Thursday, September 29, 2005

 

coluna 21 de setembro

Então eu e as Pipettes sentamos para bater um papo. Isso mesmo. Na semana passada tive o privilégio de conversar com as garotas por vinte minutos, exclusivamente para essa coluna. Uau.

Eu já tava com a idéia de conhecer algumas bandas e meio que entrevista-las, mas nunca me sobrou tempo para tal tarefa. Porém no último final de semana, quando vi que as Pipettes tocariam seguidamente no sábado e domingo, em dois lugares diferentes no bairro de Shoreditch, pensei comigo, ‘é agora!’. Quem já acompanha a coluna faz tempo, já sabe da magia das Pipettes.

Como eu já meio que conheço a banda e o manager de tanto que frequento os shows, foi fácil de arranjar esse papo. Combinamos que após o show do domingo, eu e as meninas sentariamos para uma conversa no jardim do bar Cargo, um espaço bacana para baladas e bandas ao vivo no Leste de Londres.

Meio que me limitei a não fazer muitas perguntas, até mesmo para não ocupar o tempo da banda, mas principalmente para não ocupar o meu tempo, hehe… Imagina, tenho que me preparar para o papo, bater o papo e gravar, depois ouvir com calma e passar a conversa inteira para o word. Isso leva horas! E realmente aqui em Londres eu meio que trampo demais e meu tempo é precioso.

Eu também gostaria de falar com os garotos, os The Cassets, a banda de apoio por tras das meninas, mas eles não dao entrevistas. Segundo o manager Andy, eles não se comportam bem o suficiente para tal privilegio (!!!). Entao foi somente com as garotas que conversei: Rose, a preferida dos fas, de cabelo preto; Gweno, a galesa loira de visual ‘California Girl’; e Riot Becki, a simpatica garota de oculos.

E finalmente, depois de vinte minutos apos o termino do otimo show de domingo (recheado de músicas novas!), o manager Andy me chamou e disse que as garotas estavam me esperando la fora no jardim. Well, ‘vamos la’, pensei. Quando cheguei, tive a surpresa de ver que elas ainda estavam com os tradicionais vestidos de bolinhas, e isso não era justo. Eu pensei que elas estariam trocadas ja, como pessoas normais, e no entanto la estavam elas, do mesmo jeito que cantam e dancam no palco. Isso me intimidou! Eram elas mesmas, as Pipettes dos vestidos de bolinhas! Claro que fiquei nervoso com isso. A partir do momento que me sentei para a suposta entrevista, tive vontade de dizer ‘olha garotas, na verdade eu nem tava muito afim disso, tem como a gente cancelar essa historia???’, mas isso seria muito imbecil da minha parte. Comecei a ficar com sede. E putz, não tinha sequer uma latinha de cerveja por perto…

Entao ta, estou eu sentado com as Pipettes no jardim de um bar. Estou preparando meu microfone e laptop. E as garotas iniciam o papo. Preciso falar que meu ingles travou e eu comecei a gaguejar feito um idiota?? Claro que não, você ja deve ter imaginado isso. Meu, tudo o que eu queria era sair dali e voltar pra casa. Mas era tarde demais.

E foi mais o menos assim que a conversa começou….

Eu: Primeiramente, porque só vocês dão entrevistas e não os garotos (The Cassets) também?


Rose: Acho que eles não querem ser entrevistados. Faz parte do conceito da banda ter eles como músicos de apoio. Embora eles sejam bem ‘falantes’ entre nos (risos), acho que eles estão felizes em deixar a gente lhe dar com o spotlight.

Riot Becki: Também eles querem o mistério. Eles preferem que as pessoas queiram saber deles, porque eles gostam disso, sabe, das pessoas ficarem imaginando o que eles fazem ‘por trás das cortinas’.

Eu: Quanto tempos vocês estao juntos?

Rose: Dois anos, mas as vezes parece que é desde que eu nasci! (risos)

Eu: Parece que a ideia inicial da banda veio do guitarrista Bobby. E vocês, ja se imaginavam numa girl-group BAND antes de conhecer ele?

Rose: não, nunca. Eu cantava numas bandas indie antes.

Gweno: Eu escrevia músicas sozinha, cheguei até a lançar algumas demos.

Riot Becki: não…

Eu: As tradicionais girl-groups dos anos 60 eram obviamente formadas por garotas, mas que que tinham as músicas escritas por outros compositores. Vejo que com vocês é diferente, ja que vocês tambem participam do processo de criacao das cancoes. Como é esse processo? vocês compoem juntos com os The Cassets?

Riot Becki: Basicamente, a gente precisa ter as letras, e tambem uma melodia meio pronta. Um de nos escreve algo e traz isso para nosso ensaio, ai todo mundo sugere ideas e a gente comeca a tocar e a compor juntos. Eu acho muito legal o fato da gente ter sete compositores na banda, pois isso faz com que tenhamos uma rapida rotacao de ideas indo e vindo, o que siginifica que a gente tem que escolher realmente as melhores coisas de tudo que temos. Muito melhor do que depender de apenas um compositor, que faz tudo, pois se ele parar, a banda inteira para. Se um de nos não esta muito afim de escrever, temos mais seis pessoas que podem fazer isso, o que é fantastico.

Rose: E tambem a gente aprende um com outro. Embora no palco os garotos soh tocam e nos garotas soh cantamos e dancamos, fora do palco não é assim. Somos meio que iguais…

Todas: Aeee, cervejas!!! Woohooo… Valeu Andy!!!

[Nessa hora o manager Andy chega com cervejas para elas, mas não pra mim. Eu estava com a boca seca e tudo que queria era uma breja pra mim, mas não dava pra ir até o bar. Pensei em falar para o manager, ‘hey, pega uma pra mim tambem!’, mas isso seria ridiculo. Quase que pedi um gole da cerveja delas, mas isso seria mais ridiculo ainda…]

Eu: Sei que vocês gostam das 60s girl-groups, aquela sonoridade Phil Spector e tambem o som da Motown. E quanto a cena músical atual, que bandas impressionam vocês?

Rose: E adoro o novo single da Sugarbabes. (risos)

Eu: Sugarbabes? Nunca ouvi…

Rose: é muito bom. Eu gosto muito de música pop.

Eu: O que você quer dizer com música pop?

Rose: Bem, acho que é pop comercial… Tipo Annie, eu adoro, ela é otima. Mas eu tambem gosto de outrcas coisas…

Riot Becki: Eu não tenho ouvido muita coisa nova ultimamente…


Eu: Mas você gosta de bandas riot-girl como Bikini Kill e Sleater-Kinney…

Riot Becki: Sim, gosto, mas ultimamente tenho mais visto shows, tem muito coisa boa por ai, tipo o Gravy Train!!! [quarteto americano formado por dois garotos e duas garotas, e sao totalmente pirados e engracados ao vivo, e possuem uma sonoridade casio-pop meio comedia], que é soberbo, super performance, uma das melhores performances que vi na minha vida, ninguem bate eles! Mas falando da cena atual de bandas britanicas, eu gosto bastante do Vincent Vincent And The Villains… [combo aqui de Londres que faz um som rockabilly]

Rose: Yeah! E ia dizer isso! Eles sao muito bons! Meus favoritos!


Eu: E as The Priscillas [banda londrina formada por quatro garotas, que sao totalmente 50s tanto no visual quanto no som], que é outra banda retro de garotas tocando por ai…?

Rose: Gosto um pouco delas… Nos ja tocamos juntas uma vez…

Riot Becki: Elas tem um visual lindo!

Rose: Sim, o look delas é brilhante, mas eu não gosto tanto do som delas…

Gweno: não é o tipo de música que eu gosto tambem…


Eu: E o que vocês acham da imprensa músical britanica?

Riot Becki: Acho que ela é muito obvia, é fácil de dizer o que ela vai escrever…

Rose: Bem, tem coisas tipo a NME, que defintivamente não tem nada a ver comigo. não tem nada a ver com o nosso tipo de som.

Gweno: é incrivelmente padronizada…

Rose: E tem muita coisa legal por ai que não sai na midia, o que é uma pena. Mas existem algumas revistas de música interessantes aqui, que infelizmente sao dominadas pelas revistas ruins…

Eu: vocês tem feito bastante shows do ano passado pra ca, e recentemente fizeram turne com The Magic Numbers e The Go! Team. vocês se divertem com os shows?

Gweno: Bem, estar numa banda e fazer turnes é um puta trabalho, ha um monte de detalhes que a gente tem que se preocupar, mas pra mim, no momento que eu subo no palco, isso sempre confirma qualquer inseguranca do tipo ‘porque estou nessa banda?’, pois é uma coisa tao boa, que é tipo ‘é por isso que estou aqui’, confirma minha paixao pela banda, é meio uma terapia. Eu adoro. Toda vez que me sinto down por alguma coisa, sei que vou ficar feliz novamente assim que eu subir no palco e comecar a dancar e cantar…

Riot Becki: Exatamente. é incrivel. Eu posso estar triste ou deprimida ou de ressaca, mas sempre que estou no palco, ‘fico feliz de novo’! é a melhor droga do mundo tocar ao vivo, é muito excitante pra mim.

Rose: E é sempre diferente, cada show é uma vibe diferente, entao a gente se diverte muito…


Eu: Ha algum show que foi especial pra vocês?

Gweno: Bem, pra mim, que entrei esse ano na banda, acho que foi o festival que a gente tocou na Suecia recentemente, o show foi lindo, tinha 1.500 pessoas e a vibe foi a melhor!


Eu: E como foi fazer shows fora da Inglaterra?

Gweno: Foi maravilhoso, pois a gente não tinha ideia como as pessoas iriam reagir. Tipo, ha pessoas que entram no nosso website e que sao de diversos paises, mas tocar ao vivo num outro pais é diferente, foi um desafio para nos conectar com o publico. E a gente conseguiu, foi otimo!


Eu: Bem, é um pais diferente mas suponho que o publico era formado por indie kids…

Gweno: (risos) Sim!!


Eu: E indie kids sao os mesmos no mundo inteiro!

Riot Becki: Hauhauhauahuahaua!!!

Gweno: (risos) Isso é verdade, isso é muito verdade! Hahahaha…

Eu: Ok… Por que a Julia [ex Pipette que deixou a banda a cerca de quatro meses] saiu da banda e como vocês encontraram Gweno?

Rose: Julia saiu porque ela não estava curtindo muito, as coisas não estavam como ela imaginou, e a gente respeita isso. Fomos apresentados para a Gweno atraves do nosso manager, e foi otimo porque ela tem tudo a ver com a banda, ela simplesmente se encaixou muito bem, e é otimo e excitante trabalhar com ela.

Gweno: é estranho, pois eu nunca conheci a Julia, mas tenho um enorme respeito por ela, pois ela estava no meu lugar antes.

Rose: Mas vocês duas sao completamente diferentes…

Gweno: Yeah…

Riot Becki: E é engracado que a entrada da Gweno deu um novo gas pra gente, fez a gente realmente dar o sangue pela banda. Antes estavamos meio preguicosos, e não pensando muito no futuro da banda…

Eu: Mesmo??

Riot Becki: Yeah… E realmente valeu muito a pena a entrada da Gweno… Tipo, a banda ocupa um espaco tremendo nas nossas vidas, a gente desisitiu de empregos e coisas do tipo, e desde da entrada dela estamos realmente mais focados para que as coisas funcionem para a banda… Sangue novo, sabe?!

Eu: E as coreografias, quem cria elas? vocês praticam bastante?

Riot Becki: Haha… sim, um pouco… A gente tem que praticar…

Eu: Sim, imagino…

Riot Becki: Ontem mesmo a gente tava criando as danças para a música nova da Gweno (risos), a gente ensaiou uma vez com a banda, ai mudamos a coreografia, ai tivemos que ensaiar de novo! Haha… Foi trabalhoso…

Rose: As vezes a gente meio que inventa na hora a coreografia…


Eu: vocês pretendem continuar fazendo isso?

Riot Becki: Muitas vezes a gente somente dança, balança e isso é um bom modo de deixar as pessoas pra cima, e também não enjoarmos das coreografias… Acho que não é necessario fazer sempre… temos que balancear nossa performance, ai ninguém fica de saco cheio (risos)!!

Eu: E as letras? Quais são as inspirações?

Rose: São pequenas histórias que acontecem com a gente, algumas fantasias tambem… (risos)

Eu: vocês conhecem algo de música do Brasil?

Riot Becki: Errr… eu so conheço drum’n’bass do Brasil… haha… Uma cena completamente diferente… hehe…

Gweno: Mesmo?? Brilhante!! Como é?

Riot Becki: é maravilhoso, bem soulful!!!

Gweno: Ohh… imagino que seja mesmo, tipo, eu tenho uma idéia vaga de música brasileira, tipo batuques… Ha alguma banda que você recomenda?

Eu: Bem, o Brasil é um pais grande e temos diversos tipos de música lá. Internacionalmente, os genêros mais conhecidos são samba e bossa-nova, eu gosto desse tipo de som, principalmente dos anos 60 e 70...

Rose: A Astrud Gilberto é brasileira ou espanhola?

Eu: é brasileira. Ela é relativa do João Gilberto…

Rose: Yeahh… Ela é maravilhosa, eu adoro!! A música dela é tão tocante… Beautiful!!!

Eu: Eu tambem gosto muito dela. A epoca dos anos 60 foi muito boa. Ainda tem coisas legais surgindo, até algumas bandas indie, mas os melhores artistas na minha opinião são daquela época. No momento aqui na Inglaterra tem muita gente falando de ‘Baile Funk’…

Riot Becki: Ah, é!! Eu li essa manhã uma matéria sobre isso no The Observer! A MIA sampleou umas músicas brasileiras…

Eu: Pois é… Eu não sou um profundo conhecedor de ‘Baile Funk’, mas acho engraçado algumas músicas! Então vocês conhecem drum’n’bass e Astrud Gilberto somente?

Todas: Oohhhhhh….

Rose: Isso é mal!!! Ohhhh… Que vergonhoso… Sorry…

Eu: não tem problema, não da pra ficar ligado em tudo que acontece no mundo… Se vocês me perguntassem se eu conheço alguma banda da Austria, eu não saberia lhe dizer…

Gweno: Pois é, tem muita coisa boa por ai, impossível saber de tudo…

Eu: Bem, pra finalizar, vocês lançaram dois singles limitados em vinil 7” aqui na Inglaterra, que se esgotaram frenéticamente. Em novembro vocês vao lançar o novo single ‘Dirty Mind’, e depois?

Rose: Album!! Provavelmente em abril do ano que vem será lançado nosso álbum, pela Memphis Industries, uma gravadora de Brighton.

Eu: Legal, vou tentar lançar o disco de vocês lá no Brasil, conheço pessoas que tem contatos com algumas gravadoras por lá… quem sabe…

Gweno: Ohh… Lindo!! Isso seria ótimo!! Já pensou a gente fazendo turne no Brasil??! Seria demais!!!!

Riot Becki: Eu adoraria!!

Eu: Ok, garotas. Esse papo vai entrar no site www.oilondres.com.br, eu passarei o endereco para o Andy. Posso tirar uma foto de vocês?

Rose: Sim, mas a gente não ta muito bem pra fotos… (risos)

Eu: No worries…

[tiro a foto]

Gweno: Deixa eu ver!!!

[dou a camera pra elas]

Rose: Argh! To completamente miseravel!!!

Riot Becki: Deixa eu ver… Ae, eu to sorrindo, vocês não!!

Rose: Putz, eu tentei sorrir, mas to tao acabada que o sorriso não saiu…

Gweno: Hahaha…

Eu: OK, finish! Obrigado pela atencao, garotas!


Rose: Valeu você! A gente sempre ve você nos shows, obrigado por prestigiar a banda e o nosso som!

Eu: De nada, continuarei indo aos shows! See you next time, yeah?!


***


A partir dai eu ainda fiquei um tempo arrumando umas coisas no computador e depois sai dali e fui direto pegar uma breja. Finalmente! No caminho de volta, resolvo comprar o The Observer e ler a tal matéria de Baile Funk que a Riot Becki comentou. Putaquepariu!!! Que artigo é esse!?!?!?!! Entre várias coisas malucas e bizarras que diz sobre o Brasil (comum em reportagens sobre o Funk Carioca aqui no UK), tem uma parte que o reporter entrevista um funkeiro carioca e o cara solta: “Nos brasileiros não nos importamos com a buceta, não gostamos de sexo vaginal, queremos mesmo é sexo anal, metemos pra valer mesmo é no cu”. Meudeus!!!!!! Imagina o que a Riot Becki tava pensando de mim?!!!?! é foda, são matérias como essa que queimam total o filme dos brasileiros aqui na Inglaterra. Never mind. Agora com a entrevista gravada, eu teria que começar a escrever e a passar para word, coisa que estou finalizando agora.


So dando um toque, o single ‘Dirty Mind’ será lançado aqui na Inglaterra dia 14 de novembro, pela Memphis Industries. O formato em cd vira com as demos ‘Tell Me What’ e ‘We Are The Pipettes’ como b-side, e a versao vinil 7” contará com ‘Because It’s Not Love’, ao vivo na Xfm. não marquem bobeira e comprem!! Dessa vez, ao contrário dos outros sigles limitadíssimos, a distribuição será por toda a Inglaterra, inclusive a Amazon.co.uk Imperdivel.

A banda ja gravou até um clipe para o novo single, como você confere nas fotos abaixo.

Outra coisa, eles estão mesmo interessados em lançar o disco no Brasil e o manager Andy me falou que se eu souber de alguém interessado, pra passar o contato pra ele. E isso ai, se alguém de gravadora estiver interessado em lançar o disco das Pipettes no Brasil, me dá um toque que eu coloco em contato com o manager.

Um disco das Pipettes no mercado brasileiro seria perfeito, acho que o som da banda tem tudo a ver com o Brasil, que é um pais maluco e alegre. Fora que o fato de ter tres meninas de vestidos de bolinha como vocalistas é também um diferencial. Já existiu alguma vez uma girl-group no Brasil?? não sei.

Acho que daria super certo as Pipettes no Brasil. Sem contar o mercado infantil, que é coisa que eles tambem estao focando aqui. Ja pensou sua irma pequena louca pelas Pipettes?? Isso é fácil de acontecer. Como já disse diversas vezes aqui na coluna, a música das Pipettes é fácil, divertida, cool, soulful, capas de cativar multidões.

Well, agora dá um look na foto que tirei delas na mesa, e também segue uma do show de domingo. Lá embaixo tem elas gravando o clip de ‘Dirty Mind’.










MARCIO CUSTODIO
marcio_custodio1980@yahoo.com.br

Wednesday, September 21, 2005

 

coluna 14 de setembro

Acabo de receber a noticia de que minha cachorrinha poodle teve filhotes no Brasil. Ai, que saudades. Quero um pra mim.

Well, o que tenho mesmo pra escrever aqui na introducao??? Errrr… Ah, sim. Acabei de chegar de Berlin. Puta cidade horrorosa. Eu, hein. Tipo assim, nao que seja feia, mas eh cinza, cheio de predios ‘tower blocks’, e nao ha muitas pessoas nas ruas. E eu ouvia o eco da minha voz numa das estacoes de metro, de tao deserta que era. Eh que estou acostumado com Sao Paulo e Londres e fui pra Berlin achando que a cidade tinha um clima de capital, mas nao. Eh morta. Ah, e eu vi a Christiane F. por la, ela tava pedindo esmolas num trem que eu peguei…

Mas ai, fui num puta clube legal, chamado Karrera Club. O espaco fisico do lugar eh o melhor que eu ja vi ateh hoje para um um clube indie, a discotecagem super atual (tocaram Arctic Monkeys, nova do Franz, The Rakes) e a vibe tava boa. Tinha quatro garotas para um garoto. Nao que pra mim faca alguma diferenca, mas isso certamente deixa o ambiante mais agradavel. >>www.karreraklub.de

Chega de conversa furada. Essa semana seleciono sete discos legais lancados esse ano. Todas as bandas eu ja tinha dado um toque aqui antes, mas segue o veredito de suas obras.

See you when I see you.

Continua a lista de melhores discos de 2005. Get it!



GENTLEMAN REG - “DARBY & JOAN”
Diretamente de Toronto eh que vem essa joia. E quando eu digo joia, eu realmente quero dizer isso. Porque um disco que possui guitarras certeiras e suaves como essas, so pode ser uma joia. Um diamante pop. E que erradia sua vida, assim mesmo como erradiou a minha. Nao acredita? Ta rindo da minha cara? Entao ouca ‘Bundle’ ou ‘Over My Head’ e cale-se. O pop nunca foi tao simples e bonito em 2005. O ultra loiro Reg Vermue eh o homem responsavel, que escreve as musicas, toca todos os instrumentos e canta. “Darby & Joan” eh o segundo album dele e um dos melhores desse ano. Recheado de cancoes ora sensiveis ora contagiantes, nao ha nenhum momento desapontante aqui. As letras sao contos gays vividos por Reg e que certamente cativarao os fas de Stephen Merrit. Outros destaques vao para ‘All My Love’, ‘The Boyfriend Song’, ‘It's Not Safe’, ‘The Deal’ e ‘Don't Bring Me Down’, ou seja, quase o disco todo. Mais do que aconselhavel para fas de The Smiths, The Hidden Cameras, Orlando ou Magnetic Fields.

CIRCULUS - “THE LICK ON THE TIP OF AN ENVELOPE YET TO BE SENT”O Circulus veio pra te levar de volta ao ano de 1207, no meio de rituais ocultos, orgias e fadas. O coletivo, que conta com nove musicos, lancou esse ano o disco de estreia ‘The Lick On The Tip Of An Envelope Yet To Be Sent’, carregado de faixas esquisitas e exoticas, pegando referencias de musica folk medieval ateh bandas ‘heavy-obscure-dark-70s-psych-rock’. Mas nao pensem que sao virtuosos chatos, pois no meio disso tudo ha uma arteria pop pulsando firme. Eh o que mostram faixas como ‘The Scarecrow’ e ‘Swallow’. A riquesa musical prevalence, e ouvimos desde diversos tipos de flautas, passando por bongos, ateh piracoes em sintetizadores analogicos. Ainda ha harmonias assoviaveis e alguns lindos vocals femininos. Um classico de 2005, com um gostinho medieval. Nao deixe de receber o Circulus em seu coracao e obter sua satisfacao espiritual.

MARIA TAYLOR - “11:11”
A cantora americana Maria Taylor eh uma metade do duo Azure Ray, e aqui ela esta pela primeira vez arriscando um disco solo, lancado pelo selo indie Saddle Creek. A sonoridade eh semelhante aos trabalhos anteriores dela, com a diferenca que aqui ela trilha por alguns caminhos eletronicos e nos oferece dez soberbas faixas pop, com leves beats, vocais charmosos e passagens folk, criando uma atmosfera pra la de gentil. Tai uma cantora que soa atual e pop sem cair em climas bucolicos.

BRIGHT EYES - “DIGITAL ASH IN A DIGITAL URN”O garoto prodigio - e tambem prolifico - Conor Oberst, conhecido como Bright Eyes, continua firme na sua jornada de cantar cancoes tristes, tanto eh que esse ano ele lancou dois albums repletos delas de uma vez soh. WWWWW e “Digital Ash In A Digital Urn” sairam no mesmo dia: um vem com a ja traditional linha folk melancolica dos trabalhos anteriores, e o outro eh carregado de blips eletronicos e roupagem digital, mas ainda sim com aquele ‘desespero bright eyes’ cravado nas musicas. Foi uma tentativa de sair da mesmice e que eu aplaudo. Muitos torceram o nariz para o rumo tomado nesse trabalho ‘digital’, mas eu nao. E quer saber, eu ja tinha tido o suficiente daquele folk, e aprecio a atitude de Conor de tentar outras sonoridades. Esse album leva algumas boas audicoes ateh voce ‘entrar’ nele. Ha muitos detalhes, e isso certamente requer um fone de ouvido para ser melhor apreciado. Existe um clima meio grandioso nas musicas que ameaca explodir, mas que sempre trava no ultimo momento, quando Conor abaixa o tom e as orquestras cessam. O disco eh bom e consistente como um todo e nao cabe aqui destacar nenhuma faixa, apenas compre um vinho barato e sinta o deleite.

ROYKSOPP - “THE UNDERSTANDING”
Em tempos que dinossauros da musica eletronica soam cada vez mais chatos e datados, e temos ai como exemplos Fatboy Slim, Moby e Chemica Brothers, nada melhor que refrescar nossos ouvidos com grupos como o Royksopp. Esse duo da Noruega colocou nas lojas seu segundo album ‘The Undertanding’ recentemente e, como ja era de se esperar, sao onze faixas que servem como uma aula para se fazer musica eletronica com estilo e frescor. Eh direto, pop, relaxante e epico. Nao ha nada melhor que sair de balada ao som de Royksopp. Eh uma sensacao de liberdade, e essa eh uma das melhores sensacoes da vida, nao eh mesmo? Destaques: ‘Someone Like Me’, ‘Only This Moment’ e ‘What Else Is There’.

COCOROSIE - “NOAH’S ARK”
Uuuuuuui.. que delicia… que conforto… nao quero sair daqui… Realmente, ouvir Cocorosie no quentinho da sua caminha eh o que ha. Ano passado elas, as irmas sereias prediletas deste escriba (ha ha, como se tivessem outras irmas sereias por ai…), lancaram um disco confortante, fofo e intimista. Esse ano elas repetiram a dose, e se sairam mais uma vez deliciosamente bem. Se elas lancassem albuns todo ano com essa mesma formula, eu nao iria reclamar. Violao, ruidos diversos la no fundo, a voz delas e magia. Anota ai, essa eh a formula delas. Ainda nesse novo trabalho elas colaboram com Antony, o homem-mulher dono da melhor voz de 2005. O resultado eh singelamente cortante. Ah, elas tambem colaboram com ponys e gatinhos filhotes. Voce tem que ouvir. Ai, agora deixa eu terminar com a porra dessa resenha e voltar para o quentinho da minha caminha…

RICHARD HAWLEY - “COLES CORNER”Logo nos primeiros segundos da primeira faixa desse disco, somos transportados para um sonho. Dai, ate o final da ultima faixa, uma voz, a voz, permeia nossos ouvidos, cantando cancoes sobre amor, cidades pequenas e incertezas. Eis Richard Hawley, o nosso crooner do momento. Esse eh seu terceiro trabalho e segue o mesmo jeitao dos anteriores, baladas bonitas e suaves. Romanticas, ateh. Richard Hawley eh o que eu chamo de ‘top man’. Ouca ‘Coles Corner’ ou ‘The Ocean’ para voce ter ideia do que estou falando. Top man. Top album.



MARCIO CUSTODIO
marcio_custodio1980@yahoo.com.br





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coluna 07 de setembro

Acabei de chegar de um show gratuito do The Go! Team e soh digo uma coisa: meu, essa banda tem o Funk!

A apresentacao aconteceu na HMV Megastore, na Oxford Street, centro de Londres. Foi curta, e embora o comeco tenha sido meio estranho, com som embolado, do meio pro final a banda se acertou bonito e deu pra deixar a gente com gostinho de quero mais. Tocaram ateh musicas novas, uma delas pra la de contagiante e explosiva. E a vocalista Ninja mexe e remexe que eh uma beleza! Ela ‘ganha’ a plateia facil com seu carisma e jeito de dancar.

Se voce nao conhece o The Go! Team, ouca ja o album ‘Thunder, Lightning, Strike’, lancado no ano passado. Foi o disco do ano na minha opiniao. Eh uma explosao de cores, beats e energia. Eh por causa de bandas como essa que eu digo: IN THE NEW MUSIC I TRUST!

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THE SHORTWAVE SET
Ao vivo no Windmill, Brixton, Londres, 03/09/2005


Londres eh a cidade mais cosmopolita do mundo. Fato. E isso influi na vibe da cidade em varios sentidos. Um deles eh a musica. Podem falar o que for, mas de todos os polos conhecidos de bom sons, diga-se Nova Iorque, Detroit, Manchester, Berlin, Glasgow, Estocolmo, Brighton etc, eu ainda acho que Londres eh a cidade mais fertil. E como estou morando e vivenciando a cena daqui, eu super apoio as bandas londrinas, assim mesmo como eu fazia com as paulistas quando eu morava em Sao Paulo.

Quando surge um grupo como o The Shortwave Set, fico me perguntando como nao trombei com eles antes. Tipo, eles sao tao originals e fofos, e fazem musicas tao bonitas, e moram aqui no bairro vizinho do meu. Ainda nao me acostumei com a ideia que na rua ao lado alguem pode estar gravando um disco lindo que vai pegar meu coracao em cheio, assim mesmo como o The Shortwave Set fez. Por que quando ando pelas ruas de Londres eu so vejo pessoas com pressa e gente de diferentes cores e cortes de cabelo e chavs e mulcumanos e putas e rockers e executivos, mas ninguem que possa parecer que faz parte de uma banda que cria musicas tao introspectivas e magicas como o The Shortwave Set.

Embora um pouco avessos a demasiada exposicao publica e shows, no ultimo sabado o trio The Shortwave Set se apresentou ao vivo no Windmill, um pequeno pub indie no sul de Londres. Somente cinco contos de entrada. Com isso, nao pensei duas vezes e fui. Sem medo de ser feliz.

Eram 21h30 quando a banda, acompanhada de mais dois musicos de apoio, subiu ao pequeno palco do Windmill. E assim a viajem comecou. O que mais me atrai no som deles eh que eles compoem cancoes extremamente simples e folk, e ainda sim soam mais atuais do que bastante gente por ai. Ao contratio de muitos, sao inventivos em suas influencias. E isso eh tudo que uma banda precisa ser em 2005.

Quando ouvimos o recem lancado disco de estreia deles, o soberbo ‘The Debt Collection’, a principio caimos numa vibe moderna e supomos que a maioria dos sons foi feito em computador. Ai quando assistimos um show da banda, babamos de supresa com o fato de que quase tudo que tocam ao vivo eh organico e de que so sao cinco pessoas. Eh tao simples e tao cheio de surpresas. Cada barulhinho eh feito na hora. Ateh nos momentos dos samples voce ve um cara da banda rodando o vinil na picape.

Usam instrumentos diversos, com banjo, teclado de brinquedo, teremim, violao, baixo e outros que nem sei o nome. O pequeno palco do Windmill mal comportava a parafernalia toda da banda. Com a dupla girl-boy de vocalistas Ulrike Bjorsne (uma linda garota nativa da Suecia e de visual sixtie) e Andrew Petitti a frente, o show foi um desfile de sussurros e climas intimistas do comeco ao fim, recheado de harmoniosos vocais e melodias doces. Soam como uma perfeita trilha sonora para um filme obscuro frances. Ouca a bela ‘Slingshot’ e voce vai sentir isso.

O hit do grupo ‘Is It Any Wonder’ foi calorosamente recepecionado pelas nao mais de 150 pessoas presentes, e surprendeu pela tamanha fidelidade de que possui ao vivo em relacao a gravacao em estudio. O refrao viscoso a la Saint Etinne fez muita gente balancar a cabeca e cantar junto. As exoticas ‘Roadside’ e ‘Better Than Bad’ deram um toque tradicional folk-escandinavo ao show, enquanto que ‘Head To Fill’, uma das faixas mais bonitas desse ano, inexplicavelmente me deixou triste e melancolico durante seus quatro minutos. Deve ser porque os vocais de Ulrike sao tao sensiveis e consistentes ao mesmo tempo, que dao um contraste singular a cancao. Me senti fragil, talvez por que estava entre melodias frageis.

Ja ‘Figures Of '62’ e ‘Yr Room’ sao o tipo de musicas que sentimos que estao empoeiradas, ficamos com a imagem de que foram compostas num porao escuro com cheiro de mofo, e suas ingenuidades e roupagem retro nos remetem diretamente a decada de 60. A banda mal fala entre as musicas, somente agradecem de forma timida, trocam os instrumentos entre si e comecam um novo numero. Finalizaram o show com a extensa ‘In Your Debt’, fazendo com que o publico pedisse ‘mais uma’. So que a banda nao tinha mais repertorio, deixando o palco sob vastos aplausos. A viajem tinha terminado e depois de mais ou menos uma hora eu voltava a sentir meus pes no chao. Sai de la com a certeza de que o The Shortwave Set eh sem duvida uma das bandas mais preciosas de 2005.

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O HOMEM-MULHER.

E voces viram que o Antony & The Johnsons ganhou o prestigiado Mercury Prize aqui na Inglaterra, com o magico disco ‘I Am Bird Now’?? Nossa, serio, fiquei muito contente com isso. Pois ele merece. O disco, ja resenhado aqui nas colunas anteriores, eh um classico instantaneo. Musicas com o poder pra te levar ao ceu. Esse album esta entre os cinco melhores dessa ano com certeza.

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A opiniao de Ian Brown a cerca do Kasabian

Essa semana a NME traz uma entrevista com o ‘monkey’ Ian Brown e, entre diversas coisas, olha so o que o Ian Brown soltou:

NME: Guitar bands estao fazendo musicas dancantes novamente…
Ian Brown: Eu gosto do Bloc Party, acho o cara um bom vocalista. Gosto da voz dele e de sua atitude. Mas Kasabian… Pra mim eles sao como o Jesus Jones! Eles sao como uma banda tributo as piores baggy-bands. Eh como se eles tivessem assistido todos os video-clips e estao tentando recriar isso. Conheci a banda e eles sao caras legais. E isso eh tudo o que eles sao: caras legais, educados, de classe media. O foda eh que eles ficam tentando se vender como se fossem da classe-operaria do norte, mas nem do norte eles sao, e sim da regiao central!

Soh digo uma coisa: MONKEY!!! MONKEY!!! MONKEY!!! MONKEY!!! MONKEY!!!

Ja que comecei a falar do Kasabian, vamos ateh o final. Outra descolada balada indie aqui de Londres tirou uma com a banda. Dessa vez foi o Stay Beautiful, que colocou nos flyers da festa: ‘O gerenciamento do clube reserva-se no direito de barrar a entrada de chavs e fas de Kasabian’.

Como ja foi dito aqui, diversos clubes indie de Londres vem expressando desgosto pelo Kasabian atraves de flyers e mensagens na internet, ridicularizando a banda e tal. Acho otimo, pois Kasabian eh um lixo, peloamordedeus.

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BURN IT: musicas da semana!

COLDPLAY “Fix U”:
O poder do Coldplay aqui eh tao esmagador que as vezes enche o saco. Nesse pais so se fala em Coldplay nos ultimo quatro meses. Ateh revistas de culinaria tem o Chris Martin na capa. Dai minha pouca vontade de ouvir o album novo deles. So me liguei nos singles, e o ultimo, ‘Fix U’, eh legal. Comeca lento e depois fica uma coisa gigantesca. Melhor o clip, que comeca com Chris Martin andando sozinho pelas ruas de Kings Cross e depois do nada entra num estadio lotado com fogos e tudo mais e canta a musica com sua banda para sei la quantas mil pessoas. Eh pra rir ou pra chorar? Mas ‘Fix U’ eh bonita. Gostei.

BLOC PARTY “Two More Years”: Em alta rotacao nas radios e tv daqui de Londres, esse eh o otimo single novo do Bloc Party, onde abracaram completamente uma veia pop e melodica, com espertas harmonias vocais e, como de praxe, riffs de guitarra pra la de astutos. Essa faixa nao esta presente no album ‘Silent Alarm’ e deve ser lancada como single em breve.

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Ai que sono… Essa semana eu durmi umas tres horas por noite… To pregado. See you next week.





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Wednesday, September 07, 2005

 

coluna 01 de setembro

Prometo que vou atualizar o blog ai do lado, que tá no show do The Features a meses. Mas não já, pois agora falo do livro do Belle & Sebastian, do DVD da serie The Mighty Boosh e mais notícias do Planeta Pete. Vamos então?

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BELLE AND SEBASTIAN


Foi lançado essa semana em Londres o primeiro livro contendo a biografia do Belle And Sebastian. Escrito pelo amigo da banda Paul Whitelaw, o trabalho, que tambem contem fotos, recebe o nome de ‘Belle And Sebastian: Just a Modern Rock Story’ e resgata historias do comeco da banda até os dias atuais, revelando curiosidades diversas, que com certeza vao agradar boa parte dos fas. Como por exemplo o fato de que Stuart Murdoch, o timido lider do cojunto, tinha um trabalho fixo até 2001, quando as turnes começaram a ser mais frequentes. 2001 inclusive foi o ano em que a banda fez shows no Brasil. As historias que rondam a trajetoria do Belle And Sebastian sao como as músicas: fofas, twee e bonitas. Vale muito a pena ler esse livro e se deliciar com contos sobre eles.

O Belle And Sebastian surgiu em 1996 na cinzenta Glasgow, Escocia, como um projeto de faculdade de seus integrantes. Lançaram em edição limitada o disco ‘Tigermilk’, mas pouca gente teve acesso ao trabalho. Vieram ganhar fama com o segundo album, ‘If You’re Feeling Sinister’, em 1997. Dai pra frente lançaram uma porção de albums e eps, e em 2000 a banda ganhou o Brit Awards de banda revelação, aqua na Inglaterra. Foram ao Brasil em 2001 e tocaram no Rio e em Sao Paulo, como parte do festival Free Jazz. Assisti os dois shows e foram sem duvida dois dos shows da minha vida. Tive a sorte ainda de encontrar Sturt Murdoch na praça Benedito Calixto em SP, e ele tocou piano no meio da praça pra mim e mais meia duzia de sortudos.

Sou super fa de praticamente todos os albums e eps da banda. Até mesmo os último discos para os quais muitos fas torcem o nariz, eu recomendo. Para introdução certeira, fico com ‘If You Feeling Sinister’, de 1997, e ‘Dear Catastrophe Waitres’, de 2003. A sonoridade é algo entre pop-folk-twee. Se quiser uma compilação, surigo assistir o DVD ‘Fans Only’, que a coleção de videos, imagens e músicas mais lindas da face da terra. Tai a dica.

O livro ‘Belle And Sebastian: Just a Modern Rock Story’ pode ser encontrado em Londres em qualquer boa livraria por miseros £ 12.99. Eu ja comprei a minha copia!

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THE MIGHTY BOOSH

Finalmente saiu em DVD a primeira coleção do seriado The Mighty Boosh, a serie mais engraçada da TV britanica dos dias de hoje. é simples, tosco e genial. Mais ou menos como o Hermes e Renato, so que brilhantemente mais idiota.

A série foi eleita por diversas publicações, incluindo a NME, como a melhor série de humor atualmente. Estrelada pela dupla Howard, um sujeito meio twee-jerk, e Vince, de visual na linha Ziggy Stardust, é impossivel nao cair na risada com as situacoes e viagens que os capitulos te proporcionam. São idéas das mais chapadas e com certeza, na minha opinião, o pessoal que faz sabe escolher boas drogas.

Um dos capitulos mais comicos é quando Vince e Howard estao viajando e se perdem, acabam caindo num pub cheio de velhos bebados, no meio do nada, perto de um lago. Nao me lembro bem por que, eles inventaram de pescar, na calada da noite. Enquanto estao numa canoa pescando no lago, aparece o Old Greg, uma especie tosca de monstro do mar. Howard acaba sendo levado para a caverna do Old Greg e la ele é apresentado para o Funk, que fica dentro de uma caixa. Mas o que é o Funk??? Old Greg explica que o Funk foi parar la depois que George Clinton do Parliament o chutou, achando que nao precisava mais dele. O Funk foi parar nas maos do Old Greg e vive desde entao no fundo do mar. Como Howard tem uma banda com Vince, ele rouba de Old Greg a caixa com o Funk e foge, usando o Funk em sua banda. A partir dai ele e Vince começam a fazer sons funkeados e passam a acreditar que dessa vez vao estourar, ja que agora ‘eles tem o Funk‘. Mas tudo isso se passa de um modo chapadamente engraçado. A começar pelo Funk, que é um bichinho que fica dentro da caixa acenando pra você…

A serie The Mighty Boosh tambem fez fama no radio, mas agora estao na TV, no canal Channel 4. A segunta parte da serie começa em Setembro. Mais informações: www.themightyboosh.com

Outras séries que gosto aqua na Inglaterra são Little Britain e Spaced, mas dessas eu falo depois…

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ARCTIC MONKEYS

Depois dos shows nos festivals de Reading e Leeds, que rolaram nesse último final de semana aqui na Inglaterra, so se fala em Arctic Monkeys Mania. O quarteto de Sheffield ja vinha sendo celebrado como a grande revelação do festival antes de entrar no palco, e quando o show comecou, pareceu que todo o festival parecia esta foçado na banda. A tenda onde se apresentaram ficou super-lotada e tinha gente assistindo de fora da tenda mesmo. A plateia sabia cantar todas as músicas, mesmo sem a banda nunca ter lançado um single com distribuição decente. Entre as faixas, so se ouvia gritos de ‘Mon-keys, mon-keys, mon-keys’. E o vocalista e lider Alex Turner ainda brincou: ‘Don’t belive the hype. They didn’t hype us enough’. O show deles remeteu a primeira vez que o Foo Fighters tocou no Reading, onde causaram a maior histeria. Depois dessa, a banda promete um novo single ainda esse ano e farao uma grande turne pelo UK em setembro. Fiquem de olho, eles vao estourar! Se é que ja nao estouraram…

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BABYSHAMBLES

No último domingo foi transmitido na tv britanica o tao aguardado documentario sobre o Pete Doherty, que teve o singelo nome ‘Who The Fuck Is Pete Doherty?’. Praticamente todos os jornais deram nota sobre o programa. Eu vi, gravei e tirei as seguintes conclusões: mais cedo ou mais tarde vai chegar a hora do Pete ser preso pra valer. O video mostra imagens surreais, como por exemplo ele saindo na PORRADA com o guitarrista Patrick Walden no meio de uma apresentação dos Babyshambles no Brixton Academy, ou ele se tornando EXTREMAMENTE agressivo e violento de uma hora pra outra e quebrando tudo ao redor. Meu Deus, o que o crack faz a um ser humano. De tando fumar pedras, ele acaba virando um monstro. Isso talvez explique porque ele se mete em tanta briga. A ultima foi com o Johnny Borrell, lider do Razorlight, no último domingo no Leeds Festival. Dizem que o Crazy Boy foi até o camarim do Razorlight pra sair na porrada com o Johnny. E conseguiu. Johnny, que foi membro dos Libertines no inicio, saiu com o rosto esfolado, sangrando.

Quanto a música dos Babyshambles, que é o que me interessa, o documentario foi breve. Entretanto, a NME dessa semana publicou uma resenha sobre o show do conjunto no Reading/Leeds Festival e disse que ao vivo parece que cada integrante toca uma música diferente ao mesmo tempo, de tao mal tocado que é. Pra vocês verem que nao sou so eu que acha que os Babyshambles ao vivo ficaram uma bosta… A NME concluiu: ‘Babyshambles is the most shambolic band EVER‘.

Documentarios e shows a parte, o album dos Babyshambles deve sair no final desse ano. Hopefully.

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BURN IT: músicas da semana!

GENTLEMAN REG - “The Boyfriend Song”:
O Gentleman Reg é disparado minha banda preferida no momento. Melodias simples, porem matarodas. Suave e contagiante. Reg Vermue, o canadense faz tudo desse projeto, canta com uma voz de partir seu coração. Indie gay afetado e sensivel, com falsettos aqui e acola. Nao tiro o album ‘Darby & Joan’ do meu cd player. Lindo, lindo, lindo. Pra quem gosta de Hidden Cameras, Magnetic Fields, Smiths…

LES INCOMPETENTS - “Much Too Much”: Essa banda esta sendo lançada pelo selo White Heat, que é tambem uma das festas mais legais aqui de Londres. Os Les Incompetents fazem um rock’n’roll com uma pegada soul, e você pode conferir isso nessa otima faixa ‘Much Too Much’, que é o lado b do primeiro single deles, lançado em edição limitada 7” esses dias. Mas acho que se você cacar no soulseek, você encontra. Sao descritos como uma fusao de Libertines com Oranje Juice.

YETI - “Keep Pushin’ On”: Novo single da banda capitaneada pelo ex baixista dos Libertines, John Hassal. Dessa vez estao menos power-pop que o primeiro single e mais rock’n’roll, uma coisa meio 60’s rock, de otima qualidade. Lembra o Libertines. Ouça ja.

HELEN LOVE - “Long Hot Summer”: Mais um single lançado pelo Helen Love, mais um plastic-punk-pop explosivo e fofo. Saiu recentemente e vem em vinil laranja. Punk-pop bubblegun é o que ha. Otimo pra ouvir no verao aqui em Londres. Como no Brasil é verao o ano inteiro, otimo pra ouvir a qualquer hora, mas de preferencia quando você esta dirigindo numa estrada livre e pensando na vida…

WHITE ROSE MOVEMENT - “Love Is a Number”: Mais uma banda post-punk-funk que surge. O diferencial é que essa é legal. Se você gosta de The Rapture… um prato cheio! Essa música é uma boa opção pra discotecagens indie.





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