Friday, February 23, 2007

 

coluna 22 de fevereiro

SALVE O ASTORIA

Uma tragédia esta pra acontecer em Londres. Chamem isso de desenvolvimento ou progresso. Pra mim é tragédia. O legendário London Astoria, a casa de shows mais legal de Londres, ali no centrão da cidade, esta aparentemente com os dias contados. Há um projeto para aumentar a estação de metrô Tottenham Court Rd, acrescentando linhas de trem suburbano, e o Astoria seria demolido para que a obra pudesse ir em frente. Isso não é lamentável?




Afinal, o espaço é o mais tradicional de Londres. Não consigo ver Londres sem o Astoria. Assim como não consigo enxergar Londres sem o Big Ben. Simplesmente é intolerável a possibilidade de demolirem o Astoria. Por que não demolir o quarteirão vizinho? Por que não conservar esse patrimônio cultural, por quais tantos artistas já se apresentaram? Não é justo.

Mas a fé é a ultima que morre. Neste exato momento, há muitas outras pessoas que também estão com o coração apertado devido ao possível fechamento do Astoria, incluindo diversos artistas e bandas. Foi criado um movimento "Save The Astoria", onde há um abaixo-assinado, assim como informações, opiniões e artigos de jornais sobre o assunto. Vá ao site e assine já a peticão para salvar o Astoria: http://www.savetheastoria.org/

Se os roqueiros do planeta se unirem, o projeto para as obras do metro pode encontrar dificuldades. Há dois anos atrás queriam fazer a mesma coisa com o Electric Ballroom em Camden. Esse espaço também é tradicionalíssimo. Fizeram uma campanha e conseguiram salvar a casa, convencendo a companhia do metrô a fazer a obra em outro local.

Muitas bandas já passaram pelo palco do Astoria. Das clássicas as mais obscuras. Só nessa década, a lista é grande: Rolling Stones, U2, Madonna, Oasis, Coldplay, Keane, Arctic Monkeys, Slayer... todos os pesos pesados já pisaram lá. Acho que todas as bandas, quando alcançam fama mediana, acabam tocando por lá. É tipo um espaço obrigatório. Elas próprias exigem que seus agentes marquem concertos no Astoria. Sem contar que o lugar é imundo, fedorento, escuro, mórbido. Típica casa de rock.

Desde que estou morando aqui, já vi shows históricos por lá, que ficarão na minha memória pro resto da vida. O mais marcante foi Libertines em 2004, com Pete & Carl, no show contra o racismo. Possivelmente esse foi o mais emocionante da minha vida. Tocaram os dois álbuns do Libertines inteiro, e ainda no final apareceu Mick Jones do Clash para tocar “Should I Stay Or Should I Go” com os Libs. Foi nesse dia que vi quão potente é presença de palco do Pete. Sem contar que nos intervalos das musicas rolavam protestos contra os partidos racista e nazistas. Toda vez que assisto esse show em dvd (pra isso que serve o ebay, para comprar raridades como essa), eu choro.

Além dos Libs, assisti My Morning Jacket numa apresentação de gala. Nesse dia quem abriu foram os animados Junior Senior. Nessa noite me acabei. Não posso esquecer também do dia em que o Hot Hot Heat pos fogo no Astoria, tocando seu primeiro álbum por completo, hit atrás de hit. Sai do Astoria rouco, feliz, bêbado. Franz Ferdinand fez igualmente um ótimo show. Recentemente, me deliciei com Guillemots e My Life Story. E a primeira vez que entrei no Astoria foi para assistir o Ladytron, em 2003. Fofo. E o Suede, minha banda predileta de todos os tempos? Escolheu o Astoria para o ultimo show da carreira, e eu estava presente, chorando, triste, feliz, vivenciando aquele momento histórico.

E veja só, eu já fui DJ no Astoria. Uma noite inesquecível e turbulenta, conhecida como "A RIOT IN LONDON TOWN". Tudo começou quando esse humilde escriba trombou com Pete Doherty na rua. Chamei ele, ele veio. Me cumprimentou, começamos a conversar. Seu manager James Mullord estava junto. Eu disse que era um grande fã dos Libs e Babyshambles. Pete agradeceu e tirou da sua bolsa o single de "Killamangiro" e me deu. Como se nao bastasse, me deu o single em vinil também. Fiquei muito feliz; aquele single seria lançado somente dali a duas semanas.

Pete perguntou o que eu fazia aqui em Londres. Eu disse que fazia um monte de coisas e uma delas era DJ. Ele ficou contente com o fato de eu ser um DJ, e me chamou para discotecar na noite de natal que os Babyshambles fariam no Astoria, em dezembro de 2004. Nessa época, os Babyshambles estavam no auge da forma, tocando o que possivelmente era um dos melhores shows desse planeta. Claro que aceitei, ele me deu o fone do seu tour-manager e pediu para entrar em contato. Oh, que figura cândida esse Pete Doherty.

Chegou o dia do show, lá fui eu com meus disquinhos animar a galera entre os muitos shows que rolariam naquela noite. Acho que nunca discotequei para tanta gente: 2 mil pessoas. E veio a primeira banda, a segunda, a terceira, a quarta, e eu metendo som entre elas. A quinta seria o Babyshambles. E espera meia hora, uma hora, duas horas, três horas e nada do senhor Pete Doherty aparecer. Ainda bem que sou prevenido e levei bastante musica pra tocar. E fiquei lá eu, tocando meus sons e o publico se enfurecendo com o perdido do Pete. Deu 3 da matina, já era, a galera subiu no palco e quebrou tudo, destruindo instrumentos, equipamentos, batendo em seguranças, atirando garrafas, fazendo arrastão. Desastre total. Uma autentica riot. Queriam até mesmo invadir a cabine do DJ e me rapelar. Sorte que a policia chegou antes que isso acontecesse. Depois que o Astoria foi esvaziado, finalizei meu set. E esse foi o dia em que fui DJ no Astoria. Noite maluca, que mesmo sem Pete, foi uma experiência mágica.

Mas enfim, muitas experiências mágicas provavelmente não acontecerão mais se o Astoria realmente for fechado. Por isso, pare de ler esse texto agora e assine o abaixo-assinado para salvar o Astoria: http://www.savetheastoria.org/

Mais informacoes: http://www.myspace.com/savingtheastoria

VIDA LONGA AO ASTORIA!


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Resolvi traduzir um texto essa semana. Um texto que adorei, escrito pelo mestre Everett True, onde há uma boa tirada sobre os clássicos. Veio como editorial do novo número da revista Plan B, e mais abaixo vão meus comentários.

"Hoje ouvi um disco do Stooges pela primeira vez. Cara, me senti mal, como se tivesse traído minha fé sagrada. Na minha casa sempre teve uma regra principal, tá ligado – Não Stooges, e nem Rolling Stones. Nunca tive nada contra ambos os grupos, apenas as pessoas que endeusavam eles. Um sujeito pode escutar música sem preconceito; não eu. Pra mim, música sempre foi mais que um mero som. É a escolha de um estilo de vida, uma manta de segurança, uma maneira de sonhar, violeta e carmesim e escarlate, o império sobrenatural. Os Stones e Stooges eram uma maldição pra mim: a idéia do rock como rebelião e perigo quando claramente era o oposto. Pior ainda, eram de antes do meu tempo. (Você tem que compreender a condições nas quais eu cresci. O Punk realmente reforçou a noção de ser um Ano Zero – 1976).

Me lembro de quando o ex-amigo Alan McGee mandou uma peçonhenta carta para a NME em 1986, reclamando de uma resenha minha para um ridículo single do Iggy Pop (“Real Wild Child”), apontando que os Stooges encapsularam o rock’n’roll. Que melhor razão para evitar e insultar eles? Rock’n’Roll era uma merda – ginástica com outro nome: uma criação masculina que por sua natureza excluía metade do mundo.

Ainda. Eu não poderia evitar o fato de que duas das minhas favoritas bandas ao vivo – The Birthday Party nos anos 80 e Mudhoney nos anos 90 – pegavam o blues berrante e feroz do Stooges como suas bases, e mimavam as danças do Iggy Pop. Eu pegava essa desculpa pra mim mesmo: música ao vivo é contexto, o tempo e espaço em que existe importa mais que qualquer outra coisa. Eu resmungava, me recusando a encarar a contradição. Talvez os Stooges tivessem sido legais uma vez. Outra época, outra geração, outras regras. Eles que se fodam. Eu ainda não gostava daqueles músicos e ‘fãs’ de música gordos e cabeludos que referenciavam eles. “I Wanna Be Your Dog”, “Loose” e “1969”... clichês que se tornaram impotentes pelo uso excessivo.

Os tempos mudam. O rock – como até mesmo a NME tardiamente percebeu, uma década depois que todo mundo – é agora um tanto cool, principalmente porque não é mais aquela besta patriarcal que um dia foi. Eu posso ouvir um disco do Stooges sem preconceito. Posso? Tem um novo sendo lançado agora em marco, “The Weirdness”, o primeiro deles em 33 anos. Hora de ouvir. Jesus, soa como os Ramones! Jesus, soa como Sonic Youth (particularmente a zuada “You Can’t Have Friends”). Jesus, soa como Mudhoney! Jesus, é sujo e infantil e malvado e todas aquelas descrições que tanto adoro de dar para musica que eu gosto. Jesus, é ok. Há algumas faixas esquisitas, descartáveis e paradas, onde Iggy resmunga como um péssimo cantor de pub... mas é ok. Acho as letras - rimas banais, óbvio que não poderiam vir de adolescentes, e sim de um bando de cinquentões – de fácil compreensão, mas... é ok. Quem iria imaginar?"



Esse texto despertou novamente em mim aquela história de acreditar naqueles discos ou bandas que todo mundo diz que são clássicos. Eu nunca dei a mínima para os clássicos. Filmes, discos ou livros.

Claro que cada pessoa passa por uma situação diferente na vida. No caso de Everett, sempre teve sua birra com Stones e Stooges. Eu não. Escutava eles numa boa. Afinal, se eu fosse ignorar tudo que surgiu antes da minha época, estaria perdendo coisas legais, não poderia evitar.

Mas aconteceu comigo algo semelhante nos meus anos de adolescência com outro grupo. Cresci numa época em que todos ao meu redor cultuavam Echo & The Bunnymen. Eles eram os intocáveis. Os superiores. Eu sempre os ignorei. Novamente, não era nada contra a banda, mas sim o povo que cegamente os endeusavam. Só depois de marmanjo é que fui botar meus ouvidos nos álbuns do Echo & The Bunnymen, e constatei que realmente eram bons, mas não significavam nada pra mim. Jamais farão diferença pra mim.

Ainda posso citar um caso ‘oposto’. Quando deixei de gostar de uma banda. O nome dela? Placebo. Sou um grande fã do primeiro álbum do Placebo. Acho aquele disco estupendo e definitivamente marcou minha adolescência. Depois veio o segundo álbum e a qualidade já não era mais a mesma. Inexplicavelmente, foi com esse disco que a base de fãs da banda aumentou absurdamente. De repente, qualquer Zé Mané com cérebro vazio brincava de ser Brian Molko. Fingiam ser andróginos, quando mais pareciam uns palhaços. Sei lá, tipo... isso fez com que eu ficasse com raiva do Placebo. Musicalmente, ainda os respeitava, mas como disse Everett, música não é a apenas som, é um estilo de vida. A partir do momento que esse povo de cabeça vazia começou a ouvir Placebo, eu passei a ignora-los. Simplesmente esqueci que existem.

Resumindo, nunca ache que algo é bom simplesmente porque todos seus amigos acham. Sempre desconfie daquilo que é unanimamente adorado. Se todo mundo cultua uma certa banda, com certeza algo deve estar errado com ela, você não acha? O que importa é seu instinto e a situação pelo qual você passou a ter uma relação com determinada banda ou disco. Aquelas listas dos discos clássicos que você precisa ouvir são puro lixo. Ignore-as e siga seu próprio caminho. Faca sua própria lista.

Everett True é jornalista e escritor, foi quem apresentou Courtney ao Kurt, escreveu livros sobre os Ramones, Nirvana e foi escriba dos semanários ingleses nos anos 80 e 90. Editou algumas revistas nessa atual década e atualmente é o patrão da Plan B. O cara é foda.

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Sunday, February 18, 2007

 

coluna 15 de fevereiro

TURISMO DO ROCK

O rock finalmente foi reconhecido como um dos pontos fortes do turismo britânico. Foi o que deu nos jornais por aqui na semana passada. Graças a agência VisitBritain, a Grã-Bretanha irá receber a partir de agora placas turísticas nos locais legendários do rock, como já acontece com literatura, por exemplo. Aqui em Londres, não é raro você andar numa rua e de repente se deparar numa casa com a seguinte plaquinha: “Nessa casa morou o poeta, dramaturgo e escrito Oscar Wilde”. Não acredita? Vá então na Tite Street, número 34. Ou mesmo “Aqui morou o novelista George Orwell”. Confira na Portobello Road, em Notting Hill.

Mas daqui em diante também teremos placas indicando onde tal roqueiro morou, onde tal banda iniciou carreira ou onde um certo rock-star caiu de pileque. Por exemplo, o local onde Marc Bolan bateu fatalmente seu carro será indicado com uma placa. Ou o boteco onde a turma do Britpop freqüentava. Que tal aquela rua na capa do primeiro disco do Oasis? É a Berwick Street no centro de Londres, e agora terá uma placa mencionando. A Abbey Road já é clichê, mas finamente ela será reconhecida pelo Turismo Britânico como a rua dos Beatles.

Pena que alguns lugares já não existem mais, foram demolidos em prol do desenvolvimento das cidades, como é o caso do club Hacienda, em Manchester, onde no final dos anos 80 ficou famoso com a galera Acid House. E também o Cavern Club, onde os Beatles começaram a tocar. Esses só mesmo na memória de quem vivenciou ou assistindo filmes e documentários.
Enfim, pelo que foi divulgado, serão mais de 200 placas lembrando locais clássicos do rock espalhados pelo Reino Unido. Eu conheço alguns, mas confesso que com essa nova empreitada quero conhecer mais. A seguir listo alguns dos locais.




Abbey Road em Londres: não tem jeito, essa é a rua imortalizada pelos Beatles. Todo fã de rock tem obrigação de conhecer.











Bar Itália, Londres: Jarvis Cocker escreveu a faixa “Bar Itália”, no disco Different Class, em homenagem a esse bar no Soho.

Severn estuary mudflats: a foto para a capa do disco Heaven Up Here, do Echo And The Bunnymen, foi tirada aqui. Como será que vão colocar a placa nesse lugar?





Salford Lads Club em Manchester: Foi aqui que os Smiths tiraram aquela foto clássica para a capa do disco “The Queen Is Dead”.



Marc Bolan bateu seu carro nesse local, em Bernes, e morreu na hora.




Hammersmith Palais, Londres: esse ótimo espaço pra shows em West London foi imortalizado pelo The Clash na faixa Hammersmith Palais de 1978.






Hammersmith Odeon, Londres: Foi aqui o último show de Ziggy Stardust.




Pentonville Prison, Londres: Foi aqui que Pete Doherty ficou preso pela última vez.









The Grapes em Sheffield: Foi aqui que rolou o primeiro show do Arctic Monkeys em junho de 2003.









The Good Mixer, Londres: O pessoal do britpop freqüentava esse bar nos anos 90, e foi aqui que Graham Coxon caiu na calcada, louco de pinga, no auge do Blur.








Crematório de Macclesfield: Foi aqui que Ian Curtis do Joy Dividion foi cremado. Imagina a energia do lugar...












Chalk Farm, estação de metrô, norte de Londres: A banda Madness foi fotografada aqui para a capa do álbum “Absolutely”.







Café Royal, Londres: Aqui nesse restaurante que Bowie e Lou Reed se beijaram. Ou pelo menos posaram para os fotógrafos.









Brook Street, 23, em Londres: Jimi Hendrix morou e morreu nesse apartamento no centro de Londres.
















Brighton Píer: Foi aqui que foi gravado cenas clássicas do filme mod Quadrophenia, com Sting entre o cast de atores.












Berwick Street, Londres: Foi aqui que a foto da capa do primeiro disco do Oasis foi tirada.













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BLOOD RED SHOES ao vivo no FROG nesse sábado!!!

É isso mesmo que você leu. Uma das promessas do indie-rock para esse ano (estão na capa da revista Artrocker) toca no club Frog nesse sábado, centro de Londres. Nunca vi a banda antes, por isso é certeza que vou marcar presença. Nunca ouviu falar em Blood Red Shoes? Não seja por isso...



Mais informações:
www.myspace.com/thisisfrog
www.myspace.com/bloodredshoes



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Friday, February 16, 2007

 

TAMPERE

Além de Londres ser uma cidade extremamente rica em cultura, agitada com uma vasta diversidade de eventos e ainda lar de muitas universidades, ela ainda proporciona algo que poucas cidades são capazes: viajar para centenas de destinos a preço de banana. Independente se você que passar um final de semana fumando maconha em Amsterdan, ou curtir a noite em Estocolmo, ou mesmo tomar um café em Paris, é muito fácil e barato de fazer essas coisas morando em Londres. Companhias como Ryanair e EasyJet vendem passagens a preço de barganha e só não viaja quem não quer. Já conheci cerca de 12 países graças a essas empresas aéreas e semana passada foi a vez de mais uma experiência única: a graciosa cidade de Tampere, na Finlândia.

Com cerca de 250 mil habitantes, Tampere é a terceira cidade mais populosa da Finlândia. Esse país, caso você não saiba, é conhecido como Freezingland, devido ao frio brutal que é o inverno. Fica localizado ali em cima na Escandinávia, perto da Suécia, mas já vizinha da Rússia e Latvia. Decidi ir no inverno mesmo, pois queria experimentar o que é um frio de rachar o rosto, além de conferir a paisagem única e andar de ski.

Quando desci do avião não senti muita diferença da temperatura de Londres. Foi só mesmo esperando o ônibus para o centro da cidade é que a coisa começou a pegar. Em poucos minutos, eu estava totalmente coberto com casacos e luvas especiais. A paisagem era mágica. Neve nas calcadas, ruas de gelo e árvores brancas. Assim que cheguei na Estação Central, tirei minha câmera fotográfica da bolsa e fui passear.

Tampere é pequena, comparando com os padrões de uma metrópole. Dá facilmente pra percorrer a cidade a pé. Demora cerca de 30 minutos para cruza-la de ponta a ponta. O único problema é o frio, que pode literalmente te derrubar. Você pode estar muito bem agasalhado, mas não tem escapatória. Lá não passamos frio, diga-se de passagem, passamos dor. Meu rosto doía, minhas orelhas queimavam e minha mão ardia. Sensação maluca. No início, os olhos chegam a lacrimejar e nariz escorrer. Não dá pra ficar desprotegido por mais de cinco minutos. Na minha primeira manhã em Tampere, os termômetros marcavam – 21°. Pobre de mim, que estava com uma garrafinha de água na bolsa, congelou em cinco minutos.

Mas mesmo com frio pra pingüim nenhum botar defeito, é impossível não se deliciar com o astral e charme de Tampere. A arquitetura é linda e embora suas ruas sejam quase vazias, bem silenciosas, com poucos carros, a cidade é viva. Além do mais, há um grande diferencial: o sol brilha pra valer. As calcadas estão sempre cheias de neve e as ruas mais parecem pistas de patinação no gelo, mas o céu é sempre azul e o sol sempre lá em cima com todo seu esplendor.

Percebi que lá não há muita mistura de raças. Tampere ainda não é multi-racial como Londres ou outras cidades européias, e sim uma autêntica cidade nórdica. Em três dias que fiquei por lá, encontrei pelas ruas, bares e cafés apenas uma família do Oriente Médio, uma garota asiática e somente dois rapazes africanos. O resto, pele branca e olhos azuis. Mas não pense que há preconceito, muito pelo contrário, os finlandeses, ou Finish People, são simpáticos e muito solícitos com os turistas. A maioria deles fala inglês. O idioma do país é esquisito, difícil de compreender, com palavras exclusivas. Aprendi a falar “Kiitos”, o que significa “Obrigado”, e vi que polícia é “Polis”.

E como toda boa cidade Nórdica, o som que predomina é o rock. E eles gostam mesmo é dos clássicos. Em Tampere você vai entrar num café e ouvir AC/DC saindo das caixas de som. Ou ir numa farmácia e escutar Iron Maiden, visitar uma loja de roupas e ouve Ozzy Osbourne soltando a voz. E Steppenwolf então? “Born To Be Wild” foi a música que mais ouvi por lá. Nada daquela coisa de ouvir Kenny G, coisas New Age ou Hip Hop de merda. O negócio mesmo é rock. Sabe gente, acho que isso é um exemplo a ser seguido. E claro, muitos metaleiros nas ruas. Pubs e bares com rock no som? Tem aos montes.

Quem quer curtir um ski, é fácil. Há pistas nos bairros afastados do centro. Não pense que é longe, é cerca de 20 minutos andando. Se não quiser enfrentar o frio, toma um ônibus. Recomendo uma no bairro universitário de Hervanta. Andar de ski na neve ou jogar Hockey no gelo são atividades comuns em Tampere. Até porque esse são os primeiros esportes que os Finlandeses aprendem na escola.

Como a cidade fica no meio de dois lagos, há também muitas atividades na água, como porto, passeios de barco e jet-ski. Mas isso só acontece no verão, pois no inverno as águas congelam. Aliás, no inverno, não é raro você andar num parque e encontrar crianças patinando em lagoas congeladas, ou mesmo se esbaldando na neve com skate-boarding. E as árvores sempre brancas. Uma pintura. E não posso esquecer de dizer que Tampere é a cidade mais importante do teatro finlandês. Não cheguei a ir em nenhuma peça (até porque eu não iria entender nada o que estavam falando), mas me disseram que há uns musicais maneiros. Quem sabe numa próxima oportunidade...


Dicas:
Site oficial de Tampere: http://www.tampere.fi/english/index.html
Um ótimo bar: http://www.ruma.fi/
Loja de discos: www.epes.net
Museu: http://www.tampere.fi/english/vapriikki/index.html
Orkut: http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=499768
Ryanair: www.ryanair.com


















Thursday, February 08, 2007

 

coluna 08 de fevereiro

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Pára tudo. Acalme-se. Ponha seus livros de lado. Seus filmes também. Bloqueie tudo que possa te desfocar da música nesse início de fevereiro de 2007. Concentre-se nas melodias, barulhos e toques de sinos. Preste atenção nas canções. Ok. Ok?

Você sacou que a música alternativa mainstream nesse ano de 2007 está tão pobre como no final da década de 90? Percebeu que as bandas cogitadas para oferecer delírio as massas não são tão legais como há dois ou três anos atrás? Sentiu que as apostas das rádios e revistas especializadas são aquilo que você suspeitava, ou seja, decepcionantes? Eu notei tudo isso e mais um pouco.

A verdade tem que ser dita: essa nova leva de bandas predestinadas ao sucesso deixa muito a desejar. A NME está tentando vender o peixe dela com coisas como The Twang e The Enemy – já escutou? Deprimente ambas. Ninguém merece escutar sub-Oasis de qualidade dez vezes pior. Fora isso, há a farsa que é o Klaxons, exposta aqui semana passada.

O pop do Mumm-Ra e o rock do Pigeon Detetives são toleráveis, mas não vai leva-los a lugar nenhum. O art-rock do Blood Red Shoes é legal, contudo está longe de ser um Franz da vida. Bloc Party lançou um segundo disco, que, apesar do conceito e letras interessantes (sobre East London), musicalmente é um tédio absoluto. Os rapazes dos The Horrors são intrigantes, porém contam com quase nada de apelo comercial. The View é bacana, entretanto temos que admitir que o estilo de som deles já está saturado.

E o que dizer sobre Pull Tiger Tail, Cold War Kids e Tokyo Police Club ? Façam-me o favor. Se o rock fosse sempre assim, com certeza hoje eu seria um padre ou um contador. Puro lixo. Kaiser Chiefs, Maximo Park e Arctic Monkeys estão de volta, e eu boto fé nos três. Mas somente eles não dão conta da lavoura. E outra: não são mais debutantes. Isto é, quase impossível superar a fama do passado.

No final dos anos 90, a música estava num momento lastimável, com artistas medianos e sem nenhum brilho fazendo sucesso. Gay Dad, Travis e Badly Drawn Boy era o que tinha de melhor, pra se ter idéia. A cena musical estava praticamente morta. A juventude não consumia novas bandas, e sim apelava para os clássicos. Com o resultado, duas publicações musicais de grande porte faliram, a Melody Maker e Select.

Foi somente com a chegada dos Strokes em 2001 que tudo mudou, e a venda de discos e revistas aumentou. A cena estava rejuvenescida. Entretanto, esse boom já passou faz tempo e o cenário agora esta definhando aos poucos. A NME coloca todo mês Oasis na capa, numa clara tentativa de aumentar as vendagens. Sem contar as incontáveis promoções e mudanças no formato editorial. Isso é um sinal que as novas bandas estão decepcionando e o público não está se deixando enganar. Ou estão apostando nas bandas erradas. Pode ser. Com certeza a venda da NME caiu bastante nesses últimos meses. Será que nesse final de década ela vai ter o mesmo rumo que a Melody Maker no final da década passada? É ver para crer.

Porém, nem tudo está perdido. Uma vez que não contamos com artistas brilhantes do calibre de Franz Ferdinand, Strokes e Libertines para salvar o mainstream, temos todo um universo underground a ser explorado. Para cada dois ou três hypes do momento, há umas vinte jóias preciosas a nossa espera no sub-mundo sonoro. A receita para esse ano é ir atrás do não óbvio. Certamente seu pacotão musical 2007 estará recheado de coisas boas, muito boas.

O 2007 que não iria acontecer está acontecendo. A seguir, confira o que de interessante pousou nos meus ouvidos em janeiro e começo de fevereiro. São os álbuns do ano, até o momento.



ARCADE FIRE – "Néon Bible"



O Arcade Fire é sem dúvida uma das bandas de maior sucesso atualmente. Esses canadenses lançaram seu debute álbum em 2004 no Canadá e EUA, o aclamado "Funeral". No ano seguinte, chamaram a atenção do mundo todo e desde então a banda está no topo. Aqui no Reino Unido são considerados Deuses. Pra se ter uma idéia, na semana passada tocaram cinco noites seguidas em igrejas pela capital Londres. Não é pra qualquer um. Sua intrigante mistura de orquestração, gospel e indie é mesmo infalível e com certeza irão muito longe. Nesse segundo trabalho, a qualidade é a mesma que do primeiro, ou seja, um disco excelente. Dividido entre espantosas baladas e momentos épicos, "Néon Bible" larga na pole-position para a corrida de melhor disco de 2007. Ouvindo jóias como "Keep The Car Running", "No Cars Go" e "Black Waves/Bad Vibrations", é fácil de entender porque.

http://www.myspace.com/arcadefireofficial




KEREN ANN – "Keren Ann"



A Keren Ann que lança os discos lindos, a Cat Power (que acho pouca graça) é que fica com o hype. Ó mundo cruel. Mas vamos ao que interessa. Keren Ann, que nasceu em Israel, cresceu na Holanda e atualmente é baseada em Nova York e Paris, é daquelas cantoras-compositoras que, aos sussurros e gemidos, consegue cravar na sua alma as mais sensíveis e perigosas canções. E também sentimentos ocultos. Com esse novo disco a história não fica diferente. Sensível porque sua sonoridade é atmosférica e transborda serenidade, e perigosa porque, oh, Karen Ann desfruta de uma voz que, embora suave, possui aquela firmeza de garotas de atitude e gênio forte. Posso estar enganado, mas acho que conheço toda a personalidade de Keren Ann apenas escutando sua voz.

Esse é o quinto álbum da moça e as faixas são aquele tipo de coisa apropriada pra ouvir numa manhã de ressaca, em que a culpa e carência tomam o lugar da diversão e excessos da noite passada. Veja bem. Não sou um junkie otário. É que toda a sociedade e amigos e família e empregos conspiraram para que isso acontecesse e ontem enfiei o pé na jaca. E hoje estou escutando Keren Ann sozinho na cama, mas, veja bem, eu não sou um junkie otário. Flashes da noite anterior, memórias bizarras, traficas, Mazzy Star, pessoas amigas, Nico, sujeitos infortúnios, Velvet Underground, diabo a solta, culpa, paranóia, dúvidas, dívidas e Keren Ann lavando minha alma. Mais tarde vou tomar um banho, engolir um café e tocar a vida.

www.myspace.com/kerenann
www.kerenann.com



TAP TAP – "Lanzafame"



Direto de Reading, aqui pertinho de Londres, é que surge o Tap Tap, um combo responsável por um rock alternativo meio caipirão, como se o Clap Your Hands Say Yeah estivesse tocando numa festa junina. Melodias assoviáveis, fácil de cantar junto, clima alto astral e vamo bora! Pula pula bate palma chuva de cerveja sorriso no rosto. Ecos de Talking Heads, lembranças de Violet Fammes, alusões ao Arcade Fire. "Lanzafame" é nota 0 de originalidade, nota 10 de diversão. Esse é o primeiro álbum do Tap Tap e certamente um dos mais animados desse começo de ano. Destaques: "The Reason I'm Here", "100,000 Thoughts" e "Little Match (Big Fire)".

www.myspace.com/taptapmusic




AIR – "Pocket Symphony"



Se você me dizer que o Air um dia lançou um álbum ruim, você vai cair no meu conceito. É a mesma coisa que dizer que o Corinthians foi campeão da Libertadores ou que o Papai Noel lhe visitou semana passada. Tipo assim, é fato, certas coisas não acontecem, meu amigo. E uma delas é o Air lançar um trabalho de qualidade baixa. Impossível. "Pocket Symphony" é mesmo um cd do Air. As faixas são aquelas coisas deliciosas, o som é o mesmo, não mudaram nada em relação aos trabalhos anteriores. E também não precisa, né? Afinal, time que está ganhando não se mexe. Se você estava com saudade dessa dupla francesa (o último disco deles foi lançado há três anos atrás), baixe já "Pocket Symphony", e seja bem vindo a um universo espacial, glacial, cinematográfico. Enquanto ouço esse novo Air, estou de pijama, com um cappuccino na mão e olhando a neve cair pela janela. A vida não oferece muito mais que isso, oferece?

www.myspace.com/intairnet



EXPLOSIONS IN THE SKY - "All of a Sudden I Miss Everyone"



Ao comprarmos (ou baixarmos) o novo trabalho dos americanos Explosions In The Sky, temos a impressão que compramos uma passagem em primeira classe para o além. Tomei conhecimento dessa banda em 2003 com o estupendo álbum "The Earth Is Not A Cold Dead Place" e desde então ela se tornou uma das minhas preferidas no cenário post-rock. Nessa nova obra, não há novidade na sonoridade da banda, mas a maestria continua a mesma. O som do Explosions In The Sky é totalmente explorativo, caminhando por várias direções e fluindo tanto em passagens de piano quanto em barulheira com guitarras distorcidas. É como o mar: as vezes calmo, as vezes com tempestade. Há momentos de moderação e maciez, e de repente somos jogados numa violenta instrumentação, para tudo desencadear novamente na pura suavidade. E assim vai, subindo e caindo, ao ponto de que quando nos demos conta, estamos sonhando com estrelas, luzes, gramados verdes, fogos de artifício e vales desconhecidos. Seis faixas, pouco mais de meia hora, muito barulho e uma jornada percorrida. Um disco clássico.

www.myspace.com/explosionsintheskyband



JOHN HOWARD – "Same Bed, Different Dreams"



Como de praxe, mais um mês de janeiro, mais um álbum novo de John Howard. Já te contei sobre ele? Vamos lá, rapidinho: em 1974 esse pianista inglês lançou um disco lindíssimo de baladas glam, só que o mesmo não vendeu muito bem. Nesse mesmo ano, gravou outros dois álbuns. Porém a gravadora desistiu de lançá-los. Foram engavetados e só viram a luz do dia 30 anos depois. John Howard desistiu de ser compositor nas três últimas décadas. Sumiu do mapa. Em 2004 houve uma redescoberta de seu trabalho através de colecionadores aficionados por vinil. Com isso, os trabalhos velhos dele foram editados em cd. Animado novamente, ele reapareceu no cenário musical e voltou a escrever canções. Desde então, vem lançando discos todo ano. "Same Bed, Different Dreams" segue com a mesma fórmula dos outros long-plays, ou seja, delicadas e inspiradíssimas baladas glam, perfeitas para qualquer fã de David Bowie, Bryan Ferry e Scott Walker. As melhores são "A Day In The Life Of Gutter Bitch", "Stardust Falling (For Jebriath)" e "Oh Midnight".

www.myspace.com/kidinabigworld


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THE HORRORS

O quinteto The Horrors anunciou essa semana os próximos lançamentos. O single "Gloves", que terá edição dupla em vinil 7", junto com cd, chegará nas lojas no dia 26 de fevereiro. Contará com os b-sides "Kicking Kay" e "Horrors Theme", além de uma versão ao vivo para "Death At The Chapel". Já o álbum, intitulado "Strange House", aparece no dia 5 de março. Pay attention!

A seguir, assista uma apresentação ao vivo do The Horrors na casa de shows Roundhouse, no norte de Londres, onde tocam a faixa "Gloves". Percebam como é escuro o palco, com pouca iluminação, vindo de baixo, atrás da banda. O show do Horrors é exatamente isso, pouquíssima luz, todos de preto e um clima assombrado. Eu adoro The Horrors!





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MAXIMO PARK



Finalmente divulgaram o tracklist completo do novo álbum "Our Earhly Pleasures", a ser lançado no dia 02 de abril. A capa é essa que você vê. O single "Our Velocity" vem antes, no dia 19 de março. Veja o tracklist do LP:

01 - Girls Who Play Guitars
02 - Our Velocity
03 - Books From Boxes
04 - Russian Literature
05 - Karaoke Plays
06 - Your Urge
07 - The Unshockable
08 - By the Monument
09 - Nosebleed
10 - A Fortnight's Time
11 - Sandblasted and Set Free
12 - Parisian Skies

Confira o clip da ótima "Our Velocity", o próximo single do Maximo Park.






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Saturday, February 03, 2007

 

coluna 01 de fevereiro

I'M FROM BARCELONA / IRENE
Ao vivo no London ULU, Londres, 24/01


Aqui estou eu caminhando na noite mais gelada do ano (- 3°), sob uma leve garoa de neve, rumando para a Invasão Sueca. Semana passada Londres recebeu duas das mais divertidas e fofas bandas suecas no momento, os coletivos I'm From Barcelona e Irene. E foi uma noite de casa lotada. O espaço de shows da faculdade ULU estava abarrotado de nerds fãs de twee-pop. Alguns eram tão nerds que usavam a camiseta do Barcelona, o time de futebol. Eu hein...



Como abertura, o combo Irene, com oito membros, deliciando a platéia com seu excelente indie-pop sueco, com faixas que mal chegavam a dois minutos de duração, regadas a muitos lalalas, chachachas e trumpetes. Tinham dois backing vocals, um menino e uma menina, e juntos abusavam de harmonias ao melhor estilo soul-music Motown. O chefe da turma é o vocalista/guitarrista Bobby, um jovem rapaz, corpulento, de camiseta regata e pinta de surfista. Se o visse na rua, jamais iria imaginar que o moço é o responsável pelas agradabilíssimas pop-songs do Irene. As jóias "Stardust" e "To Be With You" foram as que arrancaram da platéia reação mais calorosa. A apresentação durou meia hora, e ainda sim tocaram mais de dez faixas, ou seja, o álbum “Apple Bay” por completo. Um deleite.

Mas o que todos esperavam, de fato, era a chegada do coletivo I'm From Barcelona e toda sua maestria. Entraram cinco, dez, quinze, vinte... trinta pessoas, entre homens e mulheres, que de espanhóis não tinham nada, eram mesmo todos da Suécia. Por último o figura Emanuel Lundgren, de terno e gravata, liderando a trupe. O palco transbordava boas energias, pessoas e intrumentos. Tinha para todos os gostos: banjo, acordeão, teclado, flauta, clarinete, trumpete, saxofone, guitarra, kazoo e bateria. E muita gente apenas cantando, com sorriso estampado na cara e dando tchauzinhos pra platéia.



Iniciaram logo com uma das minhas predileta, "Treehouse". Raios de felicidades saiam do palco e iluminavam a pessoas que assistiam. "I HAVE BUILT A TREEHOUSE, I HAVE BUILT A TREEHOUSE, NOBODY CAN SEE US, 'CAUSE IT'S A YOU AND ME HOUSE". Eu tava muito feliz. A letra, simplória porém bonita, reflete o universo dos andarilhos, viajantes e aventureiros desse mundão. Quando me dei conta, estava cantando junto: " I've been climbing rocks and stones, been collecting broken bones, I've been swimming across the lakes just to find this perfect place, I got lost into the woods, I've been covered up in mud, I've been going through a lot, just to find this perfect spot ".

No meio daquilo, a banda ainda jogava confetes, balões e bolinhas de sabão, ao melhor estilo Flaming Lips. Pure Joy. Foram cantando e tocando as faixas do disco, uma mais irradiante que a outra. Os suecos definitivamente são os mestres do indie-pop. Se é a água que tomam ou o ar que respiram, não sei, mas o fato é que cancões como "Jenny", "Rec & Play" e "Barcelona Loves You" são as mais brilhantes indie-pop-songs desses tempos. O álbum “Let Me Introduce My Friends” um dos melhores do ano passado.

Sem contar o hit "We're From Barcelona", que fez até nerds de óculos arriscarem um crowd-surfing. "LA LA LA LA LA LA LA LA LA I'm gonna sing this song with all of my friends and we're I'M FROM BARCELONA, love is a feeling that we don't understand but we're gonna give it to yaaaaaaaaa". Fraternidade, alegria e esperança. Esses foram alguns dos sentimentos positivos que encarnaram em mim durante o show dessa banda.

No final, o palco que quase não suportava nem a própria banda, quase desabou, pois foi invadido por um mar de fãs excitados e felizes, que, aos pulos e gargalhadas, tomaram conta da festa. Se só a banda contavam 30 pessoas, nessa hora havia facilmente uns 300 fãs ali em cima. Finalizaram com um remix tosco porém engraçado do hit "We're From Barcelona". Perfeito. Al
i fora, já a caminho do metrô, pensei que não haveria neve nenhuma capaz de esfriar o calor e felicidade que tomava conta do meu corpo.

www.myspace.com/imfrombarcelona
www.myspace.com/ireneswe


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KLAXONS – “Myths Of The Near Future”




Bem vindos ao fiasco do ano. Senhoras e senhores, com vocês, Klaxons. É isso mesmo que você leu. A banda que elogiei dias atrás nessa coluna virtual deu a maior bola fora essa semana e tive que engolir minhas palavras. Que horror! O pecado do Klaxons? Lançaram um disco sem vergonha, fraco e decepcionante, somente para promovê-lo a tempo da lucrativa turnê da NME, que está eminente, agora em fevereiro. Veja bem, leitor, não sou eu o problema dessa história. É o Klaxons. O lance é que curti os singles iniciais deles. E também gostei da estética dos caras e todo o conceito que vinha junto (tirando as capas dos discos, sempre feias). E, pra ser franco, não achei ruim a novela New Rave. I WAS HAVING THAT. Só que a coisa azedou cedo demais. Que bosta.

Vamos ao retrospecto. Antes desse álbum vagabundo, botaram nas lojas alguns singles e eps que, tenho que admitir, eram e ainda são ótimos, soando como um frescor para a cena musical inglesa. Naturalmente, a mídia ficou de quatro e implorou para o Klaxons meter no cú. Normal. Eles eram os Queridinhos. Os Salvadores Da Pátria. Destacam-se quatro faixas: "Atlantis to Interzone", "Gravity's Rainbow", "Golden Skans" e "Magick". Beleza. Tínhamos uma banda com ótimos singles, good vibes e, mais importante, uma banda que acreditávamos no potencial. Até essa semana.

No dia do lançamento do disco “Myths Of The Near Future”, na última segunda-feira, fui lá comprar o dito cujo. As vezes sinto que sou o único ser desse planeta que ainda compra cds. Sim, eu gasto dinheiro com cds. Não fico satisfeito apenas com a porra do mp3. E esse disquinho do Klaxons nem baixei, fui direto comprar, levado pela fé e pelo hype. Eis então que fui escutando e fui ficando cada vez mais confuso. Não sabia se aquilo realmente era o álbum ou uma piada. Pois o que entrava pelos meus ouvidos era algo de qualidade MUITO abaixa comparando com os singles velhos. Constrangedor.

Aí me liguei. Deu aquele ‘click’ na mente. Meu sensor começou a apitar. Sabe aquelas bandas de uma temporada só, que lançam discos repletos de FILLERS, com pouquíssimas KILLERS? Essa é o Klaxons. Safados! Por quantas semanas será que me enganaram? Como fui ingênuo! Tolice, a minha. Isso aqui é uma picaretagem. Eita bandinha vagabunda! O álbum não tem nenhuma música que chegue perto das que já conhecíamos e gostávamos.

Cortaram o lado eletrônico e deram mais espaço ao rock, com uma roupagem tão forçada que chega a ser patético. Na minha opinião, não há nada de magia Technicolor, e sim eles soando como se o Erasure tentasse ser uma banda progressiva. "Atlantis to Interzone" e “Magick” são pulsantes, contam com produção esperta e inspiração correndo nas veias. Mas esse disco aqui me soa o oposto. O Santuário Da Falta De Inspiração. A Mantra Sagrada Da Sem-Vergonhice. Enquanto “Myths Of The Near Future” tocava no meu cd-player, eu parecia ouvir claramente a gravadora falando “se apressem, põe qualquer coisa aí, e vamos lançar logo”, ao ponto que a resposta do Klaxons vem em seguida, “Ok, sem problemas, chefia”. Que merda.

A capa horrível acaba sendo o de menos. Até sentimos uma certa simpatia por ela depois que escutamos o cd inteiro, de tão safadas que são as músicas. Vai ficando bonita conforme as faixas vão rolando. Essa é a única magia que isso aqui proporciona. Faça uma favor para você: fique com aqueles singles que você tanto adorava e não chegue perto desse cd. E sabe o que vou fazer? Vou lá na loja com a notinha fiscal exigir um ‘exchange’ por essa merda aqui, trocar por um outro disco. Sei lá, talvez pegue um do Neil Young que ainda não tenho.

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MAXIMO PARK


É oficial. Paul Smith e seu Maximo Park estão de volta com novo single, novo álbum e uma turnê pelo Reino Unido. O primeiro single a ser tirado do novo disco será “Our Velocuty”, que chega nas lojas dia 19 de marco, enquanto que o disco vem duas semanas depois, dia 2 de abril, com o título de “Our Earhly Pleasures”. Que beleza.

Fora isso, engatam numa extensiva turnê britânica, tocand em Londres nos dias 10, 11 e 12 de maio. Compre tickets aqui: http://www.seetickets.com/sjmmaj/index.asp?link=maximo+park&site=maximopark

A gente se vê lá.

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BRETT ANDERSON




Finalmente Brett Anderson disponibilizou um música em sua página no MySpace. “Scorpio Rising” é o nome da canção. Achei legal, produção meio dark, voz do Brett aquela que tanto adoramos. O single “Love Is Dead” será lançado em marco, junto com o álbum, intitulado apenas “Brett Anderson”. Mais informações: www.myspace.com/brettandersonofficial




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