Friday, March 31, 2006

 

coluna 27 de marco

Olá pessoal. Antes de mais nada, quero dar um toque de três shows legais que acontecerão essa semana em Londres. Estarei presente nos três e se você quiser me conhecer, já sabe. Vamos aos concertos.

> MY LATEST NOVEL + SEMIFINALISTS
Quando? Terça-feira dia 28/03
Onde? Bush Hall ( www.bushhallmusic.co.uk/ )
Porque ir: O My Latest Novel lançou um ótimo disco esse ano (já devidamente resenhado na coluna) e seus shows ao vivo prometem. O combo é responsável por um post-rock com pitadas de 60's folk, ora remetendo ao Godspeed You Black Emperror, ora ao Mazzy Star, ou até mesmo o Fairport Convention. São dá Escócia. Quem abre a noite é o Semifinalists, que se eu não me engano conta com uma brasileira na banda. O som deles é experimental-indie-rock. MySpace: www.myspace.com/mylatestnovel e www.myspace.com/semifinalists

> GOOD SHOES
Quando? Quarta-feira dia 29/03
Onde? Metro Club ( www.blowupmetro.com/ )
Porque ir: O Good Shoes é uma das bandas de rock que estão causando furor no underground. A revista Artrocker adora os caras e eu também. Acabaram de lançar um single em vinil 10", onde vem pôster e broches. A sonoridade é post-punk com passagens indie-pop, como podemos ouvir na faixa "Never Meant To Hurt You". MySpace: www.myspace.com/goodshoes

> GUILLEMOTS
Quando? Quinta-feira dia 30/03
Onde? Kings College
Porque ir: Sem dúvida nenhuma o Guillemots é uma das bandas mais inventivas dos dias de hoje e com certeza vão vender muitos e muitos discos no futuro. Eu já babei pra eles as pencas aqui na coluna e uma hora dessas você jovem leitor também deve babar. A imprensa toda ama eles (Time Out, The Guardian, NME, MTV, Rádio Xfm, The Observer) e afinal isso não é nada mais justo, pois a música desse quarteto é excelente, mágica, épica. Não há adjetivos o suficiante para descrever a beleza dos Guillemots. Estão lançando o single "We're Here" essa semana e com certeza vão fazer bonito nas paradas. Já os vi ao vivo algumas vezes mas mesmo assim quero ver novamente. É o tipo de banda que eu posso ver o show 20 vezes e ainda quero mais. MySpace: www.myspace.com/guillemotsmusic

Para todas as apresentações deve ser fácil conseguir ingreso na porta. Só o Guillemots que sugiro você levar uma graninha a mais, sabe como é...


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LES INCOMPETENTS

É oficial: o novo single dos Les Incompetents, "How It All Went Wrong", é a faixa mais dançante e empolgante de 2006. Tenho discotecado nuns porões underground aqui em Londres e sempre toco essa faixa. O povo enlouquece e vem correndo perguntar o que é. Não é pra menos. Com arranjos engraçadinhos e um baita pique alto-astral, até sua vó vai pirar quando ouvir essa música. Não tem como não se empolgar. KILLER KILLER KILLER!

Sabe o que é melhor? Você pode ouvir já aqui: www.myspace.com/lesincompetents

Tem horas que a empolgação é tanta quando coloco essa faixa nas discotecagens que eu penso que o povo vai fazer aquele 'tremzinho' estilo carnaval... hehehe... argh! Mas isso não acontece, claro, pois o povo é do rock. Fica só na minha imaginação tupiniquim.


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Uma das coisas mais legais da imprensa britânica são as manchetes dos jornais populares, sempre cheias de trocadilhos infames. Adoro chegar de manhã nos newsagents, antes de entrar no serviço, e dar uma geral na capa dos jornais. Sempre encontro uma manchete pra me fazer rir.

Lembram quando o mestre Ray Davies levou um tiro na perna enquanto estava de visita aos EUA? Abri a capa do The Sun no dia seguinte estava lá: "YOU REALLY SHOT ME".

Ano passado, quando a Kate Moss perdeu vários contratos e parcerias devido ao seu escândalo de cocaína, um jornal reportou assim: "KATE LOSS!".

Ok, essa foi bobinha.

Mais recentemente, teve um jogão aqui em Londres entre os times Chelsea e Barcelona. No jogo, um dos astros do time catalão, o argentino Lionel Messi, foi o grande vilão. Numa disputa de bola, um jogador do Chelsea encostou de leve em Messi. Esse caiu, se esperneou e fez o maior teatro. O juíz, além de dar falta, expulsou o pobre jogador do Chelsea. No dia seguinte, os jornais cairam matando em cima do argentino, com a manchete de um deles sendo assim: "YOU DIRTY DOG MESSI".

Mas a mais engracada foi nessa última sexta, quando a Kate Moss foi fotografada aqui no centro de Londres saindo do show da nova banda de Jack White, o The Raconteurs. No dia seguinte, na capa do Evening Standard, tinha uma manchete reportando o acontecimento: "KATE MOSS ENJOYING THE WHITE STUFF LAST NIGHT".

Hehe. Essas são apenas algumas de muitas manchetes trocadilhescas que infestam os jornais populares aqui do UK. Não é nada demais, mas um pouquinho de bom humor e criatividade com as palavras nos fazem, trabalhadores 9-to-5 (no meu caso 9-to-9), ter uma rotina mesmo tediosa...

Se lembrar de mais alguma, eu conto aqui.

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MY LIFE STORY IS BACK!

Muito boa notícia. Uma das melhores e mais injustiçadas bandas dos anos 90, o coletivo inglês My Life Story, estará de volta para uma única apresentacão ao vivo aqui em Londres, contando com todos os doze membros da formação original.

O show, que terá a presença da tradicional orquestra, será uma celebracão ao primeiro single da banda, "12 Reasons Why I Love Her", lançado exatamente há dez anos atrás. Jake Shillingford, o líder da trupe e atualmente no comando do ExileInside (já comentado diversas vezes aqui), foi quem fez o comunicado por e-mail aos fãs. Ele inclusive criou um profile do My Life Story no MySpace para introduzir o pessoal mais jovem ao coletivo: www.myspace.com/mylifestoryspace . Lá podemos escutar gratuitamente o devido single citado, e outras três jóias pop que só o My Life Story sabia fazer.

Pra quem não sabe, o My Life Story surgiu no meio dos anos 90, no auge do britpop, com uma proposta diferenciada, usando uma orquestra para retocar seus graciosos hits. Aliada à exuberante voz de Jake, o coletivo era um espetáculo de glamour, ousadia e sensibilidade pop. Lançaram três álbuns, que dividiram a crítica na época, mas conseguiram assegurar uma base fiel de fãs. Eu sou um desses. Particulamente, acho que o My Life Story foi uma das melhores coisas que os anos 90 ofereceu.

No Brasil, pouquissímas pessoas conhecem MLS. Para se ter uma idéia, criei uma comunidade em homenagem a banda no Orkut em dezembro do ano passado, e até agora sou o único membo da comuna. What a shame.

Eu já comprei meus ingressos para esse show histórico, que acontece no dia 26 de maio no Mean Fiddler, centro de Londres. Para adquirir o seu, ligue para essa "24 Hour Ticket Hotline": 0870 060 3777.

Quem quiser saber mais do My Life Story, visite os seguintes sites: www.inspiracy.com/mls/intro.html ou www.twelvereasonswhy.co.uk/

Outra boa notícia é que um selo independente inglês está preparando o lan ç amento de "Sex & Violins: The Best Of My Life Story". A compila ç ão provavelmente irá para as melhores lojas de discos da Inglaterra em junho. Fique ligado.


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DIRTY PRETTY THINGS

Senhor Carlos Barat esta de volta com força total. O clipe "Bang Bang You're Dead", de sua nova banda Dirty Pretty Things, está sendo exibido exaustivamente na MTV daqui. Em paralelo, os DPT estão cada vez mais presentes nas rádios e na mídia de papel. A volta triunfal se oficializará daqui a um mês, quando o primeiro single do grupo será lançado. Pouco depois, vem o álbum. I can't wait. Enquanto isso não acontece, assista o clip que a própria banda disponibilizou em seu site oficial:

http://www.dirtyprettythingsband.com/video/bang_sore.swf


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ROCK BRITÂNICO EM CHAMAS

Bem, sei que toda semana é a mesma ladainha. Eu fico aqui babando para as bandas inglesas e tentando fazer você entender porque elas são tão boas. Agora não será diferente. Na semana passada conferi mais um show dos irmãos gêmeos The Bishops, e mais outro show da gangue do norte de Londres, The Holloways. E por conta disso não posso deixar de mais uma vez expressar minha adoração por ambos os conjuntos.

The Bishops: terca a noite, muito frio, tocaram no Nambucca, o pub indie descolado aqui do norte que eu canso de falar que virou meu 'local boozer'. Tinham umas 20 pessoas. O espaço pra banda tocar era mais tosco do que aquele boliche que comentei na semana passada, e quem sabe talvez esse tenha sido o motivo pelo qual o show do Nambucca foi melhor e mais vibrante. Há um ano atrás, o repertório do The Bishops costumava ser basicamente uma mesmice: canções simples e assobiáveis. Agora estão mais desenvolvidos. Tem hora que a banda despeja um rockabilly. Já em outras passagens fica puro mod, às vezes amolecendo para indie-twee-pop, ou ficando num agradável power-pop. O debute single 'The Only Place I Can Look Is Down', que será lancado em abril, é, gracas ao seu refrão simplório e bonito, uma das melhores canções desse ano. A banda foi convidada pelo semanário NME para uma turnê pelo UK. Logo devem cair no gosto popular de indie-kids do mundo todo. Listen now: www.myspace.com/thebishopsuk

The Holloways: Não é somente o Dirty Pretty Things que, naturalmente por razões mais do que óbvias, está sendo exalado como a volta dos Libertines. Os The Holloways também. Isso tudo é culpa do competente e ganchudo punk-pop apresentado por esse jovem quarteto. O show que vi deles foi no 100Club, onde dois anos atrás eu tinha visto o Bloc Party, quando ainda não eram famosos. O lugar estava abarrotado, como era de se imaginar. Dizem para que quem toca no 100Club, a fama vem. Que o diga os Sex Pistols, que inauguraram o cirquito rock nesse clube de jazz lá pelos idos de 1976. O show do Holloways foi divertido, com o publico cantando todas as músicas. A única coisa que ameaça eles é a época em que surgiram. Se fosse em 2003, seriam heróis da juventude indie. Mas como estamos em 2006 e bandas como essa já chegaram e se foram, pode acontecer do The Holloways não sair do underground e ser apenas uma das milhares de bandas injustiçadas que estão na história do rock. Acontece, oras. Mas vamos torcer que não! As quatro músicas que estão no MySpace são muito boas: www.myspace.com/theholloways .


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THE ELECTED – "Sun, Sun, Sun"
Um dos melhores discos do ano até o momento é assinado por Jenny Lewis, a esbelta e talentosa vocalista da banda Rilo Kiley. Mas você já sabe disso, pois já falei aqui. Agora, quem também resolveu dar um tempo do Rilo Kiley é o guitarrista Blake Sennett (ex-namorado de Jenny Lewis, diga-se de passagem), que lança um novo álbum pelo seu segundo grupo The Elected. E que álbum! Blake decidiu seguir os mesmos caminhos de sua companheira de banda e cair nos ranchos americanos, gravando 14 gemas ensolaradas, de tendência country, 50's e folk. O nome já diz tudo. "Sun, Sun, Sun" é uma coleção de faixas salientes com um único propósito: fazer você sair do seu mundinho urbano e cair na estrada ensolarada. Quer sentir o gostinho? Ouça "Did Me Good", "Fireflies in a Steel Mill" ou "Not Going Home". Agora tô na dúvida. Quem é melhor? Blake Sennet ou Jenny Lewis? Disputa acirrada.


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ERRATA

Há umas semanas atrás recomendei o disco "Wolves" da banda escocesa My Latest Novel aqui na coluna. Eis que escrevi o nome da banda de forma errada, 'My Last Novel'. Fica aqui a correção: MY LATEST NOVEL é o correto. A propósito, você já ouviu? Discão.


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Semana que vem comento dos shows lá de cima. Tchau ae.





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coluna 20 de marco

THE CIRCUS IS COMING TO TOWN: THE FLAMING LIPS!

Mais uma vez espero ter A Grande Experiência que é um show dos Flaming Lips. O trio está com data marcada para Londres. E eles prometem que o Circo estará mais maluco que nunca. Quem os presenciou ano passado no Brasil sabe do que estou falando. Em 2003 assisti eles ao vivo no Hammersmith Apollo aqui na capital inglesa e foi a coisa mais surreal que já passei.

O show do Flaming Lips é certamente uma das experiências mais lindas que você pode ter na vida. Não só pela música, que é maravilhosa e imortal, mas pelo espetáculo que é a apresentação. Junto com a banda, há bichinhos de pelúcia por todo o palco. Na verdade, são pessoas vestidas de coelhos, cangurus, passarinhos ou Papai Noel. Dois dos integrantes da banda, Steven Drozd e Michael Ivings, também se vestem de bichos. Confetis, balões coloridos, papel picado e luzes estão por toda parte. Um telão gigante mostra imagens piradas e duas disco-balls ficam rodando e refletindo luzes. É o carnaval indie.

Mestre Wayne Coyne ora canta lambuzado com sangue de mentira, ora se enfia dentro de uma bolha gigante e literalmente ANDA por cima da platéia. Ele também roda uma luz segurada por um cordão ou fica brincando com uma máquina de fumaça. Tudo isso enquanto a banda percorre a exuberância que é o seu set musical, com números como "Do You Realize?", "Race For The Prize" ou "She Don't Use Jelly". É uma viagem louca.

E essa viagem agora tem data marcada para sábado, dia 22 de abril aqui em Londres, num dos lugares de maior prestígio da cidade, o Royal Albert Hall. Mas tem que ficar muito esperto. Os ingressos começarão a ser vendidos nessa quarta feira, dia 22 de marco, às nove da manhã. Exatamente um mês antes do show. Não dou cinco minutos até que os ingressos se esgotem. A banda tocará músicas do belíssimo novo álbum "At War With The Mystics", mas provavelmente irá incluir também bastante coisa dos trabalhos anteriores. Ou seja, será um PUTA SHOW. Imperdível. Informações de como comprar ingressos: www.royalalberthall.com/

Enquanto você se prepara para comprar os ingressos, assista no site oficial da banda o clip do novo single, "Mr. Ambulance Driver": www.flaminglips.com

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ROXY MUSIC RETORNA COM BRIAN ENO

Essa é boa, hein?! Os velhinhos glam do Roxy Music voltam novamente com a banda, dessa vez com a formação original, incluindo o legendário Brian Eno. Eles tinham reformado a banda em 2001, mas sem Eno. Porém, nessa nova encarnação estão com o time completo para gravar novo álbum e sair em turnê. Eu adoro Roxy Music, mas será mesmo que eles voltarão a compor pérolas do calibre de "Do The Strange"? É ver para crer.

Contudo, assim que os ingressos estiverem à venda, devo pegar os meus. Essa provavelmente será a última vez que Bryan Ferry, Andy MacKay, Phil Manzanera, Brian Eno e Paul Thompson pisarão juntos num palco. I can't wait.

Já reportei aqui que Neil Young e mais recentemente David Gilmour lançaram álbuns excelentes nos últimos meses. Então, jovem leitor, jamais duvide de tiozinhos milionários. Às vezes eles acertam.


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COMPACTOS DE VINIL 7 POLEGADAS

Quando eu morava no Brasil, eu gostava de singles. Sempre achei que eram e ainda são vitais para a música pop. Só que nunca liguei muito para o formato vinil 7". Pra mim o cd ou até mesmo um mp3 já estava de bom tamanho. Depois que vim para a Inglaterra, fui vendo os singles de vinil 7" nas lojas e comecei a me amarrar neles. São uma graça. De um lado um hit, do outro um b-side. Fácil. Simples. Esses compactos ingleses são verdadeiras obras de arte. Muitos são coloridos ou vem com a capa cheio de enfeites e dobraduras. Tem os que são picture-disc, um mais lindo que o outro. Os meus preferidos são os transparentes que vem com purpurina dentro. Isso é que chamamos de artefato pop. E eu tenho o maior fetiche com esses disquinhos.

Toda segunda-feira de manhã, antes de entrar no trabalho, eu dou um pulo na Rough Trade ou HMV e me acabo com os novos lançamentos desse singles. Além de tudo de bom que são esses compactos, o preço é baratinho, cerca de uma ou duas libras cada. Não dá pra não comprar. Já tenho muitos deles. Nem cabe mais no meu quarto, mas mesmo assim continuo comprando. O mais legal é discotecar com esses disquinhos. Põe um numa pick-up. Toca. Depois coloca outro na outra picape. Toca. Enquanto isso, fico manuseando eles como se fossem gatinhos de estimação. E vê-los rodando é um prazer.

Desde que retornei da minha visita ao Brasil, comprei pencas desses disquinhos. Vou fazer uma seleção dos melhores e comentar aqui. Confira:

Jenny Lewis with The Watson Twins – "rise up with fists!!"
Essa é a melhor música do disco solo de Jenny Lewis, a vocalista do Rilo Kiley. Não à toa foi escolhida como single. Um country-pop ensolarado, com harmonias gospel das irmãs gêmeas Watson. Próxima vez que eu dirigir em alta velocidade, sob um sol de rachar e com vento na cara, vou preparar uma compilação especial e essa será a faixa de abertura. A capa do compacto é legal: uma foto de dona Lewis descalça comprando leite no mercado. Top Girl.

Graham Coxon – "standing on my own again"
Nunca fui obcecado por Coxon e seu Blur. Mas tenho que admitir que o último disco do cara é bom pacas. Rock'n'Roll em sua melhor forma. Agora Graham Coxon está com trabalho novíssimo nas lojas e esse é a primeira música de trabalho. Tenho que repetir: rock'n'roll em sua melhor forma. Esse compacto vem em duas partes, e se você compra as duas dá pra você dobrar e junta-las.

Absentee – "something to bang"
Quinteto do bairro de Bethnal Green, leste de Londres. Esse é o último single deles, um guitar-pop de te deixar salivando. Remete aos momentos rock de Nick Cave. O Absentee normalmente é mais sereno, mas quando se trata de hits, eles fazem barulho.

Be Your Own PET – "adventure"
Sem dúvida uma das melhores músicas do moleques americanos Be Your Own PET. Compacto em duas partes, com capas diferentes. Quem é fã como eu compra.

Sunny Day Sets Fire – "brainless"
Descobri essa banda numa das minhas caídas na Rough Trade de Covent Garden. Tudo que sei deles é que estão sendo cotados por gravadoras grandes e que essa música "Brainless" é contagiante pra caralho, assim como as horas mais agitadas do The Polyphonic Spree. A capa do compacto têm uns enfeites em dourado.

Hellicar, Cagro, Lewis Lloyd & Friends – "chicken or pills"
Mais uma banda que os caras da Rough Trade jogaram na minha mão. Esse compacto vem com uma capa de papelão super bem trabalhada, com um buraco no meio para aparecer o verde do vinil. Sabe aquela compilacão que falei ali em cima, especial para dirigir sob sol e com vento na cara? Então, essa será a segunda música da seleção. Pop-folk alegre e animado. Eu sou feliz, e você?

Mogwai – "friend of the night"
Esse foi o single tirado do novo album dos escoceses Mogwai. Quem disse que compactos de vinil não pode ter post-rock? Pode sim.

B.C. Camplight – "blood and peanut butter"
Eu sou mesmo um grande cliente da Rough Trade de Covent Garden. Outra recomendação deles, outra pérola pop pra ouvir alto e mostrar aos seus vizinhos quem realmente entende dos bons sons. Música pop é isso: instrumentação orgânica se colidindo com eletrônica. Fica melhor ainda quando tem um refrão lindo desses.

The Spinto Band – "direct to helmet"
A molecada americana entende de um bom college rock e também de fazer compactos de vinil. Esse aqui só tem um lado que toca (no caso a ótima "Direct To Helmet"). Do outro lado do vinil é um desenho escrito 'Spinto Band'. Fora isso, há também um pôster da banda. Fetiche é pouco.

>>> Dando uma clareada na coisa, quase todos essas músicas podem ser escutadas no MySpace das bandas. Então não perca tempo e trate de ouvir, mesmo que você não tenho o vinil. O vinil 7" é fofo, mas a música não muda em nada.


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Semana que vem comento de alguns shows e mais música nova. Cheers!



BYE BYE.

Tuesday, March 21, 2006

 

coluna 13 de marco

Parabéns ao Arsenal. Foi o único time de futebol inglês que passou para as quartas de final na Copa dos Campões da Europa ao bater o milionário Real Madrid. Os outros times ingleses foram nocauteados pra fora do campeonato.

Um fato curioso é que o time titular do Arsenal não tem NENHUM jogador inglês. Todos são estrangeiros, incluindo o técnico. Hehe. Provavelmente esse foi o motivo por terem se classificado, não é?

Os mais empolgados afirmam que o Arsenal é o único time a representar a Inglaterra no Campeonato Europeu. Mas a imprensa esportiva daqui questionou isso, com uma manchete assim: "Where Are You, Brits?". Eu sei onde estão. Nos palcos.

Nem sei porquê estou falando isso, afinal todo mundo já sabe: inglês é bom pra fazer rock, mas no futebol...

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THE DANSETTES


Pois é. Com o sucesso das Pipettes, já estava na hora de aparecer uma outra banda com a mesma idéia. É aí que entram em cena as Dansettes. É a mesma coisa: três garotas bonitas com um bando de marmanjos por trás. Mas não pense que esse novo conjunto é um plágio das nossas amadas Pipettes. Há diferenças.

As Pipettes são de Brighton, UK. As Densettes são de Nova York, EUA. As Pipettes não são fotografadas junto com sua banda de apoio. As Dansettes são, como você pode conferir. E o mais importante: enquanto as Pipettes fazem um pop perfeito caindo para o twee-pop e sonhando com os selos Postcard e Sarah, as Dansettes fazem um pop perfeito com forte influência retrô-soul e blues, remetendo aos melhores momentos da Motown e Stax.

A sonoridade das Dansettes é carregada de órgão Hammond, roupagem retrô e clima up-up-beat. Se ouvisse no rádio, eu teria certeza que era uma banda realmente dos anos 60. Já com as Pipettes, se ouvisse no rádio, eu ficaria na dúvida.

As Dansettes estão sempre tocando ao vivo nos EUA, porém não há previsão para shows na Inglaterra. Um fato interessante é que as meninas (Leah, Jaime e Jennie) também atacam de DJs. Vira-e-mexe elas estão discotecando em festas na Big Apple. Dizem que tocam soul-music, old-school jazz e r'n'b, tudo dos anos 60 e 70, com compactos 7" originais da época. Essa é a prova que as garotas não são estúpidas querendo aproveitar a moda, e que realmente conhecem música a fundo e estão aí pra fazer boas melodias. Independente disso ou daquilo, o som das Dansettes é ótimo.

As Dansettes acabaram de lançar um single. O nome é "Oh My!" e é muito bom. Está disponível no site a Amazom.com. Corra para comprar sua cópia. Você pode ouvir trechos de algumas músicas no site delas: www.thedansettes.com

Ou se joga no MySpace das meninas: www.myspace.com/thedansettes

Pois é. Pipettes fazendo moda. Não é só isso. Alguém já percebeu que desde que as Pipettes apareceram, as grifes e lojas de roupas femininas aqui de Londres estão apostando forte em vestidos de bolinha? Nem são apenas vestidos, mas blusinhas, bolsas, cintos, saias, tiaras, tudo. Dê uma passeada pela Oxford Street ou Camden Town e você verá. Tudo vem com bolinhas. Graças as Pipettes, é lógico.

Falando em Pipettes, o novo clip delas, "Your Kisses Are Wasted On Me", está dando sopa na internet. Veja aqui: http://www.youtube.com/watch?v=QQu7la0n_34&search=pipettes. Espere carregar e se delicie com 'the marvelous Pipettes'.

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ART-ROCK


O termo art-rock (ou talvez o estilo...) está cada vez mais em voga aqui no UK. A revista Artrocker talvez seja a grande causa disso. Pra falar a verdade, eu raramente acho legal alguma banda que essa publicação indica. Acho que é muita quantidade e pouca qualidade. Eles falam de trocentas bandas art-rock por semana, mas quando vamos ouvir, só uma ou duas prestam. Os mais famosos dessa turma são Maximo Park e The Futureheads.

Mas não é só a Artrocker que aposta nesse formato de rock. O projeto semanal White Heat sempre hospeda esse tipo de banda em suas festas e também lançam através do seu selo. A própria NME às vezes cobre alguns desses grupos e a loja de discos Rough Trade também sempre dá destaque.

Fui atrás desses combos art-rockers e descobri umas coisas boas. Algumas bandas possuem bons singles. Agora, se lançarão bons álbuns, aí já é outra história...

Elas são bandas de rock pulsantes e inteligentes. Só que ao invés daquela raivinha adolescente predominante em grupos punks bobos, exalam bom humor e swing, e ainda sim possuem uma pegada punk. Fora isso, outro ponto em comum entre elas é que todas são ainda de pequenas gravadoras independentes. Se quiserem abandonar o underground, precisam se mudar para selos maiores. Com vocês, quatro novos grupos art-rockers prediletos da casa:

::: LES INCOMPETENTS
O coletivo Les Incompetents, de Londres, acabou de colocar nas lojas de discos mais legais do UK o seu segundo 7" single "How It All Went Wrong", lançado pelo projeto White Heat. Eita musiquinha simpática. Engraçadinha, art, punk, dançante. O primeiro single deles, "Reunion", foi lançado em agosto de 2005 e eu comentei aqui. Muito boa. A Rough Trade disse que era um Libertines pastoral. Agora com esse segundo lançamento, eles mostram que podem entrar naquele escalão de 'bandas promissoras'. Mas para darem certo, precisam de uma gravadora maior, com boa distribuição de seus discos, e mais umas nove músicas com a qualidade de "How It All Went Wrong". Escuta ae: www.myspace.com/lesincompetents

::: THE HOLLOWAYS
Os integrantes do The Holloways se conheceram no pub indie mais descolado aqui do norte de Londres, o Nambucca, que fica localizado na Holloway Road. Daí o nome. Eles têm poucos meses de banda, mas já abriram turnê dos Babyshambles e tudo. A faixa "Generator" é um dos rocks mais bonitinhos de 2006. Simples, faz a gente dar graças a Deus de estarmos vivos. No entatnto, a banda lançará outra música como single, chama-se "Happiness & Penniless". Vai sair dia 22 de março. Nesse mesmo dia a banda faz show de lançamento no 100 Club, centro de Londres. Eu acho que vou. Ouça "Generator" aqui: www.myspace.com/theholloways

::: BROMHEADS JACKET
Eles são a banda preferida de Alex Turner do Arctic Monkeys. O cara do The Streets também é super fã. E a revista Artrocker acha que são a salvação do rock. De fato, o debut single "What If's And Maybe's" é bacana. Um esporro punk, com woo-hoo's e vocais meio hip-hop. Concordo que é um hino art-rock. Eles farão uma extensa turnê pelo UK em abril e a data se Londres será no dia 22, aqui no Boston Arms, que fica no meu bairro, Tufnell Park. Esse é um grupo que mesmo barulhento, eu gosto. Isso é difícil acontecer. Fazem parte das novas bandas de Sheffield que estão surgindo na onda dos Macacos Árticos. Escute os hinos art-rockers: www.myspace.com/bromheadsjacket

::: GOOD SHOES
Quarteto londrino na mesma linha do Art Brut, ou seja, pop-punk vigoroso, com um q de indie-pop. Em alguns momentos eles remetem aquelas bandas twee-pop-rock tipo Talulah Gosh e Heavenly. Farão uma grande turnê pelo UK em março e se apresentam em Londres no dia 29, no Metro Club. Eu já tenho ingressos comprados. O próximo lançamento deles será um EP com quatro faixas, sendo a principal "We Are Not The Same", que você já pode escutar no MySpace: www.myspace.com/goodshoes . Outra música que recomendo é "Never Meant To Hurt You".

>>> O mais legal disso tudo é que os singles e eps que essas bandas lançam são todos em compactos de vinil 7" . Adoro. Já dá pra fazer um set de discotecagem de meia hora. Funcionam maravilhosamente bem uma do lado da outra.

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MYSPACE.COM


Ás vezes o fato de muitos conjuntos que comento estarem no MySpace pode dar uma impressão de amadorismo. Engano seu. O My Space é simplesmente uma das melhores ferramentas para promover bandas, tanto as iniciantes quanto as já bem estabelecidas. E também para nós fãs conhecermos o trabalho delas.

Mesmo artistas que já estão com gravadoras grandes, ainda sim contam com profile no MySpace. É o caso do Delays ( www.myspace.com/delays), Antony & The Johnsons (www.myspace.com/antonyandthejohnsons) e Rilo Kiley (www.myspace.com/rilokiley ), só pra citar três. No profile dessas bandas você pode ouvir as músicas (em ótima qualidade!), ver clips e comprar cds e merchandising.

O Guillemots, que acabou de assinar contrato com a major Polydor, também tem uma conta no MySpace onde eles disponibilizam seus dois últimos singles ( www.myspace.com/guillemotsmusic). Sem falar em grupos milionários total mainstream, como o Kaiser Chiefs, que hospedam lá suas faixas mais famosas ( www.myspace.com/kaiserchiefs). O que quero dizer é: não pense que o MySpace é um site de bandas amadoras, pois NÃO É.

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RESENHAS

DAVID GILMOUR – "On An Island"

Admito que não sou grande conhecedor de Pink Floyd. Tenho o primeiro álbum e mais uns dois da fase prog, mas nunca fiquei alarmado com o som deles. Ok. Não entendo porque pegam no pé de fãs de progressivo. Pra te falar, sou mais os fãs de progressivos do que aqueles roqueiros-punks-babacas-com-camisetas-Sid-Vicious. Não tenho preconceito nenhum com rock progressivo. Tudo bem que virtuosismo exagerado enche o saco, mas ainda sim dá pra colher coisas boas. E no mais, sou um grande fã de Sigur Rós, Explosions In The Sky e Godspeed You Black Emperror, então não posso ficar falando mal de coisas viajantes. Eu adoro, pra ser sincero. Se algum dia eu falei mal de rock progressivo, é porque eu estava querendo dar uma de indie-gostoso. Esses dias cedinho, antes de entrar no trabalho, dei um pulo na HMV da Oxford Street. Tava tocando algo tão sereno e tão pacífico e tão bonito que, pelo fato de ainda estar meio dormindo, me pegou de jeito. Suspeitei que seria o novo trabalho do David Gilmour (um dos cabeças do Pink Floyd, pra quem é jovem e não sabe), "On Na Island", mas perguntei para um funcionário mesmo assim. E ele confirmou. No final do dia, quando cheguei em casa, pus pra baixar. Deus do céus, ESSAS MÚSICAS SÃO EXCELENTES! Gilmour é mais uma prova viva de que tem muito tiozinho por aí lançando bons álbuns. Esse é seu primeiro lançamento solo em mais de 20 anos, se não me engano. A sonoridade Pink Ployd está explicitamente presente, lógico. São dez faixas-viagens que confirmam que álbuns conceituais também são legais. Nada de singles. Nada de hits. Se quiser entrar na do David Gilmour, vai ter que sentar e ouvir com calma o disco inteiro. Cada faixa complementa a outra. Deixe o cinismo de lado e você também pode curtir aqueles solos de guitarras que se arrastam por minutos. Mas mesmo com o clima contemplativo, ainda há vestígios de música pop e é isso que faz essa obra brilhar. Um exemplo disso é a canção que fecha o álbum, "Where We Start". Uma verdadeira pérola.

THE MONTGOLFIER BROTHERS – "All My Bad Thoughts"
Esse álbum foi lançado no final do ano passado e é o terceiro trabalho da dupla inglesa The Montgolfier Brothers. Eles lançaram os dois primeiros discos pela gravadora Poptones, e inclusive o primeiro chegou a sair no Brasil pela Trama. Essa nova obra segue nos mesmos moldes das anteriores: as músicas mais tristes de todos os tempos. Uma enorme sensação de tristeza e arrependimento por estar vivo desencadeia em nossa alma enquanto ouvimos esse disco. Por mais irradiante que sua vida esteja, você vai se arrepender dela quando esse disco estiver no seu stereo ou ipod. Man, this is dangerous stuff. Eu não sei porquê, mas nos últimos dias eu não consigo parar de escutar isso aqui. Não sei pra onde vai me levar.

DEVICS – "Push The Heart"
Semana passada escrevi sobre o My Last Novel. Agora falo do Devics, outra empreitada da ótima gravadora inglesa Bella Union. O dono desse selo é um dos caras do saudoso Cocteau Twins, então já dá pra ter uma idéia do tipo de coisa que ele lança. Simon Raymonde é o nome do sujeito. Ele deu uma entrevista numa revista dizendo que o critério para ele lançar uma banda não é esboçar uma reação do tipo "É, essa banda é legal", mas sim reagir mais ou menos assim "PUTAQUEPARIU, ESSA BANDA É MUITO FUDIDAAAA!!!!". Esse é o quarto álbum do Devics e dá continuidade ao que a banda vem fazendo desde os anos noventa, ou seja, baladas com clima de fim de noite, recheadas de vocais etéreos, pianos e uma ou outra orquestração. Resumindo, é um tipo de som que curto bastante. A banda é de Los Angeles, porém, tá com mais cara de que vem de alguma cidade pequena da Escócia. Enfim, você que sente saudades do Mazzy Star, não deixe de ouvir os sons agradáveis do Devics.

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Ok. Domingo que vem vou discotecar no Nambucca, que como já disse, é o pub indie mais descolado aqui do norte de Londres. Devo atacar no som por volta das 19hs. Até o Nambucca tem MySpace: www.myspace.com/nambucca



Tchau ae.





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Sunday, March 12, 2006

 

coluna 06 de marco

FINDIE

É isso aí. Nesse último final de semana aqui em Londres pratiquei bastante meu papel de indie-kid, saindo pra baladas e shows na sexta, sábado e domingo. Nada mal. Sexta à noite compareci novamente ao Império Indie que é o Club NME, no Koko. Sábado foi a vez de dar uma chegada no Frog, Mean Fiddler. E finalmente domingo, programinha leve, um showzinho a tarde no Barfly, em Camden. Indie kid at heart! Vou contar pra vocês como foi tudo...


>>> CLUB NME - Koko – Sexta, 03/03
>>> THE UPPER ROOM ao vivo


Já comentei aqui na coluna sobre o Club NME: duas mil pessoas que toda sexta-feita lotam o castelo Koko, no norte de Londres. Em sua maioria jovens ingleses dos 17 aos seus 25 anos, todos cria do semanário NME. Há alguns turistas, mas poucos. O som é SOMENTE novidades. Strokes e Hives já são dinossauros. Essa molecada quer curtir e dançar ao som de The Mystery Jets, Babyshambles, Razorlight, Test Icicles, The Futureheads, Arctic Monkeys, Maximo Park e todos os outros grupos que a NME idolatra semanalmente. A atmosfera do pessoal é bacana. A galera vai pra curtir e pirar mesmo. Boozers. Clima de paz. Vale destacar o espaço físico do Koko, que é fantástico. Milhões de ambientes, bares, escadas e labirintos. Você fica lá duas horas e não conhece o lugar todo, é mole?!

Toda sexta tem uma banda ao vivo e hoje é a vez do The Upper Room mostrar serviço. Já dei um toque sobre eles aqui na coluna. A banda está fazendo sucesso com o mais novo single, a ótima "All Over This Town". Essa música passa diariamente, umas dez vezes por dia, na MTV. É típico pop britânico: meigo, sensível, com bom refrão e algumas guitarras. Ao vivo eles se garantem bem. Tocaram uns oito números de forma impecável e com muita competência. A platéia era em sua maioria formada por garotas. Esse quarteto dá toda pinta que é 'banda-de-uma-música-só', mas na verdade os caras têm outras faixas boas. Acredito que o álbum deles será legal. Se você gosta de Smiths, James ou Coldplay, sua nova pedida é o The Upper Room. Eles são de Brighton, sul da Inglaterra, e estão em turnê no momento. Confira as datas no site: www.theupperroomsite.com .

Você pode ver o belo clip de "All Over This Town", e ouvir algumas demos, na página deles no MySpace: www.myspace.com/theupperroomspace

E se quiser saber mais do Club NME e quais bandas tocarão no futuro, acesse: www.nme.com/clubnme


>>> FROG. – Mean Fiddler – Sábado, 04/03
>>> THE PIPETTES e THE SPINTO BAND ao vivo.


Outra tradicional balada indie aqui em Londres é o Frog, que rola aos sábados no Mean Fiddler. É outra festa gigante, com vários ambientes e que atrai aos montes a juventude inglesa. A diferença é que, como o lugar é bem no centro de Londres, cai um montão de turistas lá. Eu acho legal. Espanhóis, italianos, australianos, suecos e alguns poucos brasileiros. Todo mundo junto pra encher a cara e dançar as novidades. O ponto forte da festa são os shows ao vivo. Só banda boa. Já peguei umas noitadas com Ash, The Go! Team, The Long Blondes, Razorlight, Babyshambles, Delays e outros.

Nesse último sábado não apenas teve uma banda ao vivo, mas duas! E melhor ainda, duas bandas brilhantes. Uma delas foi as Pipettes, que eu já vi mais de dez vezes, mas nunca me canso. A outra foi o excepcional sexteto americano The Spinto Band.

Vamos começar com as Pipettes. Olha, esse foi um dos melhores shows que já vi delas, sinceramente. Não sei se é porque era sábado à noite e o astral das pessoas estava mais alto, mas as Pipettes ARRASARAM GERAL! A banda estava entrosada e empolgada, esbanjando sorrisos e alegria. Os The Cassets, os rapazes de apoio, ensaiadinhos. E as meninas coreografando maravilhosamente bem. Todo show que vejo delas eu elejo uma música preferida, e dessa vez foi "Because It's Not Love". O palco grande do Mean Fiddler também ajudou. Acho que esse foi o maior show das Pipettes que vi. Quem já conhecia, ficou mais apaixonado. Quem não conhecia, com certeza vai virar fã. O próximo single delas é "Your Kisses Are Wasting On Me" e será lançado no dia 27 de Marco, mas você pode ouvir agorinha mesmo no MySpace: www.myspace.com/thepipettes

Quanto ao The Spinto Band, será que essa é A Banda Indie Mais Nerd Do Mundo? Possivelmente. São seis deles, naquele visual indie-largado, tocando suas guitarras com pose e jeito de nerd. Eles estavam com fogo no rabo, pulando e dançando e sorridentemente mandando ver as faixas do ótimo cd "Nice And Nicely Done", do ano passado. O som é indie americano sem tirar nem por. Prato cheio pra quem gosta de Stephen Malkmus e Flaming Lips do começo dos anos 90. Os vocais são aquela coisa arrastada, que parece que o cara ta com muita preguiça, mas ta cantando, tipo o J Macis. Minhas prediletas da noite foram muitas, mas fico com a mais óbvia: "Oh Mandy". Agora em marco vão abrir os shows do Arctic Monkeys nos EUA e depois acho que retornam ao UK. Olho neles: www.myspace.com/thespintoband


>>> BARFLY – Domingo, 05/03
>>> THE LIKE ao vivo


Esse show estava marcado para noite. Mas uma semana antes recebo um e-mail dos organizadores dizendo que aconteceria por volta das duas da tarde no domingo. Beleza. Domingo de frio e sol, lá vamos nós. Pensei que seria no palco principal do Barfly, mas foi no pequeno. Tinhas umas 60 pessoas que foram conferir qualé dessas minas do The Like. São três garotinhas de Los Angeles, uma mais linda que a outra, que formaram a banda quando tinham quinze anos. Agora elas têm uns 19, acho. Já disponibilizaram umas coisas nos EUA, mas só agora estão trabalhando o mercado britânico. Lançaram alguns singles por aqui e estão com o disco prontinho para as lojas. O som delas é guitar-pop, remetendo ao Belly, Breeders e Elastica. De bandas recentes, elas são da mesma turma do Giant Drag e Rilo Kiley. As vezes as guitarras ficam sujas. As vezes ficam dedilhadas. A voz da vocalista é doce. Achei legal elas ao vivo. O show durou cerca de quarenta minutos. Procure o novo single "June Gloom". Ouça aqui: www.myspace.com/thelike .


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RESENHAS

::: DELAYS – "You See Colours"

Finalmente o segundo álbum do Delays. Surgiram em 2004 aqui na Inglaterra com o disco "Faded Seaside Glamour" e engataram quatro singles no top 20 das paradas britânicas. Mesmo assim, o delicioso pop ensolarado deles nunca os levou para mais longe do que uma banda de médio porte, infelizmente. Pra piorar, não conseguem transportar a magia do estúdio para o palco; seus shows deixam a desejar. E, no meio da concorrência pesada (Franz, Bloc, Kaisers, Numbers, Monkeys), nunca aconteceram pra valer. Achei que desapareceriam, ou lançariam um segundo trabalho medíocre e depois sumiriam de vez. Ainda bem que isso não aconteceu. "You See Colours" é candidato forte ao disco pop do ano. O que acontece com os britânicos? Será que é o ar que respiram ou a água que bebem que está contaminada com melodias radiofônicas? Essa é a pergunta que me vem à cabeça quando ouço logo a primeira faixa "You And Me". Vocais andróginos, refrão de morrer, clima contagiante. A próxima, o single "Valentine", mostra que a banda tentou dar uma variada nesse novo disco, incluindo elementos eletrônicos e remetendo aos hits do New Order. E se deram bem. Dance-floor-KILLER! Os próximos três números voltam ao que a banda já fazia antes: sunshine-indie-pop de primeira. A banda lembra um pouquinho o Cocteau Twins, só que totalmente revitalizado para esse novo milênio. Outro destaque fica com "Winter's Memory Of Summer", com teclados e clima melodramático no ar. Mais ou menos no mesmo jeito é "Given Time". Pegue "Out Of Nowhere" e se delicie com belo guitar-pop. Embora esse novo álbum seja genial, não acredito que o Delays vai 'acontecer' no mainstream. Mas pelo menos mostra que eles não são 'banda de uma temporada só'.
www.thedelays.co.uk/


::: SPARKS – "Hello Young Lovers"
A dupla americana Sparks é um combo que eu realmente deveria conhecer mais. Eles lançaram dezenas de álbuns desde os anos 70, mas confesso que só conheço algumas músicas. Tenho uma coletânea 'best of' que, sinceramente, nunca ouvi direito. Pura preguiça. Porém, o hit "This Town Ain't Big Enough For The Both Of Us" sempre está nos meus sets de discotecagem. Agora no início de 2006 eles lançaram um novo trabalho: "Hello Young Lovers". Esse é o vigésimo LP deles. Acabei lendo uma resenha e comprei meio na cega. Tive sorte. O álbum é um espetáculo do começo ao fim. Dez faixas que nos deixam com a sensação que estamos num musical. Tudo é espalhafatoso e exagerado. Uma jornada pela mente dos Deuses do Exagero. Ouça a primeira faixa "Dick Around", quase sete minutos de grandiosidade, e imagine que o restante do álbum é isso multiplicado por dez. Tão elevado como muitos momentos do Queen, só que menos brega. Orquestras, guitarras, falsettos, pianos, vocais à capella. Adoro coisas extravagantes. Nem adianta eu ficar escrevendo aqui. É o tipo de disco que só ouvindo pra entender. Agora vou pesquisar mais sobre o Sparks, ah vou...
www.allsparks.com/


::: MY LAST NOVEL – "Wolves"
A Bella Union é uma das melhores gravadoras britânicas de música rock-pop-folk-avant dos dias de hoje e são eles que nos oferecem, direto da Escócia, essa preciosidade chamada My Last Novel. Esse é o primeiro trabalho da banda e consiste numa coleção de arranjos folk-post-rock que vai agradar a todos que gostam de Godspeed You Black Emperor e coisas do tipo. Não há harmonias de violinos mais bonitas esse ano do que em "Wolves". Um cd pra ouvir do começo ao fim, deitado na cama, apreciando cada detalhe e pensando na vida. Um senhor disco. Amém.

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DIRTY PRETTY THINGS

Finalmente conferi o nova banda de Mr. Carl Barat. Minha opinião?? FODA FODA FODA!!!! Só ouvi duas músicas mas já deu pra sentir que vem coisa boa por aí! Uma delas foi quando a banda tocou ao vivo no NME Awards. Soa bem Libertines, ainda bem. A outra foi quando o DJ do Club NME estava discotecando e ele mandou no set. Ouvir bombando das caixas de som numa pista de dança foi a melhor coisa. Não sei o nome das músicas, mas repito: VEM COISA BOA POR AÍ. Ah, Dirty Pretty Things toca ao vivo aqui em Londres nesta quarta, dia 8 de marco, na Kings College. Os ingressos estão esgotados. >> www.thelibertines.org.uk/

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JOHN HOWARD NO MYSPACE

Isso mesmo. Meu pianista glam preferido também se rendeu ao site mais legal da internet, o MySpace.com. John Howard disponibilizou quatro músicas, sendo três do seu novo álbum "As I Was Saying" (resenhado aqui) e uma inédita. Não tem desculpa agora, só não ouve quem não quer. Recomendo como introdução a lindíssima "Dear Glitterheart".

www.myspace.com/kidinabigworld

Há também fotos, tanto dos anos 70 quando doas dias atuais, e uma pequena biografia.

Vale lembrar que John Howard se apresenta em Londres no dia 18 de marco, num sábado. Ele abre a noite, que também conta com show do The Bishops e discotecagens. Não perco por nada.

Na página dele no MySpace tem todas as informações dos shows.

Fique ligado que em abril deve sair uma entrevista / matétia que fiz com John Howard na revista brasileira Coquetel Molotov.


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UNCUT COM O FLAMING LIPS NA CAPA

Galera, recomendo muito a atual edição da revista Uncut, com os Flaming Lips na capa. Tem uma puta entrevista legal com o Mestre Wayne Coyne. Ele conversa sobre tudo da banda: sua adolescência, como o show do The Who em 1976 mudou sua vida, os anos 80, os shows barulhentos, os anos 90 com o hit "She Don't Use Jelly", coisas pessoais, crises de drogas com outros caras da banda, e como ele criou a trilogia "The Soft Bulletin" + "Yoshimi Battles the Pink Robots" + "At War With the Mystics". Isso e muito mais. Realmente, essa revista é um grande tributo a uma das melhores bandas de todos os tempos. Eu até comprei o DVD com o documentário sobre a história deles, de tão empolgado que fiquei. Ta dada a dica.

Claro que fora isso, tem outras matérias legais na revista, como entrevista com Morrissey e seleção de fotos dos Libertines. Então, compra já.

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PROMOCÃO ARTROCKER

Estou dando três cópias da revista Artrocker com os Long Blondes na capa. A história é a seguinte...

Quando eu estava pra visitar o Brasil, no início de fevereiro, a revista Artrocker estava pra lançar nas bancas sua nova edição e novo formato, com os The Long Blondes na capa. Eu queria por que queria pegar a minha antes de viajar. Mas deu que tive que embarcar e a revista ainda não tinha ido para as bancas. Pensei "bom, quando voltar provavelmente ela ainda estará disponível". Voltei e pra minha surpresa ela já tinha se esgotado, e estava disponível a edição seguinte. Ou seja, eu tive um baita de um azar. A revista provavelmente foi lançada no dia que eu pisei no avião para o Brasil e saiu de circulação no dia que pisei de volta em solo britânico. Escrevi para a Artrcoker HQ e eles me informaram que nem eles mais tinham aquele número da revista. Fiquei putíssimo. Como sou nerd. Queria mesmo aquela porra de revista.

Deu que, esses dias, enquanto comprava alguns singles 7" na HMV em Oxford Street, me deparei com um bolo daquela edição da Artocker jogado no balcão. Pulei de alegria. Claro que fui direto comprar a minha e o funcionário falou: é de graça. Tipo, como assim? Acabei pegando CINCO cópias, só de pirraça. Então: uma pra mim, outra pro meu irmão e três pra dar aqui na coluna. Quem me escrever primeiro leva. Eu até envio pelo correio, olha como sou bonzinho....


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IMPLOSÕES DO FOLK

O programa continua a todo vapor, toda semana nos presenteando com o melhor da música mundial, de todos os tempos. Essa semana é especial folk do final dos anos 60 e, como de praxe, ta recheado de artistas e bandas fantásticas. Nick Drake, Françoise Hardy, Fairport Convention e muito mais. Segue o link:

http://www.microfonia.org

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* Olha só que coisa boa. Guillemots entrou nos charts da MTV com a música "We're Here". O single será lançado dia 27 de marco. Pra variar, você pode escutar no MySpace: www.myspace.com/guillemotsmusic . Essa banda ainda vai dar o que falar! To com eles!

* Os Mystery Jets estão com a bola toda. O novo single "The Boy Who Ran Away" é uma gema pop e vem sendo executada em exaustão nas rádios, MTV e baladas indie. Ouça aqui: www.myspace.com/mysteryjets

* Uma banda que é idolatrada pelo pessoal artrocker, mas a NME não dá muita bola, é o Les Incompetents , aqui de Londres. Eles tão lançando um novo single, "How It All Went Wrong", e tocam nessa terca-feira no club White Heat. Alias, White Heat é quem está bancando o lançamento. A música é engraçadinha e boa pra dançar. Foi o que eu fiz no último s'abado no Frog. Escuta aê: www.myspace.com/lesincompetents



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FALOW.

HORA DE IR EMBORA.

ATÉ SEMANA QUE VEM.








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Monday, March 06, 2006

 

coluna 27 de fevereiro

Voltei. Cheguei em Londres na semana passada e tive uma das semanas mais corridas de todos os tempos. E eu ainda estava meio enferrujado pelas minhas férias, então já viu... não deu pra escrever coluna.

Mas foi bom, pois agora eu e o site decidimos que atualizaremos a coluna semanalmente as segundas, e não mais as quintas, como vinha acontecendo. Pra mim é melhor, pois posso me organizar no final de semana e me dedicar mais aos textos. Quem gosta, pode comemorar, pois vou escrever mais e mais. Quem não gosta, agüente.

Fica combinado então: toda segunda-feira nesse mesmo bat-local. Right? Pois.

Coluninha ta recheada...

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Guillemots
Ao vivo no Islington Academy, Londres, 23/02/2006


Era a noite mais fria do ano e ao invés de eu sair do trabalho e ir pra casa, decidi assistir Guillemots ao vivo, num concerto promovido pela revista Time Out. Só tinha um problema: a apresentação estava sold-out e eu não tinha ingresso. Arrisquei mesmo assim. Central Line. Northern Line. Tô aqui. Ao chegar, o segurança com cara de poucos amigos já foi logo avisando "você não tem ingresso, você não vai entrar". Nenhum cambista por perto. Perguntei "boss, existe algum outro jeito de eu entrar?". Ele colocou a mão no meu ombro e me levou afastado dali. Disse baixinho "give me a tenner and that's fine". O seu pedido é uma ordem. Joguei 10zão na mão dele. Ele finalizou: "entra rápido, cara".

Lá dentro, depois de molhar a mão do segurança, era a vez de molhar minha garganta com uma pint. Foi o que fiz. A platéia, pouco mais de 150 negos, era aparentemente formada pelos funcionários da Time Out, figuras da indústria da música, amigos da banda e alguns fãs. Quase não se via indie-kids.

Esperei pouco e as luzes se apagaram. Surgiram batuques e uma corneta. Um a um, o quarteto Guillemots foi se colocando a posto. Os batuques, cornetas e outros barulhinhos foram se intensificando. Um ritual indiegena. O grandalhão Fyfe Dangerfield sentado a frente de sua parafernália de teclados e brinquedos. O brasileiro Mc Lord Magrao pegou sua guitarra e pedais. A baixista Aristazabal levantou seu baixo acústico. E o batera Rica Caol tirou suas baquetas da bolsa. O lindo clima ritualístico durou cerca de três minutos e, aos poucos, foi brilhantemente desaguando na mais cristalina sinfonia pop. Nesse momento, concluí que esse grupo é tudo o que eu preciso na minha vida em 2006.

Eu já tinha visto um show deles no ano passado, abrindo para o The Tears. Confesso que não achei grandes coisas naquela ocasião, talvez pelo fato de estar na pilha pra ver a atração principal. Mas depois começou o falatório, eu ouvi os singles e tudo mudou. Hoje à noite estou aqui só pra ver eles e estou encantado com cada nota que ecoa nos meus ouvidos.

O próximo número anunciado foi o novo single "We're Here". Uma balada épica. Sensibilidade lá em cima. Refrão radiofônico. Foi nessa hora que me dei conta que sim, Fyfe Dangerfield, o principal compositor do quarteto, é nada mais que um gênio. O show prosseguiu com faixas do primeiro EP "I Saw Such Things In My Sleep" e outras que eu não conhecia. "Made Up Love Song #43" arrancou suspiros de quem tava do meu lado. Praticamente todas as canções começavam viajantes e aos poucos puxavam para a melodia. A idéia de juntar músicos com raízes variadas é um dos trunfos dos Guillemots e essa receita de fundir criativamente música de vanguarda com harmonias assimiláveis vai calar a boca de qualquer um que acha que tudo já foi feito na música pop. Guillemots é uma banda única. Remete a Radiohead, Arcade Fire, Flaming Lips. Mas soa Guillemots mais do que tudo.

Foram tocando e não aparecia sequer uma musica dispensável. Todas preenchiam o lugar (e meu coração) de forma espetacular. Num momento Fyfe pediu silêncio ao público presente. Um sujeito gritou do fundo "Seu Rock-Star!". Fyfe respondeu no ato: "Rock-Star é o caralho, sou Pop-Star". Pelamordedeus. Esse sabe das coisas. O brasileiro Mc Lord Magrao manda muito bem, mais experimentando e brincando com suas guitarras e pedais do que de fato tocando riffs. Percebi que improvisam bem no palco. A baixista Aristazabal é uma das mulheres mais sexy do pop de hoje. Tem um jeitão latino, sapeca e sorri praticamente o show inteiro. Uma simpatia. Por diversas vezes ela toca seu baixo de olhos fechados e sorrindo. Fiquei na dúvida se ela realmente estava se concentrando nas suas linhas de baixo ou pensando em outras coisas. O baterista Rica Caol é um figurão. Ele tem uma cara engraçada e eu dou risadas só de olhar pra ele.

Teve uma hora que a banda saiu e só deixou Fyfe no palco. Esse subiu em sua cadeira e, com um teclado de brinquedo e sem microfone, foi cantando versos um mais lindo que o outro. Palavras saiam de sua boca diretamente dos cantos mais profundos da sua alma e, assim que terminou, uma explosão do público fez o chão tremer. Foi um dos momentos mais sublimes da apresentação.

A banda volta para tocar as mais agitadinhas, incluindo o hit "Trains To Brazil". Todo mundo dançou e cantou junto e eu fiquei muito feliz nessa hora, pois essa sim é uma música arrasa-quarteirão. Os instrumentos de sopro que contém na gravação desse número foram substituídos ao vivo por lalalás de Fyfe e Aristazabal, e o resultado foi igualmente maravilhoso. Veio o b-side desse single, chamado "Go Away", de tendência meio reggae. Curti. Eles têm essa coisa jazzy-reggae em algumas faixas que é muito alto-astral. Nessa hora a baixista fica dando pulinhos upa-lelê upa-lelê. Funny.

Saíram e voltaram rapidamente para fecharem a noite. Aplausos e histeria. Mais uma balada linda e aos poucos foram deixando as melodias e recebendo os sons experimentais. Esses foram diminuindo vagarosamente, dando espaço para mais palmas e gritos dos que assistiam. Esse show foi sem brincadeira uma das coisas mais lindas que já vi e serviu para reforçar uma tese que eu já vinha matutando em minha mente: essa banda vai lançar um dos discos do ano. Fácil.

www.guillemots.com/

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Multiplex

Ouvi pouca coisa de produção nacional na minha recente viagem ao Brasil. Acabei ficando com os mais óbvios. Curti um disco do Pexbaa que caiu na minha mão. Comentei que tinha adorado dos beats&blips do Cansei de Ser Sexy. Mas a banda que realmente chamou minha atenção foi o Multiplex, de São Paulo. Recebi graciosamente o mais novo single deles, chamado "Moderno", e foi paixão a primeira audição.

O trio Multiplex (Leandro, Maurício e Bruno) faz basicamente música pop. Mas música pop, como todos sabem, é um caldeirão cheio dos mais variados apetrechos. No caso dos multiplexados, usam referências que vão da Disco Music ao Rock'n'Roll, com colheradas de Electro e alguns refrões deliciosamente pegajosos. Em certos momentos nos perguntamos como uma banda pode ser assim tão sexy e genial...

Cantando em português alto e claro, as letras espelham o mundo cão na qual o grupo habita. Leandro Cunha, 'the leader of the gang', é o responsável por elas. Recheadas de humor-negro, as canções do Multiplex são pura diversão. Eu simplesmente não entendo como faixas do calibre de "Particularidades" ou o próprio single "Moderno" ainda não atraíram ninguém de gravadora forte para lançar. Isso aqui é hino para qualquer salão de festa no Brasil. Dos mais underground aos mais comerciais. Todo mundo pode entrar nessa. Não é a toa que o slogan deles é "Multiplex, o som que devasta". Devasta mesmo.

Aliando-se a uma roupagem atual, mas capturando elementos de pura farofa velha, o Multiplex é o equilíbrio ideal entre o que é 'kitsch' e o que é 'cool', se é que de fato existe algum equilíbrio. Seus refrões jamais passam desapercebidos, porém estão longe de serem algo ordinário-chulé. As linhas de guitarras, na maioria das vezes, são econômicas, mas hipnóticas. Os beats possuem uma levada funk irresistível e a voz de Leandro contagia. Sem contar a produção feita no capricho, assinada por Wendl.

Citações a cidade de São Paulo não faltam. A faixa "Moderno" é um exemplo. Dá pra sacar o lado mondo-trasho na qual os integrantes estão imersos: "Na Rua Augusta, Consolação também / Todos os dias a mesma surpresa, nada pra comer, nada na mesa / Todos os dias a mesma emoção, meia-noite e meia no meio do Centrão". Isso tudo com beats esbanjando swing ao fundo. "Particularidades" começa funk, depois vira rap, depois cai num balanço que não faria feio em coletâneas de hits dance anos 80. A faixa termina com uma bela bofetada de uma guitarra glam. Lindo.

Na parte 1 do single "Moderno", há um remix para a faixa "Cassino". Mais uma prova do talento desse trio. O clima muda. É menos folia e mais viajem. Mas ainda sim totalmente dançante, com versos sobre sonhos de vinil, pimentas e molhos.

Leandro Cunha acha que a vida é brega. Que não adianta querer dar uma de underground-trendy-gostosão, pois no fundo o que é divertido mesmo é um bom hit do Erasure. Pelo menos ele tem uma ótima e infalível carta na manga pra argumentar sua opinião: sua banda Multiplex.

Tocam ao vivo praticamente todo o mês em São Paulo e também sempre dão algumas escapulidas para outras cidades. Se eu morasse em SP ou ao redor, não iria perder show desses rapazes. Na foto temos eles tocando na TV Cultura. Prometem novos lançamentos em breve. Keep an eye.

O single "Moderno" pode ser comprado aqui - www.multiplex.mus.br/ .

E você pode ouvir agorinha mesmo os hits "Particularidades" e "Moderno": www.myspace.com/multiplexbr

Ah, não deixe de bisbilhotar o fotolog de Leandro Cunha: www.fotolog.com/multiplex


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THE GOSSIP – " Standing In The Way Of Control"

Cansei de ler sobre esse tal The Gossip em revistas e sites e acabei indo atrás desse novo lançamento, que é o terceiro álbum dos caras. Um trio: dois rapazes e uma mina gordinha. Rapaz, essa gordinha manda muito bem. Se garante sozinha, até. Que vozeirão. Parece a Allison Moyet do Yazoo, só que de pileque. São americanos. Pelo que li, esse disco novo se difere dos outros, que eram barulheira grunge. Agora eles foram para uma linha mais dançante e soul, semelhante aos compatriotas Dirtbombs, The Detroit Cobras e Mooney Suzuki. Adorei. São onze faixas matadoras, algumas com balanço firme, outras mais calmas, mas na mesma intensidade. Rock'n'Roll Soul ao melhor estilo da expressão. É impossível ficar parado na faixa título. No mesmo clima é "Listen Up" e "Your Mangled Heart". A melhor faixa do LP, entretanto, fica com "Keeping You Alive". Esse trio têm funk e fogo na veia. Nas mais lentas, minhas prediletas são "Coal To Diamonds" e "Dark Lines". Um grande disco.

www.myspace.com/gossipband

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The Spinto band ao vivo!

Pessoal, a maravilhosa banda americana THE SPINTO BAND, já comentada diversas vezes aqui nesse espaço, vai tocar ao vivo nessa quarta-feira lá na festa do pessoal do Wry, a tradicional e bacana GOONITE, no Buffalo Bar. É imperdível! Uma chance única de ver esse ótimo grupo num palco intimista e aconchegante. Eu vou! Se liga nos detalhes:


THE SPINTO BAND – LIVE!

Goonite – Buffalo Bar
Quarta dia 01 de marco,
começa tipo umas 9pm.
259 Upper Street – Islington
Ao lado da estação de metrô Highbury & Islington

www.goomusic.net/


Chegou no meu ouvido agora que o Spinto Band vai abrir os shows dos Arctic Monkeys lá nos EUA em marco. E aí, deu pra botar uma fé?

www.spintoband.com/

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The boys very likely to

Na última sexta-feira abri o jornal The Guardian e estava lá um artigo de uma página sobre The Boy Least Likely To. Já no Daily Telegraph havia uma entrevista com Maximo Park, enquanto que no Evening Standard a dupla de meninas Smoosh ocupavam meia página. A música de qualidade, não interessa se é de grande gravadora ou não, está abocanhando a mídia mainstream da Inglaterra. Essa atitude indie ridícula de achar que o que possui integridade só vem dos selos independentes vai ficar mais ridícula ainda. Não existe uma linha separando o que é comercial e o que não é. Se você que gosta de Arctic Monkeys mas acha que eles não interessam mais só porque são os mais famosos do momento, deveria parar de ouvir música ou acordar pra vida. Essa matéria com The Boys Least Likely To, em pleno The Guardian, um dos maiores jornais do UK, é a prova de que a atitude de querer se distanciar do mainstream é uma grande babaquice. Quem diria, hein? Uma das bandas mais indie-pop e fofinhas desse milênia está caindo na boca do povo. I'm having it. A seguir, traduzo praticamente toda a reportagem.


MALDITO TILINTAR
"PLINKING HELL"


O homem que deu as Spice Girls ao mundo tem uma nova carta na manga: um par de entusiastas com carrilhão. Dave Simpson encontra-se com o The Boy Least Likely To.

Traducão: Marcio Custódio

É início de tarde em um dos mais exclusivos Clube de Cavalheiros em Londres – o tipo de lugar que você precisa apertar uma campainha e dar seu nome pra entrar. Lá dentro, o estalo do fogo da lareira acompanha os encontros de negócios. Enquanto isso, enfiado num outro canto, dois senhores que atendem por The Boy Least Likely To estão discutindo o que, para eles, é o negócio mais importante do carrilhão.

"O carrilhão tem na verdade uma grande tradição no pop", começa o vocalista Jof Owen. "Bruce Springteen usou um em Born To Run".

"Exceto que era bem baixinho", expande Pete Hobbs, que cria as músicas. "Eles são enfiados no meio de instrumentos de cordas. Nós queremos usá-lo como principal instrumento. Tínhamos aquele riff e soávamos um lixo no teclado, muito agressivo. Tentamos todos os tipos de instrumentos até que acabamos pegando aquele conjunto de sinos, o carrilhão, do Early Learning Centre. Apenas ouvimos aquele tilintar – plink! – e pronto, a ficha caiu".

O carrilhão faz o primeiro som no álbum de estréia do The Boy Least Likely To, "The Best Party Ever", que parece ser uma das histórias de sucesso menos predestinada do pop. Um ano atrás, os rapazes estavam carimbando a mão as capas de seus lançamentos caseiros, prontos para enviar algumas cópias para a loja Rough Trade. Agora relançado – depois de gerar um enorme interesse quando a loja elegeu disco da semana – faixas estão sendo tocadas no Channel 4, Virgin Radio e Radio 2. Mas isso não é tudo. A banda formada num quarto foi agora escolhida por Simon Fuller. Esse é o homem por trás da agência 19 Management e, claro, o homem que trouxe ao mundo as Spice Girls.

Fuller é sinônimo de pop manufaturado. Pra ficar claro, o conceito desse homem assinar uma banda que sorridentemente se descreve como "meio que um lixo" e "as vezes, uma absoluta bagunça" soa um pouco como se Sven-Goran Eriksson (técnico da seleção inglesa) pegasse um time de várzea e o levasse para a Copa do Mundo.

"É um parceria estranha, mas ele [Fuller] realmente gostou do álbum," sorri Owen. "Tivemos um monte de reuniões com gravadoras mas todos eles queriam mudar a música, remixar, adicionar faixas. Ele foi o único que não quis mudar nada – apenas perguntou do próximo". Entretanto, Hobbs tem outra visão. "O lance pra se lembrar é que a 19 é de fato uma companhia independente e eles controlam o que eles fazem. Todas as outras pertencem a outras corporações. Então se você pegar por aí, eles não são tão diferentes da gente".

"E outra, as pessoas lá são na maioria mulheres", sorri Owen, suavemente. "Elas pedem as coisas de jeito doce. Elas não berram!".

A encantadora mistura de inocência e clareza permeia a música do TBLLT e sugere que a antena pop de Fuller não interferiu ainda. As músicas deles são refrescantes mas ridiculamente bem trabalhadas, enraizadas nos The Beach Boy, gravadoras Sarah e Postcard e, bem, os Archies. O som de uma mítica e agradável escola disco, eles fazem o The Magic Numbers soar como o Marilyn Manson. E ainda por trás das melodias infantis, banjos e gravadores – tocados por uma amiga chamada Sweet Amanda Applewood (que eles insistem que é uma pessoa real) – estão assombrosos sentimentos como Dormindo Com Uma Arma Embaixo Do Travesseiro, o conto do medo da sociedade moderna.

TBLLT em pessoa é exatamente como sua música. Agora nos seus vinte e poucos, eles começaram a beber tardiamente ("Babysham!" diz Hobbs, sorrindo. "Foi um pequeno ato de rebelião porque todo mundo bebia cerveja. Muito embaraçoso quando você ia comprar isso"). Owen começou a fumar um ano atrás numa tentativa desesperada de tentar parecer crescido. Eles finalizam as frases um do outro e geralmente parecem dois alunos desobedientes ao invés de um grupo pop. Entretanto, são capazes de momentos de pura inteligêngia.

"Sabe aqueles dias que você está na praia e tudo está perfeito, mas você sabe que tudo vai acabar?", cisma Owen. "Isso é como eu vejo a emoção predominante em nossa música."

[depois o artigo cai na vida dos dois, mostrando como tudo começou, como se conheceram, como eram zuados na escola e como passaram a comprar discos em feiras de artigos usados]

Depois de um tempo experimentando em bandas de rock de outras pessoas, eles finalmente se juntaram em 2001. "Você me deu algumas letras," Hobbs lembra Owen, "E eu me lembro de pensar 'hum, isso não é muito rock'".

"Mas quando a gente tentou fazer rock, éramos horríveis", admite Owen.

Em vez disso, enquanto Owen escrevia letras com títulos como "Warm Panda Cola", Hobbs criava as músicas com o que estivesse disponível, inicialmente gravando num computador montado pelo seu pai, até que quebrou. O primeiro lançamento deles, o single 7" de Paper Cuts de 2003, foi prensado 300 cópias. As canções eram trabalhadas nos finais de semana, no meio de empregos esquisitos (Hobbs fazia omeletes, enquanto que Owen achou emprego cuidando dos pertences de presos numa prisão).

Tendo seis ou sete dias entre trabalhar numa faixa ou outra deu a eles uma "perspectiva real" e o par optou outras práticas não usuais como planejar o primeiro concerto no Albert Hall (eles eventualmente foram parar num pub na Holloway Road) e se recusar a mandar demos para pessoas.

"Bem, a gente mandou uma, para a Independiente, porque a A&R era uma garota" concede Owen. "Ela odiou a gente!".

Apesar de que são dificilmente 'o último dos causadores', Owen insisti que assinar com a 19 foi um típico 'ato de pequena rebelião'; outra foi ir contra a atitude DIY/Indie e aparecer primeiramente na festa da revista Smash Hits, depois abrir os shows do James Blunt [uma espécie de Fábio Jr. aqui na Inglaterra]. "Nós recebemos e-mails de ódio de nossos fãs. Coisa pesada", diz Hobbs. "Tipo, 'eu prefiro mandar crianças para a casa do Michael Jackson ao invés de comprar seus discos!'".

Talvez a aposta de Fuller é que a mistura de inocência com travessura do The Boy Least Likely vai seduzir tanto adolescentes quanto adultos. Varias das letras de Owen exploram o medo de crescer e morrer velho, abandonado e sozinho. Em "Monters" ele canta 'people turning into monsters, making out with other monsters, getting marriage and wheeling baby monsters in prams…'.

No final, o mundo que eles têm evitado está se colidindo. Hobbs se mudou para Londres enquanto que Owen continua na sua amada Wendover da sua adolescência. Pergunto se ele poderia alguma vez contemplar algo inicialmente inimaginável, como se casar.

"Oh Deus, não." Ele da risadas. "Tipo, nós temos namoradas. Nós não estamos juntos".

www.theboyleastlikelyto.co.uk

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Voltando aos Trópicos

Minha visita ao Brasil foi legal, de um modo geral. Discotequei em vários lugares e me diverti. Gostaria de agradecer a todos que me receberam e deram oportunidade desse escriba escolher uns sons nas pistas. O lugar que mais gostei foi o Milo Garage. Pequeno, simples e muito aconchegante. E a galera parecia estar na maior buena, se é que você me entende. Ambiente ótimo. É o tipo de lugar que eu iria bater cartão se estivesse morando em São Paulo. Fora que o som é divertidíssimo.

A discotecagem que mais senti prazer em fazer foi em Campinas, no bar Informal. A pista era pequena, mas o ânimo das pessoas era frenético. Fiz uma mistureba tremenda. Não sei porquê, mas senti que o clima estava favorável a mim naquela noite. Toquei de tudo um pouco. De Blur a Electronic a Johnny Boy a Magic Numbers a Sweet a Clor a White Stripes a Hard-Fi a Pulp a Underworld a Chemical Brothers a The Jam a The Features a Pet Shop Boys a Dead 60s a Ordinary Boys a Regina Spektor etc etc etc. Velharias e novidades. Rock e eletrônico. E o povo dançou TUDO. Sem preconceito. Só na diversão. A pista ficou lotada do momento que entrei até quando toquei minha última faixa. É o diferencial de tocar em cidades do interior. O pessoal sai pra se divertir. Em cidades grandes como São Paulo, muitos saem para dar opinião ou fazer carão, e esquecem de curtir a festa.

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Não esqueçam de comprar o single do The Upper Room com a música "All Over This Town". Já disse aqui e digo novamente: essa música é FODA. Está sendo lançada hoje, dia 27/02.

No mais, Guillemots na cabeça! Yeah!

Até a próxima segunda!

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