Thursday, May 26, 2005

 

coluna 19 de maio

Ufa. Dias mais calmos por aqui. Pra você ver, estou até me dando ao luxo de escrever a coluna sob a luz do dia. De vez enquando é bom, né?

Às vezes vocês podem achar que eu falo bem de tantas bandas e nem todas elas são boas. Aquela coisa ‘muita quantidade e pouca qualidade'. Mas não é isso não! É que definitivamente tem muita coisa boa por aí.

É muita quantidade e muita qualidade, sim. Desculpem a franqueza.
Por exemplo, semana passada falei que a perfeição absoluta do pop eram os The Magic Numbers e The Pipettes. Ainda são. Mas essa semana entra mais uma banda para essa categoria. É o trio The Cribs, que ano passado lançou um dos discos mais legais de indie-rock e esse ano vem com um novo lp.

Ainda, comento o show dos Engineers aqui em Londres e outras coisas. Chega mais.


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>>> THE CRIBS: O MAINSTREAM VOS ESPERAM


Sucesso. Eles nem estavam querendo muito. Fama definitivamente era algo que nem pensavam quando formaram a banda. Gravaram o primeiro disco apenas em uma semana, de forma lo-fi e tosca. Mas com energia de sobra. Estavam mais interessados na diversão e em tudo mais de bom que o rock'n'roll lifestyle pode oferecer. Mas já era. It's over. Com o segundo disco, muito provavelmente o The Cribs vai sair da obscuridade.

O The Cribs é um trio originário de Leeds, norte da Inglaterra. Fazem um rock simples e honesto, jorrando vigor juvenil para todos os lados. Você ouve a banda e logo percebe que são moleques tocando. Moleques inspirados, diga-se de passagem. Isso é tudo que uma banda de rock deve soar. Simples e inspirada.

O primeiro disco, entitulado apenas ‘The Cribs', de 2004, teve uma gravação simplória e, somando ao fato da mídia nacional estar mais interessada em lixos como Kasabian e The Others, não deu em nada. Quer dizer, deu sim, pra mim e para os poucos que ouviram. Foi um dos melhores discos de rock lançados em 2004. Mas, como disse, pouca gente soube deles.

Agora dia 30 de maio será lançado o segundo álbum, com o nome de ‘The New Fellas'. Ouvi duas músicas e, desculpem a empolgação, são as melhores que fizeram até agora. Produzido por Edwin Collins, o disco promete fazer do The Cribs a nova sensação do rock aqui na Inglaterra. Finalmente a mídia nacional está dando ouvidos para a banda. A revista rock'n'roll Artrocker deu matéria de capa para eles, e não economizou nos elogios. Disse que estão mais do que predestinados para o sucesso.

O single ‘Hey Scenesters' é um rock firme e ganchudo, que te pega pelo pescoço e não te deixa escapar. Que refrão, Deus. Que refrão. Minha vontade é ficar batendo minha cabeça na parede quando ouço essa música. ‘The Wrong Way To Be', começa com um clima não muito promissor, mas depois se transforma em algo lindo e pegajoso e que se não te contagiar, é porque você já está morto.

Talvez eu e os críticos que apostam no sucesso do The Cribs estejamos enganados. Podem novamente não dar em nada. Mas o que interessa aqui é: famosos ou não, o The Cribs não vai deixar de ser o que é, ou seja, uma ótima banda de rock. E assim que deveriam ser todas elas.

The Cribs toca em Londres no dia 9 de junho no The Garage. Compre ingressos aqui: www.meanfiddler.com

www.thecribs.com/

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>>> BABYSHAMBLES ESTÁ PERTO DE COMPLETAR O DEBUT ÁLBUM

Pois é, parece que as coisas se acalmaram para o lado do crazy-boy Pete Doherty. Os Babyshambles iniciaram as gravacões do tão aguardado disco de estréia no mês passado no País de Gales e a banda já está próxima de terminar o trabalho.

Segundo a banda disse à NME, o disco será clássico. O baterista Adam Ficek contou que ‘o som é simples, honesto e sincero, e que o jeito que o produtor ex-Clash Mick Jones trabalha espelha isso. Não há overdubs e edições. É simplesmente o som de uma banda tocando num quarto fechado, cru e direto'.

O grupo gravou 30 músicas e daí vão escolher as que realmente entrarão no disco e as que serão b-sides. A rotina no estúdio era mais ou menos de oito horas de trabalho por dia, com uma dieta de The Kinks, Sex Pistols e ‘old jazz and ska' tocando ao fundo.

A favorita ‘Fuck Forever' será o próximo single, que provavelmente estará nas lojas em julho. O álbum deve ser lançado logo depois, mas ainda não há uma data definida.

O batera ainda afirmou que, ao contrário do que os tabloides disseram, a atmosfera nas gravações está super friendly e positiva, sem nenhum tensão e todos trabalhando juntos e curtindo.

A banda está muito confiante no disco e acha que os fãs dos Babyshambles ficarão felizes com o resultado. A pressão para esse disco está nas alturas mas mesmo assim acham que vão calar qualquer dúvida a cerca do álbum. Eu acredito.

A foto lá em cima é da banda no estúdio no País de Gales.

Junto com The Tears e The Magic Numbers, provavelmente esse será um dos discos do ano.

Mais notícias sobre os ‘Shambles em breve aqui nesse espaço.

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>>>ENGINEERS
Ao vivo no ICA, Londres, 14/05

Tenho uma história engraçada sobre o Engineers. Uma amiga minha conhece o vocalista Simon e um belo dia estava afim de ficar com ele. Pretendia levá-lo para sair e não sabia onde. Queria algo fora da cena rock.

Aí ela me ligou e falei que discotecaria numa festa de música brasileira, samba-rock e afins. Ela não pensou duas vezes, chamou-o para ir à tal festa. O cara respondeu, num tom sério, ‘beleza, mas não vou me fantasiar, ok?'. Hehe… Pra você sentir quão distante ele está da nossa cultura. Achar que tem que ir fantasiado numa festa de samba-rock. Bem, de fato ele é de uma cultura totalmente diferente. Apesar de serem de Manchester, os Engineers não têm swing nem batidas dançantes. Manchester, famosa pelo agito, ainda sim é cinzenta e chuvosa. Fazem um som dreamy, devagar e etéreo. Bem distante do samba.

O ICA não estava cheio. Apesar de sempre serem tocados na rádio Xfm, os Engineers não são tão conhecidos assim. A banda de abertura é um tal de Babel, que nunca tinha ouvido falar. Com uma sonoridade folk-rock-folclórico, eles não desapontaram. Juntos, os dois violões, cello e violino, davam às canções uma certa riqueza musical. O show é curto. Meia hora.

Após um rápido intervalo, os Engineers ocupam o palco. Logo começam a derramar o som dreamy e melancólico. Há pouca luz. A banda, que recentemente lançou um ep e um debute álbum, foi incluída no movimento Nu-Gazer, composto por bandas que resgatam a sonoridade shoegazer do comecinho dos anos 90. Eu nunca achei que os Engineers tinham muito a ver com shoegazer, pelo menos em disco. Mas ao vivo eles são diferentes.

Enquanto no álbum a roupagem eletrônica está tão destacada quanto as guitarras, soando como um elo entre Air, Pink Floyd e Slowdive, ao vivo, são as guitarras altas e barulhentas que mandam. Muito mais orgânico do que em estúdio. O que é ótimo. Para provar isso que estou falando, era só dar uma olhada na coleção de pedais que dispunham no palco. Mal podiam andar.

São formados por cinco músicos. Baterista, baixista, tecladista e dois guitarristas. Simon, o da história lá em cima, toca guitarra e canta. Seus vocais tristes são propositalmente tão baixos que mal o escutávamos durante as canções. A muralha de guitarras emcobria quase tudo, o que é característico numa banda shoegazer. Outro ponto marcante em bandas shoegazer é o volume do som, absurdamente alto. Os Engineers sabiam disso e colocoram o volume no talo. Dava a impressão que meus ouvidos iam apitar incansavelmente por duas semanas depois disso.

As músicas dos Engineers são, como disse, brilhantemente melancólicas e delicadas. Típicas para um dia chuvoso. O debute álbum, chamado apenas ‘Engineers', foi tocado praticamente por inteiro. O público presente estava super satisfeito, aplaudindo firmemente em cada intervalo. O show não se estendeu por muito tempo e não teve bis. Era sábado à noite mas ao invés de sair dali e ir para uma balada qualquer, fui para casa anteceder meu domingo e ouvir Engineers.

www.engineersweb.net/

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>>>Duas semanas atrás publiquei aqui uma lista com as baladas semanais mais legais de Londres. Dessa vez faço uma lista com algumas festas que são mais esporádicas, basicamente uma vez por mês, mas tão divertidas quanto as semanais. Ainda publico alguns flyers das festas. Confira.

ROCK'N'ROLL SOUL
A famosa Rock'n'Roll Soul acontece uma vez por mês no The Albany. A discotecagem é excelente, misturando com classe rock'n'roll e soul music. Algumas celebridades do rock já passaram por lá, como é o caso de Arthur Lee, do Love, Noel Gallagher, os caras do Soledad Brothers, Jet, Kings Of Leon e Warlocks. Realmente vale uma conferida.
http://members.lycos.co.uk/rockandrollsoul/

SONIC CATHEDRAL
Quem gosta de venerar os deuses shoegazers, esse é o lugar ideal. A discotecagem é só shoegazer. Nada mais. Muita fumaça, quase nenhuma luz, som no talo e uma parede de guitarras ensurdecedoras. Essa é a única Cathedral no mundo onde você pode cultuar os deuses shoegazers. Acontece uma vez a cada dois meses, acho.
http://soniccathedral.proboards31.com/index.cgi

STAY BEAUTIFUL
Tradicional clube organizado pelo lendário jornalista Simon Price. A discotecagem é pura diversão. Simon Price gosta de tudo que espalhafatoso, exagerado e que tem glitter, então a discotecagem é isso: glam, sleazy rock, 80's decadence e afins. Dançar na pista do Stay Beautiful é tão bom, que faz até uma banda como Do Me Bad Things soar legal. Tudo nessa festa é ‘over the top'. Os seres mais glam da face da terra estão aqui.
www.staybeautifulclub.co.uk/

HOW DOES IT FEEL TO BE LOVED
Comandada por Ian Watson, não existe festa mais fofa que essa. Se existe um clube onde nunca vai dar brigas e coisas do gênero, é esse. Por que?? Bom, eles tem uma política para a discotecagem. Veja:

No punk
No rock
No metal
No garage rock
No grunge
No britpop
No american college rock/indie rock
No contemporary haircut indie
No dance music
No hip hop
No shoegazing

O que se traduz para:

Indie pop
Tamla motown
Northern soul
French pop
Girl groups
Sixties heartbreak

Entendeu? O discotecagem mais fofa do mundo, com as pessoas mais fofas do mundo. Como não achei flyer da festa on-line, a foto aí em cima é da Tammi Terrell, diva soul adorada pelos organizadores da festa. Sempre rola djs convidados de preza. Já passaram por lá Everett True, Norman Blake, Dan Treacy, Amelia Fletcher, Stuart Murdoch e muitos outros. Acontece duas vezes por mês.
www.howdoesitfeel.co.uk/

CRIMES AGAINST POP
Essa festa é agitada pelo coletivo Strange Fruit. A discotecagem é mais eclética, tocando de tudo um pouco. Veja o manifesto que eles escreveram: ‘The only thing we ask is that you leave your musical prejudices at the door. Music is valid in all its forms and musical genres link together in ways you cannot imagine. Indie, pop, blues, folk, anti-folk, country, r'n'b and so on: all have their qualities. By keeping an open mind you can discover music that you never expected makes your heart soar'. Rola uma vez por mês e os djs variam.
www.strange-fruit.co.uk/pop/

CLUB BOHEMIA
O Club Bohemia é organizado pelo pessoal do site Glamourama e é semelhante ao clube Stay Beautiful, com excessão é que são mais underground. Artistas obscuros de cabaret e leituras de obras do Oscar Wilde sempre estão presentes. Segundo os próprios organizadores, o que eles tocam variam de avant-garde glam, rock and cabaret decadence. O público é uma ‘montação' só.
www.glam-ou-rama.co.uk


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>>>MEMBROS DO SUEDE SE ESPALHAM EM VARIADOS GRUPOS

Pois é, com o final do Suede cada integrante da banda foi tomar seu caminho. Todos continuaram a ser músicos. Quer dizer, todos menos o guitarrista Richard Oakes.

Brett Anderson formou o The Tears com Bernard Butler. Matt Osman toca numa banda chamada Mista Brown, aqui de Londres. Simon Gilbert se mudou para a Tailândia e formou uma banda por lá com o nome Futon. E Neil Codling foca com a cantora Pearl. Só o Richard que não faz nada relacionado com música, pelo menos por enquanto. O que será que ele está fazendo?

www.suede.net

www.thetears.org/


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BURN IT: guia de faixa espertas para fazer download

CUT COPY “Saturdays”: Se você gosta de um electro-disco sexy e swingado, essa é a pedida certa. O Cut Copy são australianos e ‘Saturdays' é do primeiro álbum deles, primeiramente lançado em 2004 na Austrália, mas somente agora está tendo a edição britânica. Remete-nos a Tiga, New Order e Pet Shop Boys.

EELS “Hey Man (Now You're Really Living)”: Esse é o primeiro single a ser tirado do último álbum do Eels. Uma jóia up-beat, com refrão lindo, cheio de lalala's. Ainda tem o saxofone no meio, adicionando ainda mais charme. Uma beleza de música. Muito bacana.

HOT HOT HEAT “Goodnight Goodnight”: O Hot Hot Heat está de volta e esse é o primero single do novo álbum. A energia está a mesma, um pouquinho só menos inspirado que o primeiro disco, mas ainda sim muito bacana. Uma das melhores bandas new-wave da atualidade.

BOY KILL BOY “Suzie”: Mais uma aposta do tradicional selo de North London Fierce Panda. O Boy Kill Boy é uma nova banda de Londres e a música “Suzie” é um rock-pop de primeira, melódico, soando como The Jam, um pouquinho mais pop. Ótimo. Esse é o primeiro single da banda. Estão em turnê com a NME em maio aqui na Inglaterra.

HELEN LOVE “Debbie Loves Joey”: O Helen Love volta em 2005 com o ep “The Bubblegum Killers”, com quarto faixas matadoras. “Debbie Loves Joey” é a melhor, puro joyful-bubblegum-killer-pop. Um chiclete pop, que você não consegue parar de mastigar. O ep só foi lançado em 7” vinyl cor-de-rosa. Fofo.

THE FEATURES “Situation Gone Bad”: Os americanos The Features lançaram um dos discos de rock mais legal do ano, chamado “Exhibit A”. Quatorze torpedos de preza. Uma fusão bacana de 70's rock, Undertones e Weezer. A faixa número dez do cd é “Situation Gone Bad”, um primor de rock, com apelo pop e bem melódico. Gosto muito dessa banda. Ainda falarei mais deles por aqui.

THE PIPETTES “It Hurts To See You Dance So Well”: Wow. As Pipettes mais uma vez aqui na coluna. Já disse e repito: essa banda é a salvação do pop. 60's girl-group feito em 2005. Sensibilidade pop, carisma e humor até não poder mais. Essa música, de apenas um minuto, é a prova. Meu irmão, uma das pessoas que melhor escreve sobre música que eu conheço, não consegue escrever nada sobre as Pipettes. Ele me falou, com lágrimas nos olhos, após um show delas: ‘Fico sem palavras com essa banda'. Pois é. Pipettes é tudo que você precisa em 2005.

MYLO “In My Arms”: Single tirado do álbum matador do Mylo ‘Destroy Rock'n'Roll'. Tem samples da Kim Carnes e é um clássico pop instantâneo. Quem não gosta de Mylo, boa pessoa não é. A capa desse single é uma das mais bonitas do ano.




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Saturday, May 14, 2005

 

coluna 12 de maio

Pára tudo. The Magic Numbers e The Pipettes são a celebração do novo pop.

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>>> Da semana passada pra essa, a Inglaterra se rendeu aos The Magic Numbers. O escritor pop Nick Hornby escreveu na revista Time Out que é a banda predileta dele. O encarte Metro Plus, do jornal Evening Standard, disse que é a melhor banda do ano. A revista Uncut deu uma página inteira para eles, dizendo que são os novos The Mamas e The Papas. A NME declarou que são o melhor grupo para curtir no verão. Noel Gallagher, Sean Rowley, Chemical Brothers, críticos de música, eu. A lista de fãs não é pequena. Não lançaram sequer um single com distribuição decente e mesmo assim vão tocar no The Forum essa semana, em Londres, com capacidade para 2.500 pessoas. De fato, a banda merece tudo isso.

O The Magic Numbers é um quarteto. Duas duplas de irmãos. Romeo e Michele Stodart e Sean e Angela Gannon. São da zona oeste de Londres. Eles tocam fundo na sua alma . Fazem um som suave, puro e honesto, recheado de melodias ricas. A guitarra delicada, os refrões sublimes, a voz do vocalista Romeo e as harmonias das meninas Michele e Angela espelham isso. O álbum promete ser um dos melhores disco do ano. O single ‘Forever Lost', em alta rotação nas rádios indies daqui e também na MTV, é um clássico absoluto da música pop. Nos remetem a uma porção de bandas. Neil Young, Big Star, The Mamas e The Papas, Dusty Springfield, The Flaming Lips, Nick Drake, Prefab Sprout. Tudo isso e mais um pouco. A música ‘Which Way To Happy', disponível no cd da Uncut desse mês, faz você perder a respiração a cada subida e descida no tom da voz do vocalista Romeo. Tudo é mágico nos The

Magic Numbers. Uma banda que veio pra habitar no seu coração.

O disco de estréia, entitulado apenas ‘The Magic Numbers', será lançado dia 13 de Junho, com o single ‘Forever Lost' vindo antes, dia 23 de maio. Estão atualmente em turnê com as The Pipettes. Confira as datas e compre ingressos aqui: www.gigsandtours.com . Não perca-os ao vivo. Você ainda vai ouvir falar muito mais dessa banda. O ano de 2005 é deles.


Veja fotos do The Magic Numbers aqui:

http://www.flickr.com/photos/kenandpauline/sets/138860/

Site oficial:

www.themagicnumbers.net




>>> Na última semana vi dois shows da Pipettes aqui em Londres e o que eu já havia dito sobre elas ficou mais claro. Ninguém bate as Pipettes no quesito melodia, bom humor e apelo pop. Elas estão melhores do que nunca, como se isso ainda fosse possível. Quatro rapazes e três garotas em perfeita sintonia. As músicas novas estão com uma pegada soul ainda mais forte, up-beat, mas ainda sim com colheradas na medida certa de indie-pop e girl-groups. É tudo feito sob a receita precisa para criar o pop perfeito. É fusão exata em Kenickie e Shangri-Las.

Finalmente recebi o single “School Uniform”, lançado somente em vinil 7”, e é impossível parar de ouvir. Apenas dois minutos de exuberância pop. O b-side “It Hurts To See You Dance So Well” tem um minuto e arrepia de tão bom que é. Uma das melhores canções de um minuto de todos os tempos. Corre pra ouvir essas duas músicas. Já.

Essa banda tem que fazer sucesso. Parece piada, mas, com exceção da ótima revista Plan B e um ou outro site, nunca vi nada das Pipettes na mídia. Incrível. Essa é uma das bandas mais predestinadas para o sucesso, mas mesmo assim são completamente ignoradas. Vergonha. Mas no meu mundinho, The Pipettes é a banda que brilha.



Confira fotos da banda aqui:

http://www.flickr.com/photos/kenandpauline/sets/314969/

http://www.flickr.com/photos/kenandpauline/sets/297310/

Site oficial: www.thepipettes.co.uk


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A FRANJA DE ALEX KAPRANOS

Olha só que fantástico. Segundo a NME, os fãs do Franz Ferdinand estão fazendo uma espécie de abaixo assinado on-line em prol da volta da franja de Alex Kapranos, líder do Franz Ferdinand. Alex cortou sua famosa franja no começo desse ano e chocou muita gente com seu novo corte de cabelo, curtinho, ‘batidinho' e nada indie.

Até o momento, já são mais de 200 assinaturas exigindo que o líder deixe sua franja crescer e voltar a ter o corte de cabelo cool que marcou o ano de 2004.

Um aviso dos ‘The Undersigned' no site www.petitiononline.com/fringe/petition.html diz o seguinte: “Se você conhece a banda escocesa Franz Ferdinand, você deve conhecer a franja do vocalista. A franja de Alex Kapranos simbolizou muitas coisas legais para seus fãs – liberdade, beleza, autenticidade, justiça – e ele também penteava a franja atrativamente acima dos seus olhos para poder enxergar. Nós gostamos disso”.

“Entretanto, percebemos que a muito querida franja de Mr. Kapranos foi cruelmente cortada, sendo trocada por um corte de cabelo simplezinho que possibilita ele de enxergar mais fácil. Ficamos tristes, chocados, frustrados. Decidimos que era então necessário criar esse abaixo assinado, pedindo para Kapranos deixar gentilmente sua franja crescer novamente, e assim aquela beleza, liberdade, autenticidade, justiça e aquele balanço da franja voltar a brilhar”.

Alex Kapranos postou uma resposta no site da banda, www.franzferdinand.co.uk, que dizia o seguinte: “Caralho, há um abaixo assinado pedindo para minha franja crescer… errr… tá chegando lá.”

Simplesmente fantástica a atitude dos fãs do Franz Ferdinand. Vou sugerir no forum do The Tears que façam o mesmo com Brett Anderson, hehe.

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BURN IT: músicas essenciais para você fazer o download agora mesmo.

THE CORAL “In The Morning”:
Levante seu copo faca um brinde ao The Coral, banda de Liverpol , UK . Quatro anos de banda, quarto álbums lançados. Isso é o que chamo de uma banda prolífera. ‘In The Morning' é o primeiro single do novo álbum e é viciante. Música pop como deve ser: simples e ganchuda. O The Coral é uma banda que veio pra ficar.

AMBERSHADES “My Darling”: Como é bom ouvir uma boa e simples melodia. Como é bom ouvir ‘My Darling' dos Ambershades. Esse é o segundo single deles e é perfeita para curtir o verão sentado num parque com uma pint na mão. Power-sweet-pop. Summer is coming!!!

DOVES “Snowden”: Eis o Doves aí com mais uma canção pop perfeita. Segundo single tirado do álbum ‘Some Cities', álbum este que atingiu o topo das paradas na semana de lançamento. Repito: uma canção pop perfeita.

THE STANDS “Do It Like You Like”: O combo The Stands, de Liverpool , UK , volta a ativa com esse novo single, que é simplesmente uma gema sixtie-summer-pop a lá Beatles. O novo álbum deles, o segundo da carreira, deve sair muito em breve e foi gravado em Los Angeles .

JENS LEKMAN “You Are The Light (By Which I Travel Into This And That)”: O Jens Lekman é um cantor-compositor sueco e em 2004 ele lançou um dos melhores cds do ano, com suas melodies tristes e melancólicas, chamado ‘When I Said I Wanted To Be Your Dog'. A faixa “You Are…” é uma das poucas up-beat no cd e é um clássico pop de derramar lágrimas…

THE ROGERS SISTERS “Calculator”: Essa é a banda do momento no underground de Londres. São de NYC e lançaram um disco bem legal ano passado, chamado ‘Three Fingers' (resenhado aqui nas colunas anteriores). O cd só foi lançado agora aqui na Inglaterra. Porém, essa música que recomendo é do disco anterior e ótima para dançar. O som é uma coisa meio new-wave, pop, punk. Lembra Devo e B-52's.

TEENAGE FANCLUB “Slow Fade”: Os pais do pop perfeito estão de volta com novo disco, lançado essa semana aqui na Inglaterra. Ainda não ouvi inteiro, mas essa faixa tá no cd da revista Uncut desse mês e é uma jóia. Apenas um minuto e cinquenta segundos de puro primor pop. O Teenage Fanclub nunca dá bola fora.

JOY ZIPPER “You're So Good”: Esse duo já lançou uns álbuns e eps e essa faixa é o novo single deles, e foi eleita a música da semana no programa da Lauren Laverne na Xfm. Delícia pop.

GORILLAZ “Feel Good Inc”: HAHAHAHAHAHAHA… Esse música começa com uma gargalhada e seu humor continua a deslizar pelo restante da faixa. Eu gosto de Gorillaz. De boa. Gorillaz is good. Life is good. Esse é o primeiro single do novo LP. HAHAHAHAHAHAHAH.

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Semana hardcore aqui. Muito trabalho. Muita correria. Pouco dinheiro. Pouco tempo pra escrever coluna. Alguns shows. People, tenho virado noites pra atualizar esse espaço, portanto, se você pegar algum erro de digitação, é porque não tomei café o suficiente na madruga….


Colunas anteriores
http://bestmusic2004.blogspot.com/



SEE YOU. HOPEFULLY.

Sunday, May 08, 2005

 

coluna 04 de maio

2005 tem sido um bom ano para a música. Na verdade, todo ano é um bom ano para a música. Mas só pra quem é esperto. Só pra quem tá ligado. Se ficar limitado aos meios de comunicação mainstream, vai achar que o ano tá fraco. Por isso sempre digo: vasculhe a internet, compre fanzines, leia revistas, ouça rádio e vá a shows. Música boa é o que não falta por aí.

Na coluna dessa semana, faço um guia básico de festas indie aqui em Londres. E ainda tem as ótimas músicas que estão em alta no meu iPOD, lá no final. Se liga. E ainda tem mais. Leia e vá atrás dos bons sons. C'you!

E não esqueça de visitar as colunas anteriores, se você perdeu alguma. O endereço tá lá embaixo.

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::: SUPER FURRY ANIMALS NO BRASIL


Segundo a NME dessa semana, a conhecida banda do País de Gales Super Furry Animals acabou de finalizar o sétimo álbum de estúdio, que os levou a percorrer o mundo para gravar.

O disco, considerado ‘épico', foi gravado no Rio de Janeiro , Barcelona e em Cardiff , capital do País de Gales. Produzido pelo brasileiro Mario Caldado (que também já colaborou com os Beastie Boys), o álbum será lançado em agosto desse ano com o nome de ‘Love Kraft'.

O vocalista da banda Gruff Rhys falou que esse trabalho é épico e super orquestrado, mas que ainda sim soa como uma banda junta tocando num quarto. Disse ainda que a banda fez um pacto para não ter influência nenhuma de música brasileira, apesar do disco ter sido gravado no Rio . Segundo Rhys, “não existe nada pior e clichê que uma banda ir para um outro país gravar um disco e incluir no trabalho beats daquele país. Encontramos uma mesa de gravação velha no Rio que nos deu um som mais intimista, sampleamos o som de alguns insetos brasileiros, mas realmente nesse trabalho não há samba. Esse é o disco menos comercial que já fizemos, é bastante atmosférico”.

Ainda não se sabe qual será a primeira música de trabalho, mas o vocalista disse que está entre três faixas: “há um cosmic funk chamado ‘Laser Beam', uma ótima balada chamada ‘Frequency' e ainda há a faixa ‘Psyclone', que é sobre uma galinha atravessando a rua e sendo atingida por um meteoro”.

Rhys acrescentou que após seu disco solo lançado no começo desse ano, é ótimo voltar a trabalhar com os Furries: “estou pensando seriamente em ser o único artista solo a ‘me separar' (!!!), talvez faça shows ao vivo na internet”, declarou. “É legal lançar um disco sob seu nome, mas também quando estamos juntos é mais divertido. Estamos tocando juntos há dez anos e estamos gradualmente tendo forças telepáticas”.

Confira aqui em breve mais detalhes sobre o novo disco dos Super Furry Animals.

www.superfurry.com

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::: THE MAGIC NUMBERS COMPLETA DISCO CLÁSSICO


O quarteto do oeste de Londres The Magic Numbers acabou de gravar o álbum de estréia e a própria banda julgou o álbum como ‘clássico'.

Segundo o semanário inglês NME, a banda, que irá lançar o homônimo lp em junho pelo selo Heavenly Recordings, irá antecipar o lançamnto com um single no dia 23 maio, chamado ‘Forever Lost'. “É um disco honesto e soulful”, disse o vocalista Romeo Stodart a NME. “Sinto como se tivéssemos realmente feito um disco de estréia clássico, estou muito feliz com isso. Há diferentes variações de atmosfera refletida no disco. Muitas canções falam de amor, de perda, e encontrar esperança no decorrer disso. Nós quatro da banda somos bem amigos e íntimos e as músicas espelham isso”.

E embora tenho terminado as gravações apenas alguns dias atrás, Stodart já pensa no segundo álbum, que ele espera lançar dentro de um ano. “Temos muitas canções novas e seria legal entrar num estúdio para gravá-las. Algumas dessas faixas são mais loucas porém ainda com bastante harmonia”.

O tracklist do disco será:

‘Mornings Eleven'
‘Forever Lost'
‘The Mule'
‘Long Legs'
‘Love Me Like You'
‘Which Way To Happy'
‘I See You, You See Me'
‘This Love'
‘Wheels On Fire'
‘Love Is A Game'
‘Try'

A faixa ‘Hymn For Her', lançada ano passado como limitado single 7”, fará parte do disco como faixa escondida.

A banda fará uma turnê em maio pela Inglaterra, com a data de Londres marcada para o dia 12, no The Forum. Para comprar ingressos, visite www.gigsandtours.com

Vi uma apresentação ao vivo da banda, em fevereiro, e atesto que eles realmente são muito bons, com uma sonoridade power-pop-folkie que chega perto da perfeição. Altamente recomendado.

Visite o site da banda: www.themagicnumbers.net

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::: THE PIPETTES É UM FEMÔMENO NO UNDERGROUND


O combo inglês The Pipettes, oriundo da cidade de Brighton , já comentado aqui na coluna, é um verdadeiro furacão na cena underground de Londres e também de toda Inglaterra. A banda vem se apresentando regularmente em bares e pubs aqui de UK e vem ganhando cada vez mais fãs. Os shows estão sempre lotados.

Até o momento só lançaram um single limitadíssimo em vinil 7'', para a música ‘School Uniform' e antes mesmo do lançamento, o single já estava esgotado. A gravadora Unpopular Records ( www.unpopular-records.com/ ) colocou a disposição como pré-order no site on-line e antes mesmo do single vim pronto da fábrica, as 500 cópias já tinham sido encomendadas. Nenhuma loja de discos recebeu o single e nem a própria banda teve a oportunidade de vendê-lo nos shows. Vendeu igual água no deserto.

Vale dizer que os The Pipettes, com sua brilhante mistura de garage-pop-rock e girl-groups, nunca foi tocada no rádio e nem recebeu nota em nenhuma revista de música importante. É um fenômeno underground e acho muito difícil eles atingirem sucesso mainstream, apesar do apelo pop que eles têm. Os The Pipettes são compostos por uma banda de apoio com quatro garotos (conhecidos como The Cassets) e três garotas lindíssimas de vestidos de bolinha como vocalistas. Seus shows são pura energia e diversão, e as músicas são realmente contagiantes, pop e sweety. Eles abrirão os shows do The Magic Numbers, aí em cima, no mês de maio aqui na Inglaterra.

Veja fotos de shows recentes dos The Pipettes:
http://www.flickr.com/photos/unpopular/tags/pipettes/

Veja o site official deles:
www.thepipettes.co.uk/


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THE TEARS NA XFM


A rádio rock de Londres Xfm fez uma session com The Tears na semana passada. Brett Anderson e Bernard Butler falaram da relação dos dois atualmente, de como é excitante tocar ao vivo, do disco ‘Here Come The Tears', do show que dariam na Rough Trade, entre outras coisas, e ainda tocaram três músicas: ‘Apollo 13', ‘Refugees' e ‘Autograph'.
Ouça aqui:

http://www.xfm.co.uk/article.asp?id=81681

Definitivamente, ‘Autograph' é até agora a melhor música pop de 2005.

O single ‘Refugees' ficou em nono lugar na parada de singles aqui na Inglaterra na semana de lançamento. Pelo menos entraram no top 10.

Semana passada marquei presença nos dois in-store shows que o The Tears deu aqui em Londres, um na Virgin Megastore da Oxford Street e outro na Rough Trade em Covent Garden . Os shows foram ótimos, como de costume, e super intimistas. No final, olha no que deu…

www.thetears.org


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GUIA DE FESTAS INDIE EM LONDRES


Bem, Londres como a capital mundial do rock obviamente tem uma cena indie gigante. Shows rolam todos os dias em praticamente todos os bairros e público é o que não falta. Mas a cidade também abriga uma boa quantidade de festas, que sempre estão lotadas e com diversão garantida. Já que alguns leitores da coluna pediram informações de lugares legais pra ir, resolvi fazer um guia básico com as melhores festas indies semanais de Londres. Confira:

Segundas

:::: TRASH @ The End
Devo confessar não sou lá muito fã da Trash. Muita gente bonita, cool e… esnobe. Mas tem lá quem gosta e descorda de mim. Sempre rola pequenos shows ao vivo e o som é indie, rock, eletrônico. Djs: Erol Alkan, Rory Philips & James. www.trashclub.co.uk/
The End: 16a West Central St, WC1A 1JJ . Metrô: Tottenham Court Rd.


Terças

:::: WHITE HEAT @ Madame Jo Jo's
Essa festa é ótima, super descontraída, com atmosfera bacana. A discotecagem é uma das melhores, tocando novidades e clássicos na medida certa. Os djs são Matty e Olly. Também sempre rolam pequenos shows. Os brasileiros do Wry tocarão por lá no dia 10 de maio. www.whiteheatmayfair.com
Madame Jo Jo's: 8-10 Brewer Street . Metrô: Picadilly Circus

Quartas

:::: THE GOONITE CLUB @ Buffalo Bar
Esse club é comandado pela galera do Wry e é muito legal. O Buffalo Bar é um lugar intimista, com poucas mesas e sofás e uma pequena pista de dança. Ainda, sempre têm shows ao vivo. A discotecagem é indie, velharias e novidades.
Buffalo Bar: 259 Upper Street . Metrô: Highbury & Islington

:::: DEATH DISCO @ Notting Hill Arts Club
Festa famosa organizada pelo famoso Alan McGee, fundador da Creation Records. Ele é um dos djs, tocando só obscuridades do rock. Também sempre rola bandas ao vivo.
Notting Hill Arts Club: 21 Notting Hill Gate W11. Metrô: Notting Hill


Quintas

:::: THE BUNKER @ Metro Club
Se você é chegado num som angular, essa festa é pra você. Os preferidos da casa são bandas como Gang Of Four, Bloc Party, Futureheads e afins. A discotecagem, comandada pelo dj Paul Tunkin, fica em post-punk, maximum rock'n'roll, new wave e por aí vai. Recomendo.
Metro Club: 19-23 Oxford Street . Metrô: Tottenham Court Rd.


Sextas

:::: QUEENS OF NOISE @ The Barfly
A dupla indie-celebrity de Londres, Mairead e Tabitha, são as Queens Of Noise e o clube delas de sexta é o maior hype em Camden Town. Sempre lotado. Shows ao vivo rolam uma vez ou outra. Essa festa é a cara de Londres.
The Barfly: 49 Chalk Farm Road. Metrô: Camden Town

Sábados

:::: FROG. @ Mean Fiddler
Com certeza a maior festa indie de Londres. Todos os sábados mais de mil pessoas se espremem no Mean Fiddler, centro de Londres, para dançar as mais novas da cena indie. O mais legal são os shows, sempre com bandas legais. Obrigação conhecer.
Mean Fiddler: 165 Charing Cross Road . Metrô: Tottenham Court Rd.

:::: AFTER SKOOOL KLUB @ The Quad
Essa é minha balada preferida em Londres. Simplesmente a melhor vibe, a melhor discotecagem, a melhor estrutura. Não há bandas ao vivo. Só som dos djs Olly, Glyn, Jamie e Max. A melhor festa de Londres, na minha opinião.
The Quad: Houghton Street WC2A 2AD. Metrô: Holborn.

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DRUZZI'S BALTIMORE WAREHOUSE PARTY
30/04, num squat em East London


Uma squat party é a coisa mais normal aqui em Londres. Mas uma com Jarvis Jocker como dj não é sempre que rola. E por isso decidi ir. Cheguei no lugar e descobri que tinha que comprar ticket em outro local, escondido dali, uns quarteirões à frente. Eita função. Fui ao esconderijo onde vendiam os tickets, um pub velho que tocava soul-music. Nada na cara. Depois voltei ao lugar e beleza, sem fila nem nada, tudo muito escuro e discreto, tava dentro. A festa era num galpão abandonado no bairro descolado de Shoreditch, East London . Essa área possui uma quantidade enorme de bares y pubs y clubs e é como se fosse os bairros boêmios da Vila Madalena em São Paulo ou Lapa no Rio. Uma atmosfera jovem, eu diria.

A música eletrônica dominava as duas pistas do lugar. Numa tocava um electro meio new-wave, meio torto, bastard-pop e afins. N'outra rolava um electro de jeitão house, up-beat e moderno. Não vi nem palco, nem banda ao vivo, o que eu diria é que foi uma puta de uma PROPAGANDA ENGANOSA, pois ao invés do que foi divulgado, além de vários djs que tocariam, as bandas Campag Velocet e Park Attack se apresentariam ao vivo. Mas elas não estavam lá. Ok.

O rei da festa, Jarvis Cocker, se mantinha no meio da multidão, ora no bar ora no sofá junto a sua esposa. Magricelo, cabeludo, devagar e com seus óculos de marca registrada, definitivamente esse cara é um figurão. Mas quem esperava ver o Jarvis autor das lindas e eternas canções do Pulp se deu mal, pois ele estava mais para o Darren Spooner, sua persona para seu projeto electro Relaxed Muscle. Mas pelo menos não estava fantasiado de corvo-esqueleto.

No seu set ele só mandou electro esquisito, falando com um vocoder no meio dos beats, fazendo barulhos com um tecladinho e mandando caretas para a galera. Figura. Na outra pista, rolava um electro nervoso, pesado e ganchudo. O público, uma mistura entre freaks & estudantes, dançava e se divertia à beça. A todo momento dealers nos ofereciam ‘pills'. Não é porque hoje temos o Jarvis é que essa squat party vai deixar de ser squat party, certo? Ao final do set de Jarvis não tive mais paciência para os beats eletrônicos e fui para mais uma batalha com os night-buses de East London. Função.

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BURN IT: músicas espertas para o seu iPOD.

THEE UNSTRUNG ‘Psycho':
Segundo single do quarteto de Londres Thee Unstrung. Os integrantes da banda têm uma média de 19 anos e ‘Psycho' segue a mesma linha do primeiro single, pop-punk clássico, na linha dos Libertines. Essa banda vai dar o que falar. Pelo menos no meu pequeno mundinho indie. O álbum deve sair em breve.

MAXIMO PARK ‘Graffiti': Outra banda que vai estourar. O Maximo Park vem do nordeste da Inglaterra e bebem da mesma fonte dos Futureheads, punk angular e SMART. Esse é o segundo single deles. Keep an eye.

M.I.A. ‘Buchy Done Gun': Esse é o som dos imigrantes! Como já disse na semana passada, a mc M.I.A., de origens de Sri Lanka, é um furacão aqui em Londres e seu disco realmente é muito bacana, misturando ragga, hip-hop, electro, funk carioca, bhangra. Nessa faixa tem samples da Dayse Tigrona, produzido pelo rei do funk carioca DJ Marlboro. Bombástico.

MATES OF STATE ‘Goods (All In Your Heads)': Essa é a banda mais fofa do meu iPOD. Depois que os vi ao vivo (show resenhado aqui na coluna), não me canso de ouvir essa dupla americana. É fofo mas não é twee. Isso é o que eu chamo de boy-girl-cute-sweet-alternative-pop. Essa música espelha bem isso.

WEEZER ‘Beverly Hills': O Weezer está de volta! E esse é o primeiro single do novo álbum. A sonoridade? Weezer. Quero dizer, college-power-pop-rock de preza.

THE KILLERS ‘ Smile Like You Mean It': Apenas mais um hino do The Killers, o quarteto synth-rock de Las Vegas. Esse é o quarto single tirado do álbum ‘Hot Fuss' e foi lançado essa semana por aqui. Clássico. O disco ‘Hot Fuss' já vendeu mais de três milhões de cópias pelo mundo.

THE DEARS ‘ 22: The Death Of All The Romance': Terceiro single tirado do último álbum dos canadenses The Dears, lançado aqui na Inglaterra essa semana. Um charme de canção. Aqui, Murray Lightburn, o Morrissey negro, soa elegantíssimo e melancólico, nos presenteando com uma jóia pop.

TRESPASSERS WILLIAN ‘Vapour Trail': Essa banda é meio velha já, coisa anos 90. O som é meio etéreo, dreamy, delicado… Aqui eles revisitaram o clássico do Ride e fizeram uma versão lindíssima. Está na coletânea lançada essa semana pelo dj Erol Alkan. Coisa fina.

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SEMANA QUE VEM EU VOLTO!
www.oilondres.com.br

 

coluna 27 de abril

E da-lhe hype. Aqui em Londres só se fala em grime e funk carioca. Os dois estilos são sempre citados quando o assunto é M.I.A. ou Lady Sovereign, os atuais queridinhos da cena urban. Se queres saber o que é grime, acesse as edicões antigas da coluna. Quanto a funk carioca, ou ‘brazilian favela sound’, acho que você já deve saber o que é, né?

Meu irmão Gilberto me dá um help essa semana e comenta, com empolgacão, sobre o filme nine songs e uns shows que conferiu dias atras. Estar de férias em Londres é estar no paraíso.

Eu também dou uma geral nuns showzinhos que andei vendo por aqui. E lá embaixo tem as músicas espertas pra você fazer download. Só coisa boa, claro. Se liga!

Cheers!

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::: EXILE INSIDE
Ao vivo no Boston Arms, Londres, 16/04


Alguém aí lembra do My Life Story? Sim, aquele combo com mais de dez músicos, encabecado por Jake Shillingford, que nos anos 90 lancou três discos clássicos pop-orquestra. Então, a banda teve seu fim ainda nos anos 90, mas Jake continuou firme fazendo o que sabe fazer de melhor: cantar e compor lindas pop songs. E com a ajuda de mais três músicos, formou o Exile Inside. Estão na obscuridade atualmente, tocando
em lugares pequenos e lancando discos por gravadora própria. O show de hoje foi no Boston Arms, norte de Londres, que tem capacidade para 300 pessoas mas não estava nem metade cheio. O que aconteceu é que Jake substituiu a orquestra do My Life Story por um teclado. Sua banda de apoio passa-se desapercebida. Jake, loiríssimo, com sua voz mágica e marcante, é obviamente quem brilha. O som pop continua o mesmo, puro e bonito, e a apresentcão se dividiu em músicas do primeiro disco, ‘Exileinside’, e o lp que está por vir, chamado ‘Ei060’. Algumas cancões deixavam o vigor do My Life Story de lado, mas ainda sim eram boas. As baladas foram as melhores, todas com mais de seis minutos de duracão, brilhantemente épicas. Isso é música pop que você não vê por ai, no rádio, tv ou revistas. Ou seja, lindo pra caralho.

www.exileinside.co.uk/

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::: THE TEARS
Ao vivo no The Junction, Cambridge, UK, 18/04


The Tears em Cambridge. Exato. Por que eu sou fã apaixonado do The Tears (e Suede) e tenho que seguir a banda em turnê. Hoje a noite a cidade é Cambridge, a uma hora e meia de Londres. Moleza. Nesses shows pertinhos da capital inglesa, já reconheco algumas caras. Na real, a maioria do público de hoje vem de Londres, e são fanáticos pela banda como eu, a ponto, claro, de viajar pra vê-los ao vivo. O The Junction é
um lugar de entretenimento diversos, como o Sesc Pompéia em São Paulo. A banda de abertura é o The Departure, que não fez feio, mas também não fez bonito. Mais uma banda art-rock, com pegada guitar 80s. A música ‘Be Your Enemy’ é legalzinha. Fair
enough. Eu quero é The Tears, porra. E eles vêm logo, sem atraso. Delícia. Bernard Butler entra primeiro e corre para o piano. Brett Anderson atrás, caminhando
elegantemente devagar. Comecam com a balada ‘A Love As Strong As Death’, com Mr. Anderson soltando o vozeirão, sendo seguido pelo piano de Mr. Butler. Em seguida sobem o ritmo com o hit ‘The Lovers’. Essa faixa é puro Suede dos tempos gloriosos. Refrão inesquecível. Emendam com ‘Autograph’, na minha opinião a melhor música da banda. Uma guitarra rítmica marcante, que deliciosamente desliza pela música inteira, duelando com os altos e baixos no timbre da voz de Brett. Uma cancão que beira a perfeicão e não é a toa que será o segundo single. O show segue bem,
tipicamente The Tears, com Brett se requebrando e Bernard monstruosamente soltando riffs de sua guitarra. Teve uma hora que alguns da platéia atiraram flores para o palco. Um momento bastante Suede/Tears, digamos assim. Tocam praticamente todas as músicas do álbum, que será lancando em junho, e ainda uns b-sides. Destaques para ‘Two Creatures’, ‘Refugees’, ‘Apollo 13’ e o b-side ‘Southern Rain’, encontrado no single de Refugees. Uma ótima noite, um ótimo show. Após deixarem o palco, já fico querendo o próximo show. Vamo aê.

Veja fotos desse show aqui:
http://photobucket.com/albums/v683/El_Diablo666/TearsCambridge/

www.thetears.org

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::: MANIC STREET PREACHERS
Ao vivo no Hammersmith Apollo, Londres, 19/04


O Manic Street Preachers é uma das bandas que marcou minha adolescência e jamais me cansarei de vê-los ao vivo. Me sinto em posicão de privilégio com o fato de
tê-los visto em 2001 no palco principal do Reading Festival, eles tocando todos os hits e eu no meio de cem mil pessoas vibrando e sendo literalmente nocautado com moshs, pogos e crowd-surfing. Nesse dia, quando mandaram ‘Little Baby Nothing’, quase desmaiei de prazer. Realmente foi um dos shows da minha vida. Depois disso peguei-os ao vivo uma porcão de vezes e hoje a noite é somente mais uma vez. Mas ainda sim estou pra lá de excitado, afinal, os Manic Street Preachers jamais brincam com o rock. Jamais soam ruins, jamais são superficiais. Os shows dos Manics são como uma missa. Quem vai são fiéis da banda de longa data. Curtem a banda com todo o louvor.

Hoje a noite resolvi assistir o show sentado, na parte de cima. O Hammersmith Apollo é um lugar gigante, que comporta cinco mil pessoas. Ao meu lado, vovôs e vovós
indies assistem o show e comem pipoca. Okay, esse é o país onde o rock é a música de raíz. Não é todo mundo que pula em show de rock. O concerto foi previsivelmente maravilhoso, com a banda tocando com perfeicão, vigor e competência. Nick Wire pulava com seu baixo e suas plumas e James Dean Brafield socava sua guitarra com aquele estilão já conhecido. Deram enfoque ao disco ‘Holy Bible’, recentemente relancado por aqui em edicão de luxo. Confesso que em hinos como ‘Yes’, ‘Revol’ e
‘Ifwhiteamericatoldthetruthforonedayit'sworldwouldfallapart’ tive vontade de ir pra baixo e me acabar com a galera. Mas me contive e permaneci sentado, com minha cerveja
à mão. Mandaram vários hits, como ‘Design For Life’, ‘Motorcycle Emptness’, ‘You Stole The Sun From My Heart’ e ‘You Love Us’. O último álbum foi quase por completo ignorado, tocando apenas ‘1985’, Ainda tiveram tempo para uma predileta minha, a linda ‘Roses In The Hospital’. Muito auê e aplausos seguiam incansavelmente entre uma música e outra. Os Manics, galeses, não estavam em Cardiff, mas ainda sim estavam
em casa. O show longo, com umas vinte músicas, terminou com uma cover dos
Guns’n’Roses, a clássica ‘Paradise City’. A molecada lá embaixo saiu mais do que feliz, assim como os vovôs e vovós ao meu lado. Eu, bem… tava nas nuvens. Mais uma vez. Não seria quem eu sou sem os Manics e, repito, nunca me cansarei de ver shows e curtir a banda a banda ao vivo.

www.manics.co.uk/

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NINE SONGS
Por Gilberto Custódio


Um filme curto, apenas 69 minutos. Uma sugestiva duracão, digamos. Se você curte cinema, talvez fique meio decepcionado com Nine Songs. Agora, se teu esquema é sexo, drogas e rock`n`roll, esse filme com certeza vai agradar. As cenas de sexo sao bastante explícitas. Bastante mesmo, sem nenhum pudor. E podemos dizer que 50% do filme é isso: o casal que se conheceu no show do Black Rebel Motorcycle Club
fazendo sexo. O restante pode ser dividido em dialogos vazios (apesar de que uma parte vale destacar, quando a mulher reclama da roupa do cara dizendo que ele
parece um idiota e o cara responde brilhantemente de que a intencao dele era essa mesma – parecer um idiota), uso de drogas (o casal cheira cocaina por diversas vezes) e as apresentacões das bandas no Brixton Academy (que dá nome ao filme, a melhor apresentacão é sem dúvida a do Primal Scream, com a matadora ‘Movin On Up’). Resumindo, o filme retrata com perfeicão o que boa parte dos fãs de rock
alternativo de classe média fazem durante suas horas vagas. Nada mais que isso. No início dos ano 90 chamavam isso de Geracão X. Hoje em dia nem nome tem.

Veja cenas do filme aqui: www.9songs-lefilm.com/#


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ASUMEMENT PARKS ON FIRE
Ao vivo no Dublin Castle, Londres, 12/04
Por Gilberto Custódio


Club Fandango é um projeto de Simon Williams, dono da gravadora Fierce Panda, famosa por revelar bandas como Coldplay, Supergrass, Keane, Placebo entre muitas outras. Esse projeto acontece toda terca no Dublin Castle, um pub famoso em Camdem Town, zona norte de Londres. Famoso pois na época áurea do britpop, abrigou os primeiros shows do Blur, Elastica, Menswear etc. Hoje em dia está sempre cheio e diariamente
acontece de três a quatro shows de bandas iniciantes no local. Cada dia com um projeto comandado por um promoter diferente. Hoje a noite o Club Fandando ia
nos apresentar as seguintes bandas: Calvoon, Plymoth, Amusement Parks on Fire e Les Incompetents. Não conhecia nenhuma, mas um amigo me disse que diversas pessoas estavam elogiando o tal do Amusement Parks on Fire recentemente. Cercado por boas indicacoes, resolvi conferir tal projeto. E foi a melhor coisa que fiz!

Ao chegar no local fico sabendo que já havia perdido a primeira banda, Calvoon. Tudo bem. Plymoth comeca. Fazem um indie rock ordinário e bastante simples, nada de muito sensacional. Logo fico sabendo que um dos integrantes do Spacemen 3 estava no local. A expecativa para ver o Amusement Parks on Fire estava grande! E quando eles sobem no pequeno palco, vejo que os rapazes de Nottingham estão bonito na fita: o vocalista/guitarrista eh um loiro alto, parece um modelo. O restante da banda não fica atras. Quando o som comecou, fiquei até arrepiado: uma muralha de guitarras distorcidas me pegou de jeito, bastante melodia e um vocal melódico, porém potente. Na hora lembrei do Swervedriver. Depois pude perceber que remetem também o My Vitriol. Ou seja: shoegaze barulhento, melódico e com uma pegada forte e rápida.
O público vibrava com cada música. Não era pra menos, afinal o show foi pra lá de bom. Realmente, um dos melhores shows que vi em Londres. Se não o melhor.

www.amusementparksonfire.com/

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BURN IT: musicas espertas para o seu iPOD.

THE TEARS “Break Away”:
Esse eh um b-side do single Refugees e simplesmente eh uma das baladas mais lindas que Brett Anderson ja fez. Sublime. Soh eh encontrado
no formato 7”.

VHS OR BETA “You Got Me”: Ja comentei deles aqui. Sao americanos e fazem um som bem anos 80, um mix de Duran Duran com Rapture, com uma pitada de Daft Punk. Soulful & Groovy. Otimo.

THE CRIBS “Hey Scenesters!”: Incrivel como essa banda melhora cada vez mais e mais. Ano pasado eles lancaram um dos melhores discos de rock. Esse eh o primeiro single do novo album e eh um classico absoluto. Pop-Hooky-Punky. Uma das minhas bandas prediletas do momento.

WRY “Don’t Ever Call On My Name”: Os brasileiros radicados em Londres estao se aperfeicoando a cada single-demo. Essa musica nem foi lancada ainda, mas tive acesso e comprovei: linda. Tao no caminho certo.

M.I.A. “Pull Up The People”: A refugiada do Sri Lanka esta agitando Londres como nunca. Um furacao. Seu disco de estreia reune elementos ragga, hip-hop,
electro, funk carioca, bhangra e eh maravilhoso. Um dos discos do ano. Esse faixa eh a prova.

TEGAN AND SARA “I Know I Know I Know”: Como nao se apaixonar por duas irmas lesbicas e lindas e que compoem musicas com pura sensibilidade pop? Nao sei. A unica coisa que sei eh que elas lancaram um puta album bonito (o terceiro da carreira) chamado ‘So Jealous” e que eh obrigatorio para qualquer fa de musica pop. Sao do Canada e essa a musica “I Know I Know I Know” eh sensacional.

THE RAKES “Retreat”: Outra banda que sinto que melhora a cada single que lanca. Esse eh o ultimo, um torpedo angular dos bons. Vamos esperar o disco. Boto uma fe.

GIORGIO MORODER “Too Hot To Handle”: Giorgio Moroder, vulgo bigodudo, me salvou no ultimo sabado. A coluna de hoje eh dedicada a ele. Sua
70s-electronic-disco-music me tirou do sufoco quando o dono de um bar no bairro descolada de Angel no qual eu estava discotecando me falou o seguinte: ‘please, no
rock music, and we only provide vinyls, ok?’. Ai, meu amigo, soh deu o bigodudo. Acho que toquei umas dez musicas somente dele. E ninguem percebeu.

CLOR “Love And Pain”: Minha descoberta da semana. Uma banda que nos remete brilhantemente a Bis, XTC e Sparks nao pode ser ruim. Muito pelo contrario, eh
legal pacas. Recomendo.

HARD-FI “Tied Up Too Tight”: Segundo single dessa banda que eh uma das preferidas do dj Zane Lowe. Clash, dub, Dexys, rock. Cool. Very cool.

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EDICOES ANTERIORES DA COLUNA AQUI:
http://bestmusic2004.blogspot.com/

A COLUNA EH ATUALIZADA SEMANALMENTE NO SITE www.oilondres.com.br

MARCIO CUSTODIO

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