Saturday, October 28, 2006

 

coluna 26 de outubro

Pessoal, muitos leitores me escreveram perguntando do atual endereço da coluna. Só dando um toque, o endereço de web da coluna esta mudando semanalmente, então, é mais fácil colocar no bookmark (favoritos) o endereço www.oilondres.com.br e ficar ligado que toda quinta tem atualização. Ok?

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JARVIS COCKER – “Jarvis”
O que já era iminente, aconteceu: Jarvis Cocker está de volta. Tudo bem que seu álbum solo somente será lançado dia 13 novembro, mas uma vez que o dito cujo vazou na internet, já era. E o que dizer de Jarvis Cocker? Certamente, uma das figuras mais influentes na minha vida. Me lembro muito bem quando todos na minha escola escutavam lixos como dance-music e pagode, eu me fascinava com as músicas de “His’n’Hers”, um dos discos clássicos do Pulp, então a banda de Jarvis.

“His’n’Hers”, sem sombra de dúvidas, foi o disco que mais escutei na minha vida. Naquela época não existia downloads gratuitos, então a gente economizava a mesada do pai por dois meses, comprava o disco e ouvia ele nos próximos dez meses da sua vida, sem parar. Ah, eu poderia dizer que aqueles eram tempos penosos, mas não. Era muito melhor. A dificuldade de ter o disco, e depois escutá-lo por uma boa parte da sua adolescência fazia dele um verdadeiro tesouro mágico. Muito melhor que hoje em dia, onde os jovens baixam 50 cds por ano, e não capturam a magia de nenhum deles.

E quantas vezes não levei uma foto do Jarvis para uma costureira e pedi para ela fazer um terno IDÊNTICO ao dele? Ah, bons tempos! Boas recordações também quando comecei a sair para as festas indies em SP e imitava as danças do Jarvis na pista. Eu me achava. E as letras?? Vish, verdadeiros manifestos em prol dos outsiders. Mas Jarvis não só marcou minha vida, mas da música britânica também. Nos anos 90, quando esse escriba enfrentava a adolescência, o Pulp dominava a Inglaterra com seu pop esplêndido e as grandes sacadas de Jarvis.

De 1993 à 1998, o Pulp reinou no UK. Foram cinco anos de pura glória. Quatro discos e um EP marcam essa época: “Pulp Intro” (1993), “His’n’Hers” (1994), “The Sisters EP” (1994) “Different Class” (1995) e “This Is Hardcore” (1998). Depois foram desaparecendo dos holofortes da fama, até que, em 2001, quando lançaram o último trabalho de estúdio, intitulado “We Love Life”, Jarvis decidiu acabar com a banda. Ele se casou, teve filhos e se mudou para Paris para viver uma vida reclusa. Mas como todo bom gênio, não conseguiu deixar de transparecer suas idéias em forma de música e, aos poucos, foi compondo melodias e escrevendo letras. E assim nasceu “Jarvis”, seu primeiro disco em carreira solo, gravado com a ajuda de alguns parceiros-metres de Jarvis, como Richard Hawley e Steve Mackey.

A crítica aqui na Inglaterra vem descendo elogios para esse disco. A maioria das resenhas destaca as letras de Jarvis, sempre inteligentes e bem escritas. Mas e a música? Bem, aí temos que analisar com cuidado. Claro, as letras de Jarvis sempre foram e sempre serão um de seus maiores trunfos. No caso desse novo trabalho, estão recheadas de medo e repugnância a esse mundo contemporâneo, onde as pessoas ficam cada dia mais ignorantes e os governantes cada dia mais filhos-da-puta. Concordo em tudo com Jarvis. Mas musicalmente, não espere um retorno de Jarvis a boa forma.

Sim, esse cd vem repleto de belas baladas (“I Will Kill Again”), rockzinhos supimpa (“Fat Children”), ótimos momentos pop (“Heavy Whether” e “From A to I”), passagens perturbadas (“Disney Time”) e boas surpresas (temos que esperar meia hora por uma faixa secreta no final do disco, chamada “Running The World”, uma música com a melhor letra-protesto contra os líderes mundiais que eu já vi), mas, sejamos honestos, está muito longe do esplendor pop que foi o Pulp nos anos 90. Não é um disco ruim, não me leve a mal, mas falta aquele vigor que só o Pulp proporcionava nos ano 90. Não posso nem dizer que esse parece um disco de b-sides do “His’n’Hers” ou “Different Class”, pois até os b-sides daquela época eram absurdamente lindos.

“Jarvis” é um bom trabalho, que tem lá seu charme e que dá prazer em escutar, mas sou uma pessoa fortemente influenciada pela fase áurea do Pulp, então não posso afirmar que é um retorno a boa forma. Acredito que os mais jovens podem gostar desse cd, e com isso ir atrás dos discos do Pulp. E acredito que Jarvis é uma pessoa que tem criatividade fluindo em suas veias, e não vai parar por aí. Com certeza virão outros discos e, quem sabe, um dia ele pode fazer algo tão forte e marcante como seus melhores discos com o Pulp. Mas se não fizer, não tem importância, tá perdoado, ele sempre será Jarvis, o grande Mestre.


Para os jovens de hoje, escolhi um vídeo que mostra o Pulp no auge. É um programa da TV britânica exibido em 1995, onde o Pulp apresenta duas músicas: “Monday Morning” e “Underwear”. Na época, inacreditavelmente, consegui esse vídeo em fita VHS na Galeria do Rock em São Paulo. Veja os movimentos de Jarvis, suas danças esquisitas, seu aspecto dandy, repare no terno, no salto do sapato, na costura da calça, as expressões em seu rosto, na sua magreza. Quando eu tinha 15 anos, tudo o que eu queria ser quando crescer era Jarvis Cocker. É fácil de saber porquê ao assistir esse vídeo.




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LARRIKIN LOVE - "The Freedom Spark"
Em 2002/03/04, o culto aos Libertines aqui na Inglaterra era tão grande que foi inevitável que na cola deles viriam outras dezenas de copias baratas. Praticamente todas eram uma pior que a outra (The Paddingtons, The Unstrung, The Others, pra citar as mais famosas). Deus, essas bandas eram tão merdas que era até constrangedor pensar nelas. Claro que não duraram mais que uma temporada.
Felizmente, dessa plantação nem tudo foi jogado fora. Larrikin Love, do sul de Londres, é um exemplo. Ao lado do The Holloways, é a melhor banda até o momento a sair da sombra dos Libertines e sua jornada rumo a Arcadia, regado do melhor pop-punk cru e romântico. Não que Larrikin Love seja cópia idêntica de Peter Doherty & Cia, mas a essência é a mesma. Depois de diversos singles lançados no ano passado, há algumas semanas atrás vimos aqui no UK o lançamento do álbum de estréia do Larrikin Love, intitulado "The Freedom Spark". E, embora a imprensa britânica tenha detestado esse disco, eu achei legal. A capa representa bem essa visão romântica do mundo de Albion.

Não é nada que vá salvar o mundo, mas porra, da pra ficar entretido com musicas como "Well Love Does Furnish A Life" e "Edwould". Junto com a pegada pop-punk, o Larrikin Love joga pra dentro estilos como ska, folk e musica celta, como podemos perceber nas ótimas "Meet Me By The Getaway Car" e "Forever Untitled". O single "Happy As Annie", com seu alto astral a mil por hora, é certamente a melhor do cd.

O único problema é a banda acreditar demais nesse mundo de Arcadia e Albion, e achar realmente que a Grã-Bretanha dos dias de hoje é uma nação de merda, e que os melhores dias já passaram. Na letra do single "Downing Street Kindling", junto com a boa pegada pop, o vocalista canta no refrão que "Esse pais não há nada mais pra me oferecer / Esse pais é um inferno". Bom, parece que o rapaz tá reclamando de barriga cheia, afinal, onde além da Inglaterra temos uma sociedade tão familiarizada com costumes e contos de Arcádia e da Inglaterra Victoriana? Precisam conhecer outros países pra ver o que é inferno. Tirando isso, o Larrikin Love é competente no que se propõe a fazer: ótimas melodias pop-punk.

THE RADIO DEPT - "Pet Grief"
Oh, o que seria da música sem a melancolia? Essa pergunta com certeza o trio sueco The Radio Dept não saberia responder. Em 2004 lançaram o disco de estréia, que inclusive resenhei aqui na coluna na época. Aquele disco era total shoegazer e se não me falhe a memória, indiquei o disco para os fãs de My Bloody Valentine e Slowdive. Dois anos se passaram e agora em 2006 o trio volta com novo trabalho, dessa vez sem muitas guitarras, com mais roupagem eletrônica, mas com a mesma melancolia.
Esse disco é excepcional do começo ao fim, com suas 12 faixas criando um clima sonhador e injetando no ouvinte boas doses de angústia e melancolia. Bem, isso é o tipo de coisa que os suecos sabem fazer muito bem, né? Pois então, quando você estiver de coração partido ou estiver se sentido melancólico pela simples razão de você ser melancólico, pegue esse disco e faca bom proveito. A loja de discos inglesa Rough Trade falou que esse cd é "a mistura das músicas que o Pet Shop Boys nunca escreveu com o sucessor de Loveless do My Bloody Valentine que você espera até hoje". Pra você ver que aqui no negocio é serio. "Pet Grief" é notadamente um dos lançamentos do ano.


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The Magic Numbers – “Take a Chance”

Como já tinha avisado aqui na coluna algumas semanas atrás, o Magic Numbers vem aí com novo disco, que será lançado agora em novembro. Essa semana eles botaram nas lojas o novo single, a bacana “Take A Chance”, que vem sendo tocada exaustivamente tanto em rádios comerciais como em rádios indie. Assista o clip da música, que também ta direto na MTV:




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CSS

Aqui em Londres o lance é o seguinte...

Quando estou conversando com meus amigos hooligans torcedores fanáticos do Arsenal, eles adoram falar do Ronaldinho Gaúcho. Já quando estou de papo com um metaleiro, ele puxa conversa sobre o Sepultura. E quando estou trocando uma idéia com um indie, ele vem logo falando do CSS.

CSS está nos flyers das baladas indies aqui em Londres, na sessão ‘bandas que tocamos’. Nessa semana a NME fez uma entrevista com um DJ por aqui e o cara fez um top 10 das faixas que ele anda tocando. CSS estava e primeiro, com “Lets Make Love...”

Vão fazer uma turnê por aqui em fevereiro, junto com o Klaxons. Antes disso, não se esqueça, tem CSS dia 08 de dezembro no Fórum, junto com 1990’s e The Rogers Sisters. Acho que possivelmente podem sair na capa da NME nessa época.

Fora que, tirando a Uncut e Mojo (que são boas revistas, porém mais preocupadas com o último peido do Bob Dylan do que com bandas novas), TODAS as revistas de música já fizeram matérias com CSS: Plan B (matéria de capa), NME, The Stool Pigeon, The Fly, Disorder e Artrocker.

Dá-lhe CSS!


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This River Is Wild...

E quanto as paradas britânicas, o KILLERS está em primeiro lugar pela TERCEIRA semana consecutiva, com o álbum “Sam’s Town”. Isso é mais do que merecido, né? Esse sim é um disco comercial, feito para as massas, e que é MUITO bom. Vale ressaltar que a imprensa, assim como o público, amou esse novo trabalho, elogiando demais a trupe de Brandon Flowers. Desde a mídia nacinal, como os jornais The Guardian e Evening Standard, até as revistas mais undergrounds, como Disorder e Dummy (como você pode conferir nas fotos), todo mundo destacou o Killers agora no final de setembro / começo de outubro.

Leia uma boa matéria que saiu na última sexta no jornal The Guardian:
http://arts.guardian.co.uk/filmandmusic/story/0,,1925872,00.html?gusrc=rss&feed=1

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coluna 19 de setembro

THE KILLERS – “Sam’s Town”

Pra quem acha que eu só escrevo sobre artistas desconhecidos, essa é pra você. O Killers lançou um dos discos do ano. Sempre fui fã deles, desde os primeiros shows que fizeram em Londres, em 2003, até os primeiros singles e o LP de estréia. Mas não imaginava que eles viriam com um segundo disco tão bom como “Sam’s Town”. Ah, eles se tornaram gigantes do rock, achei que a fama iria ofuscar as composições. Felizmente, eu estava enganado. Em comparação ao primeiro trabalho, o repertório de “Sam’s Town” vem com canções melhores e maiores. É uma coleção de 12 faixas bombásticas e megalomaníacas, cuspindo uma estupenda muralha de som.

Li que estavam captando influência de gente como Bruce Springteen, mas sinceramente não achei isso; pra mim as músicas acumulam claras referências de U2 (ouça as guitarras de “Bling (Confessions Of A King)”), Queen (se liga nos pianos para “Bones”) e Electric Light Orquestra (preste atenção nos vocais de fundo de “Why Do I Keep Counting”). É exatamente o que você está imaginando: “Sam’s Town” é um disco épico que exala inspiração do começo ao fim.

A receita é aquela que já conhecíamos como característica do Killers: teclados matadores, a ótima voz de Brandon Flowers (que está mais forte e nítida do que nunca) e as guitarras econômicas, porém certeiras. Mas caramba, a fluidez dessas faixas é de se surpreender. “When You Were Young” foi uma boa escolha como primeiro single. Além dela e das citadas acima, ainda temos mais um punhado de jóais: “Read My Mind”, “This River Is Wild” e “For Reasons Unknown”. Impossível não se comover com esse disco. Não a toa foi parar direto no número 1 das paradas britânicas. “Sam’s Town” une os mais críticos fãs de música underground até aqueles que possuem um gosto mais comercial. Sem dúvida, se o Killers já era uma banda grande, vai ficar ainda maior. Merecidamente.



RODDY FRAME – “Western Skies”
O escocês Roddy Frame foi o líder do Aztec Camera nos anos 80, uma banda que fazia um pop na linha dos Smiths e Housemartins. Quando acabaram, já nos anos 90, Roddy saiu em carreira solo e, desde então, vem lançando esporadicamente álbuns e singles, a maioria deles repletos de melancolia e serenidade. “Western Skies” não é exceção. Não sei explicar, mas não tive vontade de escutar esse disco logo quando baixei. Fiquei meses com ele aqui, sem botar o ouvido. Mas teve um dia que um vazio e uma angústia tomaram conta de mim, e quando me dei conta, estava fascinado e dolorido com as 11 canções que aqui estão. Roddy Frame canta com uma voz emotiva e triste sob um refinado folk. Da bossa “Marble Arch” à country “Tell The Truth”, passando pelo pop-rock “Day Of Reckoning”, esse cd é um passeio pelas paisagens mais melancólicas desse planeta. Eu gostaria de não me apegar a discos como esse. Mas isso nunca acontece.


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LONDON CALLING

A revista Time Out de Londres colocou nas bancas essa semana uma edição especial sobre música. Para quem não sabe, a Time Out é um guia sobre a capital inglesa, com reportagens especiais sobre a cidade e cobertura completa de todo tipo de evento que acontece. Nessa edição sobre música, a revista listou as melhores canções tributos a Londres, com comentários e histórias clássicas. Tem de tudo, de Lily Allen até Blur. E ainda um cantor brasileiro. Confira abaixo a lista completa.

50. The Good, The Bad and The Queen – “Herculean”
49. Bob Marley – “Punky Reggae Party”
48. Caetano Veloso – “London London”
47. Gerry Rafferty – “Baker Street”
46. Noel Coward – “London Pride”
45. Smiley Culture – “Cockney Translation”
44. Lionel Bart – “Consider Yourself”
43. Girls Aloud – “Swinging London Town”
42. Noel Gay / Douglas Furber – “Lambeth Walk”
41. Squeeze – “Up The Junction”
40. The Syn – “14 Hour Technicolour Dream”
39. The Smiths – “London”
38. The Pogues – “A Rainy Night In Soho”
37. Harry Champion – “Knocked ‘Em In Old Kent Road”
36. Babyshambles – “Albion”
35. Lily Allen – “LDN”
34. The Who – “I Can See For Miles”
33. Billy Bragg – “A13, Truck Road To The Sea”
32. The Misfits – “London Dungeon”
31. Judy Campbell – “A Nightngale Sang In Berkley Square”
30. The Rolling Stones – “You Can’t Always Get What You Want”
29. Hubert Gregg – “Maybe It’s Because I’m A Londoner”
28. Dizzee Rascal – “I Luv U”
27. Tommy Steele – “What A Mouth”
26. Light Of The World – “London Town”
25. Underworld – “Born Slippy”
24. John & Beverly Martyn – “Primrose Hill”
23. Lord Kitchener – “London Is The Place For Me”
22. Bert Jansch And John Renbourn – “Soho
21. Ali Love – “K Hole”
20. Donovan – “Sunny Goodge Street”
19. The Clash – “London’s Burning”
18. Pet Shop Boys – “West End Girls”
17. The Rakes – “22 Grand Job”
16. Ella Fitzgerald – “A Foggy Day”
15. Blur – “For Tomorrow”
14. Chas & Dave – “Gertcha!”
13. Pulp – “Mile End”
12. Saint Etienne – “London Belongs To Me”
11. Spiritualized – “Oh Happy Day”
10. The Small Faces – “Itchycoo Park”
09. Plan B – “Kidz”
08. The Jam – “Down In The Tube Station At Midnight”
07. The Streets – “Has It Come To This?”
06. Young Tiger – “I Was There (At The Coronation)”
05. Ian Dury – “Peter The Painter”
04. Jamie T – “Sheila”
03. Sex Pistols – “God Save The Queen”
02. The Kinks – “Waterloo Sunset”
01. Ralph McTell – “Streets Of London”


>> Ainda, a revista seleciona as dez capas de discos mais legais que foram fotografadas em Londres, com destaque, claro, para a de Ziggy Stardust do David Bowie, tirada perto do meu trabalho, em Mayfair. E também para o disco ao vivo do Spiritualized, “Live At The Royal Albert Hall”, onde há uma foto panorâmica de cima da cidade, e o sinal de ‘marca registrada’ no logo da banda é o próprio Royal Albert Hall, redondo, visto de cima. Veja!

Spiritualized – “Live At The Royal Albert Hall”

David Bowie – “Ziggy Stardust”

The Beatles – “Abbey Road”

Nancy Sinatra – “Nancy In London”

Wings – “London Town”

The Streets – “Original Pirate Material”

Blur – “Parklife”

The Who – “Meaty Beaty Big & Bouncy”

Oasis – “(What’s The Story) Morning Glory”

Ian Dury & The Blockheads – “New Booties And Paints”


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Thursday, October 12, 2006

 

coluna 12 de outubro

CIRCULUS – “Clocks Are Like People”
Ascenda uma vela, concentre-se, levante seus braços e receba novamente os Deuses Ancestrais em seu coração! Pois o Circulus está de volta com novo álbum aqui no Reino Unido. No ano passado, quando lançaram o primeiro trabalho, cansei de comentar aqui na coluna desse coletivo de oito músicos, sobre como fui abençoado com suas graciosas canções que juntavam elementos medievais e psicodélicos a um pop perfeito. Pois essas canções estão de volta no novo "Clocks Are Like People". Se no disco anterior tivemos músicas num formato mais pop-rock, ainda que complexo, pirado e elaborado, nessa nova empreitada vemos a banda cair numa sonoridade mais folk, com violões conduzindo as faixas para um ambiente mais sereno. Mas ainda sim o som é totalmente Circulus, isto é, no meio dessa jornada espiritual, encontramos flautas, teremim, moogs, banjos e deliciosos backing-vocals femininos. Pode estar mais simples e calmo, mas as energias medievais ainda estão cravadas nas entranhas do Circulus, e por isso eu continuo adorando-os. Confirme você mesmo ouvindo as pérolas “Dragon's Dance”, “Song Of Our Despair”, “Bouree” e “This Is The Way”. Grande trabalho de uma grande banda.

O Circulus toca ao vivo em Londres nos dias 11 de novembro e 16 de dezembro. Mais informações, visite: www.myspace.com/circulus


BERT JANSCH – “The Black Swan”

Bert Jansch é um trovador folk oriundo da Escócia que desde os anos 60 vem gravando discos e sendo referencia para muita gente. Pergunte para Jimmy Page, Neil Young ou Johnny Marr e todos irão citar Bert Jansch como grande influência. Alguns dizem que Jansch é a resposta britânica ao Bob Dylan. “The Black Swan” é seu novo trabalho, depois de anos em silêncio sem lançar nada. Ele aproveitou essa nova onda folk e fez um dos discos mais bonitos do gênero dos últimos tempos, repleto de violão clássico, melodias abençoadas e vocais comoventes. São doze canções apropriadas pra ouvir do começo ao fim num belo domingo de ressaca. E ainda nesse álbum há colaborações com Devendra Banhart e Beth Orton. Um clássico do folk contemporâneo.

Bert Jansch está em turnê nos EUA esse ano e só toca em Londres no comecinho de 2007, no dia 12 de janeiro. Ouça algumas faixas e veja informações da turnê aqui: www.myspace.com/bertjansch


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CANSEI DE SER SEXY


O CSS (ou Cee Ass Ass, como dizem por aqui) realmente está com tudo aqui no UK. Farão um show dia 14 de novembro aqui em Londres, no Scala. Os ingressos se esgotaram em poucos dias. Por conta disso, foi anunciado um novo concerto, dessa vez no The Forum, que comporta 2 mil pessoas. Vish! Tocar no The Forum não é pra qualquer um! Esse é um dos lugares de shows que mais gosto aqui em Londres, e ainda é ao lado da minha casa, aqui no zona norte da cidade. Beleza. Bem capaz que eu vá nesse show, que será no dia 8 de dezembro. Anota aí na agenda. Quem acompanha o CSS nessa são as bandas 1990’s e The Roger Sisters.

Confira o MySpace deles para ver toda a turnê aqui na Inglaterra:
www.myspace.com/canseidesersexy


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THE GOSSIP - "Standing In The Way Of Control"

O trio americano The Gossip lançou um álbum no começo do ano, mas a princípio não deu em nada aqui no UK. Somente com o lançamento do single "Standing In The Way Of Control" foi que a banda passou das páginas da mídia underground para a mídia mainstream. Eu já resenhei o álbum deles aqui na coluna. O clip abaixo passa diariamente na MTV. Adoro!


SCISSOR SISTERS - "I Don't Feel Like Dancing"
Olha, achei o primeiro disco do Scissor Sisters um saco. Até gosto dos trajes da banda, e de toda a performance, mas aquele disco foi um pastiche exageradamente produzido e fake. Porém, tenho que admitir, eles sabem fazer hits. Um exemplo disso é o novo single "I Don't Feel Like Dancing". Um arraso de musica. Irresistível. Sem duvida uma das melhores faixas do ano. Pena que o esse segundo álbum perde a forca quando você chega na quarta musica... "I Don't Feel Like Dancing" quase vale o disco. Mas vale o single, de qualquer jeito. Assista eles fazendo ao vivo no programa do Jonathan Ross.



O KILLERS lançou possivelmente um dos discos do ano com o estupendo “Sam’s Town”. Ele cresce a cada audição. Um Senhor Disco. Não foi a toa que foi direto para o topo da parada britânica. Semana que vem faço a resenha. Enquanto isso, veja que maravilha essa apresentação do Killers aqui em Camden Town, com a música “When You Were Young”, que rolou semanas atrás para um especial de TV:





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coluna 05 de outubro

THE MAGIC NUMBERS
Ao vivo no Buffalo Bar, Londres, 28/09/06


Tudo começou quando fui visitar meu amigo Mario do Wry na noite que ele promove as quartas no Buffalo Bar, chamada Goonite. Acho que eu não marcava presença na festa há meses. Eis que chego lá e após atualizarmos as fofocas do rock, ele me diz “cara, amanha vai ter um show surpresa do Magic Numbers aqui, se quiser te coloco pra dentro”. Como assim?!?! É claro que fiquei animado com a idéia de ver o Magic Numbers tocando no Buffalo Bar, que é um bar não mais que para 100 pessoas no norte de Londres. Não deu outra, no dia seguinte, lá estava este escriba louco para ver Romeo e seus companheiros fofinhos.

A noite estava sendo promovida pela gravadora Transgressive Records, um selo especializado em singles de vinil 7”. Tinham duas bandas de abertura, mas não tava afim de ver e passei boa parte da noite entretido com taças de vinho jogando pinball. Lá pelas 10, os meus gordinhos queridos sobem ao palco. Esse era um show para amigos e familiares, e fiquei sabendo que iriam tocar por 1h30. Delícia. Chegaram tocando uma música nova. Depois outra música nova, tão linda quanto a anterior. Romeo avisou “iremos tocar nosso novo álbum inteiro”. Caralho, que foda! Nem sabia que iriam lançar um cd novo, e agora eu teria o privilégio de ver esse ‘showcase’ do novo trabalho ao vivo!

Veio “Forever Lost”. Quase chorei. Magic Numbers ao vivo é praticamente igual ao trabalho em estúdio; todas as harmonias vocais e as delicadas melodias são reproduzidas impecavelmente no palco. A grande vantagem é ouvir essas pérolas e poder ver a expressão de amor na cara de cada um dos integrantes. O bar era tão pequeno que me sentia como se a banda tivesse me chamado para um ensaio.

A apresentação caminhou maravilhosamente bem, com o quarteto mandando ver músicas inéditas no meio das faixas do primeiro cd. Estavam todas lá: “Love Me Like You”, “I See You, You See Me”, “Which Way To Be Happy” e minha balada preferida “Love’s a Game”. Ver o Romeo em dueto com Angela, a segunda vocalista, foi um momento de tirar a respiração. Quando tocaram o novo single “Take A Chance”, decido que o Magic Numbers é tudo o que preciso na minha vida. As faixas novas não são nem melhores nem piores que as que já conhecemos, apenas tão perfeitas quanto. Eu poderia escrever um livro de mil páginas sobre as sensações que tive nesse show, mas isso fica para outra hora .

Após um hora e meia de show, eu ainda estava em pé, tão anestesiado como no começo. Simplesmente não queria que aquilo acabasse. Mas teve uma hora que o inevitável aconteceu. O show acabou. E dali pra frente não haveria taça de vinho que pudesse me entreter. Corri pra casa e fui dormir, tentando resgatar o sonho que tinha terminado.

>> O novo single da banda, “Take a Chance” sai em 23 de outubro aqui no Reino Unido. O álbum, intitulado “Those The Brokes”, vem em seguida, no dia 06 de novembro.

>> Saem em turnê em novembro, e tocam em Londres no sábado dia 18. Compre ingressos aqui: www.seetickets.com

www.themagicnumbers.net/


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THE PIPETTES
Ao vivo no Islington Academy, Londres, 01/10/06


Maravilha. Mais um show das Pipettes. Esse deve ser o décimo-quinto que vou, mas não importa. Pipettes é sempre bom. Esse show é um pouco diferente dos tantos que já fui. Acho que faz um ano desde a última vez que vi as meninas ao vivo. De lá pra cá, algumas coisas mudaram. Antes, as Pipettes era uma banda independente, que tocava bastante ao vivo (geralmente em bares e pubs) para ganhar público. Tinham um manager, o Andy, que os colocavam em tudo quanto é lugar pra tocar. Era uma época em que você ia nos shows e encontrava as meninas, assim como os The Cassets, tomando uma no bar, conversando com a galera.

Agora, uma agência é responsável pelas Pipettes, e não mais o Andy. Agora, a banda já tem um disco nas costas, e suas músicas são tocadas diariamente em rádios e na MTV. Agora, as Pipettes estão praticamente todas as semanas em algum jornal ou publicação de música, moda ou comportamento. Agora, possuem estilistas de moda para criar os vestidos de bolinha. Agora, não são mais uma banda independente. Agora, elas têm um arsenal de fãs. Agora, não é mais fácil comprar ingressos para ver elas ao vivo. Agora, não encontramos mais eles no bar antes e depois dos shows. Mas a vida continua. E eu continuo amando elas.

Esse show é num domingo a tarde, o primeiro delas sem censura de idade. “Pipettes live: all ages” estava escrito no ingresso. Enfim, esse é o primeiro concerto que elas fazem para as crianças. Dentro do teatro, meninos e meninas de 10 anos aguardam ansiosamente. Há papais e mamães tomando conta de seus pimpolhos. Há famílias inteiras aqui. É como ir passear num parque num domingo de manhã. Nem preciso dizer que estampas de bolinha dominam a platéia, preciso?

Duas bandas de abertura: a primeira, que não me lembro o nome, manda ver um competente power-pop; a segunda, The Hot Puppies, faz rock a lá PJ Harvey. Beleza. Depois de uma espera de 20 minutos, a histeria começa. Pipettes no palco. Iniciam com “Sex”. Criançada pulando e cantando. Alguns tentam imitar as corografias. Foi natural. A banda foi disparando seu arsenal de hits e só restava dançar e ser feliz. “Pull Shapes” foi a que mais animou o público. “ABC”, “Judy”, “It Hurts To See You Dance So Well”, “Dirty Mind”… Deus do céu, só tinha clássico. Rose, Becky e Gwenno estão mais entrosadas do que nunca. E estão sorridentes, como sempre.

Na hora de “One Night Stand” fiquei imaginando se as crianças sabiam realmente sobre o que se tratava a música. Claro que sabiam. Minha preferida das Pipettes, “I Love You”, não foi esquecida. A única coisa ruim dessa canção é que só dura pouco mais de um minuto. Incluíram no set, para minha felicidade, músicas antigas como “School Uniform” e “Simon Says”.

Também apresentaram uma faixa nova, que não me recordo o título, mas que tem o mesmo jeitão disco de “Pull Shapes”. Após um rápido intervalo, voltaram para o bis, e finalizaram com o ‘manifesto’ da banda: “We Are The Pipettes”. Fim de show, criançada dando gargalhadas e pedindo para os pais comprarem camisetas, bolsas, óculos, cachecol e tudo quanto é mais apetrecho que tinha o logo das Pipettes estampado. Essas tão no caminho certo.


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THE REVELATIONS
Ao vivo no Notting Hill Arts Club, Londres, 01/10/06


Depois do show das Pipettes, era hora de seguir para Notting Hill, onde horas mais tarde a nova sensação soul-diva de Londres daria um concerto. As Revelations são três garotas que surgiram no ano passado na cola das Pipettes, com o mesmo formato girl-group. Mas enquanto que as Pipettes possuem altas doses de indie-pop, as Revelations atacam com uma sonoridade totalmente retrô, cuspindo ecos de Phil Spector. E para os marmanjos de plantão, devo acrescentar também que as meninas das Pipettes são bem mais bonitas. Mas isso é minha opinião pessoal e não tem importância.

The Revelations é formado por Annika Magnberg, Sarah Vitorino e Louise Masters. Por trás delas, estão produtores e músicos ligados a Alan McGee. Sinceramente, não sei quem escreve as músicas. Se são os produtores ou as meninas, é a pergunta que não quer calar. Mas não me importo. Eu seria hipócrita se criticasse as Revelations por isso, justo eu que adoro Supremes e Shangri-las e muitas outras girl-groups dos anos 60 que tinham compositores profissionais por trás dos hits. O que interessa é que a música é boa.

Essa noite é organizada pelas meninas das Revelations e tem o nome de “Revelations Book Of Soul”. Esse é um projeto mensal que elas têm no Notting Hill Arts Club, onde sempre convidam outras bandas pra tocar, assim como são responsáveis pela ótima discotecagem, recheada de vintage soul.

Quando o show começou, confesso que fiquei com o pé atrás. Tipo, elas começaram a fazer coreografias, igualzinho como fazem as Pipettes. Fiquei meio confuso. Ok, usar o mesmo formato de banda, tudo bem. Mas fazer coreografias? Isso seria praticamente uma imitação das Pipettes. Quase fui embora, mas coloco na cabeça que o pop vive e sempre viveu de reciclagens e que o que realmente importa é a música. E nisso as Revelations não falham. Pelo contrario, mandam bem pra cacete!

O concerto foi jorrando canções fincadas firmemente em soul-music dos anos 60. Havia também bastante influência de Abba, principalmente nas baladas. Mas eram as mais agitadas que eu gostava mais, como o single-hit “You’re The Loser”. Como essa, as Revelations têm umas cinco. Uma mais irradiante que a outra. Tirando as coreografias, que realmente achei desnecessário, a banda é sensacional.

Phil Spector, Burt Bacharach, Motown, Dustry Springfield. Realmente, as Revelations pegam as melhores referências. Anunciaram um novo single para novembro, que vai sair pelo selo Poptones. Depois de 40 minutos, desceram sorridentes do palco, sob aplausos das 50 pessoas presentes. Era hora da discotecagem do Alan McGee. Claro que fui embora, pois não deixaria aquelas músicas chatas que o McGee toca estragar o clima soul que o show proporcionou. Boto fé nas Revelations.


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RESENHAS


NICKY WIRE – “I Killed the Zeitgeist”

Gente, posso falar? Nicky Wire é foda! Que discão! Olha, que construam bustos dele e do James Dean Bradfield pelo mundo afora! Em 15 anos de carreira, os Manic Street Preachers não lançaram NENHUM disco ruim. E agora em 2006 vemos os trabalhos solo tanto do James quanto do Nicky. Só fizeram coisas boas pelo rock. “I Killed the Zeitgeist” é a primeira investida em carreira solo do baixista e ícone dos Manics. Quando ele começou a gravar no começo do ano, soltou na imprensa que estava fazendo um disco de punk-rock cru. Fiquei curioso. Essa semana foi lançado o dito cujo, e quando colocamos pra tocar, vem a bela surpresa: é puro power-pop! E dos bons! A produção está notadamente crua e abusando da simplicidade, mas as composições são excelentes, repletas de melodias sagaz. Uma prova disso é o single “Break My Heart Slowly”, que começa com um áspero riff de guitarra, para depois entrar com um violão e desencadear tudo no mais belo power-pop. “Shining Path” também segue por mesmas trilhas, assim como “You Will Always Be My Home”. Há alguns números que mostram serenidade, ainda que de forma perturbada, como vemos em “Goodbye Suicide” e “Bobby Untitled”. É um álbum recheado de canções que lembra um montão de bandas e não lembra nada ao mesmo tempo. É apenas rock, e rock é universal. “I Killed the Zeitgeist” é um puta disco.


THE RAPTURE – “Pieces Of The People We Love”
Depois do lançamento desse novo trabalho do The Rapture, ficou mais do que comprovado: eles são os chefes dessa nova onda New-Rave. Não vou dizer que “Pieces Of The People We Love” é um sopro de frescor na música, mas ainda sim sua qualidade está acima do que os trampos dessas novas bandas ‘new-rave’. Pra mim, nunca o rock foi tão bem misturado com a dance music como aqui. A faixa de abertura “Don Gon Do It” chega com muita volúpia e saudáveis doses de Basement Jaxx. Muito sexy. Se você procura algo tão pegajoso quanto o hino “House Of Jealous Lovers”, do primeiro álbum, tente o single “Get Myself Into It”. Com certeza deve causar gritaria em pistas desse mundão. Enquanto que “Get Myself Into It” remete aos ótimos agitos do LCD Soundsystem, “The Devil”, a melhor música do cd, é puro funk, pisando irresistivelmente no mesmo território de Jacques Lu Cont. Eita disco bom, esse. Torpedos dance-rock é o que não faltam: “The Sound”, “Down For So Long” e “Whoo! Alright-Yeah...Uh Huh”. Não poderiam mesmo faltar, afinal The Rapture é isso. Só faça o seguinte: quando você estiver se preparando para os embalos de sábado a noite, coloque esse cd pra tocar. Você estará sob companhia da melhor das energias.


Então pessoal, não sei quanto a vocês, mas até agora, a minha lista de melhores discos do ano está assim...


THE PIPETTES – “We Are The Pipttes”
GUILLEMOTS – “Through The Window Pane”
THE SLEEPY JACKSON – “Personality - One Was a Spider One Was a Bird”
THE AUTOMATIC – “Not Accepted Anywhere”
JOHNNY BOY - "Johnny Boy"
I’M FROM BARCELONA – “Let Me Introduce My Friends”
THE ELECTED – "Sun, Sun, Sun"
MY LASTEST NOVEL – "Wolves"
THE MONTGOLFIER BROTHERS – "All My Bad Thoughts"
THE FLAMING LIPS - "At War With The Mystics"
TILLY AND THE WALL – “Bottoms of Barrels”
JENNY LEWIS with THE WATSON TWINS – “Rabbit Fur Coat”
ESPERS – “Espers II”
JOHN HOWARD – “As I Was Saying”
DAVID GILMOUR – "On An Island"
THE RAPTURE – “Pieces Of The People We Love”
TV ON THE RADIO – "Return to Cookie Mountain"
BELLE AND SEBASTIAN – "The Life Pursuit"
JAMES DEAN BRADFIELD – "The Great Western"
LAMBCHOP – “Damaged”
ISOBEL CAMPBELL & MARK LANEGAN – “Ballad Of Tthe Broken Seas”
ACID CASUALS – “Omni”
NICKY WIRE – “I Killed the Zeitgeist”
THE SUNSHINE UNDERGROUND – “Raise The Alarm”
PET SHOP BOYS – “Fundamental”
PRIMAL SCREAM – “Rock City Blues”
ABSENTEE – “Schmotime”
SHACK – “On The Corner Of Miles And Gil”
FARIÑA – “Allotments”
YEAH YEAH YEAHS – “Show Your Bones”
GRAHAM COXON – “Love Travels At Illegal Speeds”
RHETT MILLER – “The Believer”
TWO GALLANTS – “What the Toll Tells”
SCOTT WALKER – “The Drift”
THE YOUNG KNIVES – “Voices Of Animals And Men”
TOY – “Toy”
DIRTY PRETTY THINGS - "Waterloo To Anywhere"
EMBRACE – “This New Day”
DEVICS – "Push The Heart"
DELAYS – "You See Colours"
SPARKS – "Hello Young Lovers"
THE GOSSIP – " Standing In The Way Of Control"
HOPE OF THE STATES – “Left”
BE YOUR OWN PET – "Be Your Own PET"
DESTROYER – "Rubies"
ARCTIC MONKEYS – “Whatever People Say I Am, That's What I'm Not”
THE KOOKS – “Inside In/Inside Out”
THE STROKES – “First Impressions Of Earth”
CAMERA OBSCURA – “Let's Get Out of This Country”
EL PERRO DEL MAR – “El Perro Del Mar”
BARZIN – “My Life In Rooms”
TRES CHICAS – “Bloom, Red & The Ordinary Girl”
SKYE – “Mind How You Go”
LILY ALLEN – “Alright, Still”
THE DIVINE COMEDY – “Victory For The Comic Muse”
BOY KILL BOY – “Civilian”
MORNING RUNNER – "Wilderness Is Paradise Now"
RAZORLIGHT – “Razorlight”


Isso que eu ainda nem ouvi o The Killers novo...



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LUCKY SOUL
Estou viciado num novo conjunto londrino chamado Lucky Soul. Conheci através de uma compilação indie-pop que comprei essa semana. E o Lucky Soul até o momento foi o que me chamou mais atenção. Soul Music desse século. Ecos de Saint Etienne. Inocência. Música Pop. Essa banda pode ser isso e mais um pouco. Semana que vem falo mais. Enquanto isso, assiata um clip de introdução para eles:



See ya next week!




xxx

 

coluna 28 de setembro

TILLY AND THE WALL
Ao vivo no Islington Academy, Londres, 21/09/06


Em tempos que tudo já foi feito e refeito na música e que praticamente todos os caminhos e estilos já foram explorados, o que vale numa banda hoje em dia é a criatividade e inventividade. E nisso os americanos Tilly And The Wall estão bem. São apadrinhados pelo Bright Eyes e já estão com dois discos nas costas, sendo que o último, “Bottoms Of Barrels”, lançado nesse ano, foi devidamente resenhado e elogiado aqui na coluna. Fizeram na semana passada uma excursão aqui pelas terras da rainha e, no último show antes de embarcarem de volta sua cidade natal de Nebraska, consegui vê-los ao vivo, aqui em Londres.

Apenas 6 libras para ver uma banda americana, num palco e espaço impecável, o Islington Academy. Londres é realmente foda. É desses shows que gosto: baratos e sem muito alarde para comprar ingressos antecipados. É só chegar, pagar e ir direto pro bar esperar o show começar. E que show, foi esse do Tilly And The Wall. O conceito me pareceu similar aos das Pipettes: três garotas lindas na frente, e marmanjos cuidando dos instrumentos (um violão e um teclado). Mas a similaridade acaba aí.

Admito que atualmente minha paciência com novas bandas está diminuindo, já que falta inventividade na maioria delas. Porra, seja menos preguiçoso e pense em algum diferencial para a sua banda. Faça como fez o Tilly And The Wall, acrescente de leve um outro estilo musical junto ao seu pop perfeito. No caso desses americanos, suas canções são levemente temperadas com flamenco, e isso certamente dá destaque pra eles. Mais ainda é a performance ao vivo. Não acreditei quando vi que toda a percussão da banda é tocada com sapateados das três garotas na frente. Sim, elas ficam sapateando e fazem o papel de baterista. Porra, os sapateados eram microfonados. Foda. Dá um outro astral para o show.

Começaram o concerto mandando ver um indie-pop perfeito, enquanto umas das minas, a Jamie, era a sapateadora chefe. Violão, piano, doces vocais femininos e muito sapateado. A sapateadora chefe se sentia numa apresentação de ballet. Indie-pop com flamenco: parece impossível mas funciona. O primeiro disco deles é mais folk, e o segundo mais agitado. Os primeiros 30 minutos do show foi um repertório abrangendo os dois discos, sendo a faixa “Reckless” que mais me fez cantar; depois disso, vieram os hits do último cd, e daí pra frente contagiou praticamente todas 300 pessoas presentes.

Naquela semana haviam lançado aqui no UK o single “Rainbows In The Dark”, e um dos melhores momentos foi quando tocaram essa. Os sapateados estavam mais fortes do que nunca. Na hora de “The Freest Man”, indiscutivelmente a melhor música da banda, houve emoção tanto por parte da platéia como da banda. Kianna, a vocalista principal que você vê na foto, tirou as palavras do fundo do seu coração e cantou num vozeirão de lavar a alma de qualquer um. Tocante. Lindo. “Bad Education” também animou bastante o público, assim como “Sing Songs Along”. Já “Lost Girls” deu uma freada no pique, ainda que de forma maravilhosa, com delicadas notas de piano e leves sapateados. Uma bonita balada.

Antes da ótima “Fell Down The Stairs”, Kianna disse que iriam embarcar de volta para os EUA dentro de seis horas, e estavam tristes por deixar o UK. Isso talvez explique o alto-astral e emoção que passavam para a platéia. Se abraçavam a todo momento, pulavam, dançavam e sorriam. Kianna principalmente era a mais emocionada, e se contorcia em todas as músicas. Não há nada melhor do que ver uma banda tocando com vontade. Depois de um bis de três músicas, se despediram. Estavam visivelmente contentes pelo show e entristecidos por ter que voltar pra casa. Tilly And The Wall, o grupo que consegue juntar flamenco com indie-pop e se dar muito bem, principalmente ao vivo. Soberbo.


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LILY ALLEN
Ao vivo na Virgin Megastore de Oxford Street, Londres, 26/09/06


Eu tava de bobeira no centro de Londres quando passei pela Virgin de Oxford St e vi uma muvuca de garotinhas de 12 anos com aquele jeitão hip-hop. “Devem ser as Pussycat Dolls”, pensei comigo. Engano meu. Era a Lily Allen, que se apresentaria ao vivo ali na loja dentro de 20 minutos. Após uma rápida reflexão sobre minha vida e a possibilidade de eu ter perdido o rumo dela completamente, decidi ir conferir. Sim, fiquei chocado e deprimido com aquilo. Algo deve estar errado para eu estar no meio de crianças de 12 anos para ver um show. Pô, mas Lily Allen é tão legal. Para meu alívio, pouco antes de começar, pessoas mais grandinhas e adultas chegaram para me fazer companhia. Lily Allen é ícone teen aqui no UK; 80% do seu público é formado por garotas entre 10 e 15 anos.

Esse foi o primeiro show que vou com essa platéia hip-hop. A diferença para um show de rock é que, além dessa turma hip-hop cheirar melhor, quando o artista entra você vê uma montanha de telefones celulares na sua frente. Toda a molecada quer tirar fotos com seus brinquedinhos. Acho que o único que não estava com o celular levantado era eu. Pois então, lá pelas 6 da tarde, dona Lily Allen chegou, com aquele seu vestidinho marca registrada, e suas pulseiras, brincos e correntes douradas. A primeira música foi a ótima “LDN”, que estava sendo lançada naquela mesma semana. A faixa é um tribito a Londres, cidade que Lily e eu tanto gostamos. “Sun is in the sky oh ai oh ai oh ai and I don’t wanna be anywhere else”. “LDN” poderia ser música de abertura desse site.

Depois teve o b-side, “Nan You’re a Window Shopper”, que é legalzinha. Em seguida o hit-mor, “Smile”, que foi a que todos estavam esperando. Uma ótima música de verão. O rap de “Not Big” foi a próxima. Pra terminar, veio a faixa que finaliza o cd, a engraçadinha “Alfie”, que fala sobre o irmão maconheiro de Lily. A melodia de “Alfie” parece música de desenho animado. Fofa. Aí terminou. Cinco música apenas. Ah, ta valendo para um show gratuito no intervalo do seu trampo. Lily tem carisma. Sua performance de palco não vai além de algumas reboladas e contorcidas discretas, mas aquele seu rosto sapeca e sorridente adiciona mais coisas no ar. Lily agora iria dar autógrafos para 300 crianças e eu voltar a trabalhar. London swings.



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I’M FROM BARCELONA – “Let Me Introduce My Friends”
Ah, músicas felizes. As vezes é bom. No caso dos suecos I’m From Barcelona, é sempre bom. 29 pessoas numa banda. Acho que bateram o recorde. Nem é mais banda, e sim um coletivo. Esse álbum foi gravado enquanto o líder da trupe, Emanuel Lundgren, recebia em sua casa visitas de amigos, que chegavam sempre carregando instrumentos diversos e abarrotados de idéias. Emanuel então foi gravando essas idéias junto com seus camaradas e o resultado é “Let Me Introduce My Friends”, uma coleção (com título mais do que apropriado!) de 11 hits indie-pop pra fazer qualquer fã de The Boy Least Likely To pular da cadeira e começar a dançar. Sinceramente, se o mundo soubesse um pouco o que é justiça, as 11 cancões desse disco seriam lançadas em singles de vinil 7”. Mas como isso não vai acontecer, o jeito é a gente ser feliz com esse disco cheio de climas irradiantes e alegres. E dá pra ser muito feliz. Destaques: “Oversleeping”, “We're From Barcelona”, “Treehouse” e “This Boy”. Dica: após a última música do cd, há uma outra faixa escondida, e é muito muito boa!! Um dos álbuns do ano.


RAZORLIGHT – “Razorlight”
Dois anos após o álbum de estréia, os meninos do Razorlight voltam com um segundo trabalho notadamente mais adulto e coeso, e ainda sim cheio de credibilidade com a nação indie. Se no primeiro disco o pique das músicas foi inspirado em noitadas regadas a muitas drogas e cerveja em pistas indie de Londres, nesse novo a atmosfera é de uma banda se identificando com o sucesso e querendo soar o menos adolescente possível, tanto musicalmente como nas letras. Foi-se a urgência punk, veio um rock sereno. O primeiro single “In The Morning” é facilmente uma das melhores músicas de 2006. Outros destaques vão para “America” (epic-rock), “Back To The Start” (rock-a-reggae) e “Kirby's House” (power-pop). Sabe de uma coisa? Eu adoro Razorlight!


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SHOWS

O segundo semestre está prometendo aqui em Londres. Na verdade, outubro é o mês que as coisas começam a funcionar pra valer por aqui, e toneladas de shows e eventos tomam conta da capital inglesa. O verão e as férias se foram, então é hora de trabalhar. Outubro, novembro e dezembro são os meses mais agitados, com certeza. Já que é assim, você pode conferir abaixo uma lista de shows que recomendo nessa época.

Começando logo nesse domingo, 01 de outubro, tem uma dobradinha indie-pop girl-group! E ainda é durante o dia! Não dá pra perder!

Ao meio-dia, minhas adoradas e agora famosas THE PIPETTES (www.myspace.com/thepipettes) fazem uma apresentação no Islington Academy. Esse show é ao meio-dia, pois permite a entrada de menores de 18 anos. Ou seja, estará entupido de crianças fãs das Pipettes! Ah, como eu queria que minha irmãzinha estivesse aqui comigo para me fazer companhia!

Depois do show das Pipettes, é hora de rumar para a área oeste de Londres, onde as THE REVELATIONS (www.myspace.com/therevelationsuk) fazem show por volta das 16hs no Notting Hill Arts Clubs, que fica, obviamente, no bairro de Notting Hill. Já falei das Revelations aqui, ta lembrado? São três garotas com um paladar indie-pop que contam com produtores espertos e músicas mais espertas ainda. Esse será o primeiro show que vejo delas e estou animado. O single “You're The Loser” que elas lançaram em 2005 é um clássico e estou louco pra ver as músicas novas.

Não precisa comprar ingressos antecipados, acho eu. É só chegar, pagar e entrar.

>> ISLINGTON ACADEMY
N1 Centre - 16 Parkfield Street - London N1 0PS

>> NOTTING HILL ARTS CLUB
21 Notting Hill Gate - London W11 3JQ

Como você pode ver, é o DOMINGÃO INDIE-POP que está dominando Londres!

Os concertos a seguir requerem a compra de ingresso antecipado.

BABYSHAMBLES + THE HOLLOWAYS – 05 de outubro – Brixton Academy

TV ON THE RADIO – 10 de outubro - Koko

THE LONG BLONDES – 17 de outubro – Mean Fiddler

CAMERA OBSCURA – 18 de outubro – Scala

GUILLEMOTS – 02 de novembro - Astoria

THE AUTOMATIC – 03 de novembro - Forum

CANSEI DE SER SEXY – 14 de novembro – Scala

THE RUMBLE STRIPS – 15 de novembro – Kings College

JARVIS COCKER – 15 de novembro - Koko

THE MAGIC NUMBERS – 18 de novembro – Hammersmith Apollo

PRIMAL SCREAM – 24 de novembro – Hammersmith Apollo
PRIMAL SCREAM – 02 de dezembro – Brixton Academy


Você pode comprar ingressos aqui:
www.gigsandtours.com
www.ticketweb.co.uk


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VÍDEOS DA SEMANA

Atenção, caso você não consiga visualizar o vídeo ou seu computador é muito lerdo, clique duas vezes na telinha que abre uma outra janela com o link do YouTube. Easy.


THE FRATELLIS

Olha, nem sou muito fã deles. Uma vez vi um show e achei chato. Na minha opinião, falta uma coisinha na música desses rapazes ingleses: ousadia. Entretanto, devo confessar que o single “Chelsea Dagger”, lançado recentemente aqui no UK, é divertido. Mais ainda é o clip, com sua estética burlesque. Taí, gostei dessa música. Porém, ainda não me animo para escutar o álbum. Assistam o vídeo:



E o THE HOLLOWAYS? Indie-rock com melodias pop correndo soltas. Comentei deles quando apareceram com o ótimo single "Generator", no começo do ano. Algumas semanas atrás foi lançado um outro single, o igualmente belo "Two Left Feet". Os caras embarcarão numa turnê com o Babyshambles agora em outubro e nas próximas semanas sai o álbum de estréia. Desistiram de esperar a oferta de uma grande gravadora e estão saindo pelo selo independente TVT Records. Abaixo você confere o clip de "Two Left Feet".



Já o LARRIKIN LOVE é uma das bandas que mais leva pau na imprensa daqui. Já li uns três jornais/revistas acusando eles de serem copiadores dos piores momentos dos Libertines e, resumindo, ser uma banda de merda. Ainda não ouvi o disco para dar minha opinião, mas confesso que e difícil eu não me empolgar com o single "Happy As Annie".



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Por aqui, os brasileiros dominam. Cansei de Ser Sexy saiu, merecidamente, como vc vê na foto, na CAPA da revista Plan b, além de uma matéria na revista independente The Stool Pigeon; já os The Tamborines foram resenhados pela NME com o single "Sally O'Gannon", que saiu pela gravadora shoegazer Sonic Cathredal.

Parabéns para as bandas!

FUI.

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