Friday, February 25, 2005

 

coluna 18 de fevereiro

Children Of The Revolution

Heeeeeey, eu de novo, sim, como não?! A coluna dessa semana está mais do que recheada de boa música e bom humor. Logo de cara tem minha resenha do show do The Tears nessa última quarta, em Londres. Ainda, tem mais lendas de Pete Babyshambles, o retorno do Idlewild e também o corte de cabelo da moda aqui em Londres. Não deixe de ler! Vejá só, tem até colaboradora! Leah Taylor, minha amiga em New York, conta como foi o show dos ingleses dos Kaiser Chiefs por lá. Eita, que delícia! Se joga!



NME Awards Tour
The Tears The Magic Numbers The Dead 60’s Nine Black Alps
Londres, Astoria Theatre, 16/02/2005

Oh… poderia ter show do The Tears toda semana, né? É uma sensacão de prazer única trabalhar o dia todo e saber que a noite vou dancar e curtir The Tears. Acabo trabalhando mais motivado e produzo mais.

O concerto dessa noite foi organizado pela NME. Quatro bandas no total. A primeira delas, Nine Black Alps, era um lixo barulhento qualquer que me fez ir direto para o bar encher a cara de cerveja. Volto para conferir os tais The Dead 60’s. Já conhecia uma música deles, o ótimo single ‘Riot Radio’, então meio que já sabia o que estava por vir. E foi aquilo mesmo que eu presumia: uma ótima apresentacão de rock regado a muito ska, raggae e The Clash. Já me imagino no verão curtindo o som desses caras numa praia qualquer… Uma beleza.

Depois vieram os aguardados The Magic Numbers e que delícia de banda! Pense numa mistura de Beachwood Sparks com Ryan Adams. Esse refinado quarteto ‘2boys/2girls’ vem da parte oeste de Londres e eu sou super orgulhoso disso.

Sim, do mesmo jeito que me sentia orgulhoso das bandas boas paulistas (Laboratório, Objeto Amarelo, The Concept) quando morava em São Paulo, hoje, morando a quase dois anos em Londres, fico super excitado quando um grupo bom emerge daqui. Ainda mais os Magic Numbers! Eles fazem power-pop-country-folkie e não são de Nashville, são da urbana Londres. E isso é ótimo!

Depois do show um intervalo rápido para pegar mais cerveja e aguardar Brett Anderson & Bernard Butler subirem ao palco. E não demorou muito para isso acontecer. Um tecladista de apoio entra primeiro e fica no fundo do palco, sem notoriedade. Bernard vem depois, seguido de Brett, que ruma calmamente em direcão ao centro do palco. O Astoria vira uma histeria.

Comecam com a lindíssima balada ‘A Love As Strong as Death’, uma cancão tão forte como ‘The 2 Of Us’. Bernard ao piano e Brett a cantar. Me lembrou Suede circa 93, quando iniciavam o show do mesmo jeito com a tocante ‘The Next Life’.

Quando a música está para terminar, Nathan Fisher assume o baixo e Mako Sakamoto a bateria. Emendam com as primeiras batidas de ‘The Lovers’ e a platéia comeca a pular. Essa música é o Suede dos bons tempos e deveria ser o single. Up-beat, contagiante, feliz…

Novamente emendam sem pausa com a maravilhosa ‘Autograph’, uma cancão marcante pelas absurdas linhas de guitarras de Bernard e pelo jeito soulful de Brett cantar. É minha atual faixa preferida da banda. Uma jóia do mais alto calibre pop.

O show continua. Vêm as fracas ‘Brave New Century’ e ‘Beautiful Pain’, onde a banda perde um pouco o brilho. Soam como b-sides do Suede na época de Head Music.

Mas recuperam todo o brilho e mais um pouco quando despejam as fantásticas ‘Two Creatures’, ‘Refugees’ e ‘Imperfections’. A banda está em ótima forma. Brett canta bem, mas está irreconhecível na sua performance.

Definitivamente, ele já não é aquele Brett andrógino, ousado e sexy que acostumamos a ter conosco. Suas roupas também já não são mais as mesmas… Veja o que o tempo faz com uma pessoa. Brett está apagado, quieto e sem brilho. Quando muito abre os bracos para cantar. Em 2003 vi Suede ao vivo e ele era diferente. Parece que ele está querendo enterrar aquela persona. Tenho certeza que ele vai se arrepender disso no futuro.

Bernard, por sua vez, é o oposto. Não consegui tirar os olhos dele. Simplesmentefaz o Brett desaparecer no palco. Ele é um gigante. Suas linhas de guitarras passam longe do óbvio, nos levam por um lado oposto do que a gente pensa que vai. É um show aparte. Deus, que classe! Bernard é articulado, talentoso e HOT. Poderíamos fritar ovos em cima dele de tão quente que ele é.

Seguem com ‘Primitives’, ‘Asylumn’ e ‘Apollo 13’, esta última um clássico absoluto. Uma balada que só mesmo o Suede…. OPS! o The Tears sabe fazer. É uma das preferidas do público e Brett disse que será o single.

Saem para um break e retornam para o bis, tocando outra bonita balada ‘The Ghost Of You’. Após a cancão, são ovacionados pelas duas mil pessoas presentes e deixam o palco. Fim de show. É hora de voltar a realidade e encarar o frio no caminho de casa. Antes disso, compro uma camiseta do The Tears para usar no dia seguinte no trabalho. Cheers!


+ The Tears

Logo após o show, Brett deu uma entrevista para a NME, falando do seu passado com o Suede e o futuro com o The Tears. Falou também que já tem um disco solo gravado. Ele disse: ‘Demorei seis anos para fazer dois discos com o Suede, e agora demorei um ano para fazer dois discos, um com o The Tears e outro solo. Me sinto bem com isso’.

Sobre os outros membros do Suede, comentou: ‘Respeito eles como pessoas e músicos, mas como em qualquer relacão, ficou rotineira, como se fosse um trabalho e não um prazer. E eu prometi pra mim mesmo que não me tornaria desse jeito’.

Ainda disse sobre como é desafiador trabalhar com Bernard: ‘No Suede chegamos num ponto onde eu tinha o contrôle de tudo, e com The Tears é diferente. Bernard me desafia com uma melodia e eu o desafio de volta. Ainda estamos aprendendo como nos portar no palco. Ainda estamos no comeco. Fizemos apenas seis shows e tenho certeza que nosso album sera espetacular’.

O concerto de quarta foi considerado ‘gig of the week’ pelo jornal Metro, distribuido gratuitamente nas estacoes de metro aqui de Londres. Na nota, o jornal enfatiza a semelhanca entre Suede e The Tears, dizendo: “The Tears actually sound just like Suede did when they were good”.

Na semana passada foi publicado na revista Uncut um pequeno artigo sobre o retorno de Brett Anderson e Bernard Butler, com depoimentos de ambos. Na nota, comenta-se que poucos imaginariam que, após dez anos sem se falarem, Brett & Bernard estariam novamente fazendo música em 2005.

Bernard diz: “Sei que isso soa sentimental e embaracoso, mas no momento que o telefone tocou em minha casa na manha seguinte ao último show do Suede, eu sabia que seria Brett. Foi a primeira vez que falávamos em dez anos e a conversa foi meio que `E ai, como vai? Vamos sair e tomar uma cerveja?` Depois logo nos primeiros cinco minutos no nosso encontro, decidimos que iríamos fazer um disco juntos novamente. Em cinco minutos toda a mágoa dos últimos dez anos foi esquecida. As pessoas tendem a nao lembrar que éramos amigos. Elas esquecem quanto tempo passamos juntos e quão envolvido emocionamente estávamos. Mas isso nao é uma reformacao porque nao é Suede. Deixamos claro que é algo diferente. Tudo que eu e Brett nos importamos no momento é fazer um bom disco’.

Bem, acho que esse papo do Bernard de que The Tears nao é Suede é conversa pra boi dormir… The Tears é Suede sim, The Tears soa mais Suede que os últimos dois discos do Suede. Sorte nossa!

Ainda no mesmo artigo, a Uncut brinca e publica um quadrado assim:
Friends reunited? If Brett & Bernard can, why not…
- Morrissey & Marr
- Ian Brown & John Squire
- Brian Wilson & Mike Love
- Lou Reed & John Cale




Babyshambles, a saga continua

Fãs de rock, unidos! Vamos todos cruzar os dedos e torcer para Pete nao ser condenado. Ele enfrenta a court na segunda, dia 21, e se for considerado culpado pode pegar quarto anos de prisão. Ele já disse que vai se matar se for pra cadeia novamente. O rock precisa de Pete!

Se Pete sair dessa numa boa, os Babyshambles estão marcados para tocar na terca no prestigiado Brixton Academy. Mas com baterista novo. Gemma Clarke, a tradicional e charmosa baterista, saiu da banda por não aguentar mais o stress que é viver ao lado de Pete. Ela teve seu kit de bateria destruido na riot que teve no Astoria em dezembro, quando Pete não apareceu para o show. Em entrevista chocante à NME, Gemma falou que fazer turnê com os Babyshambles era um inferno. Disse: ‘enquanto eu estava no andar de baixo do tour-bus assistindo ‘Procurando Nemo’, Pete e seus amigos estavam fumando crack e injetando heroína no andar de cima’.

Ainda acusou de irresponsáveis os agentes por trás da banda, por deixar Pete fazer shows em estado tão precário por causa das drogas, e que esse foi o maior motivo pra ela ter saido. Uma pena. Gemma era a cara dos Babyshambles.

Pete e Kate Moss continuam dominando as notícias por aqui. Ele atualmente está num centro de reabilitacão contra drogas. Ela está em New York promovendo suas marcas. Kate está na capa da revista Grazia, onde afirma que Pete realmente é muito excitante. Disse que certa vez, Pete fez uma serenata na janela do quarto dela, cantando músicas de Van Morrisson e Rolling Stones, tudo para ganhar o coracão da moca. Kate afirmou que esse foi um dos momentos mais românticos de sua vida.




Idlewild, o retorno

Pois sim, para o bem da música, em marco uma das bandas mais legais da Escócia volta com novo álbum. O agora quinteto Idlewild lanca ‘Warning/Promisses`, quinto álbum da carreira. E as perspectives são as
melhores a respeito do futuro da banda.

Recentemente votado pelos leitores da revista escocesa The List como a terceira banda mais importante da Escócia, atrás de Travis e Belle & Sebastian
respectivamente, o Idlewild é agora uma banda mais do que renovada, tanto psicologicamente quanto musicalmente.

Após a traumática saída do baixista Bob Fairfoull em 2003, o frontman Roddy Woomble decidiu mudar-se da Escócia para New York, e de lá comecar a compor as músicas para o follow-up do excelente `The Romete Party`. Ainda, substituiu o baixista e adcionou um Segundo guitarrista, dando uma nova cara para o grupo. O Idlewild já não é mais aquele bando de moleques tocando indie-hardcore como nos primeiros albums. Foi somente no já citado lp `The Remote Party` que eles envergaram para um lado mais pop., e nesse novo trabalho a banda segue pelo mesmo caminho, nos presenteando com um gentil college-rock.

Após moldar as cancões em New York, Roddy decidiu gravar o long-play parte na Escócia, onde o resto da banda ainda reside, parte em Hollywood, California. Tony Hoffer foi o produtor. E eu, mais do que niguém, espero que esse novo disco coloque o Idlewild de volta aos charts britânicos.

Questionado pela NME se as pessoas ainda se importariam em gastar dinheiro com os discos do Idlewild, Roddy respondeu: `eu me considero relevate,
considero minhas letras relevantes e considero minha banda relevante musicalmente, então a resposta para a sua pergunta é: sim, acho que as pessoas ainda se importam com a gente`. Ouvindo o ótimo single `Love Steals Us From Loneliness`, eu não seria idiota de duvidar.





Steve Strange, o dandy decadente.

Recentemente saiu uma edicão especial da revista Q sobre a história do electro-pop. Recheada de ótimos artigos sobre Depeche Mode, Bowie e Human League, entre outros, há um em especial, sobre o Visage, que merece uma nota minha. O texto me faz ter ataques bobos de risadas toda vez que lembro dele, seja se estou cozinhando, tomando banho ou a caminho do trabalho sentado no metrô.

O Visage foi uma das bandas dos anos 80 que fazia a linha New Romantic, com muita maquiagem e superficialidade, e que lancou três albums nos período de 80 à 84. Chegaram até a emplacar o belo single ‘Fade To Gray’ em oitavo lugar nas paradas britânicas. Mas o que chama atencão nos texto, e também na própria carreira do Visage, é o frontman Steve Strange.

Famoso pelas suas extravagâncias, Strange foi sem dúvida o símbolo dos New Romantics. Ele comecou a ganhar fama nos final dos anos 70 quando trabalhou em clubs do circuito underground de Londres, como o Blitz.

Em 79 formou o Visage e já na época que a banda tinha alguma notoriedade, Strange irritava os outros integrantes do grupo com seus absurdos gastos com drogas e, principalmente, roupas, já que no momento estava ganhando um consideravel dinheiro. Num período de seis meses, Strange gastou £80.000 em roupas, o que na época era considerado uma fortuna.

Mas suas extravagâncias não eram somente com roupas. O set de
fotos para a capa do segundo disco da banda custou mais à gravadora do que a gravacão das músicas (!). Mas a parte que me faz rir do artigo comeca agora.

Após o fim do Visage no final dos anos 80, Strange promoveu diversos clubs na Inglaterra, todos sem muito destaque. Em 2000, já com 40 anos, foi preso no sul do País de Gales por ser pego roubando um boneco Teletubby de uma loja de brinquedos. É isso que eu chamo de glam-decadence. Fico imaginando o que passou na cabeca dele para querer roubar um boneco Teletubby. A Winona Rider foi presa por roubar um item caríssimo de uma boutique famosa em Hollywood. Fair enough. Mas roubar um boneco Teletubby?! Gente, isso é muito glam!!!

Steve Strange ficou preso por algumas semanas e depois foi solto. Mas só por ter tentado roubar um boneco Teletubby de uma loja de brinquedos, ele já
merece minha admiracão. É isso que chamo de Mondo-Trasho!!!





Bloc Head, the new haircut!

Na NME dessa semana saiu um artigo engracado sobre o atual corte de cabelo que é moda dos indies por aqui: o Bloc Head.

Segundo o semanário ingles, em 2002 foi o ano do mullet de Julian Casablancas. Já em 2003, quem era cabeludo e com barba como os Kings Of Leon era considerado ‘trendy’ e em 2004 o que dominou foi o corte assimétrico estilo mod de Alex Kapranos do Franz Ferdinand.

Mas 2005 é o ano do Bloc Head, o corte de cabelo do guitarrista do Bloc Party, Russel Lissack, o rapaz da foto aí em cima A NME explica que a nova moda nada mais é que o corte de Alex Kapranos, só que mais comprido e que cubra um dos olhos com a franja. O corte foi usado por Brett Anderson nos anos 90.

Dizem que a nova mania indie está ‘varrendo a nacão’, e pode ser conferida nos clubs indies de Londres. Ainda, a NME mostra um box lhe ensinando como pedir o corte da moda para seu cabeleleiro.

É isso aí! Se você é indie, não fique de fora dessa. Se tem cabelo crespo, isso não é desculpa, alise-o com brilhantina e se jogue nas pistas indies para curtir os hits do Bloc Party!




Kaiser Chiefs
New York, Mercury Lounge, 14/02
Por Leah Taylor

Oh My God! Que show fan-fucking-tastico! Sim, os Kaiser Chiefs tocaram ontem aqui em New York, e eu fui. Dia dos namorados. Chovendo. Sozinha. A noite tinha todo o potencial para ser um desastre. Meu amigo que mora comigo desisitiu no ultimo minuto e me deixou com um ingresso sobrando. Po, as vezes acho que sou a unica groovy na cidade. Ou pelo menos no meu apartamento. Mas fui ao show assim mesmo.
Eles tocaram no Mercury Lounge, que gracas a Deus fica na minha rua. Os ingressos estavam esgotados. Nem acreditava que aqui em New York tinham pessoas que conhecesse os Kaiser Chiefs, fora eu. Depois fui descobrir que metade das pessoas que la estavam eram inglesas ou execuivos de gravadoras...
O show comeca. Fico tentando lembrar qual a ultima vez que me sentia tao doida e excitada com um show ao vivo. Acho que foram os Futureheads, meses atras. O Mercury Lounge e um lugar pequeno e quente, e ontem os Chiefs ganharam o lugar! Nunca tinha visto eles antes, e tinha somente escutado o single 'I Predct a Riot', mas realmente o show foi explosivo. O frontman Ricky Wilson nao parava de pular, de olhos arregaladas como David Byrne, e cantava pra caralho cada musica.
A banda me lembrou um pouco o Franz, so que menos sério e mais divertido. Vimos que eles estavam um pouco inseguros, mas nao permitiram isso tomar conta do show. Gostaria de dizer o mesmo do publico. Porra, to cansada de putos que nao dancam. Ateh Ricky se manifestou contra, dizendo para um cara na primeira fila: 'Seu cuzao, se voce esta na primeira fila é porque voce gosta dessa merda que estou cantando, entao trate de dancar, caralho!' Talvez eu que seja diferente e goste de dancar mais que os outros, mas como nao rir feito idiota, pular e se acabar quando os Chiefs estao no palco? Muito, muito bom, Marcio. Compre o single, compre o álbum, voce nao vai se arrepender.

Leah Taylor, 21, trabalha para a Stinky Records em New York e vem a Londres três vezes ao ano só porque se converceu que são os ingleses que sabem de rock. Seu hobbie preferido é ficar bêbada em shows de rock e consequentemente perder celulares.


Os Kaiser Chiefs são ótimos e o novo single ‘Oh My God’ é uma das músicas do ano. Oriundos de Leeds, UK, são comparados a Pulp e Franz Ferdinand. Não deixe de ouvi-los !

Nessa coluna eu iria escrever sobre os festivais de verão aqui na Inglaterra e Embrace, mas não deu…. fica pra próxima!

As edicoes anteriores da coluna pode ser acessada no
endereco: http://bestmusic2004.blogspot.com/

Marcio Custódio
Marcio_custodio1980@yahoo.com.br



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?