Thursday, June 30, 2005

 

coluna 23 de junho

Opa, como tá, firme firmão? Comigo tudo ok, obrigado.

Cerca de um mês atrás aqui na Inglaterra, o jornalista Simon Reynolds lançou “Rip It Up And Start Again: Postpunk 1978-1984'', um livro que conta a história do movimento pós-punk, que aconteceu aqui no Reino Unido no final dos anos 70 e começo dos 80.

Como parte da divulgação desse novo trabalho, Simon escreveu artigos sobre o assunto em algumas revistas daqui, e na coluna dessa semana resolvi traduzir um desses artigos pra você.

O excelente texto abaixo foi publicado na revista Time Out em abril e nos presenteia com algumas histórias legais daquela época, tanto sobre Londres como das variadas bandas underground do movimento, e nos faz ter idéia do que realmente foi uma cena musical 'do-it-yourself'. O artigo é um pouco extenso, mas vale muito a pena.

Agora, senta que lá vem a história.


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FESTEJE COMO SE FOSSE 1979
(Party Like It's 1979)
Time Out (abril 2005)

Tradução: Marcio Custodio
Revisão: Gilberto Custodio


Londres, final dos anos 70: o nascimento da era pós-punk, e a última vez que a capital foi criativamente viva e politicamente radical. É o que argumenta Simon Reynolds, que é nostálgico por uma era antes daquela onde o frio domínio Thatcherismo tomou conta, quando a boemia de Londres se embalava nos squats com Scritti Politti e The Raincoats, e cerveja Red Stripe, reggae e Rough Trade eram a tendência da cultura.

Se você quer ter um senso nítido de como era Londres no final dos ano 70, tente assistir ‘Rude Boy'. Filmado durante 1978-79, esse semi-documentário do The Clash oferece imagens legais das passeatas Rock Against Racism e demonstrações da National Front (movimento nacionalista inglês). Mas o que realmente chama atenção para o olho contemporâneo é quão horrível tudo parece. Com suas cores varridas, roupas surradas e faces pálidas, Londres assemelha-se com blocos suburbanos de uma cidade do leste europeu comparado com seu design coeso e estilosa metrópole dos dias de hoje.

Debaixo da superfície enfadonha, contudo, Londres do final dos anos 70 foi culturalmente vibrante em maneiras que faz a bonita e endinheirada capital de hoje parecer francamente empobrecida. Música rock, arte de vanguarda, teoria crítica e políticos militantes acasalavam-se uns aos outros para criar uma efervescência de criatividade e divergência. Embora a capital estivesse sentindo o gosto precoce do Thatcherismo - corte de gastos, ataques aos transportes públicos e condomínios de casas do governo - cortesia da liderança do Partido Conservador, que tomou conta do GLC em 1977 -, Londres ainda tinha uma porção de espaços para um estilo de vida alternativo. A cultura do squat prosperava-se durante o que foi de fato a última gloriosa explosão da contra-cultura.

1977 era supostamente pra ser o Ano Zero, no que se dizia respeito aos punks. Eles desdenhavam os hippies de dreadlocks ensebados, enrolando fumos nos discos de capa dobrada deles e se divertiam com solos simples de guitarras. Ainda sim para o ‘verdadeiro' punk rock, isso foi realmente uma mudança histórica, uma interrupção da contínua música e cultura progressiva que se estendia da psicodelia de 1967 ao avant-funk e dub industrial de 1979. Isso explica porque Ladbroke Grove e suas redondezas foram fundamentais durante o período post-punk. Antigo terreno do Pink Floyd e Hawkwind, lar para gravadoras progressivas que definiram épocas como Island e Virgin, Ladbroke Grove seguiu desretalhadamente da era das kaftans, tochas e casacos afegãos para os Doc Martens e tênis furados do post-punk.

Uma coisa compartilhada pelos hippies e o pessoal do pós-punk era a veneração branca britânica para o reggae como o ‘ultimate roots rock rebel sound'. Antiga agente de imprensa da Island Records, jornalista de reggae, e autora do single dubby post-punk ‘Launderette', Vivien Goldman viveu em Ladbroke Grove nessa época. Ela lembra de estar em pelo menos meia dúzia de baladas ilegais, perto de sua casa. Conhecidas como ‘blues', as festas operavam tipicamente na casa ou apartamento de alguém. ‘Você pagava uns dois contos na porta, ascendia um baseado, pegava uma cerveja Red Stripe e curtia a noite toda ao som de dub e rock. Ladbroke Grove era uma grande imundice naqueles tempos, e com o espírito de uma pequena vila, muito mais de como é hoje em dia. Era realmente uma cena onde você trombava com alguém na Portobello num sábado à tarde sem se frustrar, independente se você queria encontrar eles ou não.

Um importante ponto de encontro para a comunidade pós-punk da zona oeste de Londres era a loja de discos Rough Trade, que se instalou num prédio na Kensington Park Road, onde era antigamente o local do primeiro salão de cabelereiro descolado da Inglaterra. ‘Rough Trade se tornou um lugar encantador', diz o co-fundador Geoff Travis. ‘Você podia ir lá dar um role numa boa, olhar os discos sem ninguém lhe importunar, e tinha cadeiras e umas caixas de sons potentes, bombando os últimos lançamentos de reggae. Fizemos a conexão com o punk bem cedo.' Ladbroke Grove era de fato a área do The Clash. As letras deles eram sombreadas pelos trajetos de aviões que passam na zona oeste (nota do tradutor: o principal aeroporto de Londres fica na zona oeste da cidade, e a área conseqüentemente sofre com os incessantes barulhos dos aviões) e também pela brutal monstruosidade da Trellick Tower (que agora possui um charme singular com seu design utilitário), enquanto que ‘White Riot' retratava a desordem do carnaval de Notting Hill de 1976.

Rough Trade, a gravadora, começou quase que exatamente dois anos após a loja ter sido aberta em fevereiro de 1976. Operando numa pequena sala aos fundos da loja, entre 1978 e 1981, ela lançou muitos dos discos definitivos do pós-punk, alguns de bandas de fora da cidade como Swell Maps, Cabaret Voltaire e The Fall, e outros de conjuntos de vanguarda londrinos como This Heat, Scritti Politti e The Raincoats. Tão formidável quanto os discos da Rough Trade era, contudo, o idealismo dela e como operava. Apesar de ser uma empresa privada, era administrada como uma cooperativa, com todos os funcionários recebendo o mesmo salário e desfrutando do mesmo direito de opinar (exatamente como era a revista Time Out naqueles dias).

Travis abraçou a continuidade entre a contra-cultura e pós-punk. Ele fala de crescer na era de Oz e das manifestações em Grosvenor Square, e viver em squats por toda Londres. ‘Mile End, Camden , Bloomsbury … ‘Estava morando num squat quando a Rough Trade abriu'. Mais tarde ele veio se tornar o flatmate de Vivien Goldman e testava a paciência dela com infinitas sucessões de bandas da Rough Trade que se se instalavam no chão da casa quando estavam na cidade para fazer um show ou gravar um álbum.

Uma breve caminhada da Rough Trade, pelo final da Portobello sentido oeste, ficava o antigo local do jornal underground dos anos 60 International Times. No final dos anos 70 era ocupado por uma companhia chamada Better Badges. ‘Vestir a camisa' e acreditar nos seus princípios - políticos ou musical - era o lance pra se fazer naqueles tempos, e Better Badges era a líder nisso. E o cara por trás da Better era fácil de lidar. Um hippie original que legendariamente não cortava seus locks desde 1968, Jolyon Mcfie começou um esquema idealista ‘imprima agora / pague depois', para ajudar fanzines novatos como Jamming a se levantar. Os editores poderiam então ir dois quarteirões ao lado e deixar na Rough Trade, na qual sua rede de distribuição os colocavam em lojas independentes de discos por todo o país (nota do tradutor: a Rough Trade, além de loja e gravadora, era também a mais importante distribuidora independente da Europa).

No caminho da Better Badges para a Rough Trade, a molecada zineira passava pelo Acklam Hall, um lugar bem sob o trajeto de aviões da zona oeste. Mais tarde renomeado para Subterrania, Acklam Hall começou hospedando shows de caridade (incluindo alguns do Rock Against Racism), sobreviveu a um ataque incendiário neo-fascista, e floresceu como um espaço crucial de performances para grupos pós-punk. Scritti Politti fizeram sua primeira apresentação ao vivo lá em novembro 1978, tocando um set de quatro músicas (eram todas as músicas que tinham até então), e foram tão bem que a audiência insistiu para que tocassem o set novamente. Na mesma noite estavam os pós-punks prag VEC, na qual um projeto paralelo da banda chamado The Atoms continha o comediante Keith Allen cantando coisas como ‘Max Bygraves Killed My Mother'.

Outra casa de shows chave no oeste de Londres foi o The Chippenham, que era o encardido andar de cima do pub Westbourne Grove, onde bandas se apresentavam sem palco. Em 1979, era o lugar pra ver as pós-punkers feministas gloriosamente desajeitadas The Raincoats, do selo Rough Trade, e os absurdos The Tesco Bombers And The Vicent Units, esses menos conhecidos. A baixista dos Raincoats morava por ali num squat na Monmouth Road. ‘O lugar tinha sido queimado e era literalmente inabitável', ela recorda. ‘Era uma aparência realmente não muito boa. As pessoas chegavam e diziam ‘Olá, estamos fazendo um filme sobre o holocausto, podemos filmar na sua casa?' Tinha cogumelos nascendo na parede do banheiro'.

Vicky Aspinall, violinista das The Raincoats, foi recrutada depois que ela viu o anúncio da banda - ‘female musician wanted: sem estilo, mas resistente' - na livraria radical Compendium, em Camden. Havia points pós-punk por toda a cidade. A bunker de John Lydon e seu PIL era na feiosa Gunter Grove, no final do bairro de Chelsea. Tinha o estúdio Cold Storage em Brixton onde This Heat gravava, Death Factory, a sede do Throbbing Gristle, em Hackney - mas o verdadeiro rival de Ladbroke Grove nesse período como fortaleza da cultura alternativa era Camden Town. Era o lar de Scritti Politti e outras bandas do mesmo conceito - do it yourself - que se agrupavam em volta deles, e também do LMC - London's Musicians Collective (Coletivo de Músicos de Londres).

‘Estar em Camden, era sentir que estava no lugar certo', relembra o co-fundador da LMC David Toop. Ele conta que a boemia no bairro surgiu com o punk. ‘Uma vez eu levei um americano para um café local e ele ficou completamente espantado quando o The Clash apareceu no café. Mas aquilo era bem normal na época'. O The Clash estava sem dúvida tirando um break no local onde ensaiavam, que era um depósito escroto ali em Chalk Farm Road. O LMC também tinha uma propriedade por ali, onde tinham transformado uma lavanderia num espaço para shows.

Originalmente nascido da cena de livre improvisação do Reino Unido, o LMC começou a atrair descontentes ex-punks como Viv Albertine das The Slits e Mark Perry do Sniffin' Glue/Alternative TV, irritados com as restrições do rock convencional. Fãs da primeira e caótica encarnação dos Slits, ambos Toop e seu colega e também fundador do LMC Steve Baresford queriam adotar um diálogo entre os músicos virtuosos e a galera DIY sem técnica e habilidade que emergia do punk. Um espírito descontraído, irreverente e esquisito (no bom sentido), informava a cena musical da LMC, simbolizada por uma compartilhada adoração por pianos de brinquedo e outros instrumentos não usuais. Numa noite memorável, Bendell, um dos freqüentadores da LMC com seu combo The Door And The Window, fez um show solo usando os aquecedores da sala. ‘A idéia central era “para fazer música, você não precisa ter um instrumento musical”', diz Perry. ‘“Foda-se as regras”'.

Em 1979/80, a LMC se tornou bem mais ativa. ‘Nossos encontros mensais eram sempre cheios, e um pouco turbulentos', diz Toop. Idéias anarco-feministas pairavam no ar, e inevitavelmente havia uma tensão entre deixar de lado as estruturas convencionais e de fato ter alguma coisa propriamente feita. ‘Os shows da LMC eram tipicamente meio que assim, você chegava 8 da noite, não tinha ninguém, aí você ia para o pub', recorda Toop. ‘Aí voltava uma hora depois e tinha alguém coletando a grana na porta, mas os músicos ainda não estavam lá. Gradualmente os músicos começavam a chegar, sempre chapados. E poderia ser um puta show, musicalmente bom, ou uma grande merda. Geralmente não tinha sequer um sistema de PA'. No final, Toop se encheu de ser de fato o organizador disso tudo e saiu da LMC. ‘Essa é a grande discussão sobre coletivismo - simplesmente era muito cansativo'.

Próximo ao local da LMC havia o pub The Engineer, na qual a sala dos fundos se tornou o ‘espaço sagrado do Scritti Politti', de acordo com Steve Baresford. Scritti Politti também era um coletivo. Os três músicos principais estavam sempre ao redor de umas 20 pessoas, os membros do coletivo, que vigorosamente discutiam os aspectos da existência do grupo. Assim como também participavam dos encontros regulares no squat da banda em Carol Street, alguns dos membros do coletivo também subiam ao palco para causar e dar uma pitada extra de comoção ao som ‘scratchy-collapsy-stop-start-mistakes-falling-over' da banda, um estilo que o vocalista Green apelidou de ‘messthetics'.

‘O squat era um horror, nem sequer havia pia e um lugar para tomarmos banho', relembra Green. A banda de estilo Oi! Skrewdriver morava algumas portas ao lado, e o contraste entre o Scritti (membros da Liga Jovem Comunista) e os extremistas de direita Skrewdriver capita bem a polarização política da época. Nas eleições gerais de 1979, a National Front concorria com candidatos em todos municípios eleitorais do país, incitando o Rock Against Racism a retaliar com uma Militant Entertainment Tour com 40 datas. 1979 foi ano estandarte para ataques racistas e violência de rua, que inspirava músicas como ‘Down In The Tube Station At Midnight' do The Jam e o clássico do pós-punk ‘Violence Grows', do Fatal Microbes, no qual o vocalista Honey Bane descreve pessoas olhando para o lado contrário enquanto alguém leva chutes até morrer numa passarela subterrânea de Londres.

Green recorda a ameaça de quebra-paus como uma constante presença. ‘Muitos dos meus amigos em Camden tomavam porrada. A gente apanha voltando dos shows. Eu trabalhava meio-período no Partido Comunista e havia ameaça de cartas bombas lá na sede do partido, em Covent Garden.

Hoje em dia a média de preço de uma casa em Camden é £420.000. No final dos anos 70, contudo, era um lugar mais em conta pra morar. Compêndios servia como fontes cruciais para radicais de todos as milícias, vindos em pequenos jornais, fanzines, teorias críticas em paperbacks e traduções de filosofia francesa pós-estrutural, do tipo que eventualmente inspiraria Green a compor um som como ‘Jacques Derriba'. ‘Você podia descer para o porão e passar horas lá, mofando', lembra Green. ‘Foi realmente um lugar importante'.

Um membro do coletivo maluco do Scritti naqueles dias era Ian Penman, o legendário jornalista famoso por introduzir um palavriado sujo nas páginas da NME. Ele ocasionalmente tocava saxofone feito um freak nos shows do Scritti, assim como tocava nos discos do pragVEC sob o pseudônimo ‘Reeds Moran'. De acordo com Penman, a cena pós-punk da época era organizada sob um mapa clandestino de ‘squats imundos, cinemas imundos, casas de shows imundas e lojas de discos imundas'. Cinemas 24hs como Screen On The Green ou The Scala eram cruciais pontos de encontro. Era uma época, lembre-se, antes das infinitas opções de entreterimento oferecidas pelas locadoras de DVD, ou tv a cabo. Se você queria cavar cultura, tinha que ir a lugares específicos para encontrar. Isso significa que você iria ver o filme não no sofá confortável da sua casa, mas sim num ambiente coletivo, cercado de freaks e criaturas da noite.

A boemia pós-punk começou a perder força quando o efeito Thatcher pegou pra valer. Era hora de se tornar ‘normal', se jogar para algum tipo de ‘carreira', independente se fosse com música ou não. O New Pop viera. Thompson Twins, que também era da galera squatter, seguiu os rumos de Green e tirou os saxofones e palmas de seu som em favor de sintetizadores e baterias eletrônicas, e abraçou as novas possibilidades de promoção da época, os video-clips. Boy George tinha morado em squats em Kentish Town e Warren Street, junto com transsexuais como Marilyn e Jeremy Healey da banda Haysi Fantayzee, mas aí sua banda Culture Club explodiu nas paradas de sucesso com um som pop reggae ainda mais doce que “The Sweetest Girl” do Scritti Politti. Camden se tornou o lugar dos New Romantics com o clube Camden Palace, e dos Madness, que mais tarde ganharia sucesso com a cover de “The Sweetest Girl”.

Perdendo bandas ‘famintas por sucesso' como o Scritti Politti para grandes gravadoras, a Rough Trade deu um tempo na sua imagem de coletivismo e adotou práticas competitivas para os anos 80. Contratou gente da indústria e se conectou com o jabá das rádios. Para aqueles que não pegaram a rota do sucesso, as alternativas eram ou continuar fazendo música de maneira marginal numa atmosfera cada vez mais desencorajadora ou… arranjar um emprego. Sue Gogan, vocalista da pragVEC, trabalhou brevemente como gari para a prefeitura de Camden, após o final da sua banda. Numa manhã gelada em 1984, enquanto varria as calçadas do bairro, ela viu um ‘puta carrão estacionar por perto. Sai o motorista e abre a porta traseira do carro. Quem sai é Green. Imagino que ele tenha “conseguido”. Engraçado'.



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Nota do colunista/tradutor:
Mesmo depois de duas décadas, Ladbroke Grove e Camden ainda são áreas de cultura alternativa atualmente. O primeiro abriga o Portobello Market aos finais de semana, um dos lugares mais legais pra se comprar roupas e outros apetrechos pop. O mercado atrai centenas de turistas semanalmente. Há também diversas lojas de livros, móveis e discos, incluindo a matriz da Rough Trade, que mesmo depois de tantos anos, continua na redondeza. Já Camden é muito mais marginal, com suas ruas infestadas de músicos, boêmios, junkies de sarjeta, punks, fãs de trance, traficantes de drogas, góticos e turistas. Há o Camden Lock, um mercado semelhante ao Portobello, mas que fica aberto sete dias por semana e é bem maior. Algumas casas de shows tradicionais marcam presenca, como o Jazz Café e o Electric Ballrrom. O famoso Camden Palace foi reformado recentemente e agora se chama Koko, sendo um dos espaços mais legais de shows em Londres. E há dois pubs bacanas, o Dublin Castle (que também abriga shows ao vivo) e o Good Mixer, onde a probabilidade de você encontrar membros do Supergrass, Babyshambles, Towers Of London ou qualquer outra banda queridinha da NME é grande. Não deixe de visitar.




marcio_custodio1980@yahoo.com.br

Thursday, June 23, 2005

 

coluna 16 de junho

Hello pop pickers!

Nesta edição da coluna escrevo sobre as lojas de discos aqui em Londres, com algumas sugestões para você se dar bem quando for gastar seu suado dinheiro em disquinhos maneiros por aqui! Londres é uma das melhores cidades mundo para se comprar discos de pop & rock e alguns leitores já vinham me pedindo dicas para as lojas daqui. Uma das coisas legais é que, ao contrário do Brasil, aqui o vinil ainda é bastante popular, com todos os álbuns tendo lançamento tanto em cd quanto vinil. Podemos ir em qualquer loja e teremos a opção de escolher entre os dois formatos. Legal, né?

Vamos então!

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GUIA DE LOJAS DE DISCOS EM LONDRES

* HMV

Bem, começando com as lojas grandes e corporativas, onde a cada esquina há uma; a melhor delas é sem dúvida a HMV. A maior vantagem dessas lojas são as promoções. Praticamente o ano inteiro a HMV seleciona vários títulos a preço de banana, geralmente cobrando naquele estilo 'dois CDs por £10' ou 'cinco por £20' ou 'CDs under fiver'. Vale muito a pena, principalmente para quem nunca veio à cidade, pois essas promoções contem geralmente discos clássicos, aqueles que não podem faltar em sua coleção, a preços bem amigáveis. Por exemplo, lembro de quando vim pela primeira vez a Londres, me acabei numa promoção dessas, completando minha coleção de discos do The Jam, Scott Walker, The Clash e David Bowie. Os principais álbuns dos artistas e bandas mais famosos, sempre estão em promoção. Até mesmo alguns lançamentos recentes às vezes aparecem na prateleira de 'sale'. Tem é que sempre dar uma olhadinha rápida. Mas a HMV também é bastante completa, com seu estoque/catálogo sempre cheio de novidades, das mais mainstream às mais underground, e nunca esquencedo os clássicos. Outro toque são as promoções dos Box Sets, que sempre estão abaixo do preço. Agora mesmo acabei de passar na HMV e tava lá o box do New Order por apenas £15. Mamata…

www.hmv.co.uk


* VIRGIN MEGASTORE
Basicamente no mesmo estilo da HMV, um pouco menos completa. Mas as promoções também valem muito a pena, principalmente após o Natal, ou numa mudança de estação. Comprar em lojas como a Virgin ou HMV é sempre bom, é como comer no McDonalds: são sempre bem localizados, com serviço rápido e prático. Muito adequado quando você está com pressa, atrasado para o trabalho, mas quer porque quer comprar aquele cdzinho esperto antes de começar o dia.

www.virginmegastores.co.uk/


* ROUGH TRADE
Não tem o que discutir, essa é a melhor loja de discos da Inglaterra e talvez do mundo. A Rough Trade existe desde os anos 70 e conta com a tradição de distribuir discos exclusivíssimos, que só se encontra lá mesmo. É claro que eles também vendem as babas, como Coldplay e White Stripes, mas sempre podemos encontrar os títulos mais obscuros e legais possíveis. A loja tem duas filiais em Londres, uma no bairro de Notting Hill e outra em Covent Garden, no centro da cidade. Os melhores discos sempre estão lá. O estilo de distribuição deles é muito democrático. Por exemplo, se você tem uma banda e quer deixar lá seu cd pra vender, não há problema. Algumas gravadoras pequenas só distribuem seus lançamentos através da Rough Trade, como é o caso da Unpopular Records e Trangressive Recordings. O single das Pipettes mesmo, que eu canso de babar aqui na coluna, não se acha pra vender em lugar nenhum, somente na Rough Trade. E eles têm aquela ‘essência de loja de discos': é tudo uma zona, desorganizado, fora de ordem, com posteres de shows caindo pelas paredes. Temos a impressão de que entramos num porão do disco, o que considero muito charmoso. Lojas de discos deveriam ser todas assim. Ah, e você pode ouvir os discos antes, no fone de ouvido, tanto em cd quanto em vinil, coisas que as grandes lojas não permitem. Atendimento personalizado! E não se assuste se um dia você entrar lá e os funcionários estiverem usando camisetas do Palmeiras, Flamengo ou Corinthians; eles não são brasileiros. São ingleses mesmo, mas que adoram o nosso futebol. Ahh, não posso esquecer de dizer que eles possuem um informativo on-line semanal, super completo e detalhado, com tudo que entra na loja e que está a venda, ou seja, um ótimo meio para se descobrir novas bandas. Se cadastre já no site deles!

www.roughtrade.com


* FOPP
Outra loja maravilhosa, barateira, principalmente nas promoções. Eu e um amigo até já inventamos o verbo ‘foppar', que significa fuçar na loja a procura dos novos títulos em promoção. Realmente, as promoções da Fopp são as melhores da cidade, com álbuns super legais a preços tipo £5, £7 ou £8. Às vezes até £3, como aconteceu quando vi os discos do Ash, Suede e Blur, por míseros £3 cada um. Mais barato que um lanche no KFC. O catálogo/estoque é bom, mas um tanto presumível. Trabalham basicamente com os lançamentos do momento. Mas mesmo assim os preços são bacanas. Quer um exemplo? Essa semana saiu o disco dos The Magic Numbers, como eu tava de bobeira no centro, resolvi pesquisar onde tava mais barato. HMV e Virgin, £11.99; Rough Trade, £10; Fopp, £9. Às vezes a diferença é só um ou dois pounds, mas com isso você leva um single 7” pra casa! Contudo, são mesmo as promoções que fazem o nome da Fopp. Muitas vezes são cds meio que recentes, mas que já caíram na bacia de desconto. Uma beleza. As promoções aqui não são baseadas em coletâneas toscas do Jackson 5, Shed Seven ou James. Tem muita coisa boa. Bom pra nós, viciados em comprar discos. E também são muito bons em DVDs, sempre com títulos alternativos e baratos. Então, o que você está esperando para ‘foppar' também??? :-)

www.fopp.co.uk/fopp.asp


* BERWICK STREET
A Berwick Street, localizada no coração do Soho, bairro boêmio de Londres, é um importante ponto de lojas de disco, mais ou menos como é a Galeria do Rock em São Paulo, só que com menos quantidade de lojas, e mais qualidade. Há lojas para todos os gêneros, mas as que dão mais ênfase para rock & pop são as SELECTADISC , SISTER RAY e MR. CD . Elas são semelhantes, trabalhando com lançamentos, mas também com um estoque extenso de discos mais antigos. Em todas há DVDs e sempre é bom ficar de olho nas promoções. O preço sempre varia entre elas, por isso, se você tiver tempo, vale a pena pesquisar. A Sister Ray tem bastante vinil white label e sempre tem uns bootlegs bacanas por lá. A Mr. CD tem um basement recheado de relançamentos de clássicos e uma larga seção de promoção, com Cds ‘cheap as chips'. A Selectadisc também é boa de vinil, e também tem bastante livros, revistas e fanzines.

www.selectadisc.co.uk/
www.mrcd.co.uk/
www.sisterray.co.uk/


* SECOND HANDS SHOPS
Pensaram que eu iria esquecer das lojas de segunda mão? Claro que não, afinal são nelas que encontramos aquela raridade que sempre desejamos mas achavamos praticamente impossível encontrar. Em Londres há várias lojas de segunda mão, com destaque para a RECKLESS e a MUSIC AND VIDEO EXCHANGE . Ambas possuem várias filiais pela cidade e nelas você encontra de tudo, sempre com preço camarada. A Reckless de Berwick Street tem uma seção de USA Indie que preciso ter muito controle para não ir à falência, de tão boa que é. A Music And Video Exchange de Notting Hill é a mais completa, com muita coisa legal em vinil, itens raros e não muito salgados no preço, obrigatória a visita. Nessas duas lojas você precisa estar com tempo de sobra e muita paciência para fuçar, pois são discos que não acabam mais. E vale a pena lembrar que elas sempre recebem promos antecipados de jornalistas, então não é difícil de você achar por exemplo o novo do White Stripes ou Coldplay, com dois meses de antecedência. Vídeos, DVDs e Box Sets também estão presentes nas prateleiras, tudo de segunda mão. E a rede Music And Video Exchange também possui brechós, com roupas vintage, para meninos e meninas. Pegue o endereço mais próximo de você e vá já às compras!

www.musicandvideoexchange.co.uk/
www.reckless.co.uk/

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BURN IT: músicas da semana!

THE HAVENOTS “Undecorated”: Essa banda tem toda a pinta de ser dos EUA, mas na verdade é inglesa. É um duo, Liam Dullaghan and Sophia Marshall, e juntos cantam as músicas mais tristes que você vai ouvir esse ano. Os dois são os vocalistas, mas quando ela canta, estraçalha sua alma. O disco de estréia ‘Never Say Goodnight' possui um punhado de canções meio power-pop, a lá Byrds, e um outro punhado de baladas lindas, como é o caso dessa faixa ‘Undecorated'. Para fãs de Club 8, Joni Mitchel, Teenage Fanclub, The Blue Nile e afins. Excelente.

LCD SOUNDSYSTEM “Disco Infiltrator”: Novo single da banda de New York, e novamente vem com um groove super cativante, uma linha de baixo eletrônica ganchuda, feita especialmente pra fazer você dançar.

DO ME BAD THINGS “Move In Stereo (Liv Ullman On Drums)”: Mais um single lançado dessa banda que contém nove integrantes. Parece piada, mas misturam r'n'b com rock de estadio, o resultado é ‘huge'.

DEATH FROM ABOVE 1979 “Black History”: O duo canadense lança mais um single aqui na Inglaterra e segue a mesma linha do seu aclamado álbum, uma fusão explosiva de grooves com rock-metal, com baixo distorcido e bem up-beat. Essa semana um dos caras da banda escreveu um artigo na NME metendo o pau nos ingleses, dizendo que esses só vivem no passado e não são nada originais, entre outras paradas. Discordei de muita coisa que ele escreveu, mas o jeito que ele tirou com a cara dos ingleses achei muito engraçado. Semana que vem falo mais disso.

THE CRIBS “Mirror Kiss": Segundo single do novo disco do trio The Cribs, já comentado aqua na coluna. Não há nada de novo, apenas o som do The Cribs, ou seja, hits indie-rock-pop que deixa os Strokes no chinelo. A NME falou muito bem do novo disco, dizendo que ‘as músicas desse álbum será a trilha sonora de cada festival por aqui e que o outono virá e o The Cribs será sua nova banda favorita'. Concordo.

THE DECEMBERISTS “Sporting Life”: Mais um clássico dos Decemberists, uma gema pop da melhor qualidade, simples e épica ao mesmo tempo, com a voz marcante do vocalista e instrumentos de corda. Essa banda, oriunda dos EUA, é um prato cheio para quem gosta de Divine Comedy, Jobriath, Love ou Belle And Sebastian e coisas do tipo.

THE MAGIC NUMBERS “Love Mr Like You”: O que eu mais amo nessa banda, que já cansei de elogiá-los na coluna, são as harmonias. E essa faixa prova isso. Como disse Nick Hornby, como essa banda consegue fazer canções tão lindas? Será mágica ou muito esforço? Eu acho que é mágica. Fora que eles são as pessoas mais doces do mundo. Teve sessão de autográfos do disco deles na Virgin essa semana, fui lá e eles são muito fofos, todos dando a mão pra mim, escrevendo dedicatórias no meu cd e dando aquele sorriso de eterna gratidão e simpaticidade. Tipo, quando a gente vai pegar autógrafos das bandas nessas ocasiões, geralmente os caras são meio secos, rápidos na hora de assinar e tudo mais. Mas os Magic Numbers foram o contrário. Uma fofura de banda.

THE DEAD 60's “Loaded Gun”: Terceiro single do The Dead 60's, e mais um stomper que contém elementos de ska, baggy, rock e dub. Recomendo.


marcio_custodio1980@yahoo.com.br




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Thursday, June 16, 2005

 

coluna 09 de junho

Pois é. Depois de quase três meses em Londres, meu irmão Gilberto embarcou ontem de volta a São Paulo. Junto com ele, quilos e mais quilos de LPs, CDs, revistas e demais artefatos pop que ele juntou em sua estadia na capital inglesa. Partiu dizendo que Londres foi uma das experiências mais legais da vida dele, e que terá muita história pra contar. Agora, como vivenciou a cena indie aqui, pensa em ser mais profissional em SP. Ui. Provavelmente montará um projeto de bandas ao vivo por lá. Quem quiser acompanhar as aventuras do rapaz, acesse www.fotolog.net/esquizofrenia ou procure por ele no Orkut. Mas Londres não pára...

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* A Inglaterra vive um dos momentos mais férteis de bandas indie-rock da sua história. É impressionante a quantidade de grupos que surgem e ganham o hype da mídia. E sabe o melhor disso tudo? Quase todas as bandas são boas. Nas últimas duas semanas só se falam de Maximo Park e Arctic Monkeys , dois combos do norte da Inglaterra. O primeiro lançou o álbum de estréia recentemente e foi direto para o topo dos charts britânicos. O disco, intitulado "A Certain Trigger", é o encontro perfeito entre The Futureheads e Pulp, com ecos de The Cure em algumas faixas. Definitivamente, esse cd não tem nenhuma música descartável, todas são muito boas. Já os The Arctic Monkeys lançaram apenas o single 'Fake Tales Of San Francisco', mas o hype em cima deles, através de blogs, fóruns e downloads, está mais do que firme. Como disse, mídia tem ajudado bastante, como a NME, que já carimbou-os com o famoso rótulo 'best new band in britain'. Sei que é clichê e que até mesmo a banda nega, mas os The Arctic Monkeys soam como os Libertines, só que mais engraçado e menos paranóico. A histeria em cima deles deve só aumentar nos próximos meses, fique ligado. www.maximopark.co.uk/
www.arcticmonkeys.com/


* Babyshambles na capa da NME dessa semana. O semanário inglês traz um artigo escrito pelo notório e jovem jornalista Tim Jonze, que passou dois dias com a banda em turnê. O que ele disse sobre a experiência? "Babyshambles is the most chaotic rock'n'roll band in the world". Fora isso, Pete Doherty deu uma entrevista para a rádio Xfm de Londres. Segundo o crazy boy, o álbum, com o possível nome de 'Up The Morning', está finalizado e o próximo single será 'Fuck Forever'. Ainda, sobre sua ex-banda, Pete disse que, exceto os Sex Pistols, o Libertines foi a banda mais manufaturada da história. Afirmou que na época de assinar o contrato com a Rough Trade para o primeiro disco, a idéia era 'vamos pegar as pessoas mais bonitas e fazer parecer o mais Strokes possivel'. Pete declarou também que não pretende retornar com os Libertines e que está muito mais feliz agora com os Babyshambles, se sentindo pela primeira vez que faz parte de uma banda de verdade. Só digo uma coisa, manufaturado ou não, o primeiro disco dos Libertines, 'Up The Bracket', é um clássico absoluto e se 'Up The Morning' dos Babyshambles superar esse disco, que façam estátuas tributos ao Pete pelo mundo afora pois esse cara é um gênio. Resta-nos esperar. By the way, o disco deve vazar para download na internet logo logo.
www.babyshambles.net


* DAVID BOWIE: EXPOSIÇÃO DE FOTOS
No dia 15 de Junho será aberta uma nova exposição de fotos de David Bowie aqui em Londres. Com o nome de DAVID BOWIE: PIN UP, o evento traz uma retrospectiva da carreira do camaleão do rock, com fotos raras, algumas delas jamais conhecidas pelo público. Entre as fotos, há 'snaps' tirados por conhecidos fotógrafos do rock, como Terry O'Neill, David Bebbington, Mick Rock e Andrew Kent. Essencial para fãs de rock e obrigatório para fãs do Bowie. A exposição vai até o dia 13 de agosto. Redferns Music Picture Gallery

Redferns Music Picture Gallery
Endereço: 3 Bramley Road, W10 6SZ
Horários: Segunda-Sexta 10am-6pm / Sábados 12-5pm
www.redferns.com


* Como não chorar ouvindo as músicas "Judy (Wotcha Gonna Do?)", "ABC" ou "Your Kisses", das The Pipettes ? Não sei. Baixe já essas músicas. >> www.thepipettes.co.uk


*** *** ***

BURN IT: essas são as músicas recomendadas na coluna dessa semana. Vale muito apena baixar e conferi-las.

TELEPOPMUZIK "Brighton Beach":
Esse é o tipo de música eletrônica que mais me cativa. Sutil, melódica, triste e repleta dos mais variados barulhinhos e blips. O Telepopmuzik é um trio da França e acabaram de lançar o segundo disco, com o nome de 'Angel Milk', onde encontramos "Brighton Beach", uma faixa excepcionalmente bela.

SLEATER-KINNEY "Rollercoaster": O trio de garotas americanas The Sleater Kinney lança seu sétimo álbum da carreira, um verdadeiro masterpiece. A música 'Rollercoaster' tá nesse disco. Guitarras dilacerantes e vocais intensos. Power-heavy-rock de primeira.

THE CRIBS "Things Aren't Gonna Change": Opa! Hoje, quinta feira 09/06, o The Cribs toca no The Garage aqui no norte de Londres. Eu vou. Uma das coisas mais contagiantes do cenário indie atualmente, já abordado aqui na coluna várias vezes. Essa faixa é do novo disco 'The New Fellas', que será lançado semana que vem aqui na Inglaterra. Obrigatório.

THE DEPARTURE "Talkshow": O The Departure surgiu ainda no ano passado e após três singles, devem lançar o primeiro disco muito em breve. A música 'Talkshow' está nesse trabalho, e segue a linha 80's art-rock, nos lembrando Franz Ferdinand e Joy Division. M83 "Teen Angst": Esse é o segundo single tirado do maravilhoso álbum 'Before the Dawn Heals Us', lançado esse ano pela banda francesa M83. Parece um filme recheado de efeitos cinematográficos. Uma explosão shoegaze, com sensibilidade e climas épicos.

NEILS CHILDREN "Always The Same": O trio explosivo Neils Children, de Londres, nos presenteia com um som punk-dark, pesado e com vocal marcante. É uma fúria punk-psicodélica. Esse é o novo single e tá no disco 'Change / Return / Sucess'. Foi lançado pela Poptones, gravadora de Alan MacGee. O vinil 7" do single é branco.

SAINT ETIENNE "Side Streets": Eis aí o Saint Etienne de volta! Me digam com sinceridade, existe banda mais cool que o Saint Etienne? Não consigo me lembrar de nenhuma. Em 'Side Streets' estão bossa-nova chique, pra gente ouvir tomando champagne na beira da piscina. Sarah Cracknell tem uma das vozes mais bonitas de sua época. Um luxo.

SONS AND DAUGHTERS "Dance Me In": Primeiro single tirado do debute álbum do Sons And Daughters, de Glasgow. Mandam ver um rock'n'roll dark, meio blues, com vocal feminino e refrões marcantes. Um grande torpedo para pistas de dança, nos remetendo a Pj Harvey.

EMBRACE "A Glorious Day": O Embrace volta com novo single, ainda do álbum número um 'Out Of Nothing'. Uma bonita balada, na mesma praia do Coldplay. A edição vinil 7" desse single vem com o vinil laranja, muito fofo.

JOY ZIPPER "You're So Good": Esse é o primeiro single do novo disco da dupla Joy Zipper, de New York. Nos remete a Dandy Warhols ou Elastica, só que mais pop. Há um cheiro de 90s aqui. Muito boa.

EL PRESIDENTE "100 Mph": El Presidente é um quinteto de Glasgow e essa faixa é o segundo single deles. É meio 60's pop, com pitadas de Electric Six. Recomendo.

EMILIANA TORRINI "Heartstopper": Essa canção está no segundo disco da Emiliana Torrini, e é super intimate, ao mesmo tempo que up-beat. Seria como se o Portishead fosse uma banda folk. EDITORS 'Munich'. Primeiro single da banda Editors, uma fusão de Interpol e The Bravery. Bacana. Devem lançar um segundo trabalho em breve.

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marcio_custodio1980@yahoo.com.br

Sunday, June 05, 2005

 

coluna 02 de junho

Hiya.

R u alright?

Voltei da Escandinávia. Londres tá na mesma, só que bem mais quente. Agora o verão chegou. Pena que passa rápido.

Olha algo cômico que aconteceu comigo essa semana, assim que cheguei. Estava discotecando num pub em Islington e já meio que no final da noite, um cara tri-bêbado, abraçado por duas garotas, chegou em mim pra pedir uma música. Básico. O cara fedia pinga que tava foda. Básico. Veio com um papo que sua esposa estava dando a luz a um filho dele naquele momento (ele jurou que era sério) e que ele queria ouvir ‘Heaven Knows I'm Miserable Now' dos The Smiths. Putz… Eis o grande cara-de-pau! Hehe… A mulher dele no hospital sozinha, parindo, e o sujeito num pub muito louco com duas minas, e ainda querendo ouvir ‘Heaven Knows I'm Miserable Now'… É cada uma que me acontece na noite de Londres, viu…

Só espero que no dia que tiver meu filho, eu não tenha o desejo de escutar ‘Heaven Knows I'm Miserable Now'. No final, até toquei a música para o figura, que dançou e cantou de braços pra cima...

Bem, a coluna dessa semana têm… err… ah, desce aí e veja você mesmo, vai!

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* O semanário inglês NME publicou na semana passada uma lista com as 50 melhores covers de todos os tempos da história do rock. Tem de tudo um pouco. O mais legal é que normalmente só conhecemos a cover propriamente dita, e quando ouvimos a versão original, bate aquela supresa. Ainda há aquelas músicas que ficaram super famosas com um artista e a gente jurava que era composição própria desse artista, mas é cover, como é o caso das covers “Walk On By” dos The Stranglers e “Mrs Robinson” dos Lemonheads. O meu destaque vai para Langley Schools Project, que fez a cover mais linda de todos os tempo com “God Only Knows ” dos The Beach Boys. Confira a lista completa:


01. JEFF BUCKLEY “Hallelujah”
(versão original Leonard Cohen)

02. JOHNNY CASH “Hurt”
(versão original Nine Inch Nails)

03. THE FUTUREHEADS “Hounds Of Love”
(versão original Kate Bush)

04. THE SLITS “I Heard It Through The Bassline”
(versão original Marvin Gaye)
05. THE WHITE STRIPES “Jolene”
(versão original Dolly Parton)

06. PET SHOP BOYS “Always On My Mind”
(versão original Elvis Presley)

07. SAINT ETIENNE “Only Love Can Break Your Heart”
(versão original Neil Young)

08. THE CLASH “Police And Thieves”
(versão original Junior Murvin)

09. SID VICIOUS “My Way”
(versão original Frank Sinatra)

10. SINEAD O’CONNOR “Nothing Compares 2 U”
(versão original Prince)

11. TRICKY “Black Steel (In The Hour Of Chaos)
(versão original Public Enemy)

12. GRACE JONES “She’s Lost Control”
(versão original Joy Division)

13. THE JIMI HENDRIX EXPERIENCE “All Along The Watchower”
(versão original Bob Dylan)

14. RYAN ADAMS “Wonderwall”
(versão original Oasis)

15. PATTI SMITH “Gloria”
(versão original Them)

16. TATU “How Soon Is Now”
(versão original The Smiths)

17. NIRVANA “Where Did You Sleep Last Night?”
(versão original Leadbelly)

18. ROBERT WYATT “Shipbuilding”
(versão original Elvis Costello)

19. SOFT CELL “Tainted Love”
(versão original Gloria Jones)

20. GARY JULES “Mad World”
(versão original Tears For Fears)

21. MUSE “Feeling Good”
(versão original Nina Simone)

22. MANIC STREET PREACHERS “Suicide In Painless”
(Theme from the M*A*S*H)

23. DAKAR AND GRINSER “I Wanna Be Your Dog”
(versão original The Stooges)

24. LEMONHEADS “Mrs. Robinson”
(versão original Simon & Garfunkel)

25. OASIS “I Am The Walrus”
(versão original The Beatles)

26. ISAAC HAYES “I Just Don’t Know What To Do With Myself”
(versão original Dusty Springfield)

27. BLONDIE “Hanging Out On The Telephone”
(versão original The Nerves)

28. ELBOW “Independent Women Part 1”
(versão original Destiny’s Child)

29. THE FLYING BURRITO BROTHERS “Dark And Off The Street”
(versão original James Carr)

30. THE STRANGLERS “Walk On By”
(versão original Dionne Warwick)

31. THIS MORTAL COIL “Songs To The Siren”
(versão original Tim Buckley)

32. SHEER TERROR “Boys Don’t Cry”
(versão original The Cure)

33. RAMONES “Needles And Pins”
(versão original The Searchers)

34. RUN DMC “Walk This Way”
(versão original Aerosmith)

35. LITTLE RICHARD “Brown Sugar”
(versão original The Rolling Stones)

36. NIRVANA “The Man Who Sold The World”
(versão original David Bowie)

37. QUICKSAND “How Soon Is Now”
(versão original The Smiths)

38. LE TIGRE “I’m So Excited”
(versão original The Pointer Sisters)

39. REM “Superman”
(versão original The Clique)

40. LUNA “Sweet Child O’Mine”
(versão original Guns’n’Roses)

41. PIXIES “Head On”
(versão original The Jesus And Mary Chain)

42. JOHNNY CASH “The Mercy Seat”
(versão original Nick Cave & The Bad Seeds)

43. SCHNEIDER TM “There Is a Light That Never Goes Out”
(versão original The Smiths)

44. TAVARES “More Than a Woman”
(versão original Bee Gees)

45. LANGLEY SCHOOLS PROJECT “God Only Knows”
(versão original The Beach Boys)

46. JOHNNY CASH “Personal Jesus”
(versão original Depeche Mode)

47. SHIRLEY BASSEY “Light My Fire”
(versão original The Doors)

48. THE WHITE STRIPES “Love Sick”
(versão original Bob Dylan)

49. THE WHITE STRIPES ““I Just Don’t Know What To Do With Myself”
(versão original Dusty Springfield)

50. HOMER SIMPSON “The Joker”
(versão original Steve Miller Band)

Corra já para o SOULSEEK!!!!



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* Será mesmo que os Stone Roses voltarão? Segundo o legendário guitarrista John Squire em declaração para a revista Time Out de Londres, isso é possível. Depois de desentendimentos em público com Ian Brown, parece que o guitarrista quer lavar as mágoas e voltar a tocar com os Roses ao vivo. Cogitou-se primeiramente uma apresentação no festival de Glastonbury no final de junho, mas Ian Brown não quis. Mesmo assim, muita gente aposta num retorno da banda num futuro próximo. Vamos cruzar os dedos e torcer. * Acho bacana o lado ‘humilde' de rock-stars como Johnny Borrell (Razorlight) de pedir ao mundo que trate a pobreza mundial com maior atenção e justiça. Pena que pessoas como o Johnny são raríssimas. Países ricos jamais se importarão com a pobreza. O comportamento que eles têm sobre os países pobres é de ignorar. Mais ou menos como uma madame rica andando de carro no Morumbi e passando por crianças de rua. Fingem não ver. É exatamente assim a visão de políticos e pessoas de ‘primeiro mundo'. Só mesmo vivendo num desses países, no caso a Inglaterra, pra sacar isso.

* Acabar com a pobreza do mundo até 2015? Bollocks.

* Apesar do Oasis ser uma das piores bandas inglesas ever, o título do novo álbum é bacana : ‘Don't Belive The Truth'. É isso aí, nunca acredite na verdade.

* A NME deu nota 8 para o disco do The Tears. Eu não esperava tanto.

* Fique ligado pois as fofuras das Pipettes lançarão um novo single 7” na semana do dia 06 de junho, contando com três músicas: ‘Abc', ‘Judy' e ‘Simon Says'. Não marque bobeira e compre aqui: www.transgressiverecords.co.uk/

* O quarteto pop-rock-shoegazer Wry, oriundos de Sorocaba/SP, mas baseados em Londres, está cada vez mais legal. Fui num show deles semana passada, abrindo para os hype-grungers Subways, e reparei que as músicas estão com uma roupagem mais fresh, cheio de harmonias. Isso só pode ser, além do talento da banda, experiência de gravar com dois produtores/ícones feras da cena rock. Estou falando de Gordon Raphael, fomoso produtor dos Strokes, e Tim Wheeler, líder do Ash. A banda entrou em estúdio para gravar as músicas novas tanto com o Gordon como com o Tim. O primeiro ficou com as músicas mais cruas, e o segundo pegou as mais soft. Ainda não ouvi, mas se me basear pela banda ao vivo, e pela empogação de Mário Bros, líder do Wry, o resultado tá muito bacana. Só para finalizar, minhas músicas preferidas são ‘Sabrina', ‘Come And Fall' e ‘Don't You Ever Call On My Name Again'. Fique ligado, o Wry está em ascensão.

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BURN IT: Essas são as músicas da semana, corra para o soulseek. Agora.

THE ORDINARY BOYS “Boys Will Be Boys”: Primeiro single tirado do novo disco dos Ordinary Boys. A banda se mostra envergada para um lado mais ska & reggae, mas ainda sim com seu som característico: cool indie rock. Recomendo. Fique ligado que o novo trabalho deve ser lançado em breve.

DO ME BAD THINGS “What's Hideous”:Essa banda é o que chamo de ‘over the top', ou, OTT. A princípio não fui com a cara, mas depois vi que se tiver bom humor, dá pra entendê-los e curti-los. “What's Hideous” é um dos singles tirados do álbum “Yes”, que nada mais é que uma coleção de rock espalhafatoso e exagerado, soando como uma fusão de Soundgarden com Joss Stone. Parece piada mas é exatamente assim. O Do Me Bad Things encorpora de tudo um pouco: metal, disco, blues, indie, soul. O resultado é exagerado, ‘overproduced' e muito legal.

TEENAGE FANCLUB “Fallen Leaves”: Tava ontem ouvindo essa música do Teenage com meu irmão e ele me solta naquele tom de irmão pra irmão: ‘putz, o Teenage é a melhor banda do mundo, né?'. Tipo assim, não pude concordar mais com ele. Alguém aí já viu um disco ruim desses caras? Putaquepariu!! É clássico atrás de clássico. “Fallen Leaves” é o primeiro single do novo trabalho e é aquela coisa power-cool-pop que só eles mesmo fazem. Mil vezes lindo.

ARCTIC MONKEYS “Fake Tales Of San Francisco”: Artic Monkeys são quatro moleques de Sheffield que a Rough Trade Shops e a NME declararam ser a ‘hottest band on the planet right now'. Fazem um som que seria o encontro de Libertines, Pulp e Buzzcocks. Essa faixa comprova. Uma beleza. Anote esse nome, vão estourar.

CLOR “Tough Love”: Essa faixa é o b-side do debute single do Clor, já comentado aqui na coluna, e que vem ganhando cada vez mais buzz na cena underground de Londres. São eletrônicos mas ainda sim soam rock. Uma fusão de Pulp, Sparks e Bis.

THE MAGIC NUMBERS “Forever Lost”: Essa música está entre as cinco melhores do ano até agora. Uma jóia pop que ultrapassa os limites da perfeição. Com uma estrutura de três/quatro partes, a canção se desenrola jorrando a mais pura e mágica harmonia, com primorosos vocais boy/girl e leves, geniais linhas de guitarras. Baixe agora e se segure para as lágrimas não cairem… Essa é a banda que vem ganhando cada vez mais fãs devotos aqui em Londres. Não conheço ninguém que não esteja apaixonado pelos The Magic Numbers. A revista Mojo desse mês deu uma classificação para o disco deles assim: ‘instant Mojo classic'. O hype está forte, e a banda merece muito mais.

BRODER DANIEL “Dream My Days Away”: Essa vem da minha recente visita a Suécia. O Broder Daniel é uma das bandas mais importantes do rock sueco e simplesmente não sei como não fizeram sucesso pelo UK, já que cantam em inglês possuem potencial de sobra. Lançaram vários álbums do começo dos anos 90 pra cá e essa faixa está no clássico e fenomenal álbum ‘Forever', datado de 1996. A música espelha bem o astral do disco, uma mistura de glam, indie e climas épicos. Brilhante. Prato cheio pra quem gosta de Suede, Manics, Bowie, Pulp, Roxy Music e toda essa linha brit-rock.

DORIS “Beatmaker”: Outra belezura que peguei na Suécia. A Doris é uma diva dos anos 60 no país, mas canta em inglês, pra variar. A praia aqui é vintage soul & rock, folk & jazz, na lina de Dusty Springfield e Aretha Franklin. O hit ‘Beatmaker', super up-beat, está no álbum ‘Did You Give The World Some Love Today Baby', lançado em 1966. Recomendo total. Pure Groove!!

THE SUBWAYS “Rock'n'Roll Queen”: Segundo single major do trio explosivo The Subways. Mais uma porrada indie-grunge com ótima pegada e estilo. São moleques mas mandam um puta som! Altamente recomendado.

LEAVES “The Spell”: O Leaves surgiu diretamente da Islândia em 2003, mandando ver a mesma linha de bandas como Coldplay e Travis, ou seja, sensitive-pop-indie. Lançaram um bonito debute LP e agora estão de volta com esse novo single, que tá da mesmo jeito: fofo, épico e delicado. Uma boa canção.

THE WHITE STRIPES “Blue Orchid”: a dupla weirdo Meg & Jack White voltam a estourar aqui na Inglaterra. Esse é o primeiro single do novo álbum. Pelo que ouvi dizer, essa é uma das poucas faixas no disco com guitarrão e punch rock, pois o resto é tudo balada com piano e violão. Vou te falar, ‘Blue Orchid' tem uma puta vibe legal, up-beat, tosca, com Jack cantando em falsetto e tudo mais. Irresistível. E olha que nem sou um dos maiores fãs de White Stripes. Dizem que vão tocar no Brasil... é? Legal.

THE TEARS “Lovers”: Meu querido The Tears não pára de tocar nas rádios daqui. Não é pra menos. Com o ultra-hit e futuro single ‘Lovers', que rádio não iria tocar? Essa música pega a vibe clássica dos trabalhos solo de Bernard Butler (a produção é a cara do Bernie) e injeta o estilo Suede-Brett Anderson nela, nos presenteando com um hit de pista sensacional, uma faixa bastante ‘pra cima'. Eu gosto muito, e você? E o solo de guitarra então?! Vish, dá até um frio na espinha de tão BOM que é...

MOBY “Spider”: O Moby lançou há uns dois meses atrás um novo trabalho, que nem ouvi inteiro, pra ser sincero. Mas posso te dizer, a música ‘Spiders' é o segundo single desse lp e meu Deus, que musicão! Refrão epicamente nervoso. Está entre as melhores da carreira do Moby. Pena que, pelo que li e ouvi por aí, o disco não segue bem por essa linha. Oh.


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SEE YOU NEXT WEEK, FOLKS.




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Thursday, June 02, 2005

 

coluna 26 de maio

Estou fora de Londres. Desde semana passada estou em Estocolmo, capital da Suécia, de férias, conhecendo a cidade e a cena indie daqui. Não tenho do que reclamar. Para comprar discos, nada melhor que a Pet Sounds (www.petsounds.se/). Já para um club indie, recomendo o Step On (www.goingunderground.nu). Ambos ficam na estação de metrô Medborgarplatsen.

Embora só tenha pouco mais de um milhão de habitantes, Estocolmo é como qualquer capital cosmopolita do mundo: muvuca no metrô em horário de pico, pessoas de todas as raças, becos sujos e estações centrais de metrô fedendo a mijo. Por isso, não acredite no seu amigo quando ele dizer que "a Suécia sim é um país de primeiro mundo, limpo, com pessoas bonitas e educadas". Isso é lenda. Aqui tem uma porção de orientais, negros e asiáticos. Não que esses não sejam bonitos e educados, pelo contrário, mas quero dizer que a idéia que muita gente tem da Suécia é muitas vezes equivocada. Claro, aqui tem vários loiros de olhos azuis, mas não só eles...

A vibe da cidade é meio parada, pra quem tá acostumado com Londres ou São Paulo, como eu. A arquitetura é muito semelhante a de São Paulo, Salvador e Rio de Janeiro, com exceção de Gamla Stan, parte da cidade que guarda as ruas e arquitetura da cidade medieval. Por ser um arquipélago com várias ilhas, viadutos e pontes não faltam por aqui. Aluguei um carro e em certos momentos bateu um flash back, me vi dirigindo pelas ruas da Pompéia, Pinheiros e centro de Osasco. Bem normal.

Saindo de Londres, é super fácil e barato ir para Estocolmo. Acesse o site da companhia Ryanair e marque já sua viagem. Uma passagem ida e volta não sai mais que £55. Corre lá: www.ryanair.com

Mas a coluna continua. Como não? Essa semana recomendo mais cds legais lançados em Londres, começando por, claro, tres artistas suecos.

Have a look!

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DUNGEN – “TA DET LUGNT”
Terceiro disco do combo sueco Dungen. Nesse trabalho continuam na linha pastoral-rock, com treze faixas transbordando psicodelia (‘Panda', ‘Festival'), climas atmosféricos (‘Lejonet & Kulan', ‘Du E For Fin For Mig') e cosmic-rock (‘Sluta Folja Efter', Bortglomd'). É um disco bastante rico e variado e certamente vai cativar aqueles que gostam de Byrds, Beatles, Brian Eno e Super Furry Animals. O Dungen é encabeçado pelo multi-instrumentista Gustav Ejstes, que canta todas as músicas em sueco, o que dá um charme a mais para o disco. A canção ‘Festival' é uma verdadeira gema psicodélica. Altamente recomendado. Dica: tenho informações que eles tocarão em Recife esse ano, fique ligado.

FINT TILLSAMMANS - “FINT TILLSAMMANS”
Outra banda que canta em sueco. O Fint Tillsammans é um trio que já está na estrada desde do meio dos anos 90 e esse é seu quarto álbum. Também com bastante variações de climas, mas ainda sim bastante coeso, o disco contém dezessete faixas com ecos de Velvet Underground, Leornard Cohen, The Flaming Lips, folk, kraut-rock e indie. Um excelente cd para ouvir numa tacada só, sem pular nenhuma música.

JOSÉ GONZÁLEZ - “VENEER”
O folk continua sendo fonte de inspiração para artistas por aí afora. Ano passado tivemos Devendra Banhart, Cocorosie e Joanna Newson. Agora o sueco José González nos presenteia com mais uma delicada jóia folk. Em “Veneer”, temos onze faixas onde González toca um folk bonito, com ecos de bossa nova e Nick Drake. Um disco para se ouvir num momento de paz, pensando em como solucionar seus problemas. Excelente.

THE FEATURES - “EXHIBIT A”
Vindos da pequena cidade americana Sparta, no estado do Tennessee, o The Features foi formado em 1997. Lançaram dois EPs antes de “Exhibit A”, o debute álbum. O disco foi lançado no finalzinho de 2004 nos EUA mas só teve a edição inglesa em 2005. É uma coleção de torpedos indie-rock, cheios de groove, guitarras ganchudas, um teclado seguindo atrás e a voz do vocalista Matt Pelham, meio gritada e bem marcante. Soa como se o Weezer fosse uma banda cover de 70's-rock-classics. Destaques para as faixas ‘Leave It All Behind' (um verdadeiro hit), ‘Blow It Out', ‘Situation Gone Bad' e ‘Dark Room', essa última sendo bonus track da edição inglesa, não disponível na edição americana. Um álbum up-beat, pra você ouvir do começo ao fim sem pular nenhuma faixa. Ótimo.

VHS OR BETA - “NIGHT ON FIRE”
Depois do The Killers e The Bravery, o Vhs Or Beta é mais uma banda americana que escancara referências dos anos 80 em sua música. O combo formou-se em 1997 e esse é seu primeiro full álbum. Dez canções pra dançar, épicas, encaixando elementos disco, rock e technopop. Um duelo de guitarras, grooves, beats, teclados e vocoders. Remete a Duran Duran, Daft Punk e principalmente ao lado mais dançante do The Cure. A voz do vocalista é bastante semelhante a de Robert Smith. Highlights: ‘The Melting Moon', You Got Me' e ‘Night On Fire'. A última faixa do cd, ‘Irreversible', com seus oito minutos de duração, também é bacana, começando devagar mas depois entrando epicamente num puta clima alto astral. O Vhs Or Beta pode não ser a coisa mais fresh e original do momento, mas ainda sim é muito legal.

TEGAN AND SARA - “SO JEALOUS”
Direto do Canada, esse é o terceiro disco da irmãs gemêas lésbicas Tegan And Sara, e jorra sensibilidade pop logo com a primeira faixa ‘You Wouldn't Like Me'. Contando com membros dos New Pornographers como músicos de apoio, ‘So Jealous' é um disco pop-rock cativante que pode soar enjoativo no começo mas depois ficamos viciados nele. As letras falam de amor e desilusões e cantadas nas vozes sensíveis e warm das garotas, lhe dará uma sensação prazeirosa única. Ouça as músicas ‘I Know I Know I Know', ‘I Bet It Stung' ou ‘Walking With The Ghost' e você verá que não estou errado.

SILVER RAY - “HUMANS”
Um álbum reflexivo e esparso. Quatro faixas instrumentais, longas e improvisadas, que vai percorrendo sem muito destino, mas lhe comovendo a cada virada de tom ou novo acorde. Não é aconselhável para aqueles que não passam por um momento bom da vida, mesmo que a música mais tocante aqui, a última do cd, seja chamada ‘Live On Hope'. Putz, se você tiver mal não ouça. O Silver Ray é um trio da Austrália e vai cativar em cheio quem é fã dos momentos mais melancólicos do Mogwai ou Dirty Three.

ENGINEERS - “ENGINEERS”
O Engineers apareceu em 2004 com o ep ‘Folly' e esse ano lançou o álbum de estréia, ‘Engineers', que é ideal para um bom chill-out de fim de tarde, com onze faixas deliciosas. Ao vivo, como atestado semana passada aqui na coluna, são mais orgânicos e com as guitarras lá em cima. Porém no estúdio, soam bem semelhantes ao Air, com uma parnafernália eletrônica dando o tom aos climas atmosféricos. Vocais tristes e baixos e algumas guitarras com reverb também nos fazem compará-los com sons shoegazers. Quem gosta dos discos '10,000hz Legend' do Air ou ‘Spirit Of Eden' do Talk Talk, tem obrigação de comprar ‘Engineers'.

CUT COPY - “BRIGHT LIKE NEON LOVE”
Os australianos também seguem a onda electro, que parece não ter fim. Esse é o primeiro disco do Cut Copy, oriundos de Sidney, Austrália. O disco foi lançado no final de 2004 mas só agora a Inglaterra está editando seu lancamento. O som é electro-pop puro, com algumas guitarras aqui e acolá. Se você gosta da vibe do Felix da Housecat, Tiga, Fischerspooner e até mesmo New Order, esse é o disco que você tem que comprar em 2005. Franz Ferdinand, Bloc Party e Jet são fãs. E você? Baixe já 'Saturdays' e 'Zap Zap' e sinta o gostinho do Cut Copy.

M.I.A. – “ARULAR”
Bem, tudo que você tinha que ler sobre a M.I.A. provavelmente você já leu. Mas aqui vai mais uma resenha. Esse é o primeiro disco dessa garota que chegou em Londres como refugiada do Sri Lanka devido a guerra civil que por lá ocorre. São doze faixas pulsantes, colourful, com os beats mais bombásticos que você ouvirá esse ano. Um verdadeiro pancadão. O álbum reúne elementos de ragga, hip-hop, electro, funk carioca e sons do Sri Lanka. Um furacão de disco. Sei que soa o máximo do clichê dizer isso, mas mesmo assim, esse é um disco de festa. Destaque para faixas ‘Buchy Done Gun' e ‘Pull Up The People'.

JAGA JAZZIST – “WHAT WE MUST”
Quem curte prog-rock, eis uma boa pedida. Esse novo trabalho do Jaga Jazzist é um emaranhado sonoro que vai longe em sua jornada épica. Gravado no interiorzão da Noruega, são sete músicas instrumentais longas, com forte pegada progressiva, jazz e post-rock, beirando o apocalipse. É uma viagem e tanto. Não tem nenhuma música ruim aqui. Uma beleza de disco. Essa é a banda favorita dos prog-rockers The Mars Volta.


>>>CONFIRA OS OUTROS DISCOS LEGAIS RECOMENDADOS AQUI NA COLUNA:

- M83 | Before The Dawn Heals Us | (Mute Records)
- DESTROYER | Your Blues | (Talitres Records)
- THE BOY LEAST LIKELY TO | The Best Party Ever | (Too Young To Die Records)
- LEWIS TAYLOR | The Lost Album | (Slow Reality Records)
- BLOC PARTY | Silent Alarm | ( Wichita Recordings)
- MERCURY REV | The Secret Migration | (V2 Records)
- ISIS | Panopticon | (Ipecac Recordings)
- DOMINIK EULBERG | Flora & Fauna | (Traum Schallplatten)
- ANTONY & THE JOHNSONS | I Am A Bird Now | (Rough Trade)
- IDLEWILD | Warnings/Promises | (Parlophone)
- KAISER CHIEFS | Employment | (B-Unique)
- BRITISH SEA POWER | Open Season | (Rough Trade)
- M WARD | Transistor Radio | (Matador)
- THE SILENT LEAGUE | The Orquestra, Sadly, Has Refused | (Sic Records)
- THE BRAVERY | The Bravery | (Loog)
- THE SUPERIMPOSERS | The Superimposers | (Little League)
- ADAM GREEN | Gemstones* | (Rough Trade)
- TED LEO & THE PHARMACISTS | Shake The Sheets | (Lookout! Records)

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TCHAU! ATÉ SEMANA QUE VEM!

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