspirado, recheado de melodias contagiantes e fofinhas, com as letras retratando as coisas mais inocentes da vida. Eu tinha visto a banda ao vivo uma vez, há mais de um ano atrás, mas ela não estava tão afiada quanto agora. Como foi reportado aqui na coluna, o The Boy Least Likely To agora está sendo administrado por uma grande agência, então eles estão maiores e mais profissionais, e sempre há alguma revista ou jornal ou programa de rádio abordando os rapazes.

A dupla Jof Owen e Pete Hobbs agora esta com uma banda de apoio de cinco pessoas. Tocam um monte de coisas: teclados, violino, banjo, carrilhão, sem contar o tronco principal, violão, baixo e bateria. Isso significa que o som reproduzido ao vivo é tão bom quanto no disco, com a única diferença de que no show ficamos mais empolgados e dançamos e balançamos a cabeça com um baita sorriso estampado na cara.

A apresentação durou o suficiente. Tocaram todas que eu queria ouvir: “I'm Glad I Hitched My Apple Wagon To Your Star”, “Monsters”, “Paper Cuts”, “Warm Panda Cola” e “Apple Wagon”. Uma mais legal que a outra. Na hora ali, tinha um montão de gente que estava de passagem pela loja e nem fazia idéia de quem estava tocando, e deu a impressão que o The Boy Least Likely To ganhou o coração desses que não conheciam a banda. Os aplausos eram mais altos a cada faixa executada. Terminaram com “Be Gentle With Me”, que na minha opinião foi a melhor do show, naturalmente, pois essa é a melhor música deles.

Depois ainda teve sessão de autógrafos. Quem diria, hein? Os garotos menos predestinados, estavam ali dando autógrafos na maior loja de disco do Reino Unido. Eu fui pegar o meu, apenas pra dizer uma coisa para os rapazes: “you seem to be very likely to nowadays”. Quando digo isso, um deles riu, o outro fez um cara de que ficou com vergonha. Hehe. Eles são fofos.

www.myspace.com/theboyleastlikelytouk


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THE ORDINARY BOYS
Ao vivo no Hammersmith Palais, oeste de Londres, 29/04


Uma banda que gosto tanto, e que até então eu nunca tinha visto ao vivo. Até o último sábado. O show fazia parte do mini-festival Carling 24hs, que reunia diversas bandas em diversos lugares em 24 horas aqui na capital inglesa. Teve um montão de coisa, mas acabei só comprando ingresso para ver Preston e sua banda.

Sou um grande fã de Ordinary Boys desde o primeiro ótimo álbum, “Over The Counter Culture”, de 2004. Depois veio o também bacana segundo trabalho “Brassbound”, de 2005, e agora em 2006 rolou o Big Brother, e aí mudou tudo. Para muitos, Ordinary Boys é a banda daquele babaca do Preston e sua namorada loira-burra. Para alguns, eu incluso nesse escalão, Ordinary Boys é o Ordinary Boys, uma banda que faz rock’n’roll divertido, com boa pegada e melodias cativantes.

O show foi uma seleção das melhores músicas dos dois álbuns, então foi um torpedo atrás do outro, para deleite da platéia, que infelizmente me pareceu estar ali pelo efeito Big Brother. Iniciaram com “Over The Counter Culture”, que também é a faixa que abre o primeiro cd. Preston é um rapaz carismático. Ele canta alto e claro, pula e no intervalo das músicas fica de papo com o público. E o cara tem charme, isso tem.

As que sacudiram mesmo o pessoal foram “Week In Week Out”, “Boy Will Be Boys”, “Weekend Revolution”, “On An Island” e “Brassbound”. Em “Talk Talk Talk”, Preston chamou o Ordinary Army, o fã clube official da banda, para cantar a música. Foi lindo, Preston só tocando e o público cantando. Como última música, escolheram a linda balada “Seaside”, onde Prestou pediu para que não erguessem isqueiros, mas ao invés disso telefones celulares. Foi um outro ponto especial do concerto, que durou pouco mais de uma hora e não teve bis. O show começou as três da tarde, terminou pouco depois das quatro e as cinco eu já tava em casa.

www.myspace.com/ordinaryboys


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EMBRACE – “This New Day”
O Embrace é considerado por muitos como uma banda mela-cueca, uns bostinhas sensíveis que fazem músicas para ‘bed-wetters’, um sub-Coldplay e uma das piores bandas indies de todos os tempos, se é que aquilo é indie. Concordo que fazem músicas sensíveis e choramingonas, e quanto a isso, eu não tenho nada contra. Eu gosto do Embrace porque eles são sim responsáveis por melodias sensíveis e choramingonas, mas fazem isso de um jeito especial, sem soar aquelas coisas exageradamente sentimentais baratas e superproduzidas, que encontramos sempre em rádios mainstream e bregas. Esse disco segue a mesma linha do álbum anterior deles; dez belas músicas, todas carregadas com um lado épico, e que não fazem mal a ninguém, com exceção dos cínicos do underground. Isso é o que eu chamo de pop-indie. Highlights: “Celebrate”, “Natures Law” e “No Use Crying”.


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WWW.YOUTUBE.COM

Definitivamente, o site www.youtube.com é um dos mais legais na internet. Com a sua popularização, encontramos vídeos e imagens de tudo quanto é tipo. Desde clips de bandas, apresentações de tv, filmes até mesmo o legendário Alborgheti dando suas pauladas no programa Cadeia. Passo horas e horas assistindo vídeos nesse site. Nesse último feriadão, decidi procurar por coisas relacionadas com o que eu tinha recentemente comentado aqui na coluna. Veja aí.

Circulus – “My Body is Made of Sunlight”
Aquela banda maravilhosa Circulus, que eu resenhei o belíssimo show que assisiti recentemente, tem um video-clip disponível por lá. Um rapaz me escreveu dizendo que não encontrava o disco na net. Pois é, acredito que deve ser difícil de achar, pois pouca gente conhece a banda. Mas agora você pode ver quão peculiar e bacana eles são.



Les Incompetents – “How It All Went Wrong”
Lembra que disse que essa música dos londrinos Les Incompetents é uma das melhores coisas lançadas esse ano?? Pois então, divirta-se com o vídeo clip. Essa música realmente arrasa quarteirão e esses rapazes são muito a cara de Londres. É de praxe você passear em Londres e ver esses indie-kis pelo metrô ou perambulando pelas ruas.



Graham Coxon – “Standing On My Own Again”
O ex guitarrista do Blur lançou um puta discão esse ano e esse é o single escolhido. Um rock’n’roll matador!! Graham Coxon é muito melhor que o Blur hoje em dia e já supera até mesmo o Blur dos anos 90.



The Boy Least Likely To – “Be Gente With Me”
Falei da duplinha lá em cima, e disse que essa música é a melhor da banda. Assista o vídeo clip, muito fofo.



Aqui eu resolvi escolher três vídeo clips cheios de cores, dançantes e alto-astral!!

Tahiti 80 – “Heartbeat”
Essa música me lembra coisas boas. Descobri eles no comecinho do ano 2000, justamente com a linda “Heartbeat”, e comecei a discotecar ela sem parar nos clubes que eu promovia em SP. Essa faixa está no primeiro disco deles, chamado “Puzzle”, que é o melhor LP da banda. Até usei a arte da capa do disco para fazer um flyer de uma de minhas festas em SP, em 2001. No cd que eu tinha, vinha com o cd-room desse vídeo, que é maravilhoso, com as pessoas dançando e tal, e combina bem com o groove alto-astral da música. Irresistível.



Junior Senior – “Move Your Feet”
Essa é uma das bandas mais subestimadas dos dias de hoje. Ninguém dá a mínima para a dupla Junior Senior, da Dinamarca, mas no quesito dance-musica, ninguém supera eles. Esse vídeo clip sensacional prova o que estou falando. Demora um pouco pra carregar a imagem, estão seja paciente um pouquinho. ;-)



The Go! Team – “Ladyflash”
Bem, falando de clips coloridos e dancantes, claro que não poderia faltar o The Go! Team. Esse é o clip de Ladyflash, realmente uma explosão de beleza e cores. A vocalista Ninja é uma graça mesmo, aqui ela ta de roller-girl.





xxx

 

coluna 24 de abril

* Nossa, a segunda música de trabalho dos ingleses CAPTAIN está com tudo nas MTVs e radios daqui. Chame-se “Broke”. É incrível como eles me lembram os Prefab Sprout, um pouco mais rock. Coisa mais linda! Comentei ano passado do primeiro single deles, a fantástica “Frontline”. Todo mundo amou aquela faixa. Agora vem esse novo hit. Beleza pura. O mais legal é que eu acabei de folhear a Time Out e vi que eles tocarão ao vivo nessa terca, 25/04 aqui em Londres, e só custa £6 e não está sold-out. Vai ser no Bush Hall, um dos lugares mais aconchegantes e fofinhos para se ver shows. Te vejo por lá. Ouça as duas faixas “Broke” e “Frontline” no MySpace da banda: www.myspace.com/captaintheband

* Na hora que essa coluna estiver indo para o ar, estarei assistindo DIRTY PRETTY THINGS ao vivo na HMV, Oxford Street. De graça. Depois ainda tem sessão de autógrafos. Vou pegar uma assinatura do Carl pra você, pode deixar. Aliás, minha querida irmã me passou o álbum “Waterloo To Anywhere” inteiro por msn. Ouvi e gostei, mas... Bem, semana que vem dou o meu veredicto, e conto como foi o show.

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Pois então, na última sexta-feira eu sentei com o trio THE BISHOPS para um rápido bate-papo, antes da banda detonar num show promovido pela NME, no Koko, norte de Londres. Já comentei deles em diversas ocasiões aqui na coluna, como você leitor já tá ligado, e esse show só provou quanto estou certo. Os rapazes não fizeram feio, tinham mais de mil pessoas aplaudindo a cada música, e a cada dia eu acredito mais neles. Com aquelas canções de pegada forte e recheadas de trivialidades juvenil, não dá pra não se empolgar com The Bishops. Rock simples, quadradão e lindo. Foi uma conversa de 15 minutos que levei com Mike (guitarra e vocal), Pete (baixo e vocal) e Chris (bateria). O Mike foi o que mais falou. Confira!

Primeiramente, como e quando a banda comecou?
Mike: Começamos mais ou menos há dois anos atrás, e tipo...

Vocês estavam em Londres já?
Mike: Sim, estou em Londres há sete anos, eu e meu irmão somos originalmente de Bath, que é perto de Bristol...
Chris: Eu sou dá Escócia, perto de Glasgow, mas estou em Londres há cinco anos.
Mike: Eu e o Pete morávamos juntos no YMCA, no bairro de Barbican (Londres), e íamos sempre ao pub local, chamado King’s Head. Foi lá que conhecemos o Chris, pois ele trabalhava no bar. Sempre escutávamos sons e tal, aí decidimos tocar juntos, e a banda nasceu daí, basicamente.

Você se recorda o que inicialmente lhe inspirou a compor e criar música?
Mike: Bem, o primeiro show que vi na vida foi do Paul Weller, e aquilo me fez pegar uma guitarra e aprender a tocar. Pessoalmente, gosto muito de um compositor chamado Arthur Lee, de uma banda dos anos 60 chamada Love.

Sim, o Love... claro...
Mike: Sim, e também o próprio Paul Weller, e muitas outras coisas, como The La’s, um pouco de AC/DC...

E coisas novas, você gosta?
Mike: Claro, claro!! Adoro coisas novas! Gosto do Yeah Yeah Yeahs, Giant Drag. Sou muito fã do White Stripes. Tem coisas muito boas por aí.

E o que você acha da cena de Londres atualmente, esse momento post-Libertines que passamos e tal. Você acredita nisso ou acha que é hype da mídia?
Mike: Claro que é hype da mídia. E muitas bandas acabam indo por esse caminho, essa sonoridade. Mas com isso sempre aparece coisas boas e excitantes, como o Arctic Monkeys...

Você gosta deles?
Mike: Gosto bastante. A mídia estraga um pouco. Há coisas boas e ruins com isso. A coisa boa é o som do momento agora é guitarras. Todo mundo está curtindo as guitar-bands novamente. E isso é muito positivo. Como falei, essa avalanche de mídia em torno da banda gera aspectos positivos e negativos, mas de um modo geral acaba sendo positivo, pelo menos pra mim! Haha...

E outras coisas de Londres?
Mike: Adoro o Vincent Vincent & The Villains e o Rumble Strips...
Pete: Eu curto o Larrikin Love e o Jamie T!
Chris: Eu fico com o The Fratellis (a banda que tocou na mesma noite que os Bishops), o single deles é bacana. Tem muitas bandas boas em Londres, se você pega a NME você encontra muita coisa...

E a NME, o que vocês acham? Vocês estiveram nela algumas vezes já...
Mike: As coisas têm mudado bastante. Em termos de escolha, nos anos 60 tínhamos vários semanários de música. Ainda temos opções de revista de música, mas no tocante a semanários agora só temos um. Tem outras coisas, tipo a Artrocker, que é quinzenal. Muita gente acha que a NME ficou um lixo igual a Smash Hits, mas eu acho que não, não é aquela coisa brega.
Chris: Bem, eu gosto bastante, pois promove a nova música e isso é importante.

Exato, para o pessoal mais jovem se ligar em música e tal...
Mike: Exatamente. Quando eu quero saber das novidades, sempre pego a NME. Ta sempre mudando, sempre com novas bandas, coisas boas e excitantes.

E vocês estavam fazendo uma turnê pelos clubes da NME aqui na Inglaterra... como foi?
Chris: Foi muito divertido! Fizemos muitos shows, fomos para o norte, subimos até a Escócia, depois fomos para o meio do país. Tocamos em Birmingham, Shefield, Leeds, Nottingham, Middlesbrough, Glasgow...

E como foi estar fora do circuito de Londres?
Chris: Foi bom. Já tocamos muito em Londres. Tava na hora de dar um tempinho e viajar para outros lugares. Foi bom ter contato com uma outra audiência. Em Shefield foi demais, tinha 800 pessoas. A galera tem reagido muito bem em nossos shows, estamos contentes, estamos indo bem.
Mike: Realmente é bom tocar fora de Londres, conhecer pessoas novas e introduzir nosso repertório para uma nova audiência.

E esse single novo que vai sair em maio, é o primeiro ou vocês já tinham lançado algo antes?
Mike: Lançamos um single em outubro, edição limitada em mil cópias. A faixa foi “I Don’t Really Know What To Say”, e o b-side foi “Menace About Town”.

Merda!! Perdi!!
Mike: Mas ainda tem algumas cópias disponíveis, não em vinil, mas em cd... Esse single só foi vendido na Pure Groove Shop, na Holloway Road, ali perto de Archway. E também na Rough Trade. Agora nosso próximo single, “Only Place I Look Is Down”, será lançado dia 29 de maio pela gravadora 1-2-3-4 Records.

E quem escreve as músicas?
Mike: Bem, pelo fato de eu e Pete sermos irmãos e a gente mora junto e tudo mais, eu e ele é que escrevemos quase tudo. É fácil, pois moramos juntos. Aí vem o Chris, mostramos a música pra ele, pra ver se ele gosta (risos), e depois a gente começa a desenvolver a música no estúdio e tal. Às vezes fazemos jam, mas não sempre. É legal compor, estamos ainda no início e eu só me vejo ficando cada vez melhor e mais experiente para escrever e criar músicas.

E agora vocês estão indo para a Europa fazer uns shows, é isso?
Mike: Sim, vamos tocar na Áustria e Alemanha no meio de maio, e fazer uns seis ou sete shows por lá. Visitaremos cidades como Hamburgo, Berlin, Munich, Graz, Frankfurt. Fomos pra lá uma vez, foi bem divertido. Não vejo a hora de voltar! Inclusive gravamos o clip do nosso próximo single na Áustria. Por isso que tem um monte de neve no vídeo... haha...
Chris: Depois voltamos para o UK, temos um grande show no Garage aqui em Londres, e aí voltaremos para o circuito. Fazer shows toda hora na maior quantidade de lugares possível!

E aí, lançar outro single, gravar...
Mike: Exato. Estamos nos preparando para gravar novas músicas. Se tudo der certo lançaremos um novo single em agosto.

>>> E aí os The Bishops já estavam quase na hora de tocar e o bate-papo terminou. Eles me deram uma cerveja do camarim e combinamos de ficar em contato. Vale lembrar que o vídeo do single novo está na página deles do MySpace, e é só entrar lá e assistir. www.myspace.com/thebishopsuk. Realmente, esse novo single é uma das coisas mais legal desse ano.

>>> O show foi ótimo, o lugar virou uma loucura quando a banda entrou. Nossa, fiquei espantado com tanta gente cantando as músicas do Bishops. Nunca tinha visto os garotos num palco tão grande! Ficou até meio esquisito, hehe. A NME está sempre dando espaço para eles, sem contar outras publicações, e acredito que é uma questão de tempo para caírem na boca de indie-kis do mundo todo. Nas fotos vocês tem eu e a banda, sentados, conversando no camarim. Outra estão encostados numa das paredes do camarim e em ação no show. Todas foram tiradas por Patrícia Arvelos.


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Ai, ai, ai. Estou decepcionado com o novo Yeah Yeah Yeahs e novo Morrissey. Preciso ouvir melhor, com mais calma. Mas de cara já afirmo que não supera as coisas que fizeram no passado. Por outro lado, gostei do novo Embrace. Ué, qual o problema em ouvir sons mela-cueca? Nenhum, na minha opinião. Eu adoro Embrace!!!! Semana que vem, se a bendita preguiça deixar, falo mais.



Falow.

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