Friday, February 25, 2005

 

coluna 18 de fevereiro

Children Of The Revolution

Heeeeeey, eu de novo, sim, como não?! A coluna dessa semana está mais do que recheada de boa música e bom humor. Logo de cara tem minha resenha do show do The Tears nessa última quarta, em Londres. Ainda, tem mais lendas de Pete Babyshambles, o retorno do Idlewild e também o corte de cabelo da moda aqui em Londres. Não deixe de ler! Vejá só, tem até colaboradora! Leah Taylor, minha amiga em New York, conta como foi o show dos ingleses dos Kaiser Chiefs por lá. Eita, que delícia! Se joga!



NME Awards Tour
The Tears The Magic Numbers The Dead 60’s Nine Black Alps
Londres, Astoria Theatre, 16/02/2005

Oh… poderia ter show do The Tears toda semana, né? É uma sensacão de prazer única trabalhar o dia todo e saber que a noite vou dancar e curtir The Tears. Acabo trabalhando mais motivado e produzo mais.

O concerto dessa noite foi organizado pela NME. Quatro bandas no total. A primeira delas, Nine Black Alps, era um lixo barulhento qualquer que me fez ir direto para o bar encher a cara de cerveja. Volto para conferir os tais The Dead 60’s. Já conhecia uma música deles, o ótimo single ‘Riot Radio’, então meio que já sabia o que estava por vir. E foi aquilo mesmo que eu presumia: uma ótima apresentacão de rock regado a muito ska, raggae e The Clash. Já me imagino no verão curtindo o som desses caras numa praia qualquer… Uma beleza.

Depois vieram os aguardados The Magic Numbers e que delícia de banda! Pense numa mistura de Beachwood Sparks com Ryan Adams. Esse refinado quarteto ‘2boys/2girls’ vem da parte oeste de Londres e eu sou super orgulhoso disso.

Sim, do mesmo jeito que me sentia orgulhoso das bandas boas paulistas (Laboratório, Objeto Amarelo, The Concept) quando morava em São Paulo, hoje, morando a quase dois anos em Londres, fico super excitado quando um grupo bom emerge daqui. Ainda mais os Magic Numbers! Eles fazem power-pop-country-folkie e não são de Nashville, são da urbana Londres. E isso é ótimo!

Depois do show um intervalo rápido para pegar mais cerveja e aguardar Brett Anderson & Bernard Butler subirem ao palco. E não demorou muito para isso acontecer. Um tecladista de apoio entra primeiro e fica no fundo do palco, sem notoriedade. Bernard vem depois, seguido de Brett, que ruma calmamente em direcão ao centro do palco. O Astoria vira uma histeria.

Comecam com a lindíssima balada ‘A Love As Strong as Death’, uma cancão tão forte como ‘The 2 Of Us’. Bernard ao piano e Brett a cantar. Me lembrou Suede circa 93, quando iniciavam o show do mesmo jeito com a tocante ‘The Next Life’.

Quando a música está para terminar, Nathan Fisher assume o baixo e Mako Sakamoto a bateria. Emendam com as primeiras batidas de ‘The Lovers’ e a platéia comeca a pular. Essa música é o Suede dos bons tempos e deveria ser o single. Up-beat, contagiante, feliz…

Novamente emendam sem pausa com a maravilhosa ‘Autograph’, uma cancão marcante pelas absurdas linhas de guitarras de Bernard e pelo jeito soulful de Brett cantar. É minha atual faixa preferida da banda. Uma jóia do mais alto calibre pop.

O show continua. Vêm as fracas ‘Brave New Century’ e ‘Beautiful Pain’, onde a banda perde um pouco o brilho. Soam como b-sides do Suede na época de Head Music.

Mas recuperam todo o brilho e mais um pouco quando despejam as fantásticas ‘Two Creatures’, ‘Refugees’ e ‘Imperfections’. A banda está em ótima forma. Brett canta bem, mas está irreconhecível na sua performance.

Definitivamente, ele já não é aquele Brett andrógino, ousado e sexy que acostumamos a ter conosco. Suas roupas também já não são mais as mesmas… Veja o que o tempo faz com uma pessoa. Brett está apagado, quieto e sem brilho. Quando muito abre os bracos para cantar. Em 2003 vi Suede ao vivo e ele era diferente. Parece que ele está querendo enterrar aquela persona. Tenho certeza que ele vai se arrepender disso no futuro.

Bernard, por sua vez, é o oposto. Não consegui tirar os olhos dele. Simplesmentefaz o Brett desaparecer no palco. Ele é um gigante. Suas linhas de guitarras passam longe do óbvio, nos levam por um lado oposto do que a gente pensa que vai. É um show aparte. Deus, que classe! Bernard é articulado, talentoso e HOT. Poderíamos fritar ovos em cima dele de tão quente que ele é.

Seguem com ‘Primitives’, ‘Asylumn’ e ‘Apollo 13’, esta última um clássico absoluto. Uma balada que só mesmo o Suede…. OPS! o The Tears sabe fazer. É uma das preferidas do público e Brett disse que será o single.

Saem para um break e retornam para o bis, tocando outra bonita balada ‘The Ghost Of You’. Após a cancão, são ovacionados pelas duas mil pessoas presentes e deixam o palco. Fim de show. É hora de voltar a realidade e encarar o frio no caminho de casa. Antes disso, compro uma camiseta do The Tears para usar no dia seguinte no trabalho. Cheers!


+ The Tears

Logo após o show, Brett deu uma entrevista para a NME, falando do seu passado com o Suede e o futuro com o The Tears. Falou também que já tem um disco solo gravado. Ele disse: ‘Demorei seis anos para fazer dois discos com o Suede, e agora demorei um ano para fazer dois discos, um com o The Tears e outro solo. Me sinto bem com isso’.

Sobre os outros membros do Suede, comentou: ‘Respeito eles como pessoas e músicos, mas como em qualquer relacão, ficou rotineira, como se fosse um trabalho e não um prazer. E eu prometi pra mim mesmo que não me tornaria desse jeito’.

Ainda disse sobre como é desafiador trabalhar com Bernard: ‘No Suede chegamos num ponto onde eu tinha o contrôle de tudo, e com The Tears é diferente. Bernard me desafia com uma melodia e eu o desafio de volta. Ainda estamos aprendendo como nos portar no palco. Ainda estamos no comeco. Fizemos apenas seis shows e tenho certeza que nosso album sera espetacular’.

O concerto de quarta foi considerado ‘gig of the week’ pelo jornal Metro, distribuido gratuitamente nas estacoes de metro aqui de Londres. Na nota, o jornal enfatiza a semelhanca entre Suede e The Tears, dizendo: “The Tears actually sound just like Suede did when they were good”.

Na semana passada foi publicado na revista Uncut um pequeno artigo sobre o retorno de Brett Anderson e Bernard Butler, com depoimentos de ambos. Na nota, comenta-se que poucos imaginariam que, após dez anos sem se falarem, Brett & Bernard estariam novamente fazendo música em 2005.

Bernard diz: “Sei que isso soa sentimental e embaracoso, mas no momento que o telefone tocou em minha casa na manha seguinte ao último show do Suede, eu sabia que seria Brett. Foi a primeira vez que falávamos em dez anos e a conversa foi meio que `E ai, como vai? Vamos sair e tomar uma cerveja?` Depois logo nos primeiros cinco minutos no nosso encontro, decidimos que iríamos fazer um disco juntos novamente. Em cinco minutos toda a mágoa dos últimos dez anos foi esquecida. As pessoas tendem a nao lembrar que éramos amigos. Elas esquecem quanto tempo passamos juntos e quão envolvido emocionamente estávamos. Mas isso nao é uma reformacao porque nao é Suede. Deixamos claro que é algo diferente. Tudo que eu e Brett nos importamos no momento é fazer um bom disco’.

Bem, acho que esse papo do Bernard de que The Tears nao é Suede é conversa pra boi dormir… The Tears é Suede sim, The Tears soa mais Suede que os últimos dois discos do Suede. Sorte nossa!

Ainda no mesmo artigo, a Uncut brinca e publica um quadrado assim:
Friends reunited? If Brett & Bernard can, why not…
- Morrissey & Marr
- Ian Brown & John Squire
- Brian Wilson & Mike Love
- Lou Reed & John Cale




Babyshambles, a saga continua

Fãs de rock, unidos! Vamos todos cruzar os dedos e torcer para Pete nao ser condenado. Ele enfrenta a court na segunda, dia 21, e se for considerado culpado pode pegar quarto anos de prisão. Ele já disse que vai se matar se for pra cadeia novamente. O rock precisa de Pete!

Se Pete sair dessa numa boa, os Babyshambles estão marcados para tocar na terca no prestigiado Brixton Academy. Mas com baterista novo. Gemma Clarke, a tradicional e charmosa baterista, saiu da banda por não aguentar mais o stress que é viver ao lado de Pete. Ela teve seu kit de bateria destruido na riot que teve no Astoria em dezembro, quando Pete não apareceu para o show. Em entrevista chocante à NME, Gemma falou que fazer turnê com os Babyshambles era um inferno. Disse: ‘enquanto eu estava no andar de baixo do tour-bus assistindo ‘Procurando Nemo’, Pete e seus amigos estavam fumando crack e injetando heroína no andar de cima’.

Ainda acusou de irresponsáveis os agentes por trás da banda, por deixar Pete fazer shows em estado tão precário por causa das drogas, e que esse foi o maior motivo pra ela ter saido. Uma pena. Gemma era a cara dos Babyshambles.

Pete e Kate Moss continuam dominando as notícias por aqui. Ele atualmente está num centro de reabilitacão contra drogas. Ela está em New York promovendo suas marcas. Kate está na capa da revista Grazia, onde afirma que Pete realmente é muito excitante. Disse que certa vez, Pete fez uma serenata na janela do quarto dela, cantando músicas de Van Morrisson e Rolling Stones, tudo para ganhar o coracão da moca. Kate afirmou que esse foi um dos momentos mais românticos de sua vida.




Idlewild, o retorno

Pois sim, para o bem da música, em marco uma das bandas mais legais da Escócia volta com novo álbum. O agora quinteto Idlewild lanca ‘Warning/Promisses`, quinto álbum da carreira. E as perspectives são as
melhores a respeito do futuro da banda.

Recentemente votado pelos leitores da revista escocesa The List como a terceira banda mais importante da Escócia, atrás de Travis e Belle & Sebastian
respectivamente, o Idlewild é agora uma banda mais do que renovada, tanto psicologicamente quanto musicalmente.

Após a traumática saída do baixista Bob Fairfoull em 2003, o frontman Roddy Woomble decidiu mudar-se da Escócia para New York, e de lá comecar a compor as músicas para o follow-up do excelente `The Romete Party`. Ainda, substituiu o baixista e adcionou um Segundo guitarrista, dando uma nova cara para o grupo. O Idlewild já não é mais aquele bando de moleques tocando indie-hardcore como nos primeiros albums. Foi somente no já citado lp `The Remote Party` que eles envergaram para um lado mais pop., e nesse novo trabalho a banda segue pelo mesmo caminho, nos presenteando com um gentil college-rock.

Após moldar as cancões em New York, Roddy decidiu gravar o long-play parte na Escócia, onde o resto da banda ainda reside, parte em Hollywood, California. Tony Hoffer foi o produtor. E eu, mais do que niguém, espero que esse novo disco coloque o Idlewild de volta aos charts britânicos.

Questionado pela NME se as pessoas ainda se importariam em gastar dinheiro com os discos do Idlewild, Roddy respondeu: `eu me considero relevate,
considero minhas letras relevantes e considero minha banda relevante musicalmente, então a resposta para a sua pergunta é: sim, acho que as pessoas ainda se importam com a gente`. Ouvindo o ótimo single `Love Steals Us From Loneliness`, eu não seria idiota de duvidar.





Steve Strange, o dandy decadente.

Recentemente saiu uma edicão especial da revista Q sobre a história do electro-pop. Recheada de ótimos artigos sobre Depeche Mode, Bowie e Human League, entre outros, há um em especial, sobre o Visage, que merece uma nota minha. O texto me faz ter ataques bobos de risadas toda vez que lembro dele, seja se estou cozinhando, tomando banho ou a caminho do trabalho sentado no metrô.

O Visage foi uma das bandas dos anos 80 que fazia a linha New Romantic, com muita maquiagem e superficialidade, e que lancou três albums nos período de 80 à 84. Chegaram até a emplacar o belo single ‘Fade To Gray’ em oitavo lugar nas paradas britânicas. Mas o que chama atencão nos texto, e também na própria carreira do Visage, é o frontman Steve Strange.

Famoso pelas suas extravagâncias, Strange foi sem dúvida o símbolo dos New Romantics. Ele comecou a ganhar fama nos final dos anos 70 quando trabalhou em clubs do circuito underground de Londres, como o Blitz.

Em 79 formou o Visage e já na época que a banda tinha alguma notoriedade, Strange irritava os outros integrantes do grupo com seus absurdos gastos com drogas e, principalmente, roupas, já que no momento estava ganhando um consideravel dinheiro. Num período de seis meses, Strange gastou £80.000 em roupas, o que na época era considerado uma fortuna.

Mas suas extravagâncias não eram somente com roupas. O set de
fotos para a capa do segundo disco da banda custou mais à gravadora do que a gravacão das músicas (!). Mas a parte que me faz rir do artigo comeca agora.

Após o fim do Visage no final dos anos 80, Strange promoveu diversos clubs na Inglaterra, todos sem muito destaque. Em 2000, já com 40 anos, foi preso no sul do País de Gales por ser pego roubando um boneco Teletubby de uma loja de brinquedos. É isso que eu chamo de glam-decadence. Fico imaginando o que passou na cabeca dele para querer roubar um boneco Teletubby. A Winona Rider foi presa por roubar um item caríssimo de uma boutique famosa em Hollywood. Fair enough. Mas roubar um boneco Teletubby?! Gente, isso é muito glam!!!

Steve Strange ficou preso por algumas semanas e depois foi solto. Mas só por ter tentado roubar um boneco Teletubby de uma loja de brinquedos, ele já
merece minha admiracão. É isso que chamo de Mondo-Trasho!!!





Bloc Head, the new haircut!

Na NME dessa semana saiu um artigo engracado sobre o atual corte de cabelo que é moda dos indies por aqui: o Bloc Head.

Segundo o semanário ingles, em 2002 foi o ano do mullet de Julian Casablancas. Já em 2003, quem era cabeludo e com barba como os Kings Of Leon era considerado ‘trendy’ e em 2004 o que dominou foi o corte assimétrico estilo mod de Alex Kapranos do Franz Ferdinand.

Mas 2005 é o ano do Bloc Head, o corte de cabelo do guitarrista do Bloc Party, Russel Lissack, o rapaz da foto aí em cima A NME explica que a nova moda nada mais é que o corte de Alex Kapranos, só que mais comprido e que cubra um dos olhos com a franja. O corte foi usado por Brett Anderson nos anos 90.

Dizem que a nova mania indie está ‘varrendo a nacão’, e pode ser conferida nos clubs indies de Londres. Ainda, a NME mostra um box lhe ensinando como pedir o corte da moda para seu cabeleleiro.

É isso aí! Se você é indie, não fique de fora dessa. Se tem cabelo crespo, isso não é desculpa, alise-o com brilhantina e se jogue nas pistas indies para curtir os hits do Bloc Party!




Kaiser Chiefs
New York, Mercury Lounge, 14/02
Por Leah Taylor

Oh My God! Que show fan-fucking-tastico! Sim, os Kaiser Chiefs tocaram ontem aqui em New York, e eu fui. Dia dos namorados. Chovendo. Sozinha. A noite tinha todo o potencial para ser um desastre. Meu amigo que mora comigo desisitiu no ultimo minuto e me deixou com um ingresso sobrando. Po, as vezes acho que sou a unica groovy na cidade. Ou pelo menos no meu apartamento. Mas fui ao show assim mesmo.
Eles tocaram no Mercury Lounge, que gracas a Deus fica na minha rua. Os ingressos estavam esgotados. Nem acreditava que aqui em New York tinham pessoas que conhecesse os Kaiser Chiefs, fora eu. Depois fui descobrir que metade das pessoas que la estavam eram inglesas ou execuivos de gravadoras...
O show comeca. Fico tentando lembrar qual a ultima vez que me sentia tao doida e excitada com um show ao vivo. Acho que foram os Futureheads, meses atras. O Mercury Lounge e um lugar pequeno e quente, e ontem os Chiefs ganharam o lugar! Nunca tinha visto eles antes, e tinha somente escutado o single 'I Predct a Riot', mas realmente o show foi explosivo. O frontman Ricky Wilson nao parava de pular, de olhos arregaladas como David Byrne, e cantava pra caralho cada musica.
A banda me lembrou um pouco o Franz, so que menos sério e mais divertido. Vimos que eles estavam um pouco inseguros, mas nao permitiram isso tomar conta do show. Gostaria de dizer o mesmo do publico. Porra, to cansada de putos que nao dancam. Ateh Ricky se manifestou contra, dizendo para um cara na primeira fila: 'Seu cuzao, se voce esta na primeira fila é porque voce gosta dessa merda que estou cantando, entao trate de dancar, caralho!' Talvez eu que seja diferente e goste de dancar mais que os outros, mas como nao rir feito idiota, pular e se acabar quando os Chiefs estao no palco? Muito, muito bom, Marcio. Compre o single, compre o álbum, voce nao vai se arrepender.

Leah Taylor, 21, trabalha para a Stinky Records em New York e vem a Londres três vezes ao ano só porque se converceu que são os ingleses que sabem de rock. Seu hobbie preferido é ficar bêbada em shows de rock e consequentemente perder celulares.


Os Kaiser Chiefs são ótimos e o novo single ‘Oh My God’ é uma das músicas do ano. Oriundos de Leeds, UK, são comparados a Pulp e Franz Ferdinand. Não deixe de ouvi-los !

Nessa coluna eu iria escrever sobre os festivais de verão aqui na Inglaterra e Embrace, mas não deu…. fica pra próxima!

As edicoes anteriores da coluna pode ser acessada no
endereco: http://bestmusic2004.blogspot.com/

Marcio Custódio
Marcio_custodio1980@yahoo.com.br

Thursday, February 10, 2005

 

coluna 08 de fevereiro

The Future Starts Here!

Uma das coisas que mais me deixa feliz é música. Não vivo um dia sequer sem ouvir uma boa melodia. Mas o que me deixa ainda mais excitado é a nova música. A sensação da descoberta de uma boa nova canção é inexplicável. É tao bom quanto um orgasmo. Fico até arrepiado enquanto escrevo esse texto só de pensar nessas boas novas melodias. É o mesmo arrepio que senti quando escutei pela primeira vez 'life-changing songs' como "Mr. Brightside" dos The Killers, "The Lovers" dos The Tears ou "Fuck Forever" dos Babyshambles. Em cada um dos três exemplos citados acima, minha vida definitivamente mudou. Elas não existiam para mim e em míseros três minutos passaram a fazer parte da minha vida e agora me acompanharão para o resto dos meus dias. Uma vez John Peel falou que cada nova demo que recebia, ele colocava para escutar com carinho e esperança de encontrar uma nova "Teenage Kicks". Comigo não é diferente.

O passado é bom e eu gosto, mas não dá pra ficar vivendo dele pra sempre. Por isso, em prol do futuro da música, nessa segunda edição de Children Of The Revolution comento sobre algumas bandas que farão o ano de 2005 mais legal. Para os que já conhecem essas bandas, I salute you . Para os que não conhecem, eu invejo-lhes pelo sabor da descoberta. Enjoy.

The Tears
A Tearful Renaissance

"Nunca tivemos dúvidas sobre Brett Anderson a cerca de seu talento como cantor e frontman, porém tivemos algumas a cerca de suas composições e letras. Nunca tivemos dúvidas sobre Bernard Butler a cerca de seu talento como compositor e guitarrista, porém tivemos algumas a cerca de ser um cantor e frontman. Por isso, Brett Anderson e Bernard Butler foram feitos um para o outro." Simon Price, dezembro de 2004.

Existem certas coisas no mundo que jamais serão mudadas. A cor dos nossos olhos ou o tipo do nosso sangue são exemplos disso. E a combinacão da guitarra de Bernard Butler com a voz de Brett Anderson é um outro exemplo. A beleza será sempre a mesma, indiscutivelmente. Quando Brett Anderson terminou temporariamente com o Suede no final de 2003 e foi atrás do seu ‘demo', tinha certeza de que era de Butler que ele estava se referindo. E o que aconteceu foi que Brett terminou com o Suede e formou o The Tears com Bernard, e o resultado é que as cancões do The Tears estão entre as melhores canções do Suede. O delicioso sabor não mudou com esses dez anos de ‘gap'. Em dezembro do ano passado, os The Tears deram dois shows na Inglaterra para teste das ‘brand new songs', o primeiro na cidade de Oxford, na casa de shows Zodiac (a foto acima é desse show) e o segundo na boate gay Heaven, em Londres. Obviamente compareci aos dois shows e testemunhei que, das doze músicas apresentadas, eu diria que dez possuem potencial para serem singles. I'm not joking. Os shows foram ‘hits after hits'. Faixas como ‘The Lovers' ou ‘Refugees' nos remetem aos melhores momentos de ‘New Generation' ou ‘The Wild Ones' e as lindíssimas baladas ‘A Love As Strong As Dead' e ‘Apollo 13' conseguem tirar nossa respiracão do mesmo jeito que ‘The 2 of Us' e ‘Sleeping Pills'. Infelizmente, até o momento nada foi lançado e nenhuma música vazou na internet. A nova banda, que conta com o baixista Nathan Fisher e o baterista Mako Sakamoto, promete lançar “Refugees” como single em abril. Os fãs do Suede estão em ferveção. A ansiedade está nas nuvens. No entanto, a grande mídia parece não estar nem aí com a volta de Brett & Butler , pois pouca coisa foi dita sobre os The Tears. Mas sinceramente, isso pouco me importa. O que importa é que toda vez que ouço a absurda ‘The Lovers' (sim, comprei um bootleg-dvd do show de Londres em Camden Town – onde mais? - e não paro de assistir) sou injetado por um enorme otimismo não só para com o futuro da banda, mas com a minha vida também, de tão bela que a música é. Deus, que canção!! ‘We are the Lovers, we're the lovers, two different colours… la la la la….'. Ok, sou suspeito pra falar, eu sei. Se isso soa como um fã, é porque de fato eu sou um puta fã de Brett & Cia, e com devoção. Mal posso esperar pelo álbum.

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Babyshambles
What a Shambles!

Escrever sobre Peter Doherty está cada vez mais difícil, já que o cara não pára um minuto e qualquer coisa sólida que possamos dizer sobre ele pode deixar de existir a qualquer momento. Tudo referente a vida de Doherty pode desabar de um minuto para outro. Fato: os Libertines não tiveram culhão para enfrentar os problemas de Pete e os tiraram da banda. Pete formou os Babyshambles e desde então compôs uma dúzia de músicas clássicas, tão boas quanto as do Libertines e lançou dois singles apenas. Os Libertines sem o Pete acabaram.

Os Babyshambles estão em turnê desde Julho de 2004 (essa foto foi de um concerto que fui em agosto, no club Frog, centro de Londres) e os shows (ou os não shows) são tão espetaculares quanto os do Libertines. O caos é o mesmo. Quando Pete aparece para cantar, o que vemos é uma ótima banda a ponto de dominar o mundo a qualquer momento. Músicas como ‘Fuck Forever' (minha preferida), ‘The Man Who Came To Stay', ‘Killamangiro', ‘Babyshambles', ‘What Katie Did' ou ‘Wolfman' fazem do lugar uma completa histeria quando são tocadas ao vivo. Mas como disse, Pete não é fácil. Quando ele não consegue levantar da cadeira de tão chapado e não comparece nos shows marcados, seus fãs fazem uma riot e quebram tudo no palco. O império novamente implode chão abaixo.

Tive a chance de conhecê-lo pessoalmente e vi de fato que o buraco é muito mais embaixo do que eu imaginava. Ele se tornou um viciado em heroína e crack dos mais apetitosos, um junkie de rua, helpless. Pete está na Arcadia e pelo que parece não voltará tão cedo. Ele tem 25 anos e fala meio que igual ao Ozzy Osbourne hoje em dia. O problema do crack e heroína é grave. Quem viu entrevistas do Pete em 2002 e agora o assistiu no programa Newsnight recentemente, comprovou o quao diferente ele está. Ele era articulado, ativo e engracado. Agora ele está pálido, devagar, pensativo, spaced. É irônico quando eu falo ‘helpless' sobre o Pete, pois muita gente ao seu redor está tentando ajudá-lo, mas ele dispensa qualquer ajuda. Disse várias vezes que quer empurrar seu corpo e alma o mais fundo possível nas drogas para ver até onde ele consegue ir. Quando o conheci, apertei sua mão e fiquei com nojo. Sua mão áspera tinha traços de sangue pisado e suas unhas estavam pretas, não de esmalte, mas de sujeira. WHAT A WASTER! Mas Pete com mãos sujas ou não, ainda consegue ficar com a Kate Moss a ponto dos dois fazerem uma tatuagem com as iniciais um do outro. K no Pete e P na Kate. Pelo menos isso é o que os tablóides dizem. Na semana seguinte ao assumirem o affair, mais precisamente segunda feira dia 31, enquanto Kate lançava sua marca de perfume em Paris , Pete dava um show no Garage em Londres, a quinze minutos da minha casa. O show foi uma mess. Caótico, mal tocado, tosco, sensacional. Garotos e garotas subiam no palco a todo instante para agarrar e beijar Pete e depois voar de volta ao público. Pete não deixava barato e a cada música iniciada dava um mosh na platéia, para desespero dos seguranças que tinham que colocá-lo de volta ao palco. Dois dias depois da apresentação, dia 02, Pete vai preso, acusado de agressão e roubo. Saiu na capa de todos os tablóides na Inglaterra. O que aconteceu é que Pete foi atrás de um film-maker que vendeu fotografias suas usando heroína para os tablóides e, enfurecido, espancou o cara e ainda roubou os cartões de crédito do sujeito. Foi preso no ato e só agora pouco, enquanto escrevo essas linhas, terça-feira dia 08, é que Pete foi solto da cadeia onde estava há seis dias, aqui perto da minha casa, no norte de Londres, na prisão tough de Pentonville, após pagamento de 150 mil libras de fiança, dinheiro cedido parte por sua gravadora, parte por Kate Moss.
Pete está solto mas o futuro é mais do que imprevisível. Ele ainda está sob custódia da polícia, tendo que dormir todos os dias em seu endereço e não ficar fora de casa depois da 22hs e antes das 7hs. Fora isso, quando sair durante o dia, tem que ser acompanhado de um agente da polícia. Dizem que Pete saindo da prisão vai direto para um centro de reabilitação contra drogas, pela quarta vez em sua vida, onde vai tomar o forte remédio Naltrexone, que bloqueia o efeito do ópio (heroína), significando que o corpo de Pete não sentirá falta da droga enquanto estiver sob os efeitos do remédio. Ainda, Pete não está totalmente livre da lei, pois enfrenta uma court no dia 21 de fevereiro para o juiz provar se ele é culpado ou inocente no caso da agressão. E isso ocorre apenas UM dia antes de seu grande show do Brixton Academy, marcado para dia 22 desse mês.

Se tudo der certo, para o bem do rock, os Babyshambles podem enfim gravar suas tão sinceras canções e aparecer no Brixton Academy e se consagrar ou a banda pode muito bem acabar antes disso, se Pete for considerado culpado pelo juiz. Vou além, na verdade, não existe consagração na vida de Pete. Os Babyshambles jamais serão garotos bem comportados como o Franz Ferdinand. Mesmo se os Babyshambles triunfarem no Brixton Academy e conseguirem o mesmo status dos Franz, Pete vai destruir esse status. Ele já disse em diversas entrevistas que é auto-destrutivo com tudo na sua vida, da relação com sua família e amigos de infância, com relacionamentos com garotas e, claro, até mesmo com suas bandas. Ele sempre destroí tudo de bom que tem em sua vida e é o primeiro a admitir isso.

O que me deixa mais excitado é que, se os Babyshambles triunfarem ou não, estou vivenciando tudo isso e os tão lindos shows que vi até agora (seis no total) jamais sairão da minha memória. É como ver os Smiths em 84 ou o Suede em 93. Pete está no auge e estou testemunhando tudo. Tomara muito que ele se livre de mais essa.

A NME dessa semana tem um pequeno artigo sobre a música "Fuck Forever", descrevendo-a como 'brutal majesty' e dizendo que é um dos maiores clássicos do rock de todos os tempos, comparando sua força com "Smells Like Teen Spirit" e "(I Can't Get No) Satisfaction". Diz que a canção é o 'Pete Doherty's greatest musical archivement to date' e fala da ameaça da música ser um 'lost classic', pois nunca foi gravada e 'god only knows' o que vai acontecer na vida de Pete nos próximos dias. Enquanto escrevo esse texto, só tenho um refrão gritando no meu ouvido: AAHHHHH, FUCK FOREVER, IF YOU DON'T MIND!!!


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The Pipettes
Cute girls of the world, unite!

Meu Deus, porque o mundo tem tamanho mal gosto para música? Por que as paradas de sucesso são inundadas por lixos como Britney Spears e não pelas sensacionais The Pipettes?? Sim, são as Pipettes que merecem vender milhões de discos pelo mundo afora, e não essa porra badly-over-produced da Britney Spears ou a merda do U2. As The Pipettes (três LINDAS garotas de vestidos de bolinhas + uma banda de apoio) fazem músicas tão pegajosas e fáceis e fantásticas e felizes e soulful e engraçadas que eu simplesmente não entendo por que diabos elas não dominaram o mundo ainda. Pense nas Shangri-Las versão garage-indie-pop-2005. Os shows são maravilhosos, com as três raparigas à frente cantando, harmonisando e fazendo coreografias bem sacadas (e um tanto geek…) que é impossível não se apaixonar. O grupo vem de Brighton, sul da Inglaterra, e é bem possível que a grande mídia rejeite-os para todo e sempre. Mas é por isso que estou aqui, prezado leitor, para lhe dizer o que não sai na grande mídia. Visite o site das meninas (http://www.thepipettes.co.uk/), ouça as músicas, veja as fotos e se apaixone você também. Devem lançar algo em breve.


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Bloc Party
Just another art-rock band, but we love it!

O quarteto multi-racial Bloc Party tem tudo para trilhar o mesmo caminho do Franz Ferdinand. Não que o som das duas bandas sejam completamente iguais, afinal o Bloc Party resgata referências fora do ciclo 'another-band-who-loves-gang-of-four-and-talking-heads'. O que quero dizer é que o Bloc Party, do leste de Londres, vai fazer em 2005 extamente o que o Franz fez em 2004: lançar um disco no começo de ano, fazer todo o ciclo de promoção do jeito certo, se comportar direitinho, dar milhares de entrevistas, sair em capas de revistas, fazer shows pelo mundo todo, tentar ser famoso nos EUA, ganhar prêmios, promover, tocar em todos os festivais do planeta, promover mais um pouquinho e depois no final do ano tirar férias e voltar para a saga do segundo álbum no começo de 2006. Tudo muito previsível o status que o Bloc Party vai ter. O som? Um ótimo rock'n'roll cheio de guitarras mais do que sedutoras e pitadas de Clash, Cure, Suede, Pil e Futureheads. Fora que o vocal de Kele Okereke é um dos mais bonitos da música atual. O álbum “Silent Alarm” acabou de ser lançado, com destaque para as ótimas faixas “Banquet” e “Helicopter”. 2005 é definitivamente o ano desses rapazes.

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The Subways
Grunge in Style!

Os Subways são três jovens de Londres que mandaram uma demo para Michael Eavis, o chefão do Glastonbury , e viram sua vida mudar após isso. Vi os meninos abrindo para os The Tears em dezembro e fiquei impressionado com o potencial deles. O som tem um puta punch firme e pontente, ao mesmo tempo melódico, e o vocalista possui uma voz marcante. Nem parece que eles ainda nem chegaram nos 20… Os Subways ao vivo lhe dá dois soco na barriga, com a mão esquerda é o The Coral e com a direita é Nirvana. Fiquem de olho, pois devem lançar um single em breve. Ainda, a baixista Charlotte será uma das indie-queens de 2005. E pelo que sei, Subways e os heróis-sorocabanos Wry têm conecções.


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The Best Of The Rest

Abaixo tem mais nomes de ótimos grupos que merecem uma orelhada, com destaque para o duo Johnny Boy. Vou dizer o nome deles e uma expressão em seguida para descrever o que é. Kaiser Chiefs (art-rock 1)
Black Wire (art-rock 2)
The Rakes (art-rock 3)
Wry (punk-shoegazers) - esses muita gente já conhece, são heróis!
The Bravery (synth rock)
The Magic Numbers (magia folk)
Hal (folk-pop)
Johnny Boy (soul rock)
The Features (rock'n'roll)
The Dead 60s (ska rock)
Thee Unstrung (indie-garage)
The Departure (Joy Division-esque)
Performance (synth pop)
Six Organs Of Admittance (folk)
The Last Town Chorus (etereo pop)
The Silent League (melancholic pop)
Yeti (avant-rock)
The Boy Least Likely To (indie pop B&S-esque)
Hard-Fi (electro-rock Clash-esque)
The Mystery Jets (prog-folk)

Na próxima coluna comentarei o retorno do Idlewild + Embrace e Rilo Kiley e solto os rumores para os festivais de verão por aqui na Inglaterra. Até lá!

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