Tuesday, October 23, 2007

 

coluna 17 de outubro

LOVE MUSIC HATE RACISM

Essa semana está em todas as bancas do Reino Unido a NME edição especial contra o racismo. Acompanhada de um CD, essa edição faz parte da campanha da NME para combater o racismo no Reino Unido, que infelizmente vem crescendo de uns anos pra cá. A campanha é intitulada “Love Music Hate Racism” e já conta com o suporte de diversas bandas, como Dirty Pretty Things, Bloc Party, The View, The Enemy, Maximo Park, Noisettes, Babyshamblesw, The Charlatans e muitos outros.

A NME decidiu se engajar na campanha depois que o BNP (British National Party), um partido britânico racista e com ligações com grupos extremistas, começou a investir na juventude e distribuir CDs de músicas racistas na saída de escolas. Essa foi apenas mais uma atitude absurda por parte do BNP.

Pra quem não sabe, o BNP formou-se no início dos anos 80 no Reino Unido por hooligans racistas que se diziam políticos. Seu líder era o extremista John Tyndall. Na primeira década de vida, a posição e comportamento do partido eram mais semelhantes a de um grupo de skinheads nazistas de rua do que de um partido político de fato. O BNP se envolvia em brigas, confrontos racistas e vandalismo, e seus líderes pareciam mais encrenqueiros de bares do que políticos. A sociedade percebeu isso e, se no início o partido começou de forma promissora no tocante a votos, aos poucos foi perdendo força. O BNP ficou, merecidamente, com a fama de ser um bando de baderneiros incompetentes e nazistas.

Mas no final dos anos 90, com a posse de um novo líder, Nick Griffin, o cenário passou a mudar. Griffin veio com a missão de mudar a imagem do partido, modernizar suas idéias e abordar o eleitor de forma diferente. Suas estratégias eram sempre bem pensadas e elaboradas. Com isso, seus membros passaram a usar terno, falar bonito e fingir ser um político de verdade. Essa nova atitude do partido vem iludindo muita gente e, atualmente, ele têm conseguido cada vez mais votos, principalmente em subúrbios e cidades onde o desemprego é alto.

Não podemos nos iludir com essa nova faceta do BNP. Eles podem vestir terno, usar expressões afiadas em seus discursos e abordar o eleitor de forma eficiente, mas seu programa político é e sempre foi o mesmo: mandar os estrangeiros de volta a seus países de origem, principalmente os negros. E a grande última empreitada do BNP foi essa de distribuir CDs com músicas contendo conteúdo racista na porta de escolas, para jovens que estão ainda criando sua identidade. Isso deixou muita gente revoltada, inclusive a NME. Era hora de agir.

Foi assim que a idéia da campanha e desse CD nessa edição da NME surgiu. São 29 faixas de artistas variados, e nas páginas da NME as bandas estão discutindo a questão do racismo e deixando claro quão demoníaco são as atitudes do BNP. Há comentários de Carl Barat, Tom Clarke (The Enemy), Kele Okereke (Bloc Party), Drew McConnell (Babyshambles) e Kyle Falconer (The View), entre outros.

O mais surreal é que as idéias do BNP são tão absurdas e extremas que, no CD que eles entregam nas escolas, há apenas um tipo de música: folk de branco. Eles negam e ignoram qualquer estilo musical que tenha origem e vínculos com negros, como soul, rock’n’roll, blues, reggae, ska e hip-hop. Você já pensou que a maioria dos sons que a gente escuta são de origens de países negros? Como negar isso??? O BNP chega a ser uma piada, até. Fora isso, dá uma olhada nos nomes das faixas dos CDs do BNP: “British Revolution”, “Our Towns Will Be Our Own” e “Our Homeland”. É realmente inconcebível.

Compre a NME essa semana e ajude a combater o racismo e partidos nazistas como o BNP.


*** *** *** *** ***

VIDEOS

Los Campesinos! – “The International Tweexcore Underground”

Aí esta o novo single dos galeses Los Campesinos! Eles são twee na medida certa, guitar na medida certa, sweet na medida certa, e bons pra caralho. O álbum vem em breve, e com ele uma grande turnê pelo Reino Unido. Em breve coloco as infos aqui. Enquanto isso, veja o clip:



frYars – “The Ides”
Esse garoto do norte de Londres que se atende por frYars lançou seu primeiro EP essa semana. E o clip da música de trabalho, The Ides, já está em rotação na MTV e YouYube. Você imagina um crooner poético ligado em beats eletrônicos? Esse é o frYars. Aviso: ele vai estourar em breve. Watch:



Blood Red Shoes – “I Wish I Was Someone Better”
Neles eu boto fé. Novo single da dupla boy-girl Blood Red Shoes, e eles estão mais energéticos do que nunca. Grunge. Punk. Disco. Balls. Essa banda tem tudo isso. Não vejo a hora do álbum ser lançado.



*** *** *** *** ***

Lançamentos 2007 - álbuns


STARS OF THE LID – “And Their Refinement of the Decline”
Drone, ambient, atmospheric. O rótulo você escolhe, mas há de concordar comigo que, independente do rótulo, esse álbum é uma coisa linda. Eu tenho escutado esse tipo de som pra ler livros. Relaxante, consigo me concentrar mais facilmente, sem deixar o sono me dominar. Stars Of The Lid é uma dupla americana e “And Their Refinement of the Decline” é seu oitavo trabalho. É um cd duplo (ou vinil triplo) com 18 faixas, todas ambientes. Vocais, nem pensar. Não há nenhuma batida, batuque ou bateria, apenas sons contemplativos, zumbidos feitos por guitarra, violino ou teclado. É algo ultraleve, penetrante e hipnotizador. São sons que a gente deixa de fundo para nos sentirmos leves, atentos e flutuantes. Eu geralmente ouço antes de dormir, logo quando acordo ou quando estou lendo um livro na poltrona do meu quarto numa tarde chuvosa. Recomendo. Para fãs de Brian Eno, Philip Glass, Willian Orbit e outros compositores que não sejam chatos.


AFTERPILOT – “Foxtail”
O lance é que eu gosto de Weezer e jamais vou vender os discos que tenho deles. E não vou deixar de ouvir esse tipo de som que ouço desde a adolescência só porque hoje em dia estou mais ligado em drone ou coisas do tipo. Quando a coisa é bem feita, recebo de braços abertos. Afterpilot são três japinhas fãs de Nada Surf, Weezer e Rentals, eles lançaram esse “Foxtail” apenas no mercado japonês, mas você encontra nos melhores blogs de downloads do seu bairro. O som é igual a Nada Surf, Weezer e Rentals, mas feito com energia, talento e uma boa química entre a banda. O resultado não poderia ser chato. Na verdade é bem legal, tipo aquele guitar-pop pra te alegrar, assoviar, nove faixas com boa fluidez, mais um belo disco de power-pop pra nossa coleção. Eles cantam em inglês. Aprovado.


VALGEIR SIGUROSSON – “Ekvilibrium”
Esse tal de Valgeir Sigurosson é um produtor islandês que já trabalhou com Bjork e Bonnie “Prince” Billy, e esse disco “Ekvilibrium” é a sua primeira aventura solo. E o rapaz não se saiu nada mal, nos apresentando dez faixas repletas de texturas eletrônicas, sons glaciais e baladas penetrantes. É o exato momento onde a música experimental e fria se encontra com o calor da melodia e do coração humano. Eu arrisco dizer que esse é um dos álbuns mais articulados e ousados de 2007, jorrando, numa tacada só, eletrônica de vanguarda, folk e ruídos atmosféricos, tudo se encaixando na maneira mais jovial possível. Sem contar vocais de convidados especiais, Bonnie “Prince” Billy incluído. Sem sombra de dúvidas, um álbum de qualidade excelente, e que você deveria escutar. Pra deixar o pacote completo, a arte gráfica do cd é bacana e bem preparada.


Veja a lista de discos legais de 2007:
JACK PEÑATE – “Matinee”
JENS LEKMAN – “Night Falls Over Kortedala”
MONTT MARDIÉ – “Clocks / Pretender”
PELLE CARLBERG – “In a Nutshell”
THE RUMBLE STRIPS – “Girls And Weather”
AMIINA – “Furr”
ELUVIUM – “Copia”
JUSTICE – †
BRYAN FERRY – “Dylanesque”
DIGITALISM – “Idealism”
THE THRILLS – “Teenager”
RILO KILEY – “Under The Blacklight”
COCOROSIE – "The Adventures Of Ghosthorse & Stillborn"
THE CLIENTELE – “God Save The Clientele”
THE RAKES – "Ten New Messages"
MAXIMO PARK – "Our Earthly PLeasures"
BRETT ANDERSON – "Brett Anderson"
ARCADE FIRE – "Néon Bible"
KEREN ANN – "Keren Ann"
TAP TAP – "Lanzafame"
AIR – "Pocket Symphony"
EXPLOSIONS IN THE SKY - "All of a Sudden I Miss Everyone"
JOHN HOWARD – "Same Bed, Different Dreams"
BRIGHT EYES – "Cassadaga"
THE BISHOPS – "The Bishops"
ELECTRELANE – "No Shouts, No Calls"
MANIC STREET PREACHERS – "Send Away The Tigers"
DARTZ! – "This Is My Ship"
THE HORRORS – "Strange House"
GOOD SHOES – "Think Before You Speak"
LUCKY SOUL – “The Great Unwanted”
JAMIE T – “Panic Prevention”
THE KISSAWAY TRAIL – “The Kissaway Trail”
BUTCHER BOY – “Profit In Your Poetry”
THE CRIBS – “Men’s Need, Women’s Need, Whatever”
THE APPLES IN STEREO – “New Magnetic Wonder”
THE ORCHIDS – “Good To Be A Stranger”
ASH – “Twilight Of The Innocents”
BARENAKED LADIES – “Barenaked Ladies Are Men”
MONSTER BOBBY – “Gaps”
RICHARD HAWLEY – “Lady’s Bridge”
THE POLYPHONIC SPREE – “The Fragile Army”


E um desapontamento...

BABYSHAMBLES – “Shotters Nation”
É em discos como esse dos Babyshambles que fico cada vez mais convencido a não ler imprensa musical. Revistas, jornais, internet, blogs, quero que todos vão pro inferno e me deixem em paz com meus livros do Jean Genet. Eu não leio mais sobre música, apenas ouço música. Se você ainda lê, e esta me lendo agora, aproveite enquanto sua paciência não esgota. E uma dica: não acredite no que você lê. A imprensa é uma farsa, principalmente a musical. Assim como no segundo disco dos Libertines, onde o dito cujo recebeu altos elogios e quando fui ouvir vi que não era tão legal como falavam, esse segundo do Babyshambles segue pelo mesmo caminho: a imprensa morrendo de amores, recebeu nota máxima na maioria das publicações, todo mundo citando a produção afiada do Stephen Street e o retorno a boa forma de Pete Doherty, mas quando você escuta, rola aquela tremenda decepção. A qualidade das músicas deixa a desejar.

Pra mim Pete perdeu a magia. Deve ter sido confiscada em uma das muitas vezes que foi em cana. Eu prefiro o primeiro álbum. Lá a aura da banda estava viva. Não que eu ache que o Babyshambles deve ser sempre produzido de forma tosca, mas a verdade é que, com produção tosca ou não-tosca, essas músicas são fracas. Simples assim. Podem chamar quem quer que seja para a produção, não ia conseguir fazer bonito. É incrível que os críticos descrevem o primeiro disco como ‘trágico’ e alegam como motivo a produção tosca. E nesse novo trabalho, o descrevem como ‘clássico’, e citam a produção ‘enfocada’. Quando a música é realmente boa, convenhamos, ela vai bem com qualquer tipo de produção. Infelizmente, esse não é o caso em “Shotter’s Nation”.

Indie rock sem inspiração, faixas apáticas, músicas que cheiram a cansaço, um astral desgastado, nenhum momento do álbum digno daquele arrepio na espinha como aconteceu quando escutei “What A Waster” ou “The Man Who Would Be King”. O que se salva é uma ou outra tirada de Pete em suas letras, uma gaita ali, um riffzinho aqui. Mas só, longe de ser espetacular. Mesmo no single “Delivery” vemos que algma coisa está faltando. Um disco chato e, junto com aquele álbum chinfrim do Klaxons, é a grande decepção de 2007. Ultimamente só me divirto com Pete Doherty quando ele causa por aí...

(P.s.: Será que estou ficando louco ou os primeiros 4 segundos da música “French Dog Blues” é um sample do Secos e Molhados????? Alguém diz que é e que eu não enlouqueci, por favor, meus LPs do Secos estão no Brasil. Kid, você me tira essa dúvida???)

 

coluna 10 de outubro

THE GO! TEAM + OPERATOR PLEASE
Ao vivo no Astoria, NME Freshers Tour, Londres, 09/10/07


Here I am alone as usual. London’s burning, not me. Pisei no Astoria quando o Operator Please tocou seu primeiro acorde da noite. Se a Northern Line tivesse atrasado mais, eu perderia o show deles. Ainda bem que isso não aconteceu, senão eu estaria putíssimo. Afinal, pra dizer a verdade, por mais que eu ame The Go! Team, é o Operator Please que me trouxe aqui hoje. Desde que vi pela primeira vez na MTV2 o clip de “This Is A Song About Ping Pong”, caí de paixão por eles. A música ótima, arrasa-quarteirão, um hit pra não deixar ninguém parado, pouco mais de 2 minutos de pura perfeição pop. Com a energia que jorraram naquele clip colorido, enxerguei que tinha de fato algo especial ali.

No palco a banda tem uma estupenda presença, a tecladista dá uns pulos muito engraçado, eu morria de rir, dava pra ver de longe quão nerd a mina é. A violinista loira, um tesão de garota, tocava seu violino dançando da forma mais linda, sensual, eu via ali uma Debbie Harry (época áurea) tocado violino. Quantos anos ela deve ter? 16? Ah, se eu fosse dez anos mais novo... A vocalista gordinha era uma graça, smart, ela é uma Beth Ditto menos destrambelhada. A mina tem culhão, suas linhas de guitarra me lembrando X-Ray Spex e sua voz de timbre grave impondo bastante respeito. O baixista era bem charmoso, franjinha na cara, ele tava num visual The Horrors, uma figura cândida. E o batera tem o que, 10 anos? As bandas hoje em dia estão cada vê mais underage, eu hein, as groupies que se cuidem, podem ir pra cadeia acusadas de pedofilia.

O fato é que não me decepcionei nem um pouco com as músicas dessa trupe de jovens australianos, pelo contrario, não vejo a hora de que lancem novos singles e seu álbum de estréia. Guitarras, violino, teclados, eles contam com o pacote completo, uma espécie de Dexys Midnight Runners sendo reinventado pelas meninas do Sleater Kinney e X-Ray Spex. Meio New-Wave, meio punk, meio indie, sempre pop, algumas colheradas de soul e twee. Pode parecer loucura, mas o som do Operator Please remete a tudo isso e ainda sim consegue ser distintivo.

Quanto ao The Go! Team, o que posso dizer? Essa é o tipo de banda que nos injeta tantas boas vibrações que acho que deveriam tocar gratuitamente em praças públicas de cidades pelo mundo afora, principalmente cidades de países pobres. O povo desses países merece uma banda como essa. Assistir The Go! Team ao vivo é reacender sua fé com o mundo e o ser humano, por mais que isso possa ser difícil. É uma vibe tão calorosa, esplêndida, que enterramos qualquer mágoa, problema ou preocupação que temos, e mergulhamos num ritual mágico, colorido, um carnaval de raios de luz, melodias flamejantes, viagens psicodélicas e tudo mais que é positivo e otimista. O show deles é inesgotável, tocam por quase duas horas e em nenhum momento deixam a peteca cair.

Eu pessoalmente acho as músicas do primeiro álbum melhores do que as novas, porém no show, tudo é apenas um estrondo, uma pancada entusiástica na nossa cabeça. A vocalista Ninja é uma espécie de Carla Perez indie, ela rebola, balança a bunda, requebra, pula, quase samba, se entrega de corpo e alma na avalanche que são as faixas do The Go! Team. Mas dizer que ela rouba o show é injustiça, pois todos na banda agitam, pulam e tocam seus instrumentos de forma explosiva e contagiante.

O telão mostrava imagens diversas piscando sem parar, eram muitas cores e ilustrações, muita informação em pouquíssimo espaço de tempo. Os canhões de luzes nos deixavam tontos e o estrobo tentava arrancar de nós um ataque cardíaco. A música que me fez chorar foi “Bottle Rocket”, com aquele solo de gaita que sempre deixa minha alma dilacerada. Outras também me fizeram tremer, como “Titanic Vandalism”, “Doing It Right”, “Ladyflash”, “The Power Is On” e “Junior Kickstart”. Os integrantes do The Go! Team deveriam ser os governantes do mundo, ser os deputados, ministros e presidentes das nações. As crianças deveriam ouvir The Go! Team na escola, a música deles deveria ser o hino antes das aulas começarem. E te falo mais uma coisa, o dia que essa banda tiver uma brass-session ao vivo no palco, o mundo acaba e renasce de novo.



BAT FOR LASHES
Ao vivo no Conway Hall, Londres.


Hoje a noite Bat For Lashes se apresenta como atração principal do festival anual Homefires. Esse ano o local escolhido para acolher o evento foi o Conway Hall, que conta com um palco magnífico e um espaço amplo o suficiente para a platéia, que fica sentada no chão vendo os shows. Quando Bat For Lashes, da cidade de Brighton, subiu naquele palco vermelho decorado por abajures e guarda-chuvas voadores, tivemos a certeza de que o show seria de uma atmosfera ritualística.

A banda de Bat For Lashes (nome real: Natasha Khan) é composta por ela e mais três garotas, todas multi-instrumentistas e que hoje estão vestidas a caráter para a performance. Seus trajes aludem a Deuses ancestrais, ao passo que, associados com a áurea de Cleópatra que Bat For Lashes transpira, mais a riqueza musical que permeia as faixas, fez da apresentação um Espetáculo Teatral carregado de pesadas energias e batidas.

Ano passado a banda lançou seu trabalho de estréia, chamado “Fur And Gold”, e o repertório do show foi inteiramente baseado nesse álbum. Números como “The Wizard” e “Sarah” foram fielmente representados ao vivo do mesmo jeito que aparecem na gravação de estúdio. Para isso, palmas, pauladas no chão e tilintar de jóias foram mesclados com instrumentos usuais como violino, piano e guitarra. Não obstante, a poderosa voz de Bat For Lashes tinha a força de purificar qualquer alma desse mundo, e certamente purificou todas as que assistiam naquele momento. Tão marcante quanto Bjork, Beth Gibbons ou Goldfrapp.

Entre uma música e outra, após calorosos aplausos, Bat For Lashes tentava esfriar o fervor do ritual com comentários e piadas superficiais com o público. Funcionou. Se beneficiando de elementos não convencionais na música pop, a arte de Bat For Lashes é intensa, nobre e brilhante, e isso é visto em faixas como “Sad Eyes” e “Tahiti”. Após 50 minutos, o show se deu por terminado, e o que sentimos em seguida foi uma sensação de leveza e amor.



THE CRIBS
Ao vivo no Astoria, Londres.
Foto: Patrícia Arvelos


Podemos dizer que hoje é uma noite de glória para o Cribs. Com seu terceiro álbum lançado há dias e seu maior hit mais do que nunca na boca da galera, tocam para um Astoria abarrotado, com neguinho saindo pelo ladrão. Quando isso acontece, o próximo passo é o sucesso mainstream. Os jornais mais espertos já estão premeditando que o The Cribs, de Wakefield (UK), será o que o Green Day deveria ter sido, mas nunca foi: um humilde e estupendo trio punk-pop para as massas. E para aqueles que meramente os consideram uma cópia dos Strokes, basta dizer que os nova-iorquinos mostraram vestígios de esgotamento criativo logo no terceiro álbum, enquanto que o trio de Wakefield está no ápice de sua carreira no terceiro trabalho, e dá sinais genuínos de longevidade. Sem contar a veemência e entusiasmo em todos os álbuns do Cribs, qualidades que há tempos não vemos na turma de Julian Casablancas.

São três irmãos compondo o Cribs: os gêmeos Gary e Ryan, e o caçula Ross. Talvez seja essa a razão de sua música ser tão natural e despretensiosa. Ao vivo, a banda é conhecida por seus shows desorganizados e bagunçados. Hoje a noite vemos que essa fama não vem a toa. As faixas são maravilhosamente mal tocadas, com os irmãos rasgando seus instrumentos e vomitando seus hits um por um. O míssil “Hey Scenesters” veio logo no início, estremecendo o lugar e abrindo um rombo no meu ouvido. Pra deixar a coisa ainda mais intensa, “Our Bovine Public”, música que abre o novo álbum, chega em seguida. Um torpedo. Com o chão tremendo e as fortíssimas luzes de estrobo piscando a mil por hora, eu poderia fechar os olhos e me sentir num bombardeio em Bagdá.

A pista era um mar de moshs e crowd-surfing. O Cribs tem a habilidade de calibrar seus pulsantes riffs com a mais pura veia pop, e fazem isso de um modo espontâneo e revigorado, o que os coloca ao lado dos momentos mais inspirados dos Ramones. Exemplos disso podem ser conferidos em “Mirror Kisses” ou “Majors Titling Victory”. Mas é no hino “Men’s Needs” que a noite se consolida, com duas mil pessoas cantando em coro. Ao final Gary pula de cabeça na multidão, o que faz a equipe de segurança ter muito trabalho para retira-lo de lá. Ele volta sem jaqueta, sem camisa e sem sapato, apenas com sua apertada calca jeans e muitos arranhões pelo corpo. Pega sua guitarra e manda “You Were Always The One”, do primeiro álbum. Contagiante e simplória, essa faixa retrata a essência do Cribs. Nessa hora a multidão já tinha pirado o suficiente e era o momento de fechar a apresentação.



COCOROSIE
Ao vivo no Bloomsbury Ballroom, Londres.
Foto: Patrícia Arvelos


O domingo está chuvoso e o Cocorosie vem a Londres para fazer o último show de sua turnê britânica. O lugar escolhido corresponde a área musical das irmãs Sierra e Bianca: o Bloomsbury Ballroom é um aconchegante teatro com arquitetura requintada no centro da capital inglesa. O pequeno palco quase que não aloja toda a parafernália da banda. Mas está tudo ali: harpa, piano de calda, sintetizador, contra-baixo, brinquedos variados e outros apetrechos.

Pouco depois das 9pm a apresentação se inicia. A primeira a tomar o palco é Bianca, com um traje de detetive, com sobretudo abaixo dos joelhos e boina. Em seguida entra o resto da trupe, incluindo a outra metade do Cocorosie, Sierra, e o malucão Tez, que ao vivo produz todos os beats eletrônicos com a boca. Abrem o show com “Rainbowarriors”, do último disco The Adventures of Ghosthorse and Stillborn, e já deixam claro que o repertório do show de hoje será quase todo baseado nesse álbum. Acho ótimo, já que é um disco fenomenal e o mais inventivo da carreira delas, pontilhado de elementos hip-hop e ritmos up-beat.

Essa é uma banda que não se encaixa em nenhum gênero; sua música consiste em elementos variados como ópera, folk e pop. O rumo ao hip-hop parece ter deixado as garotas animadas, e no show elas não param de dançar, rebolar e gesticular com o braços a moda ‘rapper’. Isso deixa a performance num clima mais vivo, ao contrário da turnê passada, onde elas incorporavam a ambiência mais aquietada do dois primeiros álbuns. A faixa “Werewolf” espelha bem essa nova roupagem dançante.

Para temperar mais a noite, havia um telão atrás do palco, com imagens surreais, experimentais, românticas. Quando veio “Animals” é que ficou mais evidente quão admirável e única é a sonoridade do Cocorosie aliada com hip-hop. Esse é um número com mais de seis minutos despindo um rap contínuo, com ruídos e beats ao fundo. Foi o ponto alto do show e mostrou que Bianca está em sua melhor forma como cantora. Em “Japan” o ritual ficou carnavalesco, com a banda recebendo no palco alguns convidados especiais, incluindo a cantora brasileira Cibelle. E da-lhe todo mundo rebolar, se abraçar, se divertir. Esse clima de festa fez jus ao que é essa música, um autêntico hino para os Birutas, Boêmios e Folclóricos desse mundo. O Cocorosie dá sinais que sua criatividade está longe de secar, e que sua passionalidade e inventividade deve ainda devem dar o tom em muitos lançamentos futuros.


MANIC STREET PREACHERS
Ao vivo no Shepherd’s Bush Empire, Londres.
Foto: Patrícia Arvelos


Quem diria, oito álbuns nas costas e ainda relevantes na cena rock britânica. Esses são os Manic Street Preachers, ganhando novos fãs e mantendo os antigos sempre excitados. Musicalmente, nunca dão bola fora. Que o diga o novo álbum, Send Away The Tigers, com dez ótimas faixas tão estrondosas como aquelas que permeavam os primeiros trabalhos. A apresentação de hoje faz parte da turnê britânica promovendo esse novo trabalho, e teve todos seus ingressos esgotados.

O repertório foi longo e contou com músicas de todos os álbuns da banda. Uma recapitulação da gloriosa carreira desses galeses. Foi um típico show dos Manics: o gigantão Nicky Wire maquiado, usando vestido e com seu pedestal enfeitado de plumas; James Dean Bradfield matando a pau na sua guitarra e cantando com sua voz inconfundível; fãs montados com casacos de oncinhas, glitter e muita maquiagem. Iniciaram com “You Love Us”, e daí pra frente o show não teve sequer um ponto fraco.

É difícil dizer que números como “A Design For Life” e “You Stole The Sun From My Heart” não foram os destaques da noite, pois elas de fato foram. Quando uma banda conta com hinos como esses no repertório – inegavelmente duas das faixas mais marcantes das história do rock -, é uma tarefa árdua supera-las. Entretanto, o show não decepcionou em nenhum momento, e clássicos como “Motorcycle Emptiness”, “Stay Beautiful” e “La Tristesse Durera” também foram histericamente recebidos pela platéia. O disco Holy Bible foi lembrado com “Faster”, enquanto “Ocean Spray” cobriu Know Your Enemy.

Tocaram várias do novo álbum, incluindo as ótimas “Send Away The Tigers” e “Autumnsong”, esta última anunciada por James como próximo single a ser lançado. O hit dessa primavera inglesa, “Your Love Alone Is Not Enough”, naturalmente não ficou de fora, para deleite principalmente dos novos fãs. Depois de duas horas, muitas músicas e dedicações a Richey, a banda se despede e as luzes se ascendem. Fim do Espetáculo. Manics never fail to deliver.


*** *** *** *** *** ***

Lançamentos 2007, a lista continua...

JACK PEÑATE – “Matinee”

Um crime a NME ter falado mal desse disco. Jack Penãte, na minha opinião, esta salvando a música indie mainstream aqui no Reino Unido, o álbum dele é um espetáculo, e a porra da NME vai e fala mal. Puta merda, tem vezes que essa revista dá umas escorregadas imperdoáveis. Por que será que qualquer artista que tenha ‘soul’ é malhado pela NME? Compare o disco da Kate Nash com esse do Jack Penãte, você vai ver, Peñate leva a melhor facilmente, deixa a Nash lá pra trás de retardatário, mas a NME prefere a Kate Nash, ô mundo cruel... Desabafos a parte, vamos ao que interessa.

Esse “Matinee” vêm com 11 excelentes músicas, é um disco coeso, contendo tanto faixas dançantes e alto astral como também baladas white-soul. É um guitar-soul-pop contagiante e sublime, as vezes se curvando para um blues ou ska, sempre nos remetendo aos tempos de Housemartins e Style Council. A produção é simples, sem muitos fillers e truques, e isso, para a música de Peñate, só traz benefícios. A música de Jack Peñate é pura, não precisa de truques de produção. O cara possui soul, ele tem o dom, um white-soul singer que faz bonito. Junto com os trabalhos do Lucky Soul e Jens Lekman, “Matinee” é um dos melhores álbuns soul de 2007. Destaques: “Spit At Stars”, “We Will Be Here”, “Torn On The Platform”, “My Yvonne” e “Made Of Codes”.


DISCOS PRA BAIXAR - 2007
JENS LEKMAN – “Night Falls Over Kortedala”
MONTT MARDIÉ – “Clocks / Pretender”
PELLE CARLBERG – “In a Nutshell”
THE RUMBLE STRIPS – “Girls And Weather”
AMIINA – “Furr”
ELUVIUM – “Copia”
JUSTICE – †
BRYAN FERRY – “Dylanesque”
DIGITALISM – “Idealism”
THE THRILLS – “Teenager”
RILO KILEY – “Under The Blacklight”
COCOROSIE – "The Adventures Of Ghosthorse & Stillborn"
THE CLIENTELE – “God Save The Clientele”
THE RAKES – "Ten New Messages"
MAXIMO PARK – "Our Earthly PLeasures"
BRETT ANDERSON – "Brett Anderson"
ARCADE FIRE – "Néon Bible"
KEREN ANN – "Keren Ann"
TAP TAP – "Lanzafame"
AIR – "Pocket Symphony"
EXPLOSIONS IN THE SKY - "All of a Sudden I Miss Everyone"
JOHN HOWARD – "Same Bed, Different Dreams"
BRIGHT EYES – "Cassadaga"
THE BISHOPS – "The Bishops"
ELECTRELANE – "No Shouts, No Calls"
MANIC STREET PREACHERS – "Send Away The Tigers"
DARTZ! – "This Is My Ship"
THE HORRORS – "Strange House"
GOOD SHOES – "Think Before You Speak"
LUCKY SOUL – “The Great Unwanted”
JAMIE T – “Panic Prevention”
THE KISSAWAY TRAIL – “The Kissaway Trail”
BUTCHER BOY – “Profit In Your Poetry”
THE CRIBS – “Men’s Need, Women’s Need, Whatever”
THE APPLES IN STEREO – “New Magnetic Wonder”
THE ORCHIDS – “Good To Be A Stranger”
ASH – “Twilight Of The Innocents”
BARENAKED LADIES – “Barenaked Ladies Are Men”
MONSTER BOBBY – “Gaps”
RICHARD HAWLEY – “Lady’s Bridge”
THE POLYPHONIC SPREE – “The Fragile Army”






xxx

Thursday, October 11, 2007

 

coluna 03 de outubro

VAMOS DE CLIPS POIS HÁ MUITAS COISAS NOVAS NA CENA.


LAURA MARLING – “New Romantic”
Essa é a nova diva folk britânica, e mais uma sensação da turma underage. Ela só tem 17 anos. E que delícia de garota. O Beans On Toast fez uma música pra ela, dizendo explicitamente que queria comê-la. Quem não queria? Mas, meu, olha o som dessa mina!? Vish. Joni Mitchell na veia. E olha que clip lindíssimo... Ela só tem 17 anos.






THE CORAL – “Jacqueline”
Sai disco, entra disco, e esse combo de Liverpool, The Coral, nunca nos decepciona. Esse ano eles lançaram um novo long-play, e “Jacqueline” é o mais recente single. Delícia.






RICHARD HAWLEY – “Tonight The Streets Are Ours”
Aí está o clip para o single promocional do crooner Richard Hawley. Eu adoro seu jeito de cantar, bebendo da mesma fonte dos tempos gloriosos de Scott Walker. Mister Richard Hawley é um dos cantores de maior prestígio atualmente no Reino Unido.






THE HIVES – “Tick Tick Boom”
Os garage rockers The Hives estão de volta com novo single, novo álbum, mesmo som. Eu gosto. O novo visual deles é agora uma alusão ao uniforme escolar britânico, as famosas gravatinhas listradas.






JAKOBINARINA – “This Is An Advertising”
Esse meninos da Islândia lançaram um single novo semana passada, mas não é tão legal, então resolvi colocar aqui o single anterior, lançado a uns meses atrás. Artrock.






THE CHECKS – “What You Heard”
É o tipo de som que toco no The Bar, aqui em Londres, nas famosas Marcio’s Monday Madness. Retrô, rock, groove. Lembra The Bees.






LATE OF THE PIER – “Bathroom Gurgle”
Quem gosta de Ladytron e garotos bonitinhos, tem essa banda aqui. Esse single é bacana, mas tenho minhas dúvidas quanto ao álbum.






MSTRKRFT – “Work On You”
Esse é projeto do cara do Death From Above. Se todo electro fosse de estupenda qualidade como essa faixa, eu seria um grande fã do gênero. Mas acontece que torpedos como esse só aparecem uma vez ou outra. Ah, o nome da banda se pronuncia Master Kraft. Adoro.






MANIC STREET PREACHERS – “Indian Summer”
Novo single dos Manics. Típico Manics, sem tirar nem por. Eles são uns escrotos nas entrevistas, mas como eu gosto dessa banda!!!







*** *** *** *** ***

LANÇAMENTOS DE DISCOS 2007
Especial pop sueco



JENS LEKMAN – “Night Falls Over Kortedala”
Meu compositor sueco predileto, Jens Lekman, volta com novo trabalho de inéditas. Jens Lekman não tem pra ninguém, é o melhor atualmente, no contest. Até aqui, esse é o terceiro disco do rapaz, se incluirmos a compilação de EPs “Oh You're So Silent Jens”. Um fato curioso é que Jens parece estar um pouquinho mais animado com a vida, só um pouquinho, afinal, seu primeiro álbum era constituído praticamente de baladas melancólicas, recheadas de samples, ritmos tristes, letras de fossa e uma voz perfeita. Já nessa nova empreitada, a batida está mais up-beat, há instrumentos de sopro, fazendo as faixas assemelharem-se com gemas de soul-music. O clima esta definitivamente mais alto-astral, podemos até dançar. As letras, entretanto, continuam falando de sentimentos dilacerados, amores perdidos e sensações amorosas estranhas e incertas.

O que mais me apega ao Jens Lekman é sua voz tão real, tão bonita e sofrida, de timbre maravilhosamente grave. Sua habilidade de compor músicas orgânicas mesmo usando samples é um outro ponto alto. Lembro-me que no primeiro álbum eu reconheci de cara que ele tinha sampleado a faixa “So Catch Him” dos saudosos Blueboy. Dessa vez, o sample que peguei de primeira foi “Young Americans” do David Bowie. É tão legal quando um artista que gostamos sampleia outros artistas que admiramos, dando a luz a uma nova jóia pop. “Night Falls Over Kortedala” é, assim como suas obras anteriores, um disco perfeito para ouvir nos headphones em caminhadas no frio, quando você está profundamente triste e sem esperança, querendo radicalmente dar uma mudança na sua vida, mas não encontrando forças pra isso.

Jens Lekman toca ao vivo em Londres no dia 11 de dezembro.



MONTT MARDIÉ – “Clocks / Pretender”
Montt Mardié é o nome artístico para o jovem compositor sueco David Pagmar. Esse é seu segundo álbum, um disco duplo, e a produção é requintada e polida. Enquanto que Jens Lekman canta em timbre grave, David prefere se aventurar em falsettos, e o resultado é quase sempre bom. Ele parece ser gay, mas na verdade o rapaz agradece sua namorada nos encartes dos discos e ela sempre aparece em seus vídeo-clips. David é apenas sensível e afetado, e isso é espelhado em sua música, repleta de orquestras e despindo climas épicos e esmeraldico. A influência de Burt Bacharach é clara. O primeiro cd, chamado “Clocks”, é composto por 10 canções orgânicas, alternando entre baladas suaves e faixas mid-tempo. Os destaques ficam para “The Windmill Turns All The Same”, “Birthday Boy (Drama)” e “1969”.

Já no segundo cd, intitulado “Pretender”, David colabora com outros músicos, aparentemente todos suecos, incluindo Jens Lekman. Fora isso, além de sua sonoridade característica, aqui ele abre o leque e expande seus horizontes, explorando pop eletrônico nos moldes de Orlando e Pet Shop Boys (“Metropolis” em parceria com Fredrik Hellstrom e “Daughters” com Peder Stenberg), down-tempo & soul-music contemporânea (“Haçienda”, junto com Christian Zellinger) e duetos folk (“Castle In The Sky”, com Jens Lekman e “Preternders” em colaboração com Hello Saferide). Qualquer apreciador de um bom pop vai encontrar nesse disco duplo motivos de interesse. Uma pena é que, até o momento, esse álbum só saiu na Suécia, pelo selo Hybris, e ainda não há previsão para um lançamento no mercado anglo-saxão.


PELLE CARLBERG – “In a Nutshell”
Esse é o segundo álbum de Pelle Carlberg, ex líder da banda sueca Edson. “In a Nutshell” apresenta doze faixas folk-rock, ora caindo para números contagiantes (pense em Polyphonic Spree colaborando com Hidden Cameras), ora aludindo a climas de pura magia indie-folk (se você pensou nos primeiros álbuns do Belle & Sebastian, acertou). A canção mais bonita na minha opinião é a que abre o cd, chamada “Pamplona”. Esse disco não tem absolutamente nada de inovador, apenas músicas de qualidade excelente, e isso que me faz gostar de música pop, o fato de que você não precisa necessariamente inovar, basta escrever belas canções que já ganha minha admiração. Vale lembrar que a faixa “Clever Girls Like Clever Boys Much More Than Clever Boys Like Clever Girls” leva o troféu de melhor nome de música de 2007, desbancando “World Was a Mess But His Hair Was Perfect” do Rakes para segundo lugar. É ou não é?






Veja a lista de discos legais lançados em 2007:

THE RUMBLE STRIPS – “Girls And Weather”
AMIINA – “Furr”
ELUVIUM – “Copia”
JUSTICE – †
BRYAN FERRY – “Dylanesque”
DIGITALISM – “Idealism”
THE THRILLS – “Teenager”
RILO KILEY – “Under The Blacklight”
COCOROSIE – "The Adventures Of Ghosthorse & Stillborn"
THE CLIENTELE – “God Save The Clientele”
THE RAKES – "Ten New Messages"
MAXIMO PARK – "Our Earthly PLeasures"
BRETT ANDERSON – "Brett Anderson"
ARCADE FIRE – "Néon Bible"
KEREN ANN – "Keren Ann"
TAP TAP – "Lanzafame"
AIR – "Pocket Symphony"
EXPLOSIONS IN THE SKY - "All of a Sudden I Miss Everyone"
JOHN HOWARD – "Same Bed, Different Dreams"
BRIGHT EYES – "Cassadaga"
THE BISHOPS – "The Bishops"
ELECTRELANE – "No Shouts, No Calls"
MANIC STREET PREACHERS – "Send Away The Tigers"
DARTZ! – "This Is My Ship"
THE HORRORS – "Strange House"
GOOD SHOES – "Think Before You Speak"
LUCKY SOUL – “The Great Unwanted”
JAMIE T – “Panic Prevention”
THE KISSAWAY TRAIL – “The Kissaway Trail”
BUTCHER BOY – “Profit In Your Poetry”
THE CRIBS – “Men’s Need, Women’s Need, Whatever”
THE APPLES IN STEREO – “New Magnetic Wonder”
THE ORCHIDS – “Good To Be A Stranger”
ASH – “Twilight Of The Innocents”
BARENAKED LADIES – “Barenaked Ladies Are Men”
MONSTER BOBBY – “Gaps”
RICHARD HAWLEY – “Lady’s Bridge”
THE POLYPHONIC SPREE – “The Fragile Army”











xxx

Tuesday, October 09, 2007

 

coluna 26 de setembro

LOVE MUSIC HATE RACISM

Alguém aqui já passou por alguma experiência de racismo em Londres? Já teve um encontro amedrontador com algum hooligan fascista? Já ouviu aquela pergunta escrota “where you from?”? Creio que sim. Nos últimos cinco anos Londres e boa parte da Inglaterra têm visto o racismo crescer, e virar um assunto diário nas páginas de jornais e reportagens na TV. O influxo de estrangeiros na capital inglesa cresce a cada dia, a cidade está cada vez mais cheia, os transportes coletivos cada vez mais abarrotados, crianças nas escolas falando dezenas de diferentes línguas, e claro que muitos britânicos não estão contentes com isso. Tanto é que partidos fascistas como o BNP (British National Party) estão contando com mais seguidores e recebendo cada vez mais votos.

Mas isso é um perigo, pois essas organizações que se julgam partidos políticos, como o BNP, possuem visões extremistas, algumas delas semelhantes com os pontos de vistas de Hitler e seus companheiros nazistas. Será que alguém ainda acredita que mandar todos os estrangeiros de volta para seus países de origem vai deixar a vida na Inglaterra melhor? Infelizmente alguns acreditam. Entretanto, fazer isso não deixará as coisas mais harmoniosas, muito pelo contrário, a economia pára, o país entra em colapso, a Grã-Bretanha morre.

A questão do racismo está tão em alta por aqui que até mesmo a NME entrou na briga. Felizmente, há também organizações que lutam contra o racismo e contra o BNP, uma delas é o Love Music Hate Racism, que organiza shows em Londres contra a xenofobia e racismo. No mês que vem, a NME e Love Music Hate Racism juntarão forças e distribuirão através das páginas da NME um CD com diversas bandas legais numa grande campanha anti-racismo. Vários artistas já estão confirmados com faixas exclusivas, entre eles, alguns prediletos desse escriba, como Maximo Park e Babyshambles.

Abaixo, traduzo com exclusividade um pequeno artigo que saiu na própria NME, dando mais detalhes sobre o CD e a campanha anti-BNP.

BLOC PARTY, MAXIMO PARK AND KATE NASH RECORD ANTI-RACIST ALBUM FOR NME

“A NME se juntou com a campanha do Love Music Hate Racism para criar um CD especial para combater o crescente problema do racismo – e vai conter bandas como The View, The Enemy e Lethal Bizzle.

O disco com 15 faixas, que será dado gratuitamente na edição da NME do dia 10 de outubro, surgiu depois que reportamos no início do ano que organizações fascistas estavam distribuindo álbuns de bandas white power na porta de escolas e universidades no Reino Unido.

Love Music Hate Racism decidiu contra-atacar com um CD contendo bandas que não concordam com essas mensagens racistas, e juntou forças com a NME para ter o CD distribuído no Reino Unido.

Uma das bandas contribuindo com uma faixa para o álbum é o Bloc Party, e o líder Kele Okereke disse a NME que não haveria dúvidas que sua banda se envolveria com a questão.

‘O lance é que ouvi o que o BNP estava se propondo a fazer e isso me trouxe um frio na barriga’, ele contou. ‘Eles são uma organização demoníaca e a idéia de que estão distribuindo materiais para jovens nas escolas é absolutamente amedrontador. Qualquer coisa que podemos fazer como banda para deixarem as pessoas cientes, iremos fazer’.

Okereke também explica que fazer um CD é uma boa maneira de arruinar os esforços do BNP em espalhar sua mensagem de ódio. ‘Nossa geração se tornou bastante hábil em técnicas de marketing, Então essas organizações precisam encontrar maneiras de chegar nas pessoas – é uma forma de marketing, estão tentando vender uma idéia às pessoas’, ele falou. ‘Estamos mais sofisticados como pessoas, e eles têm que encontrar modos sofisticados para trambicar seus pensamentos de ódio’.

O tracklist final do CD ainda está em fase de seleção, mas podemos confirmar que Dirty Pretty Things, Maximo Park, Babyshambles e Kate Nash também já estão confirmados, assim como várias outras bandas prontas para embarcarem nessa.”

www.lovemusichateracism.com/


*** *** *** *** ***


Lançamentos 2007 – a lista continua...

THE POLYPHONIC SPREE – “The Fragile Army”
A questão que me surgiu quando escutei esse terceiro disco do Polyphonic Spree foi: uma banda tem que ter sempre a mesma sonoridade ou aquela velha história de conjuntos necessitarem reinventar seu som é um clichê necessário? Uma boa pergunta. E devo dizer que cada caso é um caso diferente. Há aquelas que soam sempre (ou quase sempre) a mesma coisa e são sempre maravilhosas (Teenage Fanclub, Manics, Lambchop). Há outras que a cada álbum possuem sonoridade semelhante, mas a qualidade caindo (Strokes, The Coral). Existem as tais que se aventuram em outros estilos musicais - algumas vezes com sucesso, outras não -, adicionando elementos de country, eletrônica, dub, disco, avant-garde, hip-hop, jazz e o caralho a quatro.

Pegue esse “The Fragile Army” do Polyphonic Spree, e você vai ver que está exatamente a mesma coisa que os dois antecessores. E ainda está legal, mas consigo ver sinais de cansaço no som deles. Já consigo enxergar elementos datados, um certo ar maçante na aura do grupo. Você não achou? Olha, não me leve a mal, eu gostei das músicas, aprecio a banda, mas após inúmeras audições, fiquei me perguntando onde iriam a partir daqui? Se fizessem um novo álbum com o mesmo tipo de som, tenho lá minhas dúvidas se o trabalho vai ser bom. Quem sabe se eles pegarem pesado no jazz, essa não seja a solução? Nunca se sabe.

Deixando essas questões musicais filosóficas de lado, devo expor aqui que essa terceira empreitada desse coletivo do Texas contém todos aqueles momentos épicos, o coral, a magnífica voz do Tim DeLaughter, as células remanescentes de Brian Wilson, os aspectos gospel que tanto apreciamos, distribuídos em 12 jóias de alto calibre pop. Só quer ver o que vão aprontar para o próximo álbum. Destaques: “Running Away”, “The Fragily Army”, “We Crawl” e “Guaranteed Nightlite”.


RICHARD HAWLEY – “Lady’s Bridge”
Não que eu queira dar uma de indie otário, mas eu conheço Richard Hawley desde seu homônimo primeiro mini-álbum, que foi lançado em meados de 2000, e sou fã desde aquela época. Depois ele lançou mais dois discos, “Late Night Final” e “Lowedges”, ambos sublimes, e ainda sim continuou no underground. Só foi no quarto trabalho, “Coles Corner”, de 2005, que esse senhor de Sheffield estourou no mainstream. E foi exatamente quando ele ficou famoso que percebi um certo declínio em música. Não me leve a mal. Gosto dos trabalhos do Richard Hawley tanto antes dele ser famoso quanto depois, mas se você me perguntar qual eu prefiro, vou dizer que fico com o período pré-fama. As músicas eram produzidas de maneira mais simples, mas a excelência musical reinava.

“Lady’s Bridge” é um álbum magnífico, bonito, com produção requintada, uma pérola preciosa de um crooner dos nossos tempos atuais, recheado de cânticos joviais. Mas ainda sim prefiro seus trabalhos do começo. Se vou comprar esse novo álbum? Claro que sim, como disse, sou fã desse cara, ele tem talento, uma voz marcante, canções da mais alta divindade, compro tudo que ele lança. E nesse álbum Hawley está se mostrando ainda mais articulado, mandando ver alguns momentos blues. Ah, e a capa é linda. Mas mesmo sim, são seus primeiros discos que estão em destaque na minha prateleira de cds.


Discos pra baixar - 2007

THE RUMBLE STRIPS – “Girls And Weather”
AMIINA – “Furr”
ELUVIUM – “Copia”
JUSTICE – †
BRYAN FERRY – “Dylanesque”
DIGITALISM – “Idealism”
THE THRILLS – “Teenager”
RILO KILEY – “Under The Blacklight”
COCOROSIE – "The Adventures Of Ghosthorse & Stillborn"
THE CLIENTELE – “God Save The Clientele”
THE RAKES – "Ten New Messages"
MAXIMO PARK – "Our Earthly PLeasures"
BRETT ANDERSON – "Brett Anderson"
ARCADE FIRE – "Néon Bible"
KEREN ANN – "Keren Ann"
TAP TAP – "Lanzafame"
AIR – "Pocket Symphony"
EXPLOSIONS IN THE SKY - "All of a Sudden I Miss Everyone"
JOHN HOWARD – "Same Bed, Different Dreams"
BRIGHT EYES – "Cassadaga"
THE BISHOPS – "The Bishops"
ELECTRELANE – "No Shouts, No Calls"
MANIC STREET PREACHERS – "Send Away The Tigers"
DARTZ! – "This Is My Ship"
THE HORRORS – "Strange House"
GOOD SHOES – "Think Before You Speak"
LUCKY SOUL – “The Great Unwanted”
JAMIE T – “Panic Prevention”
THE KISSAWAY TRAIL – “The Kissaway Trail”
BUTCHER BOY – “Profit In Your Poetry”
THE CRIBS – “Men’s Need, Women’s Need, Whatever”
THE APPLES IN STEREO – “New Magnetic Wonder”
THE ORCHIDS – “Good To Be A Stranger”
ASH – “Twilight Of The Innocents”
BARENAKED LADIES – “Barenaked Ladies Are Men”
MONSTER BOBBY – “Gaps”


*** *** *** *** ***


THE INDELICATES

Uma nova trupe que tenho botado uma fé é The Indelicates. Essa é a nova empreitada da Julia, uma das fundadoras das Pipettes, que deixou a banda a cerca de dois anos atrás. Aqui, Julia vira Julia Indelicate e junta forcas com Simon Indelicate para juntos apresentarem seu pop teatral e up-beat. Como definir o som do Indelicates? Pop teatral é mesmo o melhor termo; estão sempre abordando diferentes temas e vestindo diferentes trajes, e as músicas caem quase sempre em duetos eufóricos. O último single “Julia We Don’t Live In The Sixties” não me deixa mentir. Mas bom mesmo é o novo single “Sixteen”, sem dúvida uma das faixas mais bonitas de 2007, nos dando amostras do excelente vocal de Julia Indelicate. Ela tem cara que será uma nova diva do pop. No vídeo, estão se passando por idosos ranzinzas. Veja.


Assista também o vídeo de “Julia We Don’t Live In The Sixties”, mostrando o protesto Indelicate.




As placas são engracadíssimas, tipo assim: “Coalizão Pare Com o Tédio: PODERIA ESTAR PIOR”. Ou então “Comitê Das Sombras Da Melancolia: IT’S FINE”. Hehe, estão protestando nas ruas contra o tédio, a melancolia e outras besteiras... no final da música, gritam “Life is sweet, life is sweet!!!”

www.myspace.com/theindelicates


*** *** *** *** ***


MONKEY SWALLOWS THE UNIVERSE

Foi lançado o novo single do grupo Monkey Swallos The Universe. A faixa é intitulada “Bloodline” e é o cartão de visitas para o novo álbum dessa galera de Sheffield. Está um pouco mais up-beat do que as faixas do cd anterior, e também com uma produção mais polida. Eu adoro essa banda e se você é chegado em Belle And Sebastian, Camera Obscura ou Tilly And The Wall, você certamente irá adorar também. Assista o vídeo:




http://www.mstu.co.uk/
www.myspace.com/mstu




xxx

This page is powered by Blogger. Isn't yours?