Friday, September 22, 2006

 

coluna 21 de setembro

Já falei aqui do meu amor por discos de vinil 7”, né? Pois é, parece que não sou só eu que tem esse apego pelo formato mais tradicional da história da música. Aqui na Inglaterra, virou febre. Esquisito, né? Nos tempos de downloads, o formato que está em alta é o vinil.

Comecei a colecionar discos de vinil 7” quando cheguei aqui em Londres em 2003. Devido ao preço extremamente barato (custa cerca de um ou duas libras) e seu formato charmoso (o disco geralmente é colorido e vem encartado em capas com tratamento de luxo, dobraduras e pôsteres), foi paixão a primeira vista. Há três anos, toda segunda feira lá estou eu, antes de entrar no trabalho, no centro de Londres caçando minhas preciosidades do formato.

O disco de vinil 7” é tudo o que o mp3 não é. E em tempos de downloads e iPods, parece que as pessoas sentiram falta de algo vivo e verdadeiro. As pessoas baixam as músicas na net, mas querem ter o tesouro em mãos! Sem contar a arte da capa, né? Não sei explicar, mas ouço a música de outro jeito quando estou ouvindo direto do vinil, apreciando a capa e sua arte visual. Com mp3 eu sinto preguiça e pouca vontade para com a canção. Vai entender...

Já tinha percebido que, aqui no UK, as lojas de discos tinham aumentado o espaço da sessão de vinil. Desde as mais independentes, como Sister Ray e Rough Trade, até as megastores, como Virgin e HMV. E o que já vinha imaginando, foi comprovado essa semana quando a BBC exibiu uma reportagem na TV sobre o aumento da procura por discos de vinil 7” aqui na Inglaterra. Entrevistaram fãs e funcionários de lojas, e todos chegaram a conclusão que um dos motivos desse aumento foram os downloads. Uma coisa levou a outra. Como disse, as pessoas baixam as músicas, mas mesmo assim fazem questão de ter a faixa em formato físico.

Ainda, na última segunda, o jornal londrino The London Paper publicou uma matéria exclusiva sobre o assunto, na qual você lê logo abaixo, com a minha tradução.


BACK IN THE GROOVE
Porque os 7” nos colocaram pra rodar É redondo, liso, preto, sete polegadas de diâmetro e é chamado de uma gravação gramofone.


Os manda-chuvas da indústria da música queriam fazer você acreditar que estava obsoleto – mas, estranhamente, o single em vinil 7” está de volta.

Apesar da ascensão do iPod, as vendas do formato clássico “45rpm” estão, segundo estatísticas, numa alta de 500%.

Bandas como Arctic Monkeys, Primal Scream e Kaiser Chiefs estão exigindo que suas músicas sejam lançadas em vinil. De fato, os Arctic Monkeys já vendem cerca de 2/3 de seus singles em vinil.

Números da Indústria Fonográfica Britânica mostram que a quantidade de singles 7” vendidos subiu de 178.831 em 2001 para 1.072.608 em 2005.

O porta-voz da loja de música HMV, Gennaro Castaldo, diz que o single em vinil 7” é um motivo de honra para as bandas. Ele falou: “Isso aumenta o status da banda se ela tem uma presença em vinil. Se você lançar algum material no formato de vinil 7”, é porque você realmente conseguiu se dar bem”.

Um repórter da NME adiciona que premeditações da morte do single 7” sempre esteve fora de cogitação.

Ele diz: “Acho que as pessoas gostam da presença física do vinil 7”, a arte que vem junto, e até mesmo o cheiro. O single em vinil 7” é um formato clássico”.

O primeiro single 7” foi introduzido em 1949. As vendas atingiram seu pico em 1979, quando 89 milhões de cópias foram vendidas. Entretanto, a banda indie americana The White Stripes conseguiu entrar no top 10 recentemente com seu single “The Denial Twist”, apenas contando cópias vendidas em vinil.

O single em vinil 7” era o formato preferido das clássicas gravadoras alternativas dos anos 70, como Rough Trade e Stiff Records.

O renascimento do vinil 7” veio como um boom para gravadoras contemporâneas, que foram rápidas em perceber o potencial renovado do formato e mais rápidas ainda para assinar novas bandas.

THE LONDON PAPER, 18 DE SETEMBRO DE 2006


Uma pena que em países de cultura subdesenvolvida, como o Brasil, o renascimento do vinil é algo próximo do impossível. Alguns até tiram sarro do vinil. Lástima.

Um fato curioso é que na maior loja de discos da Inglaterra, a HMV de Oxford Street, o responsável por organizar as prateleiras de vinil é um brasileiro. Esqueci o nome do sujeito, mas toda segunda ele me reserva umas raridades. Conversei com o rapaz essa segunda e ele me falou que todos os departamentos da loja vêem caindo (cds, dvds, games, livros, revistas) e que o vinil é o único que vem crescendo. Diz ainda que o chefe dele até mostrou um relatório mostrando os números e tudo mais. Esse tá com o emprego garantido. Então fica a dica: segunda feira de manhã, você pode ir na HMV de Orford Street e quem estará todo atarefado na sessão de vinil colocando as novidades nas prateleiras é um brasuca! Pode falar português, ele não se importa.

Já que o assunto é singles 7”, deixa eu dar uma geral nos singles que comprei essa semana:

I’M FROM BARCELONA – We’re From Barcelona
Calma, não se trata de nenhuma banda espanhola com orgulho da Catalunha. Mas sim de um coletivo sueco de 29 músicos que curtem indie-pop. Esse single foi tirado do álbum de estréia, lançado recentemente. Para fãs de indie-pop sueco, Belle & Sebastian, The Polyphonic Spree e The Boy Least Likely To.

NICKY WIRE – Break My Heart Slowly
A grande estrela dos Manic Street Preahers, o baixista Nicky Wire, seguiu o caminho do guitarrista e líder James Dean Bradfield, e meteu as caras na carreira solo. Não precisa nem falar que é um clássico, né? Lembra o começo dos Manics, um rock’n’roll mais cru, sem firula. Nicky se mostrou um ótimo vocalista. Ainda não ouvi o álbum, mas se for nos mesmos moldes desse single, vou amar. Esse single só foi lançado em vinil 7”.

HELEN LOVE – Junk Shop Discotheque
Essa banda tem bom gosto para lançar singles 7”. Na maioria das vezes é cor-de-rosa. O som é aquele que já conhecemos: bubblegun-punk-pop pra lá de contagiante. Um hit-single pra botar fogo em qualquer pista de dança. O lado b vem com remix da ótima faixa “Debbie Loves Joey”. E tudo isso por apenas £ 1,49.

THE KILLERS – When You Were Young
Os texanos do Killers estão de volta com esse ótimo single. Devem com certeza entrar no top 5, já que a faixa é realmente muito boa e coloca o Killers entre uma das melhores bandas indie do mundo, definitivamente.

THE RAPTURE – Get Myself Into It
Os inventores do tal New-Rave voltam para dizer quem é realmente os donos das pistas indie-disco. Afiadíssimo. Obrigatório em qualquer discoteca indie. O single 7” vem com a capa em dobradura, o que eles chamam gatefold.

WOLFMOTHER – Love Train
O primeiro single deles, “Woman”, eu achei qualquer coisa. Nem fui atrás. Mas esse segundo está tocando direto aqui na MTV e ganhou minha simpatia. 70’s rock sem tirar nem por. Vai agradar fãs de Led Zeppelin. Essa edição do vinil 7” é picture-disc, como você pode ver.


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O FILHO PRODÍGIO

Foi lançado recentemente aqui na Inglaterra o livro sobre Pete Doherty, escrito por nada mais nada menos que sua mãe, Jacqueline Doherty. Intitulado “Pete Doherty, my prodigal son”, a obra de pouco mais de 200 páginas trás curiosidades da vida de Pete, assim como tenta analisar o lado psicológico da causa dele ser tão maluco.

Pois é, Pete, o Causador Nato, está mesmo batendo recordes. Se não bastasse tudo que ele aprontou nos últimos anos, ele sempre consegue causar mais. Pois, sinceramente, não conheço nenhum outro rockstar que teve um livro lançado pela sua mãe, lamentando as loucuras do filho doidão.

E você já deve imaginar que estou lendo o dito cujo. Claro, já que sou fã de toda a novela, tinha mesmo que ler. Mas vou falar, o livro as vezes da no saco. A mamãe fica parágrafos e mais parágrafos tentando entender como seu filhinho tão bonito foi se tornar um junkie varrido. E ela fala de Deus, de família, de valores, da fé, disso e daquilo e fica sem entender os motivos que levaram Pete a ser um grande viciado em heroína. Mas mesmo assim a obra tem lá suas partes engraçadas. Quando o assunto é Pete Doherty, sempre há algo pra dar risada.

Uma delas é quando senhora Jacqueline diz que parou de ler todos os seus livros religiosos e cristãos e que, há meses, a única coisa que ela tem lido são biografias do Brian Jones, Janis Joplin, Keith Richards, Kurt Cobain, Sid Vicious, Jim Morrison e outros roqueiros problemáticos. Ela diz que lê essas coisas para tentar ver onde ela errou na educação do Pete. Imagina sua mãe lendo uma biografia do Keith Richards...

Mas a situação mais constrangedora foi ela descrevendo o Natal de 2004. Pete esta no auge das suas loucuras e causando horrores em turnês com o Babyshambles. Faltou em vários shows, teve overdose e o escambau. Aí ele promete pra família que vai aparecer no natal. No dia 24 de dezembro, véspera, o doido aparece, suando, tremendo, vomitando, pálido e muito louco. Desmaiava e precisava usar o banheiro a todo momento. Sua mãe e toda família quase morreram de desgosto. Houve choradeira. Pete então foi dormir. No dia seguinte, lá pela hora do almoço, Pete acordou melhor. Foi para a mesa almoçar com a família e pediu suco de morango. Sua mãe disse que tinha acabado de comprar no mercado, e tinha duas garrafas de suco na geladeira. Pete foi até lá e quando pegou o suco, disse: "Mãe, esse aqui tem muito tóxico, eu só bebo do puro".

Hehe.

Pete Doherty, o Causador Nato.

O livro é ok, mas recomendável apenas para fãs.



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coluna 13 de setembro

E advinha quem esta em terras britânicas??? Yesssssss! Cansei de Ser Sexy!! They’ve done it! O combo esta em todos os lugares aqui em Londres e já fizeram dois bem sucedidos shows, um deles abrindo para o Kasabian (argh!) na festa do site da NME. É raro ter músicos brasileiros aqui ligados em música indie, por isso tem que prestigiar e curtir! Por conta disso, resolvi abrir espaço para eles aqui na coluna dessa semana, e traduzir o polêmico e histórico artigo que a NME fez com eles. Hilário do começo ao sim.

Alguns amigos meus acharam ridículo o fato de terem falado que São Paulo é violento. Bem, vai saber o que realmente eles falaram e o que foi parar na revista, mas o lance é: pra que ser hipócrita? São Paulo é violento sim e o Brasil tem umas das piores reputações do mundo nesse sentido, então pra que ficar disfarçando e colocando a poeira debaixo do tapete? Patriotismo cego é uma coisa que o CSS não pode ser acusado. Compreendi o que o CSS quis dizer. Dei risada do Adriano falando que foi assaltado em caixa eletrônico e que todos os clubes underground de SP é uma bosta. Rárárá! Deu pra sentir que ele tava tirando sarro, mas não deixo de concordar. Se lhe perguntassem no exterior se SP é violento mesmo, o que você diria? Bah. Sem essa, meu. Encare a realidade e tente se divertir com ela. O que parece que é o que o CSS está fazendo. Rárárá!

Só pelo fato do CSS ter ido tão longe e também por estar no mundo todo, prova que, mesmo violenta, é possível ser inteligente e fazer música boa em São Paulo. E os gringos enxergam isso.

A seguir segue a matéria, escrita pelo notório repórter da NME Tim Jonze. Vale lembrar que o texto foi publicado esse mês na sessão Radar da NME, onde a revista abre espaço para artistas em ascensão. Já vi muitas bandas nessa sessão, como Libertines, Gossip, Guillemots, Razorlight, Lily Allen e muitos outros. A tradução foi minha mesmo. Enjoy.

CANSEI DE SER SEXY
... ou CSS para os chegados. “Music is my hot hot sex!” diz os falastrões birutas dessa trupe pop brasileira – quem somos nós pra argumentar?


Lick, lick, lick my art tit”, uiva a agitada gatinha-sex brasileira se contorcendo no chão. “Suck, suck, suck my art hole!”

Você já deve ter percebido, mas nós não estamos entrando naquele papo-furado do Chris Martin. Estamos nos EUA para checar um dos primeiros shows na gringa dos party-monsters CSS (conhecidos também por Cansei de Ser Sexy). E você está a ponto de ouvir falar muito mais desses falastrões birutas a partir de agora.

Começaram em São Paulo cerca de três anos atrás como uma forma de conseguir free drinks; o CSS consiste em Lovefoxxx (vocais), Luiza Sá (Guitarra, bateria, teclado), Carolina Parra (guitarra, bateria), Ana Rezende (guitarra, gaita), Iracema Trevisan (baixo) e o bofe Adriano (bateria, produção). Superando certos obstáculos técnicos como não saber tocar seus instrumentos (e quando o rock’n’roll não foi assim?), CSS foi logo estourando na cena local com um emaranhado de letras obscenas e lambidas funk. Naturalmente, a música da banda vem com um punhado de influências, remetendo tanto para Peaches quanto para os Strokes, Christina Aguilerra e seu adorado Bikini Kill. Entretanto, a banda insiste que suas reais influências vêm de TV Shows, amigos e sorvetes.

“Dizíamos que nossa única influência era sake!”, sorri Iracema.

“Mas sério, ninguém pode dizer, nem mesmo a gente!”, coloca Lovefoxxx. “Temos essa música chamada “Alcohol” que fazia a galera delirar. Adriano diz que é uma faixa reggae, mas eu acho que é mais country!”.

Independente do que está no cocktail, foi o suficiente para fazer os servidores do MySpace deles sair do ar temporariamente mês passado, quando muitos fãs tentaram, de uma vez só, ser “amigos” da banda. E foi o suficiente para chamar a atenção da legendária gravadora indie Sub-Pop quando o LP “Cansei de Ser Sexy” (tradução: Tired Of Being Sexy) pousou no seu escritório. Assinados antes mesmo da gravadora ter visto um show, isso foi a deixa para o CSS sair fora de sua violenta cidade natal.

Adriano: “A cena dos clubes em SP nunca muda. Estão sempre apodrecendo porque ninguém nunca limpa. O maior clube é um salão preto, sem janelas e sem saídas de emergência. Os donos são traficantes Argentinos”.

A banda inteira suspira... “Seremos mortos quando voltarmos para São Paulo...”

É realmente violento desse jeito?

Ana: “Fomos assaltados antes de partir para essa viagem. Estávamos com todos nossos passaportes e equipamentos dentro do carro e um mano muito louco de crack veio em nossa direção fingindo que estava armado.”

“Fui seqüestrado duas vezes em caixas eletrônicos”, conta adriano.

“Rio é mais perigoso”, diz Lovefoxxx. “Uma vez fui para um baile funk (geralmente violenta, sempre divertida música do Rio de Janeiro) e haviam pessoas segurando armas gigantes. Alguém me disse que em festas mais perigosas há garotas que tiram as roupas e fazem a dança do escravo, tipo posição cachorrinho.

Na grande tradição do escapismo pop, CSS não documenta os problemas da vida brasileira, mas fala a língua internacional de obscenidades em músicas como “Meeting Paris Hilton”, “Music Is My Hot Hot Sex” e o puta single “Let´s Make Love And Listen Death From Above”.

“A gente achou que se colocássemos o nome deles no título da nossa faixa, os DFA 1979 iriam pesquisar sobre eles no Google e descobrir sobre a gente!”, diz Lovefoxxx, dando gargalhadas. “Sebastian Graigner (vocalista/baterista do DFA 1979) veio no nosso show em Toronto e disse que amou!”

Tão elegantes quanto estilosas e sexy, você não deveria julgar os hábitos sexuais da banda pelas suas letras...

“Elas são apenas engraçadas”, envergonha-se Lovefoxxx. “Inglês não é nossa primeira língua, e se cantasse em português, eu me sentiria muito mal, como se eu fosse uma piranha putona. Minha mãe ficaria envergonhada. Em inglês é tipo ‘sex sex bitch bitch lick my ass pfft!’ Não que eu queira realmente dizer isso...”

O lance é, vimos eles se contorcendo no palco enquanto despejavam suas excitantes trilhas ensolaradas. Nós sabemos que eles de fato querem dizer isso... Muito em breve você também vai saber.


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RESENHAS

THE RUSSIAN FUTURISTS – “Me Myself And Rye”

Com canções como essas do Russian Futurists, fica difícil argumentar que tudo de bom já foi feito na arte. Vou além, são obras como essa que nos dão grandes perspectivas para o futuro da música. Aqui estamos tratando de um projeto de um homem só: Matthew Adam. Esse americano já lançou três discos sob a alcunha de Russian Futurists e agora, com “Me Myself And Rye”, nos entrega de presente uma compilação do melhor dos três. Música inventiva e simples. Há variedades de instrumentos, efeitos e harmonias indie-pop, num total de 13 faixas que deixarão fãs de Belle And Sebastian ou Magnetic Fields felizes. Eu não conhecia a banda e agora já estou até correndo atrás dos LPs anteriores. É a prova de que essa compilação faz sentido e fornece uma ótima introdução para os ‘Russos Futuristas’. Destaques: “Precious Metals”, “Paul Simon” e “Let's Get Ready To Crumble”.



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Chegou a hora de mais recomendações de vídeo-clips. YouTube pra você!

THE SLEEPY JACKSON – “God Lead Your Soul”:
Os australianos Sleepy Jackson lançaram, ao lado do Guillemots, o disco do ano. E essa é uma das jóias tirada do disco. Dream-pop em seu momento mais inspirado.


THE PIPETTES – “Judy”: Música velha das Pipettes, que finalmente sairá como single. Um clássico da música pop. O clips é uma graça.


PULP – “Lipsgloss”: Pulp, uma das melhores bandas dos anos 90 e possivelmente de todos os tempos, acaba de ter seus três discos mais importantes relançados em edição de luxo. São eles: “His’n’Hers” (1994), “Differente Class” (1995) e “This Is Hardcore” (1998). Essencial. Todo jovem fã de música deveria ir atrás. Para celebrar, coloco aqui o clip de Lipgloss, do disco “His’n’Hers”.


THE SUNSHINE UNDERGROUND – “Put You In Your Place”: Grande combo dance-rock de Leeds, UK. Estão bombando em todo lugar. Esse dias ouvi numa pista de dança e puta-q-pariu, me acabei. Que groovy! Que groovy!


THE DEARS – “Ticket To Immorality”: Os canadenses fãs dos Smiths, The Dears, acabaram de lançar seu terceiro disco, com o ótimo título “Gang Of Losers”. Essa é a primeira música de trabalho. Muito boa.


JAMES DEAN BRADFIELD – “There’s No Way To Tell a Lie”: Primeiro single do primeiro disco solo do James Dean Bradfield, o líder dos grandes Manic Street Preachers. James nunca dá bola fora.




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coluna 31 de agosto

Seis motivos que provam que o The Horrors não é uma banda fabricada:

01. Alguns membros da banda são djs, e tocam com compactos de vinil 7" originais dos anos 50, 60 e 70. São especialistas em Surf Music, Garage e Psicodelia.

02. Antes de formarem a banda, seus integrantes eram notórios em festas mods no sul da Inglaterra. Inclusive promoviam um club chamado XXXXX, tocando só obscuridades sixties.

03. Nick Zimmer do Yeah Yeah Yeahs é fanático pela banda e convidou pessoalmente o The Horrors para abrir os shows do Yeah Yeah Yeahs. Zimmer ainda esta desesperado para produzir o disco de estréia dos caras

04. O vocalista Farris estuda na famosa universidade de arte Saint Martin. Ele mora no distrito de Whitechapel, zona leste de Londres, onde atualmente é repleta de imigrantes e refugiados e onde no século XVIII Jack o Estripador escolhia e assassinava prostitutas de rua.

05. Eles realmente se vestem muito bem. Não acredito que sejam fabricados. Se você é magro e tem um mínimo de bom gosto na vida, é natural que você use roupas justas. O que você quer, que eles sejam magros e usem calcas big?? Menos, por favor.

06. As linhas endiabradas de teclado da banda são muito boas!!!


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Esses dias me peguei lendo a Uncut e tinha lá um texto de mister Billy Childish opinando sobre a cultura do download. Ele, assim como eu, acha que esse novo hábito esta fazendo a música perder a magia.

Pessoalmente, o que mais me incomoda na cultura do download é o fato de que uma nova geração esta se formando baseada no hábito de baixar algumas musicas esporádicas e ponto final. Foi-se o formato de um álbum conceitual e veio a idéia de ouvir duas ou três musicas de um artista e é o suficiente. E isso tá errado.

Converso com indie-kids de 16 ou 17 anos e eles me falam que nunca compraram um disco na vida, não por falta de dinheiro, mas por falta de habito. Fazer o download é mais prático. Baixam os hits e raramente pegam o restante do disco. Sinceramente, tenho pena desses adolescentes. E acho que nem é culpa deles. Eles foram educados dessa maneira. Os colegas também fazem o mesmo.

Não me leve a mal, você sabe que eu recomendo downloads aqui, mas existem formas e formas de se fazer isso. Baixe uma ou duas musicas de um artista. Se lhe interessar, baixe o álbum. Se gostar, compre-o. Se não tiver dinheiro, ok, deixe os mp3 arquivados em algum lugar e ouça sempre que puder.

Resolvi traduzir o artigo de Billy Childish pois concordo 100% com ele.

OS DOWNLOADS ESTÃO MATANDO A MÚSICA??

SIM, diz Billy Childish


“Como na maioria das coisas, o que parece ser a grande forca dos downloads irá se tornar sua grande fraqueza. O Mais é sempre Menos e a quantidade de coisas que ficam disponíveis com os downloads significa que não há disciplina. O problema não é ter tudo disponível, embora ninguém precise disso tudo. O problema é nossa mentalidade infantil. Quando você tem cinco anos de idade, batatinhas e chocolates a todo instante parece ser sua idéia de paraíso. Coma todos os dias e você vai enjoar deles. Minha esposa baixa músicas porque é conveniente. Fast-food também é conveniente. Conveniência não fazem as coisas melhorarem. De fato, tira a magia e deixa de ser especial.

Até mesmo com as melhores coisas, quanto mais prontamente disponível, mais descartável se torna – e disponibilidade é o veneno da nossa sociedade. Não é nem materialismo. É consumir simplesmente pelo ato de consumir e a música se torna algo que você joga fora. Estamos em perigo de não haver mais música, apenas muzak. Por que você tem que andar por aí com seu iPod toda hora? Isso reduz a música para um chiclete barato, algo que fica de fundo enquanto você faz alguma outra coisa.

Minha visão é que a música ao vivo é a melhor, depois vem o vinil, depois os cds e os downloads estão por último na pilha. É como cozinhar. Fogo à lenha está no topo. Depois vem o gás e fogão e o microondas é a merda. Baixar músicas é como fazer sua comida no microondas. Pelo menos com um álbum a música é sob medida e estruturada e faz sentido no jeito que é apresentada. Baixar música perde isso porque é indiscriminado.

Meu medo é de que ter tudo disponível na internet acabe padronizando a música e resolve todas as pequenas questões. Claro, não é preto e branco. Mas lembre-se que a razão de termos novos formatos é que as pessoas querem encontrar sempre novos caminhos de revender coisas que nós já temos. Meu selo, Hangman, faliu porque me recusei a fabricar cds, que eu pensava que era total roubalheira. Tecnologia digital é marketing para as massas e faz a música ficar descartável. E isso é um sério engano.


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RESENHAS

THE SLEEPY JACKSON – “Personality - One Was a Spider One Was a Bird”

Olha, fazia tempo que eu não via isso de uma banda lançar um bom disco de estréia e depois chegar com um segundo trabalho infinitamente melhor. Como eles conseguem? Assim, esse novo cd dos australianos Sleepy Jackson é muito, muito bom. Uma vez vi a banda ao vivo, na época do primeiro disco, em 2003. São magistrais ao vivo. Sempre botei fé neles. Mas definitivamente não esperava um disco tão bom assim. São treze faixas glaciais e épicas. O termo “dream-pop” realmente foi inventado para descrever obras como essa. Parece que o espírito do John Lennon encarnou no líder/vocalista Luke Steele e ele despejou essas melodias em seus instrumentos. Dá uma escutadinha em “Play A Little Bit For Love” ou “Dream On” e veja se eu não estou certo. John Lennon puro. Mas não é cópia. É inspiração. Isso sim é música pop que se preze. Nesse momento estou ouvindo a faixa “You Won't Bring People Down In My Town” e tremendo de emoção. Melodias, falsetos, produção, energia. Tudo é lindo. Não tem jeito, um disco desse tem que obrigatoriamente entrar no top 5 de qualquer fã de boa música desse planeta. Algumas outras canções que destaco: “Devil Was In My Yard”, “Work Alone” e “Higher Than Hell”. Mas não adianta baixar apenas essas que destaquei. Esse disco só tem efeito se você escutá-lo inteiro. Quem gosta de downloads aleatórios vai se dar mal nessas horas. Esse é um disco mágico.

THE SUNSHINE UNDERGROUND – “Raise The Alarm”
Essa é uma nova banda de rock inglesa que faz uma linha meio dance-rock. Rock’n’roll cheio de swing. Art. Eu to meio enjoado dessas coisas, mas sempre fico de olho. As vezes sai coisa boa. E é o caso desse Sunshine Underground. Eles me remetem a uma mistura de The Rapture com Happy Mondays, e ainda com uma pitadinha daquele The Music. São do norte da Inglaterra, da cidade de Leeds. Vai agradar todo mundo que gosta dos torpedos para pista de dança como Chemical Brothers, LCD Soundsysten, Franz Ferdinand e toda a moçada do tal New Rave. É um disco que se você ouvir no sistema aleatório, vai ter o mesmo efeito que se escutar na ordem correta do cd. Diferente do Sleepy Jackson resenhado acima. Mas gostei mesmo assim. Esses meninos tem o Funk. Highlights: “Dead Scene”, “Put You In Your Place”, “Panic Attack” e “My Army”.

THE YOUNG KNIVES – “Voices Of Animals And Men”
Mais música pra dançar. Vamos nessa? Bem, esse trio de Oxford, UK, está na boca do povo chegado num art-rock. Se você pensou em Franz Ferdinand, Art-Brut ou Wire, acertou. Eu não gostava deles, pois estavam toda hora na MTV2 e sempre quando eu chegava em casa cansado depois de um dia de trabalho, queria ouvir algo mais suave. Mas eles estavam sempre lá. “Desliga essa porra de TV”, era o que eu pensava. Quase esqueci deles. Mas esses dias vi o disco dando sopa na net e peguei. Dei sorte. Não é um álbum ruim. Eu é que tava em outra. Mas se ouvir direito, vai ver que esse cd tem um punhado de músicas matadoras que qualquer banda guitar sonha em fazer. Ah, que riffs! Art-rock em sua melhor forma. Destaques: “In The Pink”, “Mystic Energy”, “The Decision”, “Loughborough Suicide” e o single “Here Comes The Rumour Mill”.



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Sunday, September 10, 2006

 

coluna 17 de agosto

Comecem a gritaria, aqui vêm os...

THE HORRORS

Eles são doidões.
Eles detonam.
Eles estão dominando.


Essa foi a capa da NME na semana passada. E aí, o que você quer mais? The Horrors chegou para salvar o hype. Os Arctic Monkeys já estão perdendo a forca. E você sabe que com a NME não se brinca. A revista foi logo estampando e suas páginas: THE BEST NEW BAND IN BRITAIN.

Eu já venho falando de The Horrors há uns bons meses já. Acho que falei do The Horrors antes mesmo da NME. A banda está causando no underground faz tempo. Ninguém deu bola. Só que aí estourou. O número de pessoas indo para os shows aumentou, ficou fora de controle. Pronto. THE BEST NEW BAND IN BRITAIN. Já publiquei até resenha de show aqui na coluna. E semanas atrás traduzi um grande artigo sobre o quinteto do terror. Já era. Com aquela estética, aqueles teclados demoníacos e aqueles berros, não tem como o The Horrors não pegar. É nessas horas que eu amo a Inglaterra.

Confira o clip doentio de “Sheena Is a Parasite”:


Para informações sobre a turnê britânica e escutar algumas músicas bem fodas, acesse: www.myspace.com/thehorrors


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No último mês a MTV2 de Londres vem exibindo desenfreadamente cinco clips legais, de cinco músicas mais legais ainda. Um deles inclusive é de uma banda brasileira. E isso me fez ficar empolgado a ponto de eu pesquisar na internet os videos e publicar aqui na coluna. Enjoy!


Yeah Yeah Yeahs – “Turn Into” (sinceramente, uma senhora música, e estou feliz que a banda fez dela um single.)


Razorlight – “In The Morning” (O sexo já foi feito e o efeito das drogas já passaram. Chegou a hora do Razorlight encarar a realidade. E a manhã sempre é uma dura realidade.)


Cansei Se Ser Sexy – “Let’s Make Love And Listen Death From Above” (O furacão CSS está com tudo aqui na Europa. Esse vídeo é fofo, a música é uma graça e a vida é bela. Foi gravado em São Paulo. Um amigo inglês falou: “ugly city”. Eu respondi: “indeed”.)


Franz Ferdinand – “Eleanor Put Your Boots On” (Eleano é a namorada de Alex Kapranos e aqui ele fez uma canção fantasiando as botas dela. Eu amo o rock por causa disso. Franz Ferdinand é sensacional e essa faixa mostra isso)


Dirty Pretty Things – “Deadwood” (A nova banda de Carl Barat tem músicas legais, mas que por um motivo desconhecido da humanidade, não emplacam. Essa faixa é ótima e rasgante, mas no final eu lembro do Pete fazendo a dança do robô e acabou indo escutar Babyshambles)





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