Saturday, December 24, 2005

 

coluna 15 de dezembro

Ai ai. Dia 15 de dezembro. 2005 já era. Puta merda. Será que fiz tudo que deveria? Sei não... Mas falando de música, taí embaixo minha lista dos melhores. The Best. Os 20 melhores álbuns e singles. É claro que lá pra 2006 eu estarei descobrindo muita coisa boa de 2005, mas… 'desencana que a vida engana'. Também recomendo alguns livros, filmes e DVDs.

Esse foi o ano que mais li livros na minha vida, mas pouquíssimos foram lançados em 2005. Mesmo assim, selecionei alguns.

No tocante aos álbuns, porra, claro que The Tears tinha que estar em primeiro. As pessoas falam pra mim de ser imparcial e jornalisticamente correto. Imparcial o caralho, Suede/The Tears é minha banda preferida, "Here Come The Tears" foi o disco que mais ouvi esse ano e acredito muito nele, e que muita gente pode cair de amores por ele também. Ok, o The Tears teve ZERO de relevância e sucesso esse ano, definitivamente o som deles não é 'the sound of 2005', mas que se dane. O melhor. O maior. Um dia se Brett Anderson lançar um disco ruim, serei o primeiro a dizer. Mas isso ainda não aconteceu. Eu realmente gostei desse álbum.

Depois, obviamente, Antony & The Johnsons. Uma bela surpresa de Nova Iorque, um disco coeso e rico. As baladas mais graciosas de 2005 e uma das vozes mais bonitas de todos os tempos. Seguindo, o quinteto inglês Maximo Park, com o melhor disco de rock disparado. Petardos punk regados a romantismo e inteligência.

Esses subiram no pódio. O resto você vê logo abaixo. As resenhas desses álbuns estão nas colunas anteriores, como você sabe, e você pode acessar e ler tudinho. Na próxima semana faço a lista geral dos 90 discos que comentei esse ano. E também os piores.

Quanto aos singles, alguns não são singles, mas vale mesmo assim. Deveriam ser, a propósito. Vocês notarão que algumas bandas possuem álbuns fracos, mas se superam nos hits, como é o caso do primeiro lugar, o hino "Hard To Beat" dos ingleses Hard-Fi. Nem aprecio muito essa banda, mas essa música, saindo alto das caixas de som, é IMBATÍVEL. Em seguida, a exótica e engraçada e genial "My Doorbell" dos White Stripes. O disco deles não é lá grandes coisas, mas essa música é pura simpatia. The Cribs vem depois, com o torpedo "Hey Scenesters". Bom, deixa eu acabar com essa enrolação… Let's have it!


>>>> ÁLBUNS
01. THE TEARS -- "HERE COME THE TEARS"
02. ANTONY & THE JOHNSONS -- "I AM A BIRD NOW"
03. MAXIMO PARK -- "A CERTAIN TRIGGER"
04. THE SHORTWAVE SET -- "THE DEBT COLLECTION"
05. BABYSHAMBLES -- "DOWN IN ALBION"
06. GENTLEMAN REG -- "DARBY & JOAN"
07. M83 -- "BEFORE THE DAWN HEALS US"
08. THE MAGIC NUMBERS -- "THE MAGIC NUMBERS"
09. NEIL YOUNG -- "PRAIRIE WIND"
10. THE HAVENOTS -- "NEVER SAY GOODNIGHT"
11. DUNGEN -- "TA DET LUGNT"
12. THE FEATURES -- "EXHIBIT A"
13. THE ORDINARY BOYS -- "BRASSBOUND"
14. CIRCULUS -- "THE LICK ON THE TIP OF AN ENVELOPE YET TO BE SENT"
15. THE CRIBS -- "THE NEW FELLAS"
16. THE DECEMBERISTS -- "PICARESQUE"
17. COCOROSIE -- "NOAH'S ARK"
18. DESTROYER -- "YOUR BLUES"
19. RICHARD HAWLEY -- "COLES CORNER"
20. LEWIS TAYLOR -- "THE LOST ÁLBUM"


>>>> SINGLES
01. HARD-FI - "Hard To Beat"
02. THE WHITE STRIPES - "My Doorbell"
03. THE CRIBS - "Hey Scenesters"
04. GUILLEMOTS - "Trains To Brazil"
05. THE MAGIC NUMBERS - "Forever Lost"
06. THE TEARS - "Lovers"
07. CLOR - "Love + Pain"
08. THE LONG BLONDES - "Appropriation (By Any Other Name)"
09. MAXIMO PARK - "The Coast Is Always Changing"
10. THE RAKES - "Work Work Work (Pub, Club, Sleep)"
11. THE FEATURES - "Leave It All Béind"
12. THE PIPETTES - "Judy"
13. SUBWAYS - "With You"
14. BAXENDALE - "I Built This City"
15. ROYKSOPP - "Only This Moment"
16. BABYSHAMBLES - "A'Rebours"
17. THE ORDINARY BOYS - "One Step Forward"
18. FRANZ FERDINAND - "Do You Want To"
19. MONTT MARDIE - "Highschool Drama"
20. KAISER CHIEFS - "Everyday I Love You Less And Less"


>>>> LIVROS
01. "Umidade", Reinaldo Moraes
02. "O Ninho da Serpente", Pedro Juan Guitierrez
03. "A Long Way Down", Nick Hornby


>>>> FILMES
01. Maria Full Of Grace (www.mariafullofgrace.com)
02. Downfall (www.downfallthefilm.com)
03. Woodsman (www.thewoodsmanfilm.com)


>>>> DVDs
01. The Mighty Boosh ( www.themightyboosh.com )
02. Punk: Attitude ( www.punk77.co.uk/films.dvds/punkattitude.htm )
03. Little Britain Box Set ( www.bbc.co.uk/comedy/little Britain/)


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MAXIMO PARK
Ao vivo no Hammersmith Palais, Londres, 07/12


Esse foi o show que mais esperei em 2005 e que só foi acontecer aqui em Londres em dezembro. Na fila, um exército de indie-kids entre seus 15 e 20 anos. Me senti um vovô. Normal. As bandas hypadas da NME sempre tocam pra criançada mesmo. É legal ver tanta gente jovem com tamanho bom gosto na vida.

O Hammersmith Palais é uma venue sofisticada e com ótima estrutura, e deveria ser usada mais no circuito de shows aqui na capital Inglesa. Fui direto para a banca de merchandising do Maximo Park. Bolsas, badges, camisetas, cachecois. Torrei uma grana. Essa banda merece.

Para combos de abertura, em primeiro veio o Field Music. Tirando algumas boas viradas em algumas partes de algumas músicas, achei um pop bem chatinho. Precisam encontrar o Funk. Depois veio Clor. Gosto deles, mas soam melhores no disco do que ao vivo. Porém os singles "Love + Pain", "Outlines" e "Good Stuff" foram divertidos.

Lá pelas 9h40, sem muito embaço, os donos da noite tomam o palco. Histeria ensurdecedora. Mil e quinhentas pessoas fanaticamente gritando e saudando a banda. Virou Maximo Park Mania. Paul Smith, o vocalista e mentor com seu jeito 'groovy', veio por último, lógico. Como esperei por esse momento de vê-lo ao vivo.

Iniciaram com "Signal And Sign", a mesma faixa que abre o ótimo álbum "A Certain Trigger". Pulos, empurra-empurra e a massa enloquecida. Eu tava logo na frente, e lutei pra ficar de pé. Mas dava pra aguentar. Um show dos Manic Street Preachers não daria, pois a pista fica parecendo um ringue de luta-livre. Mas no Maximo Park era só ter um pouco de ginga que a coisa ficava de boa. Paul Smith já dava sinais de sua arrebatadora performance de palco.

Seguiram com um b-side, eu não conhecia, nem muita gente, mas tinha fluxo e pegada. Me acabei. Logo depois veio o primeiro hit da noite, e minha preferida da banda: "The Coast Is Alway Changing". Sensacional, sensacional, sensacional! Essa faixa é truncada, pop, solta e um refrão pra morrer. A multidão cantava com toda paixão e voz desse mundo as linhas "I AM YOUNG AND I AM LOST". O lugar estremeceu. E eu já tava rouco.

É interessante ver a postura da banda pelo fato de tocar em Londres. Eles são de Newcastle, uma cidade super longe da Capital, ao norte da Inglaterra. A letra de "The Coast Is Alway Changing" fala de idas e vindas a Londres, segundo Paul Smith, 'esse lugar místico e distante', e que pra ele é uma cidade dos sonhos. A todo momento, Paul falava 'legal tocar para vocês, pessoas de Londres', ou 'gostamos disso e daquilo de Londres', ou 'os costumes londrinos são assim e assado'. A banda claramente tem orgulho de suas raízes do interior. E isso também pode ser notado no forte sotaque de Paul cantando. Ele disse que jamais vai se 'americanizar' ou cantar no sotaque londrino para obter sucesso, e que persistirá com seu jeito 'puxado' de falar e cantar.

Para surpresa das pessoas, mandaram mais um b-side. Paul avisou que a noite seria de muitos b-sides e músicas novas. Praticamente tocavam uma do disco, outra não-disco. Se fosse outra banda, isso poderia ter sido um ato infeliz. Mas no caso do Maximo Park, foi ótimo, pois os números não conhecidos também eram pra lá de contagiantes. Não deu nenhuma bola fora.

Vieram os hits "Graffiti", "Apply Some Pressure" e "Now I'm All Over The Shop" (oh, que música!). Loucura dentro e fora do palco. "I know you'll be fine, now that you're not mine". Eles se assemelham com o Pulp. O Pulp é uma banda pop. O Maximo Park é uma banda punk. Mas ambas possuem demasiado romantismo e personalidade. "Once, A Glimpse" também se destacou, com os teclados blips de fundo dando um clima especial, assim como no cd.

Devo dizer, 80% da magia do espetáculo foi por conta de Paul Smith. Carismático, em todo intervalo de música ele conversava com a platéia, explicava sobre o que era a próxima música e fazia piadinhas. Sem contar a sua PRESENÇA. Nos anos 70, Bryan Ferry fazia o tipo intelectual-gala. Nos 80s, Morrissey era o tipo intelectual-gay. Nos 90s Jarvis Cocker era o intelectual-popstar. E agora nos anos 00's, Paul Smith é o tipão intelectual-gala-gay-popstar-acrobata. Ele pula, faz caretas, da piruetas,
cai, levanta, canta, faz guitarras imaginarias e ri. Figurão!!

A lentinha do álbum, "Acrobat" (na letra dessa ele diz que não é acrobata, mas sei não…) foi deixada para o final. Fecharam o primeiro set com a nervosa "The Night I Lost My Head". Sairam e voltaram para o biz, onde finalizaram o show com "Going Missing", uma das mais bonitas do repertório. A hora que Paul cantou com expressão desconsolada a letra 'I sleep with my hands across my chest, And I dream of you with someone else' foi um dos momentos inesquecíveis da noite. Fim de show. Lindo, lindo, lindo.

Esse é o tipo de banda que esta no AUGE da carreira e, ainda bem, consegui pegá-los ao vivo. Eles farão uma extensiva turnê em janeiro e fevereiro aqui na Inglaterra. Os ingressos já estão esgotados. Mas mesmo assim vou tentar ir. Tente você também.


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O FIM DO ROUTEMASTER (R.I.P.)

É com enorme tristeza que eu escrevo essas linhas. Na última sexta feira uma das coisas mais tradicionais de Londres acabou. Foi a última vez que o ônibus Routemaster, o famoso ônibus vermelho retrô, circulou pelas ruas londrinas.

Mesmo com cerca de 80% dos londrinos contrários ao desativamento dos famosos ônibus, e dez mil pessoas fazendo parte de uma forte campanha, o prefeito Ken Livingstone não deu pra trás. Uma pena. O motivo é que esses ônibus, fabricados nos anos 50, não atendem as leis de deficientes fisicos. Mas mesmo assim, segundo pesquisas, 81% dos deficientes também estavam contra a retirada.

Esses ônibus eram muito cool. O melhor ônibus que andei na minha vida. Eu, que odeio usar transporte público, adorava entrar no Routemaster. Confortável e elegante. Ventilação efetiva e ótima vista. Melhor ainda quando a gente subia e ficana no primeiro assento. No visual, do estofado até seu design exterior, tudo era legal. E ainda, além do motorista, havia o condutor que sempre vinha e falava 'your tickets pleeeease'. Era muito fofo. E também tinha a praticidade de você pular dentro ou fora do ônibus a hora que quisesse. Era excitante entrar naquele ônibus. Os ônibus modernos não tem nem um pingo do charme dos Routemasters. Mas agora ele não vai mais existir… Sniff…

A última viagem do ônibus aconteceu na sexta-feira dia 09, hora do almoço. Emocionadas, centenas de pessoas estavam no ponto-início (Marble Arch) e ponto-final (Streatham) para se despedir do ônibus ícone. Teve quem entrou no ônibus e pediu ao condutor 20 passagens. Disse que iria colocar no eBay os tickets históricos. Ooof…

No funeral do ônibus, muitos passageiros regulares estavam inconformados com a retirada do ícone. Alguns choraram. Jim Jones, de 23 anos, disse entusiasmado ao jornal Evening Standard: "Penso em Londres como uma cidade que respeita suas tradições. Não acredito que estão fazendo isso. Já vi muitas vezes pessoas saírem nas ruas para saudar jogadores de futebol ou a rainha. Mas essa é a primeira vez que vejo uma multidão sair pra saudar um ônibus".

Ben Brook, da campanha 'Save The Routemaster', disse: "Retirar os Routemasters de serviço é totalmente desnecessário, é um ato de vandalismo cultural da mesma maneira que emplodir o Big Ben".

Quem quis ficar a bordo na última viagem do ônibus teve que chegar às 6 da manhã em Marble Arch. Quem chegou mais tarde não conseguiu entrar. Na hora da partida, quem estava dentro do ônibus eram algumas pessoas que fizeram fila desde cedo, jornalistas e um policial. Durante a rota, os passageiros vaiavam toda hora que passavam por um ônibus moderno. As pessoas nas ruas aplaudiam para o Routemaster e os carros buzinavam. Dennis Stewart, o primeiro passageiro a entrar, disse: "É uma vergonha o que está acontecendo. Eles são um ícone para Londres e todo o mundo e vou sentir muitas saudades".

Alguns mais agitados estavam falando que se o prefeito Ken Livingstone viesse para a última viagem do ônibus, ele seria linchado. Outros mais calmos pediam autógrafos para o último motorista e condutor. E assim, com um comboio da polícia junto, o ônibus percorreu sua última rota (parte dela faz parte do meu dia-a-dia): Marble Arch, Oxford Street, Oxford Circus, Regent Street, Piccadilly Circus, Trafalgar Square, Big Ben e foi indo, passando por Stockwell, Brixton até chegar em Streatham. Na chegada, um alvoroço de pessoas o arguardavam, com placas tipo "Adeus", "Descanse em paz" ou "Fim de uma era". Um coral de crianças cantavam e acenavam bandeiras do Routemaster. Isso é muito triste.

Visite o site www.routemaster.org.uk e você pode acessar imagens da ultima rota do Routemaster, assim como pegar links para reportagens, artigos e fotos históricas do ônibus mais famoso do mundo.

Outros links recomendados:

www.routemasters.co.uk/
(esse é de chorar, com uma música melancolica de fundo)

www.savetheroutemaster.com/

E com isso o mundo fica cada dia mais chato…




MARCIO CUSTODIO
marcio_custodio1980@yahoo.com.br

Monday, December 19, 2005

 

coluna 7 de dezembro

Ufa, quinta 9 horas da manhã. Minha cabeça dói. Show do Maximo Park ontem. Me acabei. Mas você fica sabendo como foi na semana que vem, pois agora você vai se ligar como foi o show de Antony & The Johnsons aqui em Londres, que rolou na última segunda.

Antes disso, só quero dar o toque: A faixa "Trains To Brazil" do Guillemots está cada dia mais tomando conta do meu coração. Deus, que música é essa?!?! Alegre, triste, dançante, épica. Finalmente foi para as lojas o single dessa faixa e puta que pariu, fico ouvindo incontrolavelmente. Imagine a banda 80s Prefab Sprout atualizada para o pop do ano 2000. Adicione uma boa dose de swingue e BANG!, você chegou lá. Em breve mais Guillemots pra você. Mas já anote aí: essa é A banda para 2006.

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ANTONY & THE JOHNSONS
Ao vivo no Shepherd's Bush Empire, Londres, 05/12


Logo na entrada do charmoso Shepherd's Bush Empire - e também nas paredes dos corredores dentro do teatro - havia o seguinte aviso: "O Artista gentilmente pede silêncio e também para que ninguém fume". Bem vindo ao mundo de Antony, o ser mais talentoso de 2005.

Esse foi o primeiro show que ele fez após ganhar o prestigiado premio Mercury Prize aqui na Inglaterra, então as expectativas de público e crítica estavam nas alturas. Eu já estava esperando essa apresentação desde quando me dei por conta da existência de Antony.

Dessa vez comprei tickets para assistir sentado, pois convenhamos, um show desse não é pra ficar em pé. Os The Johnsons, a banda de apoio com seis músicos, entrou de mansinho no palco e se posicionou nos seus assentos. Por último veio a estrela da noite.

No momento em que Antony sentou e começou a deslizar suas canções sobre seu piano, pareceu que toda a platéia, incluindo eu, estavamos hipnotizados por um anjo. Eram as músicas do melhor disco de 2005 que estavam sendo graciosamente executadas ao vivo.

A faixa de abertura do concerto foi "My Lady Story", e recebeu gritos e aplausos logo nos primeiros acordes. Ninguém conseguiu fazer o silêncio que Antony pedia. Depois de anos na obscuridade, rodando pelo circuito art-gay de Nova Iorque e se mantendo em shit-jobs (chegou até ser faxineiro de um clube de prostituição, entre outras coisas), esse homem-mulher finalmente encontra o reconhecimento merecido.

Ele toca de um jeito meio esotérico. Extremamente tímido e nervoso, temos a impressão que ele está com o Mal de Parkinson. Quando toca com apenas uma mão, a outra treme compulsivamente. Ou então são os seus pés que ficam a tremer. Weird.

A banda foi tocando todo o álbum "I Am Bird Now", sempre variando em instrumentos: Acordeão, violino, cello, violão, baixo, piano e a bateria mais silenciosa da face da Terra. O som estava beirando a perfeição, super semelhante ao cd.

Antony permanecia sempre ao piano. "Man is The Baby" continha cada detalhe de seus esparsos quatro minutos, com a linha de violino e piano sendo tocados com a maior delicadeza e melancolia desse planeta. Foi o momento mais sublime do show. Antony se contorceu inteiro. Até pensei que estava a chorar.

Na hora do single "You Are My Sister", Antony chamou Boy George para um dueto. Houve uma ovação de quase cinco minutos quando George, de terno cintilante e seu tradicional chapéu, subiu ao palco. Juntos cantaram uma das baladas mais bonitas de todos os tempos. No final da canção, Antony saiu correndo do palco e voltou em segundos, trazendo um buquê de flores para seu convidado especial. Emocionado, a estrela do Culture Club abraçou Antony e disse: "Obrigado por me deixar ouvir a voz mais bonita que eu não ouvia há muito, muito tempo. Toda vez que te ouço cantar fico de coração partido". E dá-lhe mais aplausos.

O único momento que notei de fato a bateria foi na magnífica "Fistful Of Love", a parceria com Lou Reed do álbum. Antony, com expressão de alma torturada, conseguiu se superar, como se isso fosse posível. É incrível vê-lo cantar. Ele abre a boca bem pouquinho, e surpreendentemente de lá sai o canto mais explendido e grandioso e deslumbrante dessa vida. A única diferença em "Fistful Of Love" foi que os trumpetes presentes no final da faixa foram substituídos por uma robusta orquestração. Ficou tao mágica quanto a versão de estúdio.

"Bird Gerhl" e "For Today I Am A Boy" foram outras ocasiões nas quais perdi um pouco minha respiração. Tocaram duas covers: "All Is Loneliness" de Moon Dog e "The Guests" de Leonard Cohen. Ambas soaram fascinantes com a roupagem de Antony, obviamente.

Depois de uma incansável ovação do público e um agradecimento humilde e tímido de Antony e sua banda, o show se deu por terminar. Um lindo e inesquecível show, que só fortaleceu o que já venho pensando há algum tempo: Antony é a criatura que veio pra ficar.


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2005: o ano tá acabando. Em breve digo meus discos preferidos. Por hora fiquem com mais dois lançamentos que recomendo.

NEIL YOUNG -- "PRAIRIE WIND"

Esses dias eu dei uma de gostoso e desdenhei esse disco do Neil Young, questionando porque ele estava nas listas de melhores do ano das revistas inglesas. Tapa na minha cara. O disco é bom pra cacete. É que as vezes fico meio intrigado porque revistas como Mojo, Uncut e Word só dão destaque para tiozinhos e tiazinhas. Mas é que a maioria dos leitores dessas revistas preferem mesmo os velhinhos e,convenhamos, eu sou o peixe for a d'água. Voltando a "Prairie Wind", esse álbum completa a mágica trilogia Harvest de Neil Young, iniciada 33 anos atrás com "Harvest" (1972), e depois com "Harvest Moon" (1992). Ao contrário de discos barulhentos de rock e country, o que é uma das marcas de Young, a trilogia "Harvest" é composta por baladas contemplativas, soando um perfeito country meloso, cheio de orquestrações e ricos arranjos. "Prairie Wind" é exatamente assim. Toca fundo na sua alma. Ouça "It'a a Dream" e entenda o que estou falando. A faixa "No Wonder" é também outro ponto alto do disco, com corais, uma guitarra deslizante e a voz de Neil Young soando como um profeta gospel. O restante das músicas também possuem qualidade cinco estrelas, fazendo do álbum um 'must-buy'. Talvez o clima refletivo apenas espelhe o que o velho Neil Young passou no último ano. Ele teve um sério problema no cérebro e quase morreu. Ainda, seu pai faleceu no decorrer das gravações. Eis o que a vida não causa num homem para ele escrever algumas das mais tocantes canções desses tempos.


AMUSEMENT PARKS ON FIRE -- "AMUSEMENT PARKS ON FIRE"
Semana passada eu tava organizando os cds que comprei recentemente e percebi que, putaquepariu, só ando ouvindo baladinhas e músicas arrastadas. Tinha pouco rock. Bem pouco. Eis então que pego na mão essa muralha de guitarras e falo pra mim mesmo: "ainda tem rock bom por aí". Pois é, se depender do Amusements Parks On Fire, o rock tá mais do que firme. Essa é uma das boas bandas underground aqui na Inglaterra e esse é praticamente o primeiro álbum cheio que lançam. São nove lindas e destruidoras faixas, jorrando um suculento shoegazer, há anos não visto por aí. Começam com "23 Jewels", uma introdução com quatro minutos de texturas delicadas e sonhadoras. Logo em seguida vem a porrada "Venus In Cancer", a melhor faixa do cd. Seguem-se mais três torpedos, parando na faixa "Asphalt (Interlude)". Com início de pianos, ela aos poucos cai epicamente num muro de distorção e guitarradas. Nesse momento temos a certeza que essa banda é e melhor do mundo. Nas três faixas restantes, o álbum alterna em momentos épicos e barulhentos, até a distorção vagarosamente sair de cena. Perfeito.



COLUNAS ANTERIORES:
http://bestmusic2004.blogspot.com/

MARCIO CUSTODIO
marcio_custodio1980@yahoo.com.br







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coluna 1 de dezembro

HANKY PANKY CABARET
Celebrando os 10 anos do ROMO
Londres, 25/11


Na ultima sexta feira compareci a um evento que foi muito especial pra mim. Uma noite RoMo. Isso mesmo. O que rolou foi que o excêntrico Xavior, ex vocalista dos ‘romo killers’ Dex Dex Ter, decidiu celebrar os 10 anos da famosa Melody Maker edicao RoMo, o historico e memoravel artigo do mentor glam Simon Price.

Ah sim, voce nao faz ideia do que eh RoMo, certo? Bem, seria preguicoso da minha parte mandar voce pesquisar na net e se virar, entao vou tentar dar uma geral na coisa.

La pelos idos de final de 1994 e comeco de 1995, Simon Price, entao um reporter do finado semanario ingles Melody Maker, comecou a perceber uma movimentacao ‘romantica’ na cena rock de Londres. Ele ja tinha o seu proprio club, Arcadia, onde no set-list usava e abusava de Duran Duran, Roxy Music, Soft Cell, David Bowie e tudo mais que era espalhafatoso e exagerado e usava maquiagem. Ai, para engrossar (!) mais a coisa, vieram outros clubes, como Club Skinny e Club Kitten. O New Romantic estava ressurgindo das cinzas. Mais importante, comecaram a aparecer bandas repletas de romantismo, emocao e maquiagem. Pronto, foi a deixa para Simon Price soltar as frangas e querer dominar o mundo.

De uma dia para o outro, havia uma nova cena na Inglaterra. E entao nascia o Romantic Modernists, ou apenas RoMo, um movimento que absorvia referencias do passado, para apimentar o futuro. Ainda, profetizava a morte do Britpop, aquele movimento machao, chato e “autentico”, que deu cria a banda horriveis como Oasis e Blur. Como o proprio Simon Price dizia, RoMo nao era um revival, mas sim um renascimento.

Fez o que se deveria ter feito: ajuntaram as bandas, listaram os clubs, encheram linguica (!) e pronto, em novembro de 1995, com altas doses de purpurina e Oscar Wilde (quem mais?), escreveram o ROMANIFESTO, publicado na materia da Melody Maker. Para transpor aqui na integra, eu teria que usar o espaco inteiro dessa coluna, por isso, resolvi traduzir a partes mais apetitosas do manifesto:

“Violar em toda e qualquer oportunidade as quatro Grandes Mentiras do Seculo XX em que nossa sociedade eh baseada: A Mentira da Autenticidade, A Mentira da Fidelidade, A Mentira da Modestia, A Mentira do Gosto”.

“RoMo eh feito de plastico, assim como nos (plastico tem o poder de mudar, de se modular em novas formas). Longe de ser descartavel, o plastico eh de fato a coisa mais preciosa e duradoura do mundo. Pedras se esfarelam, madeira apodrece, carne morre, mas PLASTICO EH PRA SEMPRE. Apos a Guerra Nuclear, soh restara insetos e plastico”

“Nunca se esqueca, toda arte eh, por sua propria natureza, narcisista.”

“Nunca se esqueca, toda arte eh, por sua propria natureza, sintetica.”

“RoMo esta sempre fazendo a sua vida mais dificil e perigosa. Pois dor eh beleza e beleza eh dor”.

“Ridiculo nao eh nada para se ter vergonha.”

“Nunca se esqueca, toda arte eh, por sua propria natureza, irresponsavel.”

Uau, sentiram a profudidade da coisa? Isso era RoMo.

Quanto as bandas RoMo, todo mundo ja dizia na epoca que um renascimento New Romantic aconteceria, mas o que ninguem esperava eh que as bandas seriam tao criativas, excitantes e ousadas. Dex Dex Ter, Minty, Hollywood, Sexus, Plastic Fantastic e, a melhor de todas, Orlando, entre outras menos conhecidas, sacuriram a cenario pop da Inglaterra naquela epoca. O proprio Orlando chegou a vender mais singles que as Spice Girls, com o divino “Magic EP”.

O que Simon Price e as bandas nao sabiam, entretanto, era que isso duraria tao pouco.

Price esqueceu que ele nao estava no planeta Arcadia-Ultra-Glam, e sim no Planeta Terra, mais precisamente na Inglaterra, um paizinho moralista, homofobico e machista. Depois de poucas semanas, apos alguns singles lancados, alguns shows e ateh uma RoMo Tour, as pessoas comecaram a rir de toda essa viadagem. E consequentemente as bandas RoMo cairam na desgraca e SUMIRAM da existencia. O unico grupo que foi um pouco alem e conseguiu gravar um album (disparado um dos melhores dos anos 90, diga-se de passagem) foi o duo Orlando, composto pelos rebeldes romanticos Tim Chipping e Dickon Edwards.

Ja era marco de 1996 quando Simon Price percebeu que o seu plano de ‘fazer um mundo glam’ nao daria em nada, e sem pensar duas vezes, ele recolheu as penas e plumas, e escreveu na mesma Melody Maker o infame artigo RoMo Is Dead, proclamando a morte de toda essa “brincadeira”. E assim o RoMo morreu. Oooh.

Eis entao que, dez anos depois da alopracao, alguns titas da cena RoMo resolvem se encontrar para uma festinha na deteriorada area Leste de Londres, no bairro de Hackney. E eu era uma das cinquenta pessoas presentes. Os principais a comparecer foram Simon Price, claro, Dickon Edwards (Orlando) e Xavior (Dex Dex Ter). Tristemente, Tim Chipping, o vocalista do Orlando, com uma das melhores vozes do pop de todos os tempos, nao deu as caras. Dizem as mas linguas que hoje ele despreza total essa historia RoMo.

Quase tive uma crise choro quando Dickon Edwards subiu ao palco, acompanhado de Xavior no piano e uma tal de Lucinda nos vocais, e mandou ver QUATRO musicas do Orlando: “Just For a Second”, “Afraid Again”, “Natures Hated” e “Contained”. As memorias mais afetuosas da minha vida estao na adolescencia e essas musicas foram mais do que importantes e inspiradoras pra mim nessa epoca. Permanecerao no meu coracao para o resto da minha vida.

Ainda, Xavior tocou no piano em versao cabaret o hit “Another Car, Another Car Crash” e esse tambem foi um dos momentos lindos da noite, que ainda contou com uma pseudo-discotecagem recheada de hits RoMo (todos que existem: uns dez, somente) e um debate entre as personalidades RoMo presentes, como voce confere na foto.

Se voce eh jovem e nao chegou a vivenciar o RoMo, faco aqui um top ten para voce se jogar. O RoMo pode ter sido invencao de um jornalista genialmente afetado e maluco, mas nao podemos negar, todas essas dez faixas sao IMORTAIS!

01. Orlando - “Just For a Second”
02. Dex Dex Ter - “Another Car, Another Car Crash”
03. Plastic Fantastic - “Fantastique N.5”
04. Sexus - “The Official End Of It All”
05. Hollywood - “Apocalypse Kiss”
06. Minty - “Plastic Bag”
07. Orlando - “Don’t Kill My Rage”
08. My Life Story - “Sparkle”
09. Viva! - “Girl Racer”
10. Orlando - “On Dry Land”


E sabe o que eh mais legal? Voce pode gratuitamente fazer o download de todos os mp3 dessas cancoes aqui no seguinte website: www.thisisromo.com/romo/html/mp3.html

Claro, voce deve estar se perguntando o que os titas RoMo fizeram nesses dez anos?? Uma boa pergunta.

Simon Price ainda eh um respeitado jornalista musical aqui da Inglaterra, escrevendo semanalmente para o jornal The Independent. Se voce quer se divertir com suas afetacoes, visite o blog do moco: www.livejournal.com/users/simon_price/ Ou cace por ele no MySpace.com. Advinha qual a banda favorita dele atualmente? The Darkness, claro.

Dickon Edwards formou o Fosca assim que ele saiu do Orlando, lancando dois albuns e varios singles, e deve lancar o terceiro trabalho muito em breve. O Fosca sempre se apresenta em Londres, eh o proximo show sera dia 16 de dezembro, em Camden Town. Mais informacoes: www.fosca.com

Tim Chipping tentou continuar com o Orlando quando Dickon saiu, mas a banda acabou logo depois. Ele atualmente tem uma carreira de sucesso dentro do Channel Four. Tem um profile no MySpace. Procure por ele e diga que voce adora RoMo. Soh nao diga que fui eu que indiquei.

Xavior, que tambem tem profile no MySpace e que foi o lider do Dex Dex Ter, teve um projeto solo sem sucesso, e tocou e produziu com outras bandas tambem. Olha soh, ele atualmente eh o tecladista de turne do Placebo, e no comeco desse ano acompanhou a trupe de Brian Molko, sim, no BRASIL. Dificil de acreditar, mas ja tivemos um RoMo Titan pisando em solos brasileiros.

Jake Shillingford, lider do coletivo My Life Story, atualmente tem uma outra banda, o otimo ExileInside, ja comentado aqui na coluna. O proximo show da banda eh dia 16 de dezembro, vao tocar junto com o Fosca. Ouca ExileInside aqui: www.myspace.com/ExileInside

Stuart Miller, vocalista do Plastic Fantastic, casou-se recentemente. Foi o que me disse uma amiga dele.

O resto voce acha no site www.thisisromo.com

Atualmente, aqui em Londres, vira e mexe podemos trombar as personalidades RoMo em clubes como Club Bohemia (www.clubbohemia.com) e Stay Beautiful (www.staybeautifulclub.co.uk).

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PUNK ATTITUDE - DVD

Ooof. Saindo do circo de purpurina RoMo e indo para os valentoes do Punk. Dois universos completamente opostos. Mas esse espaco eh diversificado, y’know. I’m having it!

A Inglaterra recebeu nas lojas nas ultimas semanas um DVD que pode ser considerado o livro Please Kill Me (Mate-Me Por Favor) em versao de filme-documentario. O diretor Don Letts passou boa parte da sua vida documentando o movimento Punk, e seu filme sobre o The Clash, “Westway To The World”, eh um dos maiores relatos sobre o assunto. Ele ainda teve uma banda (Big Audio Dynamite) com Mick Jones, legendario guitarrista do Clash, hoje produtor dos Libertines/Babyshambles. E agora ela volta a produzir para as telas, e o seu mais novo filho eh esse DVD duplo “Punk: Attitude”.

Bem, sei que pode soar como mais um produto caca-niquel sobre o Punk, mas acredite em mim, esse documentario eh essencial. Comeca logo com bravao Henry Rollings mandando os hippies pra merda. Apos isso, sao horas e horas de suculentas filmagens e entrevistas, que faz voce ateh querer tirar a poeira dos seus discos do New York Dolls. O filme conta tambem com inevitaveis cliches (ver imagens do Nirvana, Ramones e Sex Pistols eh bem ‘carne-de-vaca’), mas nao eh todo dia que vemos cenas do New York Dolls, Slits, The Kinks ou Velvet Underground tocando ao vivo, ou mesmo Legs McNeil (revista americana Punk, a original), Thurston Moore (Sonic Youth), Martin Rev (Suicide) e Henry Rollings (Black Flag/Rollings Band) dando entrevistas, entre muitos e muuuuitos outros.

Tem quase tudo aqui. Comeca com os anos 50, depois cai nos Nuggets dos 60s, ai chega no Punk 70s, Americano e Ingles, e vai indo, passando por Fugazi, Rollings Band, Nirvana e segue em frente. Indispensavel eh pouco.

A melhor tirada do DVD, entretanto, foi Chrissie Hynde dos Pretenders dizendo: “Pra mim os hippies foram os verdadeiros punks”. Porra, falar isso num DVD sobre atitude Punk eh uma atitude muito punk.

Esse dvd-documentario foi eleito o segundo melhor documentario de 2005 pela NME.

Faca uma favor pra voce: Compre, empreste, alugue ou roube esse DVD o mais rapido possivel.

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2005

O ANO CONTINUA COM TUDO. FALTA EH TEMPO PARA SE OUVIR TUDO QUE TEM DE BOM. VAO AI MAIS RESENHAS.

JUNIOR SENIOR -- “HEY HEY MY MY YO YO”

“We are the handclaps!” Essa eh a frase que o Junior Senior professa a todo vapor numa das faixas de “Hey Hey My My Yo Yo”. Disse tudo. O duo dinamarques lancou o album mais cool de 2003 e agora retornam a ativa com esse novo trabalho. O clima frenetico eh o mesmo. Dessa vez a dose de Disco Music esta muito maior que o Rock’n’Roll. Ha momentos que temos a impressao que Stevie Wonder rejuvenesceu 40 anos e esta aqui como vocalista convidado (“Dance Chance Romance”). Faixas como “Can I Get Get Get” e “Itch U Can't Skratch” mostram o poder de funk que eh a banda. As vezes soam meio cheesy 80s (“Happy Rap”), mas tudo bem, faz parte do experimento. Depois de vinte minutos ouvindo esse disco, chegamos a seguinte conclusao: pode vir Mylo, Franz Ferdinand ou Scissor Sisters, mas atualmente nenhum deles tem o BALANCO que tem o Junior Senior.

THE REDWALLS -- “DA NOVA”
Para o The Redwalls soar mais retro, soh se os integrantes deixassem as barbas crescerem. Nao conheco nenhuma outra banda que possui uma sonoridade tao semelhante ao Faces ou Beatles como essa. Os riffs vintage, as melodias assobiaveis e a voz rouca do vocalista dao forma a treze gemas hard-rock do final dos anos 60. Eh o que alguns chamariam de o Bom e Velho Power-Pop. Foram bombardeados por criticas negativas por conta da falta de originalidade, mas acho que da pra curtir. Assim como The Strokes ou Louis XIV, nao sao originais, mas ha emocao aqui. Eh isso eh o mais importante na musica. The Redwalls vem de Chicago, EUA, e esse eh seu segundo album.


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MONDO TRASHO

George Best, o Pele do Reino Unido, morreu na ultima sexta feira, depois de uma longa batalha com o alcolismo. Best era famoso por sua coragem, velocidade e genialidade que tinha dentro de campo. Mas tambem pela vida rock’n’roll que ele levava fora dele. Quando nao estava com a bola no pe, estava com a whiskey na mao. Ou entao agarrando alguma loira-deusa por ai.

Irlandes dos suburbios de Belfast, ele se mudou para a Inglaterra e ganhou fama logo muito jovem, jogando pelo Manchester United. Ajudou o time em seus mais gloriosos momentos nos anos 60. Mas em paralelo, Best ja dava sinais de uma vida regada a muito alcool e farra. No incio dos anos 70, ele mal aparecia nos treinos. Quando aparecia, chegava BEM LOUCO, cheirando a mais pura e ardente pinga. Ateh que nao deu mais e despediram ele.

Tentou carreira em outros times, mas se retirou do futebol em seguida, aos 27 anos, quando a maioria dos jogadores estao no auge da carreira. Pois eh, Best preferiu o copo a bola.

Depois que se retirou, a casa caiu de vez. Casou diversas vezes, se divorciou mais ainda. Estava sempre bebado e violento. Uma vez foi preso por dirigir ‘de fogo’ e ainda tentar bater no policial. Inclusive, nesse episodeo foi a ultima vez que ele jogou futebol: junto com seus colegas de prisao no patio da carceraria.

A vida ia andando aos trancos e barranco e ele tentou carreira de comentarista nos canais de TV. Ateh que deu certo, mas Best, claro, sempre antologicamente comentava os jogos bebado e dava o maior vexame na frente da camera.

Quando o dinheiro apertava, Best nao pensava duas vezes: colocava seus trofeis em leilao. Existe coisa mais decadente que um jogador vender seus trofeis pra comprar bebida?

Durante sua vida inteira, ele foi o maior catador de loiras do planeta. Sua famosa frase a respeito eh a seguinte: “I used to go missing a lot... Miss Canada, Miss World, Miss UK.” Grande frase, diz ai?

Para voce ver o quao serio era seu vicio por bebidas e mulheres, saca soh outra frase do homem: “In 1969 I gave up women and alcohol: it was the worst 20 minutes of my life”. Porra, ele ainda tinha bom humor.

Enfim, vista sua vida selvagem e maluca, sua morte na semana passada na surpreendeu muita gente.

Ah, e se voce nao sabe, o jogador que esta na capa daquele famoso album do Wedding Present eh, sim, George Best. Ateh os indies gostam dele por aqui.

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COCOROSIE
Ja cansei de dizer aqui na coluna o quanto eu gosto da musica do Cocorosie. Suave, exotica e penetrante. Assim sao as cancoes da dupla. E o ultimo album delas esta com certeza entre os melhores desse ano. Mas ja falei que curto tambem as fotos de promocao que elas fazem? Pois eh, sao criativas e simples ateh nas ideas para as fotos, que eh uma mais fofa que a outra. Confira algumas.



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BURT IT: musicas da semana. Download nelas. Ou va para o MySpace.com

NOTA: Incrivel como eh facil de se conseguir as coisas ultimamante. Se ja nao bastasse a facilidade de que programas como o Soulseek nos oferece, agora eh muito mais facil de ouvir um ‘single do momento’: eh soh ir ateh o site da banda no MySpace.com e pronto, se ouve na hora, numa qualidade perfeita. Gente, a coisa ta ficando moleza demais. Assim ateh perde o gostinho. A dez anos atras eu tinha que esperar meses e meses para ouvir um single novo. Agora nao espero nem dois minutos. A maioria das faixas que recomendo esta no MySpace.com. Se joga.

THE SPINTO BAND - “Oh Mandy”
Tudo bem, esse eh o pior nome que uma banda poderia ter, mas o som deles eh de primeira. O novo single vinil 7” deles, “Mountains”, vem com um oculos 3D pra voce enxergar os efeitos da capa. E custa soh £2. Criatividade eh o que ha. Porem, a musica foda da banda, na minha opiniao, eh “Oh Mandy”. Pega o Flaming Lips circa ‘The Soft Bulletin’, tira as viajens de acido e voce chega perto. A beleza eh a mesma. Musica pop em sua melhor forma. Se for para www.myspace.com/thespintoband voce instantaneamente e gratuitamente ouvira essa faixa, assim como assistira o clip. Nao precisa fazer download nenhum, nem dascarregar programas. Eh so entrar na pagina que a musica comeca a tocar e o clip aparecer. Afff…

THE FUTUREHEADS - “Area”
Esse eh o novo single do The Futureheads, possivelmente eh uma previa do que sera o segundo album desse sensacional quarteto post-punk-angular do norte da Inglaterra. Tocando direto nos clubs indie de Londres. Em uma palavra: MATADOR.
Ouca Ja: www.myspace.com/thefutureheads

KING CREOSOTE - “Bootprints (Hot Chip Remix)”
O ultimo album do King Cresosote vem sendo altamente elogiado por muita gente, e “Bootprints” eh o single tirado desse album. Aqui ganha o remix do Hot Chip. Cheia, melodica, epica, uma senhora musica. Ouca ja: www.myspace.com/kingcreosote

DO ME BAD THINGS - “Moving In Stereo”
Gente, estou cada vez mais curtindo Do Me Bad Things. Viciei no album “Yes”, onde encontramos a faixa ‘Moving In Stereo’. Fissurei tanto que ateh criei uma comunidade no orkut pra eles. Gosto de bandas assim, sem preconceitos, abusando de diversos estilos musicais, como 80’s metal, soul, indie, jazz e r’n’b. Mesmo que o resultado seja um pouco cheesy, mas o que vale eh a EMOCAO. Fora que quando as meninas comecam a cantar, sai de baixo! Sao tres garotas que formam o coral: uma loira de oculos, uma negra e outra de cabelos pretos. DIVERSIDADE EH O QUE HA. Eles foram dercobertos pela mesma gravadora que descobriu o The Darkness, a Must Destroy. Do Me Bad Things eh espalhafatoso, exagerado, brega e melodico, ou seja, tudo que minha banda seria, se um dia eu tivesse uma. Veja o clip dessa musica no site www.domewebthings.com/audiovid.php e com certeza o refrao ficara na sua cabeca por dias e dias.

THE DEAD 60’S - “Ghostfaced Killer”
Eita musiquinha arretada dos Dead 60’s. As vezes ska rock pode ser legal. Muito legal. Esse tecladinho endiabrado, os vocais, o compasso nervoso. Tudo eh otimo aqui. Esse eh o mais novo single desse combo do Norte ingles.

MONTT MARDIE -- “Phonecall Drama”
Comentei dessa nova banda sueca a cerca de um mes atras. Se liga que esse eh dificil dw achar no Soul seek e nao tem no MySpace.com. Encabecados pelo desolado David Pagmar, lancaram o single “Highschool Drama” e em seguida um album completo, ambos pela gravadora Hybrism. A faixa single, como disse anteriormente, eh um joia up-beat-soul, com falsettos gays e doces melodias (baixe o otimo clip da musica aqui: www.hybrism.com/video.php). Lembra Orlando. Porem, o b-side do single, “Phonecall Drama”, eh a faixa mais loser e nerd e inesquecivel que ja ouvi em toda minha vida. Nao tenho outra opcao a nao ser postar a letra aqui. Comeca com alguem, no caso David, discando um numero e em seguida o telefone chamando. Atende um homem de voz grossa. Ai David, gaguejando e com muito medo, pergunta quem eh. O homem diz Tom Reed. Nesse momento a musica comeca, com a letra indo assim, numa voz melosa, de choro, com falsettos e tecladinhos twee:

Hello, Mr Reed
This is David, from across the street
I know it’s late, hope you understand
I call to ask you for your daughter’s hand

I’ve been watching her for years now,
Ever since you’ve moved down here
I don’t have the courage to tell her by myself
So I’m begging for your help

(refrao)
She knows, I’m sure that she knows
Coz wherever she goes, I’m right behind her
And when she looks on my way, like I’ve got nothing to say
I just smile and turn around and almost break down

Well, now you know
I’ve tried to tell her, but I’m much too slow
And her friends, they all left her insane
Here comes that Salen, that boy is so strange

Every song I written lately has ended up in misery
I can focus, I can breath that she is not here with me

(refrao)

(de repente a musica cai e entra a voz do homem dizendo: “Anne, it’s for you, it’s that silly boy from across the street, pick up!”)

(Uma garota atende e suavemente diz “Hello”)

(a musica volta)

Hi Anne, it’s David, so how is it going? This might seem strange
But I’ve been thinking for a while now
You know the Prom is set next week
If you don’t have a date,
Then you maybe consider going there with me
With me…

(um teclado soul matador entra, ai David comeca a falar/gaguejar na forma de uma conversa)

You know, e-e-ever since y-y-you’ve moved down here, like t-t-three years ago, I spent… y-y-you know… Well, I know it’s s-s-stupid, b-b-but I follow you around quite a l-l-lot, and I know y-y-you must have seen me a dozen times, y-y-you know, I just wonder… maybe we can get together, you know, I-I-I can get to know you, coz I was like, y-y-you know… Well, I k-k-know you are dating that guy, I don’t know his name, but you know, if you could just give me a chance, then I could really be, I feel you could be my… I-I-I think we could head off… y-y-you know… hello?? Heloooo!? Anne?! Helloooooo! Hello!

(ele, desconsolado e respirando ofegantemente, desliga, e a musica soh fica com um piano de fundo, para acabar logo em seguida)

Voces imaginaram tudinho??

Pavorosamente classico.

Musica de 2005.

www.hybrism.com/monttmardie/index.php

Meu Deus do ceu, deixa eu acabar com essa coluna, a coisa ta ficando feia…

>>> SEMANA QUE VEM TEM OS MELHORES DISCOS DOS ANO PELA LOJA ROUGH TRADE E PELA NME. ALEM DE MUUUITO MAIS. VIU COMO ESTOU COM PIQUE?

COLUNAS ANTERIORES:
http://bestmusic2004.blogspot.com/

MARCIO CUSTODIO
marcio_custodio1980@yahoo.com.br





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Thursday, December 01, 2005

 

coluna 24 de novembro

NME COOL LIST

E chega final de novembro e mais uma vez o semanário indie NME publica sua polêmica Cool List, a lista de quem é cool (e quem não é) no mundo pop de hoje. Doze meses atrás a listagem criou um grande auê com Pete Doherty sendo considerado a pessoal mais cool de 2004. A mídia moralista inglesa não aceitou de jeito nenhum 'um viciado em drogas confesso' ser eleito a criatura mais cool. Eu achei da hora.

E esse ano, quem será que foi o ser mais cool do planeta?? A resposta está logo abaixo.

Sabe de uma coisa? Eu adoro essa lista Cool da NME. É bem melhor que a lista de melhores discos do ano deles. Muito mais legal, recheada de bom humor e novos talentos. A lista de melhores discos geralmente é a mais óbvia possível. Desprezo total. Aliás, ando curtindo a NME ultimamante. Altas risadas. Às vezes também é boa para aprender sobre música. Só às vezes.

Cínicos chatões e punheteiros, por favor dêem licença, podem continuar achando o Pitchfork Media o máximo e levando música a sério, e deixem divertir-me com a NME Cool List. Ui.

O ranking completo segue abaixo; eu traduzi algumas notas de alguns 'ganhadores cool', e também o parágrafo de introdução. Veja aí:

"Diariamente pessoas chegam em nós da NME - geralmente bem na hora que estamos provando um sobretudo de oncinha, ou na fila para colocar piercing no umbigo - e perguntam como podem ser tão super-ultra cool como a gente. Nossa resposta é sempre a mesma. Pedimos para os seguranças os tirarem da nossa frente. Por que, convenhamos, você não pode ensinar um cego a ter visão. Cool é como sífilis: Ou você tem ou não tem, e aqui estão 50 pessoas que francamente são sexys, estão cheias de credibilidade e qualidades únicas de estrelas. Claro, a definição de Cool está sempre mudando, e você irá notar pessoas que estavam na lista do ano passado e que caíram fora esse ano, enquanto novos talentos tomaram o lugar. Pode ser o grito punk jovem mais foda, o letrista poeta de uma nova geração, um viciado perdido em crack ou até mesmo o pai de um cantor, mas todos eles têm uma coisa em comum: as pessoas lambem Nutella em cima do cú deles, e eles nunca pegam fila para pegar um drink. Por favor, agora parem de apontar esse celulares com câmeras pra nós, estamos tentando comprar óculos escuros de diamantes para nosso chill-out…"


01. ALEX TURNER (vocalista do Arctic Monkeys)

02. LIAM GALLAGHER

"2005 foi o ano em que o Grande Bilionário voltou com tudo no seu lenga-lenga venenoso, metendo o pau em bandas no segundo em que a tape da entrevista começou a rodar. Bloc Party era "um time da Universidade Desafio"; Kaisers "um Blur piorado"; The Paddingtons "fooking awful". Visto pela última vez ameaçando fotografos paparazzi com uma barra de ferro. Ooof!"

03. KANYE WEST

04. ANTONY HEGARTY (Antony & The Johnsons)

"Mesmo em 2005, nosso Englishman mais celebrado em Nova Iorque sofreu com a ignorância - um jornal escreveu "Travesti gordo ganha o Mercury" no dia seguinte em que ele levou o prêmio. Ainda sim, ele desprezou isso, pois sabe que os que falam mal, logo estarão seduzidos por sua voz. Pop stars não são mais cool que isso."

05. BRANDON FLOWERS (vocalista do The Killers)

06. PETE DOHERTY

"Que ele é o maior pop star vivo do Reino Unido, isso não duvidamos, e por obter a posição de Inimigo Número 1 da imprensa britânica, só fez fortalecer o nosso amor."

07. BOB DYLAN

08. JEMINA PEARL (a vocalista loira do Be Your Own Pet)

"Aos 17, Jemina emite o tipo de compostura rock'n'roll que Iggy Pop levou uma vida inteira para aperfeiçoar. O momento definitivo dela foi no Reading Festival, onde depois de vomitar algumas vezes no palco, ela pegou um pano, limpou tudinho e lançou o pano pra galera, para alguém pegar."

09. CARL BARAT

10. IAN BROWN

"Podem haver alguns novos Monkeys lá pra cima na lista, mas Ian Brown permanece sendo o King Monkey. Ele não tem medo de zoar com a cara dos operários-fingidos do Kasabian e foi o único homem na terra que ousou em usar uma blusa rosa na frente de milhares de hooligans fãs do Oasis (no V Festival desse ano)… e sobreviver."

NME: Vocâ é o Ian Brown mais cool que você conhece?
I.B.: Sim, sou cool. Mas há um cantor gospel em Nova Iorque chamado Ian Brown. Há um cantor reggae na Jamaica chamado Ian Brown. Há um cantor folk em Norwich chamado Ian Brown. E há um cantor clássico que se chama Ian Brown. Eu gostaria de fazer um show 'A Night With Ian Browns'. Teriamos meia hora cada. Isso seria muuuito cool.

NME: Qual é o músico mais cool de todos os tempos?
I.B.: James Brown. Ele inventou o funk e eu adoro o jeito que ele penteia o cabelo, como uma 'old lady'.

NME: Qual a pessoa menos cool no rock?
I.B.: Gene Simmons (baixista do Kiss), acho ele um completo otário. Homens que caçam mulheres na idade dele são tristes, inseguros, fracos.

NME: Qual o tipo de macaco mais cool?
Um gorila. Eles tem a melhor presença. Eles dão role nas montanhas, cuidam-se uns aos outros. Convenhamos, ninguém vai zoar com você se você for um gorila.

11. DEVENDRA BANHART

12. DAMON ALBARN (Blur/Gorillaz)

13. NINJA (a neguinha arretada e linda que canta no The Go! Team)

"Dentro do palco ela é um redemoinho de cores e vibração, fora ela diz que não conhece Coldplay, Foo-Fighters ou Green Day, e nem sequer se importa com isso. Ao invés disso, ela evita a bitolação indie em favor de fazer as pessoas pegarem seus pompons e patins e CAIREM NA BALADA. Sem a menor dúvida, Ninja coloca o GO dentro do The Go! Team."

14. RYAN JARMAN (vocalista/guitarrista do The Cribs)

15. JULIAN CASABLANCAS

"O que é mais cool no Julian Casablancas, tirando o romantismo, as balbuciadas por conta da cerveja e o cabelo tão fabuloso, é que depois de quatro anos e três discos, ninguém tem a menor ideia sobre o que ele esta falando. E ninguem segura uma long-neck vazia pela metade tao estilosamente como ele. We salute you, sir."

16. BILLIE JOE AMSTRONG (vocalista do Green Day)

17. TOM ATKIN (vocalista do The Paddingtons)

18. HENRY HARRISON (membro do The Mystery Jets, que é pai do vocalista da banda)

>> Trazendo um novo significado para o termo 'Dad-Rock'.
Imagine se acontecer do seu pai a) aparecer com um visual Andy Warhol, b) ser dono do estudio de ensaio mais biruta da existência e c) tocar rock como um prog bastardo. Hey, pai, tem alguns amigos cool pra tocar tamborin??"

19. PAUL EPWORTH

20. GERARD WAY (vocalista do My Chemical Romance)

21. GWEN STEFANI

22. MEG WHITE (The White Stripes)

23. NICK HODGSON (baterista e principal compositor dos Kaiser Chiefs)

24. JOHNNY BORRELL (lider do Razorlight)

"Johnny Borrell passou o ano de 2005 provando que ele pode andar na linha assim mesmo como pregar o que ele fala. Se jogando no Live 8 com gosto, o lider do Razorlight virou a resposta do Leste de Londres para o Bono, enxergando o lado cool do rock mainstream, ao invés de ficar contente em chapar pelos cantos fedorentos do Rhythm Factory."

25. PAUL THOMSON (batera do Franz Ferdinand)

26. ALAN DONOHOE (vocalista do The Rakes)

27. KANO (rapper, nova estrela do movimento grime)

28. O CARA DO CAPACETE (Arcade Fire)

"Somente algumas pessoas nessa lista arriscam uma hemorragia cerebral em nome da arte. Mas é isso que O Cara do Capacete do Arcade Fire faz, fazendo da sua cabeça um suculento instrumento de percussão. E o fato da gente não saber o seu nome verdadeiro o deixa dez vezes mais cool."

29. PATRICK WOLF

30. TOM SMITH (vocalista do Editors)

31. DANGER MOUSE

32. PAUL SMITH (vocalista do Maximo Park)

"Ele pode parecer um corretor de imóveis passando por uma crise de personalidade, mas Paul Smith ainda sim é mais cool que uma praia de nudismo na Antartica. Jogando referências literárias e dando piruetas no palco com um livro na mão, Paul está fazendo da inteligência algo pra se orgulhar novamente. E depois ainda háaquele penteado…"

33. Dan Sartain

34. JAFF (baixista do The Futureheads)

35. DONNY TOURETTE (vocalista do Towers Of London)

36. MATT TONG (baterista do Bloc Party)

37. SAM MEHRAM (um dos dementes do Test Icicles)

38. M.I.A.

39. KATE JACKSON (vocalista dos The Long Blondes)

>>> A rainha dos brechós.
Não contente em ser a luz central dos próximos a estourarem The Long Blondes, Kate, obsecada por Marianne Faithfull, é um exemplo feminino muito cool do pop, num lugar enfestado de marmanjos chatões, chatões e chatões. Ela ainda tem o cabelo mais cool do pop dos dias de hoje - e isso é imensamente importante."

NME: Qual a sua definição de cool?
K.J.: Salto alto, lencinho de pescoço, chapéus franceses.

NME: Qual é a pessoa menos cool do rock'n'roll?
K.J.: Kele do Bloc Party não é cool. Quem se leva muito a sério nunca é cool.

40. SERGE PIZZORNO (um dos babacas do Kasabian)

41. STUART PRICE (Les Rhythmes Digitales)

42. Whiskas (guitarrista !Forward Russia!)

43. DAN WHITFORD (Cut Copy)

44. RICHARD ARCHER (vocalista do Hard-Fi)

45. STEPHEN MORRIS (batera New Order)

46. CHRIS CAIN (o baixista de bigode e óculos do trio We Are Scientists)

47. LUPEN CROOK

48. ALEC OUNSWORTH (vocalista do Clap Your Hands Say Yeah)

49. SWAY

50. ANNIE HARDY (lider da banda Giant Drag, de Los Angeles)


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Não traduzi o que a NME escreveu sobre ganhador Alex Turner pois logo apos a divulgação da lista, o jornal inglês The Independent reportou o acontecimento e deu uma geral sobre quem é o tal líder dos Arctic Monkeys. Achei legal e resolvi traduzir a reportagem pra vocês, que ainda conta com declarações do editor da NME. Tem muito brasileiro que não entende o sucesso e o hype do Arctic Monkeys e talvez essa matéria esclareça porque essa banda é uma voz para a nova geração.

THIS MAN IS THE COOLEST MAN ON THE PLANET, ACCORDING TO THE NME. SO WHO, EXACTLY, IS HE?
>> Esse é o homem mais cool do planeta, de acordo com a NME. Afinal, quem é ele exatamente?


Por Ian Burrell
Tradução livre: Márcio Custodio


A valentia do Eminen, a rabugeira de Morrissey e o interminável abuso de drogas de Pete Doherty estao começando a ficar para trás.

A juventude roqueira de hoje em dia esta depositando o status de herói em alguém com um pouquinho de auto-indulgencia e um pouco mais da realidade do dia-a-dia. Entra em cena Alex Turner, de 19 anos, líder da banda Arctic Monkeys, de Sheffield, e que ontem foi nomeado pela NME o homem mais cool do planeta.

Nada pode dar errado para o Arctic Monkeys no momento, com o primeiro single deles 'I Bet You Look Good On The Dancefloor" indo direto para numero 1 e ainda permanecendo cinco semanas do top dez das paradas.

O sucesso deles é de longe graças as letras astutas de Turner, que retratam o Norte, e sem nada da arrogância e presunção vistas em previos rock-stars como Lian Gallagher do Oasis ou Jonny Borrell do Razorlight.

Uma das faixas, "Mardy Bum", Turner usa suas girias locais de Sheffield para repreender a acidez da namorada: "Now then Mardy Bum / I see your frown / And it's like looking down the barrel of a gun"

A passagem de Turner da obscuridade para a fama ocorreu absurdamente da noite para o dia. Apenas três anos após ter recebido de presente de natal uma guitarra e ter formado a banda com seu colega de escola Jamie Cook, o adolescente de Yorkshire tem o mundo a seus pes.

O editor da NME, Alex Needham, disse que as músicas dos Arctic Monkeys usam o "linguajar do dia-a-dia das pessoas, mas que não sao colocadas num contexto de música pop muito frequentemente".

Mr. Needham diz que Turner oferece uma alternativa excitante para os elementos manufacturados da indústria da música. "Acho que o que as pessoas querem no momento é autenticidade", ele diz. "Turner é meio que uma novíssima era de rock star, meio que o ano zero. Ele pulou direto da audiência para o palco."

O Arctic Monkeys acabou gerando um enorme interesse por eles, uma banda que é tao jovem. Parte por causa do bombardeiro de cobertura da NME e de outros meios de midia, com grande interesse em construir e desenvolver bandas britanicas emergentes. Mas isso foi devido tambem gracas a vasta aprovacao que cresceu pela internet.

Como Mr. Needham aponta: "As demos foram passando entre os foruns de internet, num total novo jeito de se fazer as coisas. A banda trabalhou fora da estrutura de uma gravadora e isso foi bem radical."

Eles talvez tenham começado no underground, mas o Arctic Monkeys ja está esgotando os ingressos de grandes casas de shows em Londres, e já estão ficando internacional, se apresentando ao vivo em Nova Iorque, Estocolmo e Barcelona. O novo single deles, "When The Sun Goes Down", será lançado em janeiro e ja é sucesso garantido.

Foi o lider dos Babyshambles e ex Libertines, Pete Doherty, junto com bandas como The Others, que introduziram uma nova era de relação mais próxima entre bandas e fas.

Mas Doherty, que no ano passado foi número 1 na Cool List junto com seu colega de banda Carl Barat, escorregou para numero 7, mesmo estando na NME e outros jornais praticamente todos os dias, ja que sua relacao com a supermodelo Kate Moss é a grande novela do Pop Britanico.

Uma década depois que os irmãos Gallaghers invadiram o mainstream britânico, o petulante Liam é de novo um icone cool, em segundo na lista, logo atras de Turner.

E embora Morrissey e Eminem tenham saido do ranking, ainda ha espaco para Bob Dylan, número nove, fazendo dele o exemplo mais velho da lista Cool.

Junto com Arctic Monkeys, ha também um outro Monkey na lista, na forma de Ian Brown, que esta em numero 11, dezesseis anos depois da supremacia dos Stone Roses.

Se Turner vai ou não se importar em ocupar o primeiro lugar nessa importante lista, é o que todos perguntam. Até mesmo Mr. Needham admite que o tímido e humilde adolescente de Yorkshire ficara um pouco com vergonha por causa disso. Mas mesmo assim, ele diz, "as pessoas que não se deixam influenciar por essas coisas são as mais cool".

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Quer saber? Eu não entendo nada as sacadas das letras de Alex Turner, pois sou brasileiro e moro em Londres, sul da Inglaterra, a apenas dois anos. Se você perguntar para um inglês se ele entende as sacadas do Marcelo D2, ele certamente tambem não vai saber…

Veja agora quem não é nada cool e acabou entrando para a Fool List:

Richard Bacon
David Cameron
Prince Harry
O juri do Michael Jackson
The Who
George Bush
Coca-Cola
James Mullord (ex-manager do Pete Doherty)
Tim Westwood
James Blunt


* Gostaram? Concordam? Acham essa coisa de ser ou não ser cool uma grande babaquice? Quer ser cool como eu?? Me escreva…

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STONED
The Wild And Wicked World Of Brian Jones


Acabo de voltar do cinema, onde fui conferir o tão falado filme sobre Brian Jones, legendário guitarrista dos Rolling Stones. O longa-metragem, chamado "Stoned", estreou essa semana nas telas dos principais cinemas aqui da Inglaterra. é mais um bom filme de rock para a nossa colecao.

Estrelado pelo jovem ator Leo Gregory como Brian Jones, e dirigido por Stephen Woolley, "Stoned" é uma viajem pela vida do problemático e junkie rock-star, uma espécie de Pete Doherty dos anos 60 (vocês acham que eu ia perder a chance dessa comparação?).

O filme, talvez meio confuso para não conhecedores da historia dos Rolling Stones, retrata determinadas partes da vida de Jones, e por isso ja vale a pena. é sempre bom ver imagens de como era o rock nos anos 60 e as loucuras (e prazeres) de ser um membro do Rolling Stones naquela epoca. Ainda, vai a fundo na misteriosa morte de Jones, em 1969.

Entre orgias regadas a alcool e drogas, viajens para lugares exóticos, pirações de acidos e um pouco de música, Brian Jones viveu uma das mais loucas vidas do rock'n'roll, influenciando bandas e fashionistas com seu estilo inconfundivel. Se você não conhece a aurea de Brian Jones, com certeza "Stoned" é um bom meio de introducao. Para aqueles que ja conhecem, o filme é mais do que prazeiroso. Um clássico.

http://www.stonedthemovie.com


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gUiLLeMoTs

Comentei dessa banda a umas semanas atrás, sobre a faixa 'Trains To Brazil', e que tinha os visto ao vivo, abrindo para o The Tears.

Pois é. E qual foi minha surpresa ao saber que o guitarrista deles é brasileiro?!!? Sim, o gUiLLeMoTs conta com o guitarrista MC Lord Magrão, da zona leste de Sao Paulo. Isso não é legal? é sim, pois eu a cada dia me apaixono mais por essa música 'Trains To Brazil', que está sendo tocada incansávelmente na MTV daqui, e também na radio Xfm, de Londres.

E segundo a banda, essa faixa é meio que uma lembrança ao Jean Charles de Menezes, o brasileiro azarado morto aqui no metro de Londres pela policia, que o confundiu com um terorrista. Ce viu, até os indies daqui estão se solidariezando com isso…

Se quiser ouvir a fantastica 'Trains To Brazil', visite:

www.myspace.com/gUiLLeMoTs
O single será lançado para o mercado ingles no dia 5 de dezembro.

Fique ligado aqui nesse espaço para mais novidades dos gUiLLeMoTs.

www.guillemots.com/

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BABYSHAMBLES

Semana passada aconteceu a apresentação mais bonita de todos os tempos no programa Jools Holland: Babyshambles tocando "Albion". As vezs as pessoas não se lembram porque ha tanta gente apaixonada pelo Pete Doherty e essa apresentação serve pra refrescar a memória desses.

Aliás, saiu uma porrada de resenhas aqui na mídia inglesa sobre 'Down In Albion', o album dos Babyshambles. A imprensa esta dividida. Uns falam mal (The Independent, NME) , outros gostam (The Guardian, Metro, Evening Standard). Mas o que me deixa intrigado é: o alvo das críticas é a produção tosca e fajuta do disco, assinada pelo Mick Jones. Agora pergunto: A produção do segundo album dos Libertines não é DEMASIADAMENTE tosca, tambem?? Por que todo mundo gostou daquele album??

Enquanto isso, a notícia que se tem é que Pete esta gravando um álbum solo acustico, que pode ser lançado ano que vem. E la começa uma outra novela…

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BURN IT: faixas da semana, download nelas!!

Amusement Parks On Fire - "Blackout":

Ai está: os quatro minutos shoegazer mais suculentos desses tempos recentes. Amusement Parks On Fire é uma das boas bandas underground da Inglaterra atualmente, e nunca desaponta quando o assunto é rock-shoegaze. Reumindo, "Blackout" é linda.

Absentee - "Weasel":
Esse é o mais recente single do ótimo combo Absentee. Charmoso, cool, ideal para ouvir tomando um vinho, na alta e sombria madrugada.






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