Sunday, December 02, 2007

 

coluna 28 de novembro

2007 está chegando ao fim. O ano passou e tudo que o leitor viu aqui na coluna foram recomendações de discos bacanas lançados. Do folk ao indie, do pop cristalino ao rock, o que não faltou foi eu paparicando um imenso pacote de lançamentos 2007. Pois é. Chegou a hora de conferirmos o outro lado da moeda. The dark side. Esse ano, como todos os outros anos, também teve seu lado amargo na cena musical, com hypes não justificados, grandes farsas e totais desapontamentos. Fiquem então, my dear readers, com os piores discos de 2007 em que esse pobre escriba teve a infelicidade de botar os ouvidos. (não precisa se preocupar, a lista nem é tão grande assim...)

01. BLOC PARTY – "A Weekend In The City"
Deus do céu. Existe algum disco mais chato que esse em 2007? Com toda certeza, não. Esse álbum espelha como a cena indie mainstream inglesa sofreu, e ainda tem sofrido, uma grande lavagem cerebral por parte da indústria como um todo: mídia, gravadoras e jabás. Esse é o manifesto que explica porque o indie não combina com o mainstream. Isso aqui é um completo marasmo, um exemplo de conformismo e falta de criatividade, feito por uma banda que tentou amadurecer cedo demais, e que mostra claramente que seus integrantes estão longe de ter um background musical sólido. Não há nenhum único momento de ousadia em "A Weekend In The City", sua sonoridade nos castiga e dá sono, a producão é a mais fraca e óbvia possível, as melodias são pobres, as letras inúteis. Tudo que vemos é um conformismo barato, uma banda confortável financeiramente, feliz em ter seus discos distribuídos em supermercados ordinários e tocar em arenas grandes para um público que assiste o show comendo pipoca. A lavagem cerebral que sofre a cena musical inglesa atualmente tem fórmula: Jeff Buckley+Radiohead+Oasis+Libertines+NME=indie 2007. Não acredite em revistas de música, não ouça rádios, não se iluda com publicidade barata, caso contrário, você vai acabar gostando desse "A Weekend In The City", e isso vai ser a pior coisa que pode acontecer contigo.

02. KLAXONS – "Myths Of The Near Future"
Os primeiros EPs e singles prometiam. Mas o Klaxons caiu nas garras do esquemão sem vergonha, e o resultado foi o que pode ser considerado uma das grandes farsas dessa década: um álbum repleto de fillers, nada desafiador, com a meta de atingir o mais ingênuo dos indie-kids. O que antes era uma banda que parecia esperta, terminou o ano sendo três patetas conformistas, burros, sem a menor vergonha de lançar um trabalho as pressas, com uma producão porca, beats manjados e que, ao escutarmos, temos a infinita certeza de que não passa de uma modinha de meia temporada, ao menos que você tenha 8 anos de idade. A inteligência dos fãs de música nunca foi tão subestimada como esse "Myths Of The Near Future". Infelizmente, a lavagem cerebral é tão grande que a indústria metralha os sentidos das pessoas e o público fica sem forças para questionar qualquer coisa, e acaba comprando essa farsa. Agora é rezar para a Lovefoxxx dar umas aulas para os caras de como atingir o mainstream sem ser corrompido pelo esquemão.

03. HADOUKEN – "Not Here To Please You"
A cena indie inglesa está corrompida, e os frutos da lavagem cerebral da indústria estão pipocando por todos os lados. Vejam só, um exemplo daquele público sem forças para questionar as coisas, citado no meu comentário acima, é essa banda Hadouken. No fundo eles não tem culpa por serem esse lixo de banda. São vítimas do esquemão, os filhos do Klaxons. Hadouken é uma molecada que não possui um background musical forte o suficiente para poder lutar contra aqueles que tentam, e conseguem, enfiar-lhes lixos goela abaixo. Acabam cedendo, sem chances de revanche. Primeiro eles vieram como o grande exemplo do grindie (grime + indie), depois cairam tragicamente para uma linha emo farofa, tudo, claro, cobertos por roupas coloridas horríveis. O resultado, minha gente, é constragedor. O título do álbum claramente não possui um pingo sequer de ironia, e, pior de tudo, acredito que nem tenha sido a banda que escolheu, e sim os agentes, the big fellas, por trás da banda. A coisa está tão dramática que já estão surgindo os filhos do Hadouken, um sinal que nao há luz no fim do túnel.

04. KINGS OF LEON – "Because Of The Times"
A coisa aqui é menos catastrófica. Eu respeito o Kings Of Leon, e aprecio seus primeiros dois álbuns. O problema desse terceiro foi que a banda não soube escapar da própria armadilha que armaram pra cima de si, e acabaram batendo na mesma tecla e implodindo drasticamente de qualidade. Não que eu ache que toda banda tenha a obrigação de mudar seu som a cada álbum lançado, mas se quiser continuar na mesma, tem que escrever canções mais poderosas que essas que permeiam "Because Of The Times". Faixas sem sustância, uma roupagem datada, a voz do Caleb cansa e chega a irritar. No fundo o lance é menos complicado do que se imagina: apenas que esse trabalho não tem faixas de qualidade, com exceção de duas ou três. Um fato curioso, mas totalmente compreensível, é que esse foi o disco de maior sucesso do Kings Of Leon até hoje, atingindo número 1 nas paradas inglesas. Também, vai concorrer com quem?

05. BABYSHAMBLES – “Shooter’s Nation”
Já falei desse dele aqui, mas repito: a qualidade das musicas deixa a desejar. Simples assim. Gosto do Pete, de sua voz, da sua persona, mas aqui ele não tava inspirado. Nem a produção de Stephen Street conseguiu salvar esse que foi o grande desapontamento de 2007. And I rest my case.

06. COLD WAR KIDS – “Robbers and Cowards”
O que acontece quando você junta a voz mais irritante dos últimos 20 anos com uma banda indie cristã? Cold War Kids. O que acontece quando temos uma cena indie mainstream tão digna de dó e o disco fraco do Kings Of Leon alcançando o primeiro lugar das paradas? O Cold War Kids faz sucesso. Pois é, eles estão bem na fita, mas que esse cd aqui é uma das coisas mais insuportáveis que escutei nos últimos anos, ah, isso é.


Mas, nem tudo esta perdido. Só para afastar a nuvem negra que acompanhou a coluna essa semana, listo aqui os discos legais desse ano. São muitos. E ainda tem bastante coisa faltando. Nas próximas semanas devo eleger os melhores, por enquanto essa lista não tem ordem de preferência.

APPARAT – “Walls”
NEIL YOUNG – “Chrome Dreams II”
EDWYN COLLINS – “Home Again”
CARIBOU – “Andorra”
MAPS – “We Can Create”
THE RAVEONETTES – “Lust Lust Lust”
BASIA BULAT – “Oh My Darling”
FEIST – “The Reminder”
THE CORAL – “Roots And Echoes”
JACK PEÑATE – “Matinee”
JENS LEKMAN – “Night Falls Over Kortedala”
MONTT MARDIÉ – “Clocks / Pretender”
PELLE CARLBERG – “In a Nutshell”
THE RUMBLE STRIPS – “Girls And Weather”
AMIINA – “Furr”
ELUVIUM – “Copia”
JUSTICE – †
BRYAN FERRY – “Dylanesque”
DIGITALISM – “Idealism”
THE THRILLS – “Teenager”
RILO KILEY – “Under The Blacklight”
DARTZ! – "This Is My Ship"
THE HORRORS – "Strange House"
GOOD SHOES – "Think Before You Speak"
LUCKY SOUL – “The Great Unwanted”
COCOROSIE – "The Adventures Of Ghosthorse & Stillborn"
THE CLIENTELE – “God Save The Clientele”
THE RAKES – "Ten New Messages"
MAXIMO PARK – "Our Earthly PLeasures"
BRETT ANDERSON – "Brett Anderson"
ARCADE FIRE – "Néon Bible"
KEREN ANN – "Keren Ann"
TAP TAP – "Lanzafame"
AIR – "Pocket Symphony"
EXPLOSIONS IN THE SKY - "All of a Sudden I Miss Everyone"
JOHN HOWARD – "Same Bed, Different Dreams"
BRIGHT EYES – "Cassadaga"
THE BISHOPS – "The Bishops"
ELECTRELANE – "No Shouts, No Calls"
MANIC STREET PREACHERS – "Send Away The Tigers"
JAMIE T – “Panic Prevention”
THE KISSAWAY TRAIL – “The Kissaway Trail”
BUTCHER BOY – “Profit In Your Poetry”
THE CRIBS – “Men’s Need, Women’s Need, Whatever”
THE APPLES IN STEREO – “New Magnetic Wonder”
THE ORCHIDS – “Good To Be A Stranger”
ASH – “Twilight Of The Innocents”
BARENAKED LADIES – “Barenaked Ladies Are Men”
NINE BLACK ALPS – “Love/Hate”
MONSTER BOBBY – “Gaps”
RICHARD HAWLEY – “Lady’s Bridge”
THE POLYPHONIC SPREE – “The Fragile Army”
VALGEIR SIGUROSSON – “Ekvilibrium”
AFTERPILOT – “Foxtail”STARS OF THE LID – “And Their Refinement of the Decline”
SILVERSUN PICKUPS – “Carnavas”
CARLA BRUNI – “No Promises”
MSTRKRFT – “The Looks”
GRUFF RHYS – “Candylion”
SAMARA LUBELSKI – “Parallel Suns”


xxx

 

coluna 21 de novembro

NME AWARDS TOUR

Foi divulgado o line-up do NME Awards Tour 2008, que vai traçar o Reino Unido de ponta a ponta em janeiro e fevereiro, culminando com o grande show final em Londres no Brixton Academy, marcado para dia 22 de fevereiro. Como sempre, a turnê traz como headliner um nome forte, e as outras três atrações são bandas emergentes que devem estourar total em 2008, entre eles o predileto desse escriba, Joe Lean And The Jing Jang Jong. Veja o line-up completo:

THE CRIBS (headliner)
JOE LEAN AND THE JING JANG JONG
DOES IT OFFEND YOU , YEAH?
THE TING TINGS


A turnê vai passar por todos os cantos do Reino Unido, assim como Irlanda, e as principais datas são:
Dublin – 30 de janeiro
Glasgow – 01 de fevereiro
Manchester – 02 de fevereiro
Liverpool – 07 de fevereiro
Oxford – 17 de fevereiro
Cardiff – 20 de fevereiro
Londres – 22 de fevereiro

Para comprar ingressos, visite: www.nme.com/gigs

Nos vemos lá!


*** *** *** *** ***


MORRISSEY EM LONDRES!

Quem vai começar o ano com a corda toda é Morrissey, que anunciou uma residência em Londres de seis shows para janeiro. Velho Mozza não tá pra brincadeira! As apresentações acontecerão na Roundhouse, atualmente uma das casas de shows mais prestigiadas da cidade. Gostei da decisão de Mozz em fazer seis shows em um lugar mais intimista como a Roundhouse ao invés de fazer um ou dois concertos em arenas. Ele deve ser da mesma opinião que eu: shows em lugares grandes perdem no quesito emoção, são monótonos e sem um pingo de atmosfera. Nada se compara a experiência de um show intimista. Veja das datas dos shows em Londres:

Janeiro:
21, 22, 23, 25, 26 e 27.

Para 2008 Mozza ainda promete uma coletânea dos seus melhores momentos solo, e quem sabe, um novo disco de inéditas. Quem disse que Morrissey iria se aposentar em 2008, se enganou, pois ele está mais ativo do que nunca.

*** *** *** *** ***


Lançamentos 2007, a lista segue firme...


EDWYN COLLINS – “Home Again”
A grande maioria dos compositores atinge seu ápice criativo no início de suas carreiras, para depois, conforme envelhecem, cair de qualidade aos poucos, definhando, até chegar ao fundo do poço com discos que nem os fãs mais hardcore conseguem aturar. Alguns, entretanto, são o oposto: quanto mais velho, melhor fica, se superando a cada álbum. Neil Young é um desses. Roddy Frame é outro. E parece que, com lançamento do seu sexto trabalho solo, Edwyn Collins também está entrando para esse seleto grupo.

O fato é, se alguém me perguntar qual o melhor disco de soul & folk de 2007, “Home Again” viria rapidinho a minha mente. Sem brincadeira, parece um tesouro perdido dos anos 70. Edwyn gravou essas músicas em 2004, antes de sofrer a hemorragia cerebral que o deixou entre a vida e a morte no hospital, em 2005. Depois de uma milagrosa recuperação, ele decidiu, no ano passado, dar os toques finais e mixar essas jóias pop; e só agora em 2007 que o álbum foi lançado.

As letras falam de amor, nostalgia e esperança, tudo isso permeado por uma mantra soul & folk que, se não tocar seu coração, é por que você não tem um. O carro-chefe é o single “You'll Never Know (My Love)”, uma gema soul que já está no meu set-list das minhas discotecagens (início da noite). Outros destaques são: “Leviathan”, “One Is A Lonely Number”, “Home Again” e “A Heavy Sigh”.


NINE BLACK ALPS – “Love/Hate”
Em 2005, ano em que o Nine Black Alps apareceu, eu peguei eles ao vivo abrindo para o The Tears. Foi nojo a primeira vista. Parecia uma banda grunge da Vila Madalena, gritado, barulhento, berrado, sem nenhuma noção de como compor uma música. Ainda naquela época vi algumas vezes os clips deles na TV e, realmente, minha única alternativa era AVOID. Dois anos depois eu me encontro num show do BRMC e advinha quem ta abrindo? Nine Black Alps.

Dessa vez estavam promovendo o segundo álbum e para minha surpresa e o bem dos meus ouvidos, pareciam que tinham evoluído 10.000% de lá pra cá. O que antes era gritado e erroneamente pesado, tornou-se em algo cantado, melódico e pesado na medida certa. Só o final do show, recheado de músicas velhas, que foi aquele inferno de dois anos atrás. But we forgive. Eis que chego em casa e corro direto pra baixar o novo disco desse grupo de Manchester. Dito e feito: deram uma maneirada, deixaram o lado podre pra trás e compuseram ótimas faixas que, arrisco dizer, os fãs de power pop morrerão de amores.

É o disco que o Idlewild vem tentando fazer desde Remote Part e não conseguem. “Love/Hate” chegou no final do ano para salvar o rock da lama: puro indie-rock pra cativar fãs de Buffalo Tom, Teenage Fanclub, Idlewild Afgham Whigs e por aí vai. Os destaques são: “Everytime I Turn”, “Bitter End”, “Burn Faster” e “Happiness and Satisfaction”. Eu escutando Nine Black Alps? Quem iria imaginar...


SAMARA LUBELSKI – “Parallel Suns”
Essa moça é uma multi-instrumentista alemã, mas que aparentemente se radicou em NYC. Ela é ligada com vários outros artistas e bandas, dos mais variados calibres. Sua carreira solo também é variada; seus primeiros trabalhos, ainda nos anos 90, eram o que foi batizado de ‘experimental-string-music’, uma densa coleção de drones e ressonâncias. Mas parece que a mulher recentemente descobriu o pop e “Parallel Suns”, lançado em outubro, ataca com números que soam um hibrido de Black Box Recorder, Saint Etienne e Stereolab, ou seja, um pop polido, misterioso e penetrante. Eu diria que é um álbum que a gravadora espanhola Siesta não hesitaria em lançar. Nos mês passado Sâmara Lubelski abriu a turnê do Thurston Moore nos EUA.


GRUFF RHYS – “Candylion”
Aí está o segundo disco solo do vocalista dos Super Furry Animals. Se o primeiro era cantado em galês (primeira língua de Gruff) e com uma sonoridade mais experimental, esse segundo já é, em sua maioria, cantado em inglês, e com canções indie de mais fácil digestão. Uma curiosidade é que “Candylion” foi gravado em dois lugares completamente diferentes: parte no interior do País de Gales, parte no Rio de Janeiro, Brasil. Gruff Rhys sempre gostou de se aventurar. O lance é que o Super Furries sempre variou seu tipo de som, então esse trabalho solo do Gruff é praticamente um álbum não oficial de sua banda principal. Indie-folk-pop hipnótico, polido e as vezes esquisito. Lembrando que os Animais Super Peludos também lançaram um disco esse ano. Vale a pena checar.


Veja os outros lançamentos de 2007 resenhados na coluna:
APPARAT – “Walls”
NEIL YOUNG – “Chrome Dreams II”
CARIBOU – “Andorra”
MAPS – “We Can Create”
THE RAVEONETTES – “Lust Lust Lust”
BASIA BULAT – “Oh My Darling”
FEIST – “The Reminder”
THE CORAL – “Roots And Echoes”
JACK PEÑATE – “Matinee”
JENS LEKMAN – “Night Falls Over Kortedala”
MONTT MARDIÉ – “Clocks / Pretender”
PELLE CARLBERG – “In a Nutshell”
THE RUMBLE STRIPS – “Girls And Weather”
AMIINA – “Furr”
ELUVIUM – “Copia”
JUSTICE – †
BRYAN FERRY – “Dylanesque”
DIGITALISM – “Idealism”
THE THRILLS – “Teenager”
RILO KILEY – “Under The Blacklight”
DARTZ! – "This Is My Ship"
THE HORRORS – "Strange House"
GOOD SHOES – "Think Before You Speak"
LUCKY SOUL – “The Great Unwanted”
COCOROSIE – "The Adventures Of Ghosthorse & Stillborn"
THE CLIENTELE – “God Save The Clientele”
THE RAKES – "Ten New Messages"
MAXIMO PARK – "Our Earthly PLeasures"
BRETT ANDERSON – "Brett Anderson"
ARCADE FIRE – "Néon Bible"
KEREN ANN – "Keren Ann"
TAP TAP – "Lanzafame"
AIR – "Pocket Symphony"
EXPLOSIONS IN THE SKY - "All of a Sudden I Miss Everyone"
JOHN HOWARD – "Same Bed, Different Dreams"
BRIGHT EYES – "Cassadaga"
THE BISHOPS – "The Bishops"
ELECTRELANE – "No Shouts, No Calls"
MANIC STREET PREACHERS – "Send Away The Tigers"
JAMIE T – “Panic Prevention”
THE KISSAWAY TRAIL – “The Kissaway Trail”
BUTCHER BOY – “Profit In Your Poetry”
THE CRIBS – “Men’s Need, Women’s Need, Whatever”
THE APPLES IN STEREO – “New Magnetic Wonder”
THE ORCHIDS – “Good To Be A Stranger”
ASH – “Twilight Of The Innocents”
BARENAKED LADIES – “Barenaked Ladies Are Men”
MONSTER BOBBY – “Gaps”
RICHARD HAWLEY – “Lady’s Bridge”
THE POLYPHONIC SPREE – “The Fragile Army”
VALGEIR SIGUROSSON – “Ekvilibrium”
AFTERPILOT – “Foxtail”STARS OF THE LID – “And Their Refinement of the Decline”
SILVERSUN PICKUPS – “Carnavas”
CARLA BRUNI – “No Promises”
MSTRKRFT – “The Looks”





















xxx

 

coluna 14 de novembro

Vamos de vídeos pra dar uma animada...


Jens Lekman – “Sipping On Sweet Nectar”
Como já dizia Morrissey, “I have no faith”. Essa coluna é pop e aqui sempre haverá espaço para o mais cristalino pop, tipo Jens Lekman. Não tenho fé na humanidade. Jens Lekman vai tocar em Londres num lugar para 200 pessoas apenas. E na minha cabeça ele é o rei do pop. Essa faixa é do último álbum desse moço sueco, que, como você bem sabe, foi devidamente resenhado e elogiado por mim aqui nesse espaço.



Maximo Park – “Karaoke Play”
Quarto single tirado do segundo álbum do Maximo Park. Paul Smith e cia. seguem na jornada rumo ao trono do pop britânico! E a NME que morda sua língua!



Feist – “My Moon My Man”
Mais pop pra você. Clip fofo. Imagina as fantasias dela quando está em aeroportos. Feist é misteriosa.



The Eighties Matchbox B-Line Disaster – “In The Garden”
O pop acabou. Vamos botar um pouco de terror na coluna. Com vocês o novo single dos The Eighties Matchbox B-Line Disaster. Esses nunca brincam com o rock. Sabe qual o nome da turnê deles? No Imitations No Limitations. O Horrors que se cuide.





APPARAT – “Walls”
Aeeeee. Uma banda como essa é o que preciso para continuar tendo fé na música. Porque convenhamos, 2007 tá sendo um ano de vacas magras no que diz respeito a originalidade, criatividade e ousadia. Aí é que entra em cena esse “Walls”, um trabalho que contém tudo isso e mais um pouco. Como classifica-lo? Boa pergunta. É algo inclassificável. Rock? Sim e não. Eletrônico? Sim e não. Experimental? Sim e não. Pop? Sim e não. Um disco que fica perambulando pra lá e pra cá e, entre um gênero e outro, resulta em algo totalmente fresh, penetrante e bonito. Apparat é na verdade o produtor alemão Sascha Ring e esse álbum mostra quão talentoso é o rapaz. Soberbo, impecável, universal. Se você gosta de bandas como M83, Asobi Seksu, Mew, Avalanches ou The Knife, não marque bobeira e ouça já “Walls”. Um detalhe final, também adorei a arte da capa.

CARIBOU – “Andorra”
Li uma entrevista do Dan Snaith, esse americano que é responsável pelo Caribou, que no seus discos anteriores ele sabia e usava todas as técnicas e artimanhas dos programas de fazer música, e todos os truques de produção, porém não tinha a manha de criar uma boa melodia. Já nesse seu quarto trabalho, “Andorra”, deixou florescer seu lado melódico ao invés de ficar feito nerd na frente do computador. Ou seja, ele quis fazer um disco pop. E conseguiu. O melhor de tudo é que a sonoridade ainda está requintada e criativa, soando hora maravilhosamente lo-fi, hora divinamente rica, mostrando que Dan Snaith não esqueceu de como operar seus programas de música. Pop psicodélico moderno, nos moldes de Panda Bear ou Four Tet. Recomendo.


MAPS – “We Can Create”
Sem sombra de dúvidas, 2007 foi o ano do revival shoegaze. Não tem o que contestar. Aquele gênero musical do início dos anos 90 que saudava guitarras drone e vocais sussurrados influenciou muita gente, e o resultado foram ótimos trabalhos repletos de referencias shoegaze sendo lançados. “We Can Create” é um desses, uma versão atual do shoegaze. O cérebro do Maps é James Chapman, um rapaz da cidade de Northampton aqui na Inglaterra. Esse é seu disco de estréia e, no tocante a qualidade, está ali no topo com artistas contemporâneos semelhantes como Mew, Sigur Rós e Blonde Redhead. “We Can Create” nos entrega onze belas faixas que compõem um álbum coeso e notável, deixando no ar boas perspectivas para uma segunda empreitada. Boto fé.


THE RAVEONETTES – “Lust Lust Lust”
Outros que jamais brincam com o rock. Nossa, parece que foi ontem que escutei-os pela primeira vez em 2003. Essa dupla dinamarquesa (recentemente radicada em LA) ataca novamente com o quarto álbum e, embora o cenário esteja um pouco diferente, o som é total Raveonettes. O disco anterior era mais light, e vinha, aliado a guitarras, com harmonias radio-friendly (JAMC, yay!). Era um álbum para quem curte uma boa cocaína. Porém, a coisa ficou levemente mais pesada e sombria em Lust Lust Lust. Deram um passo a frente e fizeram algo para usuários de heroína (Velvet, ouch!). No final das contas, é aquele Raveonettes que sempre gostamos. Será que um dia vou enjoar dessa banda? Se depender de “Lust Lust Lust”, acho pouco provável.



DISCOS RECOMENDADOS DE 2007
BASIA BULAT – “Oh My Darling”
FEIST – “The Reminder”
THE CORAL – “Roots And Echoes”
JACK PEÑATE – “Matinee”
JENS LEKMAN – “Night Falls Over Kortedala”
MONTT MARDIÉ – “Clocks / Pretender”
PELLE CARLBERG – “In a Nutshell”
THE RUMBLE STRIPS – “Girls And Weather”
AMIINA – “Furr”
ELUVIUM – “Copia”
JUSTICE – †
BRYAN FERRY – “Dylanesque”
DIGITALISM – “Idealism”
THE THRILLS – “Teenager”
RILO KILEY – “Under The Blacklight”
COCOROSIE – "The Adventures Of Ghosthorse & Stillborn"
THE CLIENTELE – “God Save The Clientele”
THE RAKES – "Ten New Messages"
MAXIMO PARK – "Our Earthly PLeasures"
BRETT ANDERSON – "Brett Anderson"
ARCADE FIRE – "Néon Bible"
KEREN ANN – "Keren Ann"
TAP TAP – "Lanzafame"
AIR – "Pocket Symphony"
EXPLOSIONS IN THE SKY - "All of a Sudden I Miss Everyone"
JOHN HOWARD – "Same Bed, Different Dreams"
BRIGHT EYES – "Cassadaga"
THE BISHOPS – "The Bishops"
ELECTRELANE – "No Shouts, No Calls"
MANIC STREET PREACHERS – "Send Away The Tigers"
DARTZ! – "This Is My Ship"
THE HORRORS – "Strange House"
GOOD SHOES – "Think Before You Speak"
LUCKY SOUL – “The Great Unwanted”
JAMIE T – “Panic Prevention”
THE KISSAWAY TRAIL – “The Kissaway Trail”
BUTCHER BOY – “Profit In Your Poetry”
THE CRIBS – “Men’s Need, Women’s Need, Whatever”
THE APPLES IN STEREO – “New Magnetic Wonder”
THE ORCHIDS – “Good To Be A Stranger”
ASH – “Twilight Of The Innocents”
BARENAKED LADIES – “Barenaked Ladies Are Men”
MONSTER BOBBY – “Gaps”
RICHARD HAWLEY – “Lady’s Bridge”
THE POLYPHONIC SPREE – “The Fragile Army”
VALGEIR SIGUROSSON – “Ekvilibrium”
AFTERPILOT – “Foxtail”STARS OF THE LID – “And Their Refinement of the Decline”
SILVERSUN PICKUPS – “Carnavas”
CARLA BRUNI – “No Promises”
MSTRKRFT – “The Looks”
NEIL YOUNG – “Chrome Dreams II”



xxx

Thursday, November 15, 2007

 

coluna 07 de novembro

MONTAGE

A banda brasileira MONTAGE aterrissa em Londres essa semana para um show exclusivo no Buffalo Bar. É a primeira apresentação da dupla electro-punk no Reino Unido, e certamente entrará para história.

Oriundos de Fortaleza e formado por Daniel Peixoto e Leco Jucá, o som deles é ao mesmo tempo agressivo e sensual, e com isso, aliado a um visual berrante e letras provocativas, são uma das grandes revelações da cena musical do Brasil. Sem essa de que a música brasileira precisa apenas ter elementos de música tradicional brasileira. A música brasileira pode ser rock e eletrônica sim. Se rolou na gringa com CSS, Sepultura, Wry e Tamborines, além de outros, por que não rolar com Montage?

O show rola no Goonite Club, que acontece no Buffalo Bar na próxima quarta, dia 14 de novembro. As bandas de abertura serão Sonicflyer e We Are Balboa. E eu mesmo estarei discotecando. See you there.

MONTAGE in LONDON/UK
14 de novembro, 8pm
Goonite Club, Buffalo Bar
259 Upper Street. London. N1 1RU
Next to Highbury & Islington Tube
Tickets £6 / £5 info 02073596191

Leia o que o jornal inglês The Guardian escreveu sobre o Montage:
http://blogs.guardian.co.uk/observermusic/2007/10/on_tour.html


*** *** *** *** ***


NME COOL LIST

Essa semana foi divulgada mais uma Cool List na NME; essa votação anual vem criando controvérsia a cada ano. Em 2004 causou escândalo nos tablóides ao eleger Pete Doherty no topo. Ano passado transformou a vida de Beth Ditto: de uma simples lésbica punk para uma celebridade. Entretanto, esse ano não veio com nada digno de repercussão. O número 1, na verdade, é digno de dó. Ah, antes que você me pergunte, Meg White, Pete Doherty, Matt Bellamy e Thom Yorke ainda continuam firme na lista. Outra coisa, na minha opinião, quem ficou em último deveria ter ficado em primeiro, aquele sim é um rapaz cool. Que tal se a gente inverter a seleção? E por último, alguém por favor pode me dizer onde estão Jack Peñate, Paul Smith, frYars, Charlie Rumble Strips, Jenny Lewis, Laura Mariling, a duplinha do Justice e a gordinha do Operator Please?

50. SPIDER WEBB, the horrors
49. DEV HYNES, lightspeed champion
48. SANTOGOLD
47. CARLOS D, interpol
46. PATRICK WOLF
45. YANNIS PHILIPPAKS, foals
44. BRANDON FLOWERS, the killers
43. SUKI, the real heat
42. COLE ALEXANDER, black lips
41. JOSH HOMME, queens of the stone age
40. NICKY WIRE, manic street preachers
39. KYLE FALCONER, the view
38. ANDY BURROWS, razorlight
37. JOE LEAN, joe lean and the jing jang jong
36. IAN BROWN
35. LOU HAYTER, new young pony club
34. PETE DOHERTY
33. JAMIE T
32. GERARD WAY, my chemical romance
31. TIM HARRINGTON, lês savy fav
30. MEG WHITE
29. KELE OKEREKE, bloc party
28. KAREN O, yeah yeah yeahs
27. SIMON TAYLOR, klaxons
26. SIMON NEIL, biffy clyro
25. MORGAN YEAH? does it offend you, yeah?
24. CRAIG FINN, the hold steady
23. EDDIE ARGOS, art brut
22. MATT HELDERS, arctic monkeys
21. CALEB FOLLOWILL
20. JAMES SMITH, hadouken!
19. MATT BELLAMY, muse
18. O BIGODE DO BRANDON FLOWERS
17. HAYLEY WILLIANS, paramore
16. NOEL GALLAGHER, oásis
15. TOM CLARKE, the enemy
14. PRINCE
13. DREW MCCONNELL, babyshambles
12. THOM YORKE, radiohead
11. MIA
10. KEITH RICHARDS, the rollong stones
09. BETH DITTO, the gossip
08. AMY WINEHOUSE
07. KATE NASH
06. ALEX TURNER, arctic monkeys
05. LETHAL BIZZLE
04. RYAN JARMAN, the cribs
03. LOVEFOXXX, css
02. JAMIE REYNOLDS, klaxons
01. FRANK CARTER, gallows

Ainda, há também a legendária Fool List, com as pessoas mais idiotas do planeta, segundo a NME. George Bush está na lista desde que ela foi inventada, obviamente.

GEORGE BUSH
MARK RONSON
J.BO
BLAKE FIEDER-CIVIL
DAVID CAMERON
JEREMY CLARKSON
BBC BREAKFEST WOMAN
EMILY FROM BIG BROTHER
NEWSAGENTS WHO TURNED BETH OVER
BORIS JOHNSON

E como de praxe, a NME publicou uma lista de lugares cool no planeta. Tenho minhas dúvidas sobre alguns locais escolhidos...

PORTLAND
CARDIFF
LOS ANGELES
WAKEFIELD
ST. ALBANS
COVENTRY
HENLEY-ON-THAMES
BRAZIL
CHINA
EAST LONDON


*** *** *** *** ***


Esse mês a respeitada (?) revista de música e moda Clash, aqui de Londres, traz a dupla Daft Punk na capa, e em suas páginas encontramos artigos sobre Sigur Rós, Laura Marling, Bat For Lashes, Jack Peñate e muitos outros. O mais importante, porém, é a seleção de melhores do ano, coisa que publico aqui na íntegra. A seleção é dividida por estilos, e a publicação também traz uma espécie de cool e fool list. O mais engraçado é que a lista de melhores álbuns indie que a Clash escolheu é, com exceção de alguns, a minha lista de piores. Vai entender...

TOP 10 INDIE ALBUMS
01. KINGS OF LEON – “Because Of The Times”
02. COLD WAR KIDS – “Robbers And Cowards”
03. ARCADE FIRE – “Néon Bible”
04. JAMIE T – “Panic Prevention”
05. THE WHITE STRIPES – “Icky Thump”
06. ARCTIC MONKEYS – “Favorite Worst Nightmare”
07. RADIOHEAD – “In Raibows”
08. THE ENEMY – “We’ll Live And Die In These Towns”
09. BLOC PARTY – “A Weekend In The City”
10. BABYSHAMBLES – “Shooter’s Nation”

TOP 10 DANCE ACTS
01. MODESELEKTOR
02. COUNT OF MONTE CRISTAL
03. THE CHEMICAL BROTHERS
04. SIMIAN MOBILE DISCO
05. BONDE DO ROLÊ
06. CROOKERS
07. BURUKA SOM SIESTEMA
08. JUSTICE
09. RADIOCLIT
10. PHON.O VS CHRIS DE LUCA

TOP 10 LEFTFIELD ALBUNS (entendi que essa é uma seleção de álbuns inclassificáveis que não se encaixam nos rótulos rock ou eletrônica, na verdade é uma fusão de vários gêneros musicais)
01. BENGA – “Diary Of Na Afro Warrior”
02. BATTLES – “Mirrors”
03. APPARAT – “Walls”
04. NEW YOUNG PONY CLUB – “Fantastic Playroom”
05. SKREAM – “Skreamism III”
06. MIA – “Kala”
07. MUM – “Go Smear The Poison Ivy”
08. MATTHEW DEAR – “Asa Bread”
09. TUNNG – “Good Arrows – Full Time Hobby”
10. MAPS – “We Can Create”

TOP 10 ALTERNATIVE ALBUMS
01. FEIST – “The Reminder”
02. LCD SOUNDSYSTEM – “Sound Of Silver”
03. RADICAL FACE – “Ghost”
04. KLAXONS – “Myths Of The Near Future”
05. IRON AND WINE – “The Shepherd’s Dog”
06. ANDREW BIRD – “Armchair Apochypha”
07. ELVIS PERKINS – “Ash Wednesday”
08. ANIMAL COLLECTIVE – “Strawberry Jam”
09. RICHARD SWIFT – “Dressed Up For The Letdown”
10. CARBON/SILICON – “The Last Post”

TOP 10 NEWCOMERS (novos artistas)
01. JACK PENATE
02. BAT FOR LASHES
03. KATE NASH
04. REVEREND AND THE MAKERS
05. RA RA RIOT
06. FUJIYA & MIYAGI
07. CAJUN DANCE PARTY
08. LETHAL BIZZLE
09. GALLOWS
10. PATRICK WATSON

TOP 10 CHAMPS (a lista dos cools...)
01. TONY WILSON
02. AMY WINEHOUSE
03. LED ZEPPELIN
04. KAYNE WEST
05. KLAXONS
06. THE VIEW
07. RADIOHEAD
08. PAUL MCCARTNEY
09. BETH DITTO
10. KEITH RICHARDS

TOP 10 CHUMPS (a lista dos fools...)
01. MIKA
02. MARK RONSON
03. CALVIN HARRIS
04. DONNY TOURETTE
05. PEACHES GELDOF
06. NME
07. JOHNNY BORRELL
08. FACEBOOK
09. THE SPICE GIRLS
10. SIMON COWELL

TOP 10 RECORD LABELS
01. TEMPA
02. MODULAR
03. ED BANGER
04. SUNDAY BEST
05. PLANET UM
06. MORR
07. INSTITUTES
08. 1965
09. TYPE
10. STAX

Wednesday, November 14, 2007

 

coluna 01 de novembro

I’M HUSTLER, BABE! GO TO THE RECORD STORE, BABE!

Essa semana o mundo da música (ui!) foi pego de surpresa pelo relançamento do clip de “Hustler” da banda electro Simian Mobile Disco, que, segundo a mídia, é chocante e pavoroso ou, como eles dizem aqui, ‘sick’. The sickiest clip of all time, ui. A banda já tinha lançado um vídeo para essa música, que era BEM sexy, mas decidiram mudar um pouquinho o tom refazendo totalmente o clip, equilibrando elementos sexy e monstruosos nas novas filmagens. Mulheres monstrinhos, você gosta? Estão papando bem gostoso! I’m a hutler, babe! O resultado você assiste logo abaixo.



Como o vídeo anterior, como falei, era BEM sexy, não poderia ficar de fora da coluna, claro. Prefiro esse clip ao novo, obviamente. Garotas evoluídas! Precisamos mais disso no mundo.



Já que é pra brincar de clips sick, yay!, vamos então com o que a NME acha de clips sick. Prodigy e Aphex Twin. Esse são prediletos desse escriba bebum. Confira.

APHEX TWIN – Windowlicker (esse eu gosto, hihihi)


PRODIGY – Smack My Bitch Up
Gente, esse não tem. Acabei de procurar no YouTube e não encontrei, ele provavelmente foi censurado pelo YouTube. Que horror! Baniram o bendito clip só porque contém cenas de um causador cheirando cocaína, arrumando briga, vomitando, bebendo pinga, causando geral, e depois vemos que o causador na verdade se trata de uma linda loira, que no final do vídeo trepa gostoso com uma outra mina. Gente, as pessoas fazem isso diariamente, é parte da sociedade, porque banir o coitado do clip do YouTube?????? Que mundo horrível, hipócrita, imbecil.


LANÇAMENTOS 2007
Vamos q vamo...

NEIL YOUNG – “Chrome Dreams II”
O velho Neil Young não se cansa e lança mais um álbum, o terceiro em três anos. Grande velhinho, recebeu um raio de iluminacão e não conseguiu conter as idéias que lhe brotavam, e foi botando tudo pra fora, em forma de ótimas canções. “Chrome Dreams II” é um trabalho variado, contendo números alt.country, rock cru, um coral de crianças e faixas flamenjantes com quase 20 minutos. Se você gosta do velhinho, vai adorar “Chrome Dreams II”. Aqui Neil Young re-visitou algumas canções que ele tinha gravados há mais de 20 anos, mas que nunca tinham sido lançadas oficialmente. O carro chefe do álbum é “Ordinary People”, uma jornada de 18 minutos, puro Neil Young, guitarras cruas, instrumentos de sopro, e aquela voz abençoada. Comparando com seus últimos lançamentos, “Chrome Dreams II” não tem a espontaneidade nervosa e crua de “Living With War”, nem a excelência musical de “Prairie Wind”, mas ainda sim é um notável disco, de um velhinho que raramente nos desaponta. Outros destaques, além da saga de “Ordinary People”, são: “Dirty Old Man”, “Beautiful Bluebird”, “Even After” e “The Way”.


MSTRKRFT – “The Looks”
Eu gosto de música eletrônica, por incrível que pareça. Mas se você me vier com techno, trance, drum’n’bass, new-rave ou qualquer outra merda do tipo, não vou dar ouvidos, sinto muito. Porém, se me trazer uma banda como MSTRKRFT (lê-se Master Kraft sem as vogais), eu vou adorar. Esse álbum foi lançado no início do ano, mas tem feito tanto sucesso aqui em Londres que até hoje, início de novembro, escutamos ele em clubs e lojas. É torpedo atrás de torpedo, um mais dançante que o outro. “The Looks” é um excelente disco de electro, recheado de faixas fresquinhas, saudáveis e sexy, e junto com Justice e Digitalism, colocou toda a cena de moda e música eletrônica na palma da mão em 2007. Alguém aí citou Klaxons e New Rave? Blé, faça-me os favor! Detalhe, o MSTRKRFT é na real os caras do Death From Above. Toda vez que penso em Death From Above eu penso na Lovefoxx, por que será?? Os highlights desse The Looks são: “Paris” (uma das melhores faixas do ano), “Street Juice”, “Work On You” e “Bodywork”.


CARLA BRUNI – “No Promises”
Francesinha-italiana gostosa dando suas escapadas em Londres, I’m having that. Carla Bruni era uma modelo bem paga e rica, e já trepou com Mick Jagger e Eric Clapton. Ela na verdade foi responsável pela separação de Mick Jagger e sua então esposa Jerry Hall. Tem culhão. Carla nasceu na Itália, mas mudou-se para França quando ainda guria. A mina fala várias línguas. Tesão. Decidiu abandonar a carreira de modelo para ser cantora, alegando que no mundo da moda não existe criatividade. Concordo. O primeiro álbum foi lançado em 2003, era cantado em francês e por isso era SEXY PRA CARALHO. Eu gozava logo na terceira música. Foi um disco baseado em seus ídolos, Serge Gainsbourg e Joni Mitchel, e fez enorme sucesso na França, vendendo mais de um milhão de cópias. Quatro anos depois, agora em 2007, ela reaparece com um álbum cantado em inglês. Embora não seja tão sexy como o primeiro disco, ainda sim é uma delícia. Gozo na oitava música. Pop com vocais baixos, metendo na mesma panela climas sedutores e depressivos. Quem disse que uma boa depressão não é romântica? Se você gosta de Nico, Keren Ann e Hope Sandoval (Mazzy Star também), não deixe de ir atrás dessa francesita italiana. She won’t let you down.


SILVERSUN PICKUPS – “Carnavas”
Já vou dizer logo de cara: O Silversun Pickups sim é uma banda indie, o resto é passatempo. Uma puta fusão de shoegaze, grunge e indie, relembrando meus velhos tempos de DJ Club, quando eu ainda morava na perifa do mundo. Esse álbum de estréia vem carregado de guitarras distorcidas e, mesmo não soando nada original, as faixas são repletas de criatividade, força e luz. O som dessa banda é o elo perdido entre My Bloody Valentine e Smashing Pumpkins. Silversun Pickups pode ser considerado revivalista, mas “Carnavas” é um senhor disco. Destaques: “Well Thought Out Twinkles”, “Waste It On”, “Checkered Floor” e “Three Shed”.


Veja a lista de discos essenciais de 2007:
BASIA BULAT – “Oh My Darling”
FEIST – “The Reminder”
THE CORAL – “Roots And Echoes”
JACK PEÑATE – “Matinee”
JENS LEKMAN – “Night Falls Over Kortedala”
MONTT MARDIÉ – “Clocks / Pretender”
PELLE CARLBERG – “In a Nutshell”
THE RUMBLE STRIPS – “Girls And Weather”
AMIINA – “Furr”
ELUVIUM – “Copia”
JUSTICE – †
BRYAN FERRY – “Dylanesque”
DIGITALISM – “Idealism”
THE THRILLS – “Teenager”
RILO KILEY – “Under The Blacklight”
COCOROSIE – "The Adventures Of Ghosthorse & Stillborn"
THE CLIENTELE – “God Save The Clientele”
THE RAKES – "Ten New Messages"
MAXIMO PARK – "Our Earthly PLeasures"
BRETT ANDERSON – "Brett Anderson"
ARCADE FIRE – "Néon Bible"
KEREN ANN – "Keren Ann"
TAP TAP – "Lanzafame"
AIR – "Pocket Symphony"
EXPLOSIONS IN THE SKY - "All of a Sudden I Miss Everyone"
JOHN HOWARD – "Same Bed, Different Dreams"
BRIGHT EYES – "Cassadaga"
THE BISHOPS – "The Bishops"
ELECTRELANE – "No Shouts, No Calls"
MANIC STREET PREACHERS – "Send Away The Tigers"
DARTZ! – "This Is My Ship"
THE HORRORS – "Strange House"
GOOD SHOES – "Think Before You Speak"
LUCKY SOUL – “The Great Unwanted”
JAMIE T – “Panic Prevention”
THE KISSAWAY TRAIL – “The Kissaway Trail”
BUTCHER BOY – “Profit In Your Poetry”
THE CRIBS – “Men’s Need, Women’s Need, Whatever”
THE APPLES IN STEREO – “New Magnetic Wonder”
THE ORCHIDS – “Good To Be A Stranger”
ASH – “Twilight Of The Innocents”
BARENAKED LADIES – “Barenaked Ladies Are Men”
MONSTER BOBBY – “Gaps”
RICHARD HAWLEY – “Lady’s Bridge”
THE POLYPHONIC SPREE – “The Fragile Army”
VALGEIR SIGUROSSON – “Ekvilibrium”
AFTERPILOT – “Foxtail”STARS OF THE LID – “And Their Refinement of the Decline”



xxx

Wednesday, November 07, 2007

 

coluna 25 de outubro

OS PIORES SHOWS DE TODOS OS TEMPOS

No mês passado, conforme você leu aqui na coluna, a revista inglesa Uncut elegeu uma lista dos melhores shows de todos os tempos. Esse mês foi a vez dos piores. Ouch!

01. DAVID BOWIE – Wembley Stadium, 19 de julho de 1987 (Glass Spider Tour)
02. THE STONE ROSES – Reading Festival, 25 de agosto de 1996
03. WOODSTOCK 94 – New York, 12/13/14 de agosto de 1994
04. THE SEX PISTOLS – Finsbury Park, Londres, 23 de julho de 1996
05. PINK FLOYD – Earls Court, Londres, agosto de 1980
06. KEVIN ROWLAND – Jazz Café, Londres, outubro de 1999
07. OASIS – Whiky-A-Go-Go, Los Angeles, 24 de setembro de 1994
08. BLUR – Brixton Academy, Londres, abril de 1992
09. ELTON JOHN – Hammersmith Odeon, Londres, 24 de dezembro de 1994
10. ROLLING STONES – Knebworth, Herts, 21 de agosto de 1976
11. THE FALL – The Junction, Cambridge, 24 de outubro de 1995
12. BOB DYLAN – Hammersmith Odeon, Londres, 9 de fevereiro de 1993
13. THE DARKNESS – Alexandra Palace, Londres, 7 de fevereiro de 2006
14. YES – Madson Square Garden, New York, 6 de setembro de 1978
15. SUICIDE – Royal Festival Hall, Londres, 4 de julho de 1998

Resolvi traduzir o relato sobre o catastrófico show do The Fall, com Mark E Smith causando mais uma das suas...

THE FALL
Ao vivo no The Junction, Cambridge, 24 de outubro de 1995
Por Pat Long


“The Junction era um prédio feio situado no meio de um bloco industrial atrás da estação de trem de Cambridge. The Fall tocou aqui em 1993 e o bootleg do show prova que foi incrível – o álbum que eles estavam promovendo, The Information Scam, era um retorno a boa forma, Mark E Smith estava bêbado, mas legal e engraçado, e eles finalizaram o show com uma puta cover dos Sonics para “Strychnice”.

Eu não estava nesse show. O show que eu fui foi dois anos mais tarde, e foi um dos mais hostis que eu presenciei em toda minha vida. A primeira coisa que Smith fez foi chutar a câmera do fotógrafo da NME Andy Wilsher, e depois chutar a cara dele. Aí ele balbuciou algumas músicas e deu um pontapé na bunda do guitarrista Craig Scanlon. Depois disso, ele foi tropeçando para o camarim e cantou o resto do show de lá. Scanlon deixou a banda no dia seguinte, depois do que parecia ter sido 16 longos e cansativos anos.”


*********************


SHOWS EM LONDRES ATÉ O FINAL DO ANO

A não ser que alguma tragédia ocorra, esses shows certamente não estarão na lista dos piores. Pelo contrário, eles prometem detonar, com destaque para a grande volta do The Verve! London is still burning!

THE EIGHTIES MATCHBOX B-LINE DISASTER, 31 de outubro, 229
SUPER FURRY ANIMALS, 03 de novembro, Roundhouse
DEVENDRA BANHART + LAURA MARLING, 06 de novembro, The Forum
THE CHARLATANS, 06 de novembro, Shepherds Bush Empire
65daysofstatic, 09 de novembro, Electric Ballroom
DIGITALISM, 13 de novembro, Scala
KISSAWAY TRAIL, 13 de novembro, 93 Feet East
AIR, 15 de novembro, Hammersmith Apollo
RILO KILEY, 19 de novembro, Shepherds Bush Empire
HOT HOT HEAT, 19 de novembro, Scala
CARIBOU, 27 de novembro, Dingwalls
CSS + JUSTICE, 03 de dezembro, Brixton Academy
THE MAGIC NUMBERS, 05 de dezembro, Royal Albert Hall
MANIC STREET PREACHERS, 12 de dezembro, Brixton Academy
THE VERVE, 13 de dezembro, O2 Arena
MADNESS, 14 de dezembro, O2 Arena
THE CHEMICAL BROTHERS, 13/14/15 de dezembro, Brixton Academy
EXPLOSIONS IN THE SKY + ELUVIUM, 30 de janeiro, Astoria

Compre ingressos nos seguintes sites:
www.gigsandtours.com
www.seetickets.com


*** *** *** *** ***

LANÇAMENTOS 2007


THE CORAL – “Roots And Echoes”
Existem discos que parecem chegar na hora certa. To pra escutar esse novo The Coral há semanas, mas foi só agora, com a chegada do outono aqui em Londres, é que dei uma orelhada. Cacete, que discão! E veja só, um perfeito disco de outono! Consigo até escutar as folhas caindo das árvores enquanto ouço essas músicas. Um clima rústico, frio e aconchegante. Esse é o quarto disco desse combo de Liverpool, e não seria exagero em afirmar que é o melhor da carreira deles. Afinal, não é todo dia que aparece um álbum perfeito de folk-psychedelic na nossa mão, contendo um tracklist coeso, com um clima afetuoso e confortável, ainda que sombrio em alguns momentos. Mas isso é o outono, uma estação que nos provoca um confortável frio. “Roots And Echoes” é puro outono, e se você quer uma prova, ouça a canção “Put The Sun Back”, ela dá o tom para o resto do álbum; uma faixa bonita e melódica, mas que mesmo assim, no fundo da nossa alma, ao escutar ela, sabemos que tragédias são inevitáveis. Depois de uma derrapadinha no trabalho anterior, “Roots And Echoes” é um estupendo álbum de uma banda que, na minha opinião, tem um futuro brilhante. Destaques: “Jacqueline”, ““Music At Night”, “Put The Sun Back”, “Rebecca You” e “Cobwerbs”.

FEIST – “The Reminder”
Primeiro de tudo, a capa desse disco não é bonita? Gostei. O nome Feist é na verdade o projeto solo da cantora canadense Leslie Feist, e esse é seu terceiro lançamento. Anteriormente, ela fez colaborações com bandas como Kings Of Convenience, Broken Social Scene e Peaches. O som desse álbum é o que eu chamo de Confessional Pop: aquele pop feminino caracterizado por baladas indie, com fortes referencias folk, em que suas protagonistas soltam lamentações e confissões através de uma voz poderosa e marcante, ainda que algumas vezes delicada. Entram para esse escalão Cat Power, Martha Wainwright e Regina Spektor, para citar apenas três atuais. Em “The Reminder” Feist apresenta 13 leves canções, acompanhada, na maioria das vezes, por apenas violão, uma moderada percussão e um ou outro ruído. Trilhando por momentos harmoniosos, salientes e agridoces, “The Reminder” é um disco que, dependendo do seu atual estado de espírito, pode marcar uma fase da sua vida. Destaques: “The Park”, “The Water”, “Past In Present” e “Intuition”.

BASIA BULAT – “Oh My Darling”
Seguindo o mesmo estilo singer-songwriter da Feist, porém trilhando um caminho mais hipponga, a estreante Basia Bulat (também canadense) lança seu álbum pela clássica gravadora inglesa Rough Trade. E como você já sabe, quase tudo que em de lá possui qualidade impecável. Basia Bulat mantém o padrão da gravadora, e “Oh My Darling” chega como um dos grandes lançamentos folk de 2007. Sua voz é o elo perdido entre Cat Power e Joanna Newsom, e suas canções vão de weird-folk para baladas melódicas, criando assim um clima celestial e único. Destaques: “Little Waltz”, “December” e “Oh, My Darling”.









Veja a lista de discos legais de 2007:
JACK PEÑATE – “Matinee”
JENS LEKMAN – “Night Falls Over Kortedala”
MONTT MARDIÉ – “Clocks / Pretender”
PELLE CARLBERG – “In a Nutshell”
THE RUMBLE STRIPS – “Girls And Weather”
AMIINA – “Furr”
ELUVIUM – “Copia”
JUSTICE – †
BRYAN FERRY – “Dylanesque”
DIGITALISM – “Idealism”
THE THRILLS – “Teenager”
RILO KILEY – “Under The Blacklight”
COCOROSIE – "The Adventures Of Ghosthorse & Stillborn"
THE CLIENTELE – “God Save The Clientele”
THE RAKES – "Ten New Messages"
MAXIMO PARK – "Our Earthly PLeasures"
BRETT ANDERSON – "Brett Anderson"
ARCADE FIRE – "Néon Bible"
KEREN ANN – "Keren Ann"
TAP TAP – "Lanzafame"
AIR – "Pocket Symphony"
EXPLOSIONS IN THE SKY - "All of a Sudden I Miss Everyone"
JOHN HOWARD – "Same Bed, Different Dreams"
BRIGHT EYES – "Cassadaga"
THE BISHOPS – "The Bishops"
ELECTRELANE – "No Shouts, No Calls"
MANIC STREET PREACHERS – "Send Away The Tigers"
DARTZ! – "This Is My Ship"
THE HORRORS – "Strange House"
GOOD SHOES – "Think Before You Speak"
LUCKY SOUL – “The Great Unwanted”
JAMIE T – “Panic Prevention”
THE KISSAWAY TRAIL – “The Kissaway Trail”
BUTCHER BOY – “Profit In Your Poetry”
THE CRIBS – “Men’s Need, Women’s Need, Whatever”
THE APPLES IN STEREO – “New Magnetic Wonder”
THE ORCHIDS – “Good To Be A Stranger”
ASH – “Twilight Of The Innocents”
BARENAKED LADIES – “Barenaked Ladies Are Men”
MONSTER BOBBY – “Gaps”
RICHARD HAWLEY – “Lady’s Bridge”
THE POLYPHONIC SPREE – “The Fragile Army”
VALGEIR SIGUROSSON – “Ekvilibrium”
AFTERPILOT – “Foxtail”
STARS OF THE LID – “And Their Refinement of the Decline”















xxx

Tuesday, October 23, 2007

 

coluna 17 de outubro

LOVE MUSIC HATE RACISM

Essa semana está em todas as bancas do Reino Unido a NME edição especial contra o racismo. Acompanhada de um CD, essa edição faz parte da campanha da NME para combater o racismo no Reino Unido, que infelizmente vem crescendo de uns anos pra cá. A campanha é intitulada “Love Music Hate Racism” e já conta com o suporte de diversas bandas, como Dirty Pretty Things, Bloc Party, The View, The Enemy, Maximo Park, Noisettes, Babyshamblesw, The Charlatans e muitos outros.

A NME decidiu se engajar na campanha depois que o BNP (British National Party), um partido britânico racista e com ligações com grupos extremistas, começou a investir na juventude e distribuir CDs de músicas racistas na saída de escolas. Essa foi apenas mais uma atitude absurda por parte do BNP.

Pra quem não sabe, o BNP formou-se no início dos anos 80 no Reino Unido por hooligans racistas que se diziam políticos. Seu líder era o extremista John Tyndall. Na primeira década de vida, a posição e comportamento do partido eram mais semelhantes a de um grupo de skinheads nazistas de rua do que de um partido político de fato. O BNP se envolvia em brigas, confrontos racistas e vandalismo, e seus líderes pareciam mais encrenqueiros de bares do que políticos. A sociedade percebeu isso e, se no início o partido começou de forma promissora no tocante a votos, aos poucos foi perdendo força. O BNP ficou, merecidamente, com a fama de ser um bando de baderneiros incompetentes e nazistas.

Mas no final dos anos 90, com a posse de um novo líder, Nick Griffin, o cenário passou a mudar. Griffin veio com a missão de mudar a imagem do partido, modernizar suas idéias e abordar o eleitor de forma diferente. Suas estratégias eram sempre bem pensadas e elaboradas. Com isso, seus membros passaram a usar terno, falar bonito e fingir ser um político de verdade. Essa nova atitude do partido vem iludindo muita gente e, atualmente, ele têm conseguido cada vez mais votos, principalmente em subúrbios e cidades onde o desemprego é alto.

Não podemos nos iludir com essa nova faceta do BNP. Eles podem vestir terno, usar expressões afiadas em seus discursos e abordar o eleitor de forma eficiente, mas seu programa político é e sempre foi o mesmo: mandar os estrangeiros de volta a seus países de origem, principalmente os negros. E a grande última empreitada do BNP foi essa de distribuir CDs com músicas contendo conteúdo racista na porta de escolas, para jovens que estão ainda criando sua identidade. Isso deixou muita gente revoltada, inclusive a NME. Era hora de agir.

Foi assim que a idéia da campanha e desse CD nessa edição da NME surgiu. São 29 faixas de artistas variados, e nas páginas da NME as bandas estão discutindo a questão do racismo e deixando claro quão demoníaco são as atitudes do BNP. Há comentários de Carl Barat, Tom Clarke (The Enemy), Kele Okereke (Bloc Party), Drew McConnell (Babyshambles) e Kyle Falconer (The View), entre outros.

O mais surreal é que as idéias do BNP são tão absurdas e extremas que, no CD que eles entregam nas escolas, há apenas um tipo de música: folk de branco. Eles negam e ignoram qualquer estilo musical que tenha origem e vínculos com negros, como soul, rock’n’roll, blues, reggae, ska e hip-hop. Você já pensou que a maioria dos sons que a gente escuta são de origens de países negros? Como negar isso??? O BNP chega a ser uma piada, até. Fora isso, dá uma olhada nos nomes das faixas dos CDs do BNP: “British Revolution”, “Our Towns Will Be Our Own” e “Our Homeland”. É realmente inconcebível.

Compre a NME essa semana e ajude a combater o racismo e partidos nazistas como o BNP.


*** *** *** *** ***

VIDEOS

Los Campesinos! – “The International Tweexcore Underground”

Aí esta o novo single dos galeses Los Campesinos! Eles são twee na medida certa, guitar na medida certa, sweet na medida certa, e bons pra caralho. O álbum vem em breve, e com ele uma grande turnê pelo Reino Unido. Em breve coloco as infos aqui. Enquanto isso, veja o clip:



frYars – “The Ides”
Esse garoto do norte de Londres que se atende por frYars lançou seu primeiro EP essa semana. E o clip da música de trabalho, The Ides, já está em rotação na MTV e YouYube. Você imagina um crooner poético ligado em beats eletrônicos? Esse é o frYars. Aviso: ele vai estourar em breve. Watch:



Blood Red Shoes – “I Wish I Was Someone Better”
Neles eu boto fé. Novo single da dupla boy-girl Blood Red Shoes, e eles estão mais energéticos do que nunca. Grunge. Punk. Disco. Balls. Essa banda tem tudo isso. Não vejo a hora do álbum ser lançado.



*** *** *** *** ***

Lançamentos 2007 - álbuns


STARS OF THE LID – “And Their Refinement of the Decline”
Drone, ambient, atmospheric. O rótulo você escolhe, mas há de concordar comigo que, independente do rótulo, esse álbum é uma coisa linda. Eu tenho escutado esse tipo de som pra ler livros. Relaxante, consigo me concentrar mais facilmente, sem deixar o sono me dominar. Stars Of The Lid é uma dupla americana e “And Their Refinement of the Decline” é seu oitavo trabalho. É um cd duplo (ou vinil triplo) com 18 faixas, todas ambientes. Vocais, nem pensar. Não há nenhuma batida, batuque ou bateria, apenas sons contemplativos, zumbidos feitos por guitarra, violino ou teclado. É algo ultraleve, penetrante e hipnotizador. São sons que a gente deixa de fundo para nos sentirmos leves, atentos e flutuantes. Eu geralmente ouço antes de dormir, logo quando acordo ou quando estou lendo um livro na poltrona do meu quarto numa tarde chuvosa. Recomendo. Para fãs de Brian Eno, Philip Glass, Willian Orbit e outros compositores que não sejam chatos.


AFTERPILOT – “Foxtail”
O lance é que eu gosto de Weezer e jamais vou vender os discos que tenho deles. E não vou deixar de ouvir esse tipo de som que ouço desde a adolescência só porque hoje em dia estou mais ligado em drone ou coisas do tipo. Quando a coisa é bem feita, recebo de braços abertos. Afterpilot são três japinhas fãs de Nada Surf, Weezer e Rentals, eles lançaram esse “Foxtail” apenas no mercado japonês, mas você encontra nos melhores blogs de downloads do seu bairro. O som é igual a Nada Surf, Weezer e Rentals, mas feito com energia, talento e uma boa química entre a banda. O resultado não poderia ser chato. Na verdade é bem legal, tipo aquele guitar-pop pra te alegrar, assoviar, nove faixas com boa fluidez, mais um belo disco de power-pop pra nossa coleção. Eles cantam em inglês. Aprovado.


VALGEIR SIGUROSSON – “Ekvilibrium”
Esse tal de Valgeir Sigurosson é um produtor islandês que já trabalhou com Bjork e Bonnie “Prince” Billy, e esse disco “Ekvilibrium” é a sua primeira aventura solo. E o rapaz não se saiu nada mal, nos apresentando dez faixas repletas de texturas eletrônicas, sons glaciais e baladas penetrantes. É o exato momento onde a música experimental e fria se encontra com o calor da melodia e do coração humano. Eu arrisco dizer que esse é um dos álbuns mais articulados e ousados de 2007, jorrando, numa tacada só, eletrônica de vanguarda, folk e ruídos atmosféricos, tudo se encaixando na maneira mais jovial possível. Sem contar vocais de convidados especiais, Bonnie “Prince” Billy incluído. Sem sombra de dúvidas, um álbum de qualidade excelente, e que você deveria escutar. Pra deixar o pacote completo, a arte gráfica do cd é bacana e bem preparada.


Veja a lista de discos legais de 2007:
JACK PEÑATE – “Matinee”
JENS LEKMAN – “Night Falls Over Kortedala”
MONTT MARDIÉ – “Clocks / Pretender”
PELLE CARLBERG – “In a Nutshell”
THE RUMBLE STRIPS – “Girls And Weather”
AMIINA – “Furr”
ELUVIUM – “Copia”
JUSTICE – †
BRYAN FERRY – “Dylanesque”
DIGITALISM – “Idealism”
THE THRILLS – “Teenager”
RILO KILEY – “Under The Blacklight”
COCOROSIE – "The Adventures Of Ghosthorse & Stillborn"
THE CLIENTELE – “God Save The Clientele”
THE RAKES – "Ten New Messages"
MAXIMO PARK – "Our Earthly PLeasures"
BRETT ANDERSON – "Brett Anderson"
ARCADE FIRE – "Néon Bible"
KEREN ANN – "Keren Ann"
TAP TAP – "Lanzafame"
AIR – "Pocket Symphony"
EXPLOSIONS IN THE SKY - "All of a Sudden I Miss Everyone"
JOHN HOWARD – "Same Bed, Different Dreams"
BRIGHT EYES – "Cassadaga"
THE BISHOPS – "The Bishops"
ELECTRELANE – "No Shouts, No Calls"
MANIC STREET PREACHERS – "Send Away The Tigers"
DARTZ! – "This Is My Ship"
THE HORRORS – "Strange House"
GOOD SHOES – "Think Before You Speak"
LUCKY SOUL – “The Great Unwanted”
JAMIE T – “Panic Prevention”
THE KISSAWAY TRAIL – “The Kissaway Trail”
BUTCHER BOY – “Profit In Your Poetry”
THE CRIBS – “Men’s Need, Women’s Need, Whatever”
THE APPLES IN STEREO – “New Magnetic Wonder”
THE ORCHIDS – “Good To Be A Stranger”
ASH – “Twilight Of The Innocents”
BARENAKED LADIES – “Barenaked Ladies Are Men”
MONSTER BOBBY – “Gaps”
RICHARD HAWLEY – “Lady’s Bridge”
THE POLYPHONIC SPREE – “The Fragile Army”


E um desapontamento...

BABYSHAMBLES – “Shotters Nation”
É em discos como esse dos Babyshambles que fico cada vez mais convencido a não ler imprensa musical. Revistas, jornais, internet, blogs, quero que todos vão pro inferno e me deixem em paz com meus livros do Jean Genet. Eu não leio mais sobre música, apenas ouço música. Se você ainda lê, e esta me lendo agora, aproveite enquanto sua paciência não esgota. E uma dica: não acredite no que você lê. A imprensa é uma farsa, principalmente a musical. Assim como no segundo disco dos Libertines, onde o dito cujo recebeu altos elogios e quando fui ouvir vi que não era tão legal como falavam, esse segundo do Babyshambles segue pelo mesmo caminho: a imprensa morrendo de amores, recebeu nota máxima na maioria das publicações, todo mundo citando a produção afiada do Stephen Street e o retorno a boa forma de Pete Doherty, mas quando você escuta, rola aquela tremenda decepção. A qualidade das músicas deixa a desejar.

Pra mim Pete perdeu a magia. Deve ter sido confiscada em uma das muitas vezes que foi em cana. Eu prefiro o primeiro álbum. Lá a aura da banda estava viva. Não que eu ache que o Babyshambles deve ser sempre produzido de forma tosca, mas a verdade é que, com produção tosca ou não-tosca, essas músicas são fracas. Simples assim. Podem chamar quem quer que seja para a produção, não ia conseguir fazer bonito. É incrível que os críticos descrevem o primeiro disco como ‘trágico’ e alegam como motivo a produção tosca. E nesse novo trabalho, o descrevem como ‘clássico’, e citam a produção ‘enfocada’. Quando a música é realmente boa, convenhamos, ela vai bem com qualquer tipo de produção. Infelizmente, esse não é o caso em “Shotter’s Nation”.

Indie rock sem inspiração, faixas apáticas, músicas que cheiram a cansaço, um astral desgastado, nenhum momento do álbum digno daquele arrepio na espinha como aconteceu quando escutei “What A Waster” ou “The Man Who Would Be King”. O que se salva é uma ou outra tirada de Pete em suas letras, uma gaita ali, um riffzinho aqui. Mas só, longe de ser espetacular. Mesmo no single “Delivery” vemos que algma coisa está faltando. Um disco chato e, junto com aquele álbum chinfrim do Klaxons, é a grande decepção de 2007. Ultimamente só me divirto com Pete Doherty quando ele causa por aí...

(P.s.: Será que estou ficando louco ou os primeiros 4 segundos da música “French Dog Blues” é um sample do Secos e Molhados????? Alguém diz que é e que eu não enlouqueci, por favor, meus LPs do Secos estão no Brasil. Kid, você me tira essa dúvida???)

 

coluna 10 de outubro

THE GO! TEAM + OPERATOR PLEASE
Ao vivo no Astoria, NME Freshers Tour, Londres, 09/10/07


Here I am alone as usual. London’s burning, not me. Pisei no Astoria quando o Operator Please tocou seu primeiro acorde da noite. Se a Northern Line tivesse atrasado mais, eu perderia o show deles. Ainda bem que isso não aconteceu, senão eu estaria putíssimo. Afinal, pra dizer a verdade, por mais que eu ame The Go! Team, é o Operator Please que me trouxe aqui hoje. Desde que vi pela primeira vez na MTV2 o clip de “This Is A Song About Ping Pong”, caí de paixão por eles. A música ótima, arrasa-quarteirão, um hit pra não deixar ninguém parado, pouco mais de 2 minutos de pura perfeição pop. Com a energia que jorraram naquele clip colorido, enxerguei que tinha de fato algo especial ali.

No palco a banda tem uma estupenda presença, a tecladista dá uns pulos muito engraçado, eu morria de rir, dava pra ver de longe quão nerd a mina é. A violinista loira, um tesão de garota, tocava seu violino dançando da forma mais linda, sensual, eu via ali uma Debbie Harry (época áurea) tocado violino. Quantos anos ela deve ter? 16? Ah, se eu fosse dez anos mais novo... A vocalista gordinha era uma graça, smart, ela é uma Beth Ditto menos destrambelhada. A mina tem culhão, suas linhas de guitarra me lembrando X-Ray Spex e sua voz de timbre grave impondo bastante respeito. O baixista era bem charmoso, franjinha na cara, ele tava num visual The Horrors, uma figura cândida. E o batera tem o que, 10 anos? As bandas hoje em dia estão cada vê mais underage, eu hein, as groupies que se cuidem, podem ir pra cadeia acusadas de pedofilia.

O fato é que não me decepcionei nem um pouco com as músicas dessa trupe de jovens australianos, pelo contrario, não vejo a hora de que lancem novos singles e seu álbum de estréia. Guitarras, violino, teclados, eles contam com o pacote completo, uma espécie de Dexys Midnight Runners sendo reinventado pelas meninas do Sleater Kinney e X-Ray Spex. Meio New-Wave, meio punk, meio indie, sempre pop, algumas colheradas de soul e twee. Pode parecer loucura, mas o som do Operator Please remete a tudo isso e ainda sim consegue ser distintivo.

Quanto ao The Go! Team, o que posso dizer? Essa é o tipo de banda que nos injeta tantas boas vibrações que acho que deveriam tocar gratuitamente em praças públicas de cidades pelo mundo afora, principalmente cidades de países pobres. O povo desses países merece uma banda como essa. Assistir The Go! Team ao vivo é reacender sua fé com o mundo e o ser humano, por mais que isso possa ser difícil. É uma vibe tão calorosa, esplêndida, que enterramos qualquer mágoa, problema ou preocupação que temos, e mergulhamos num ritual mágico, colorido, um carnaval de raios de luz, melodias flamejantes, viagens psicodélicas e tudo mais que é positivo e otimista. O show deles é inesgotável, tocam por quase duas horas e em nenhum momento deixam a peteca cair.

Eu pessoalmente acho as músicas do primeiro álbum melhores do que as novas, porém no show, tudo é apenas um estrondo, uma pancada entusiástica na nossa cabeça. A vocalista Ninja é uma espécie de Carla Perez indie, ela rebola, balança a bunda, requebra, pula, quase samba, se entrega de corpo e alma na avalanche que são as faixas do The Go! Team. Mas dizer que ela rouba o show é injustiça, pois todos na banda agitam, pulam e tocam seus instrumentos de forma explosiva e contagiante.

O telão mostrava imagens diversas piscando sem parar, eram muitas cores e ilustrações, muita informação em pouquíssimo espaço de tempo. Os canhões de luzes nos deixavam tontos e o estrobo tentava arrancar de nós um ataque cardíaco. A música que me fez chorar foi “Bottle Rocket”, com aquele solo de gaita que sempre deixa minha alma dilacerada. Outras também me fizeram tremer, como “Titanic Vandalism”, “Doing It Right”, “Ladyflash”, “The Power Is On” e “Junior Kickstart”. Os integrantes do The Go! Team deveriam ser os governantes do mundo, ser os deputados, ministros e presidentes das nações. As crianças deveriam ouvir The Go! Team na escola, a música deles deveria ser o hino antes das aulas começarem. E te falo mais uma coisa, o dia que essa banda tiver uma brass-session ao vivo no palco, o mundo acaba e renasce de novo.



BAT FOR LASHES
Ao vivo no Conway Hall, Londres.


Hoje a noite Bat For Lashes se apresenta como atração principal do festival anual Homefires. Esse ano o local escolhido para acolher o evento foi o Conway Hall, que conta com um palco magnífico e um espaço amplo o suficiente para a platéia, que fica sentada no chão vendo os shows. Quando Bat For Lashes, da cidade de Brighton, subiu naquele palco vermelho decorado por abajures e guarda-chuvas voadores, tivemos a certeza de que o show seria de uma atmosfera ritualística.

A banda de Bat For Lashes (nome real: Natasha Khan) é composta por ela e mais três garotas, todas multi-instrumentistas e que hoje estão vestidas a caráter para a performance. Seus trajes aludem a Deuses ancestrais, ao passo que, associados com a áurea de Cleópatra que Bat For Lashes transpira, mais a riqueza musical que permeia as faixas, fez da apresentação um Espetáculo Teatral carregado de pesadas energias e batidas.

Ano passado a banda lançou seu trabalho de estréia, chamado “Fur And Gold”, e o repertório do show foi inteiramente baseado nesse álbum. Números como “The Wizard” e “Sarah” foram fielmente representados ao vivo do mesmo jeito que aparecem na gravação de estúdio. Para isso, palmas, pauladas no chão e tilintar de jóias foram mesclados com instrumentos usuais como violino, piano e guitarra. Não obstante, a poderosa voz de Bat For Lashes tinha a força de purificar qualquer alma desse mundo, e certamente purificou todas as que assistiam naquele momento. Tão marcante quanto Bjork, Beth Gibbons ou Goldfrapp.

Entre uma música e outra, após calorosos aplausos, Bat For Lashes tentava esfriar o fervor do ritual com comentários e piadas superficiais com o público. Funcionou. Se beneficiando de elementos não convencionais na música pop, a arte de Bat For Lashes é intensa, nobre e brilhante, e isso é visto em faixas como “Sad Eyes” e “Tahiti”. Após 50 minutos, o show se deu por terminado, e o que sentimos em seguida foi uma sensação de leveza e amor.



THE CRIBS
Ao vivo no Astoria, Londres.
Foto: Patrícia Arvelos


Podemos dizer que hoje é uma noite de glória para o Cribs. Com seu terceiro álbum lançado há dias e seu maior hit mais do que nunca na boca da galera, tocam para um Astoria abarrotado, com neguinho saindo pelo ladrão. Quando isso acontece, o próximo passo é o sucesso mainstream. Os jornais mais espertos já estão premeditando que o The Cribs, de Wakefield (UK), será o que o Green Day deveria ter sido, mas nunca foi: um humilde e estupendo trio punk-pop para as massas. E para aqueles que meramente os consideram uma cópia dos Strokes, basta dizer que os nova-iorquinos mostraram vestígios de esgotamento criativo logo no terceiro álbum, enquanto que o trio de Wakefield está no ápice de sua carreira no terceiro trabalho, e dá sinais genuínos de longevidade. Sem contar a veemência e entusiasmo em todos os álbuns do Cribs, qualidades que há tempos não vemos na turma de Julian Casablancas.

São três irmãos compondo o Cribs: os gêmeos Gary e Ryan, e o caçula Ross. Talvez seja essa a razão de sua música ser tão natural e despretensiosa. Ao vivo, a banda é conhecida por seus shows desorganizados e bagunçados. Hoje a noite vemos que essa fama não vem a toa. As faixas são maravilhosamente mal tocadas, com os irmãos rasgando seus instrumentos e vomitando seus hits um por um. O míssil “Hey Scenesters” veio logo no início, estremecendo o lugar e abrindo um rombo no meu ouvido. Pra deixar a coisa ainda mais intensa, “Our Bovine Public”, música que abre o novo álbum, chega em seguida. Um torpedo. Com o chão tremendo e as fortíssimas luzes de estrobo piscando a mil por hora, eu poderia fechar os olhos e me sentir num bombardeio em Bagdá.

A pista era um mar de moshs e crowd-surfing. O Cribs tem a habilidade de calibrar seus pulsantes riffs com a mais pura veia pop, e fazem isso de um modo espontâneo e revigorado, o que os coloca ao lado dos momentos mais inspirados dos Ramones. Exemplos disso podem ser conferidos em “Mirror Kisses” ou “Majors Titling Victory”. Mas é no hino “Men’s Needs” que a noite se consolida, com duas mil pessoas cantando em coro. Ao final Gary pula de cabeça na multidão, o que faz a equipe de segurança ter muito trabalho para retira-lo de lá. Ele volta sem jaqueta, sem camisa e sem sapato, apenas com sua apertada calca jeans e muitos arranhões pelo corpo. Pega sua guitarra e manda “You Were Always The One”, do primeiro álbum. Contagiante e simplória, essa faixa retrata a essência do Cribs. Nessa hora a multidão já tinha pirado o suficiente e era o momento de fechar a apresentação.



COCOROSIE
Ao vivo no Bloomsbury Ballroom, Londres.
Foto: Patrícia Arvelos


O domingo está chuvoso e o Cocorosie vem a Londres para fazer o último show de sua turnê britânica. O lugar escolhido corresponde a área musical das irmãs Sierra e Bianca: o Bloomsbury Ballroom é um aconchegante teatro com arquitetura requintada no centro da capital inglesa. O pequeno palco quase que não aloja toda a parafernália da banda. Mas está tudo ali: harpa, piano de calda, sintetizador, contra-baixo, brinquedos variados e outros apetrechos.

Pouco depois das 9pm a apresentação se inicia. A primeira a tomar o palco é Bianca, com um traje de detetive, com sobretudo abaixo dos joelhos e boina. Em seguida entra o resto da trupe, incluindo a outra metade do Cocorosie, Sierra, e o malucão Tez, que ao vivo produz todos os beats eletrônicos com a boca. Abrem o show com “Rainbowarriors”, do último disco The Adventures of Ghosthorse and Stillborn, e já deixam claro que o repertório do show de hoje será quase todo baseado nesse álbum. Acho ótimo, já que é um disco fenomenal e o mais inventivo da carreira delas, pontilhado de elementos hip-hop e ritmos up-beat.

Essa é uma banda que não se encaixa em nenhum gênero; sua música consiste em elementos variados como ópera, folk e pop. O rumo ao hip-hop parece ter deixado as garotas animadas, e no show elas não param de dançar, rebolar e gesticular com o braços a moda ‘rapper’. Isso deixa a performance num clima mais vivo, ao contrário da turnê passada, onde elas incorporavam a ambiência mais aquietada do dois primeiros álbuns. A faixa “Werewolf” espelha bem essa nova roupagem dançante.

Para temperar mais a noite, havia um telão atrás do palco, com imagens surreais, experimentais, românticas. Quando veio “Animals” é que ficou mais evidente quão admirável e única é a sonoridade do Cocorosie aliada com hip-hop. Esse é um número com mais de seis minutos despindo um rap contínuo, com ruídos e beats ao fundo. Foi o ponto alto do show e mostrou que Bianca está em sua melhor forma como cantora. Em “Japan” o ritual ficou carnavalesco, com a banda recebendo no palco alguns convidados especiais, incluindo a cantora brasileira Cibelle. E da-lhe todo mundo rebolar, se abraçar, se divertir. Esse clima de festa fez jus ao que é essa música, um autêntico hino para os Birutas, Boêmios e Folclóricos desse mundo. O Cocorosie dá sinais que sua criatividade está longe de secar, e que sua passionalidade e inventividade deve ainda devem dar o tom em muitos lançamentos futuros.


MANIC STREET PREACHERS
Ao vivo no Shepherd’s Bush Empire, Londres.
Foto: Patrícia Arvelos


Quem diria, oito álbuns nas costas e ainda relevantes na cena rock britânica. Esses são os Manic Street Preachers, ganhando novos fãs e mantendo os antigos sempre excitados. Musicalmente, nunca dão bola fora. Que o diga o novo álbum, Send Away The Tigers, com dez ótimas faixas tão estrondosas como aquelas que permeavam os primeiros trabalhos. A apresentação de hoje faz parte da turnê britânica promovendo esse novo trabalho, e teve todos seus ingressos esgotados.

O repertório foi longo e contou com músicas de todos os álbuns da banda. Uma recapitulação da gloriosa carreira desses galeses. Foi um típico show dos Manics: o gigantão Nicky Wire maquiado, usando vestido e com seu pedestal enfeitado de plumas; James Dean Bradfield matando a pau na sua guitarra e cantando com sua voz inconfundível; fãs montados com casacos de oncinhas, glitter e muita maquiagem. Iniciaram com “You Love Us”, e daí pra frente o show não teve sequer um ponto fraco.

É difícil dizer que números como “A Design For Life” e “You Stole The Sun From My Heart” não foram os destaques da noite, pois elas de fato foram. Quando uma banda conta com hinos como esses no repertório – inegavelmente duas das faixas mais marcantes das história do rock -, é uma tarefa árdua supera-las. Entretanto, o show não decepcionou em nenhum momento, e clássicos como “Motorcycle Emptiness”, “Stay Beautiful” e “La Tristesse Durera” também foram histericamente recebidos pela platéia. O disco Holy Bible foi lembrado com “Faster”, enquanto “Ocean Spray” cobriu Know Your Enemy.

Tocaram várias do novo álbum, incluindo as ótimas “Send Away The Tigers” e “Autumnsong”, esta última anunciada por James como próximo single a ser lançado. O hit dessa primavera inglesa, “Your Love Alone Is Not Enough”, naturalmente não ficou de fora, para deleite principalmente dos novos fãs. Depois de duas horas, muitas músicas e dedicações a Richey, a banda se despede e as luzes se ascendem. Fim do Espetáculo. Manics never fail to deliver.


*** *** *** *** *** ***

Lançamentos 2007, a lista continua...

JACK PEÑATE – “Matinee”

Um crime a NME ter falado mal desse disco. Jack Penãte, na minha opinião, esta salvando a música indie mainstream aqui no Reino Unido, o álbum dele é um espetáculo, e a porra da NME vai e fala mal. Puta merda, tem vezes que essa revista dá umas escorregadas imperdoáveis. Por que será que qualquer artista que tenha ‘soul’ é malhado pela NME? Compare o disco da Kate Nash com esse do Jack Penãte, você vai ver, Peñate leva a melhor facilmente, deixa a Nash lá pra trás de retardatário, mas a NME prefere a Kate Nash, ô mundo cruel... Desabafos a parte, vamos ao que interessa.

Esse “Matinee” vêm com 11 excelentes músicas, é um disco coeso, contendo tanto faixas dançantes e alto astral como também baladas white-soul. É um guitar-soul-pop contagiante e sublime, as vezes se curvando para um blues ou ska, sempre nos remetendo aos tempos de Housemartins e Style Council. A produção é simples, sem muitos fillers e truques, e isso, para a música de Peñate, só traz benefícios. A música de Jack Peñate é pura, não precisa de truques de produção. O cara possui soul, ele tem o dom, um white-soul singer que faz bonito. Junto com os trabalhos do Lucky Soul e Jens Lekman, “Matinee” é um dos melhores álbuns soul de 2007. Destaques: “Spit At Stars”, “We Will Be Here”, “Torn On The Platform”, “My Yvonne” e “Made Of Codes”.


DISCOS PRA BAIXAR - 2007
JENS LEKMAN – “Night Falls Over Kortedala”
MONTT MARDIÉ – “Clocks / Pretender”
PELLE CARLBERG – “In a Nutshell”
THE RUMBLE STRIPS – “Girls And Weather”
AMIINA – “Furr”
ELUVIUM – “Copia”
JUSTICE – †
BRYAN FERRY – “Dylanesque”
DIGITALISM – “Idealism”
THE THRILLS – “Teenager”
RILO KILEY – “Under The Blacklight”
COCOROSIE – "The Adventures Of Ghosthorse & Stillborn"
THE CLIENTELE – “God Save The Clientele”
THE RAKES – "Ten New Messages"
MAXIMO PARK – "Our Earthly PLeasures"
BRETT ANDERSON – "Brett Anderson"
ARCADE FIRE – "Néon Bible"
KEREN ANN – "Keren Ann"
TAP TAP – "Lanzafame"
AIR – "Pocket Symphony"
EXPLOSIONS IN THE SKY - "All of a Sudden I Miss Everyone"
JOHN HOWARD – "Same Bed, Different Dreams"
BRIGHT EYES – "Cassadaga"
THE BISHOPS – "The Bishops"
ELECTRELANE – "No Shouts, No Calls"
MANIC STREET PREACHERS – "Send Away The Tigers"
DARTZ! – "This Is My Ship"
THE HORRORS – "Strange House"
GOOD SHOES – "Think Before You Speak"
LUCKY SOUL – “The Great Unwanted”
JAMIE T – “Panic Prevention”
THE KISSAWAY TRAIL – “The Kissaway Trail”
BUTCHER BOY – “Profit In Your Poetry”
THE CRIBS – “Men’s Need, Women’s Need, Whatever”
THE APPLES IN STEREO – “New Magnetic Wonder”
THE ORCHIDS – “Good To Be A Stranger”
ASH – “Twilight Of The Innocents”
BARENAKED LADIES – “Barenaked Ladies Are Men”
MONSTER BOBBY – “Gaps”
RICHARD HAWLEY – “Lady’s Bridge”
THE POLYPHONIC SPREE – “The Fragile Army”






xxx

Thursday, October 11, 2007

 

coluna 03 de outubro

VAMOS DE CLIPS POIS HÁ MUITAS COISAS NOVAS NA CENA.


LAURA MARLING – “New Romantic”
Essa é a nova diva folk britânica, e mais uma sensação da turma underage. Ela só tem 17 anos. E que delícia de garota. O Beans On Toast fez uma música pra ela, dizendo explicitamente que queria comê-la. Quem não queria? Mas, meu, olha o som dessa mina!? Vish. Joni Mitchell na veia. E olha que clip lindíssimo... Ela só tem 17 anos.






THE CORAL – “Jacqueline”
Sai disco, entra disco, e esse combo de Liverpool, The Coral, nunca nos decepciona. Esse ano eles lançaram um novo long-play, e “Jacqueline” é o mais recente single. Delícia.






RICHARD HAWLEY – “Tonight The Streets Are Ours”
Aí está o clip para o single promocional do crooner Richard Hawley. Eu adoro seu jeito de cantar, bebendo da mesma fonte dos tempos gloriosos de Scott Walker. Mister Richard Hawley é um dos cantores de maior prestígio atualmente no Reino Unido.






THE HIVES – “Tick Tick Boom”
Os garage rockers The Hives estão de volta com novo single, novo álbum, mesmo som. Eu gosto. O novo visual deles é agora uma alusão ao uniforme escolar britânico, as famosas gravatinhas listradas.






JAKOBINARINA – “This Is An Advertising”
Esse meninos da Islândia lançaram um single novo semana passada, mas não é tão legal, então resolvi colocar aqui o single anterior, lançado a uns meses atrás. Artrock.






THE CHECKS – “What You Heard”
É o tipo de som que toco no The Bar, aqui em Londres, nas famosas Marcio’s Monday Madness. Retrô, rock, groove. Lembra The Bees.






LATE OF THE PIER – “Bathroom Gurgle”
Quem gosta de Ladytron e garotos bonitinhos, tem essa banda aqui. Esse single é bacana, mas tenho minhas dúvidas quanto ao álbum.






MSTRKRFT – “Work On You”
Esse é projeto do cara do Death From Above. Se todo electro fosse de estupenda qualidade como essa faixa, eu seria um grande fã do gênero. Mas acontece que torpedos como esse só aparecem uma vez ou outra. Ah, o nome da banda se pronuncia Master Kraft. Adoro.






MANIC STREET PREACHERS – “Indian Summer”
Novo single dos Manics. Típico Manics, sem tirar nem por. Eles são uns escrotos nas entrevistas, mas como eu gosto dessa banda!!!







*** *** *** *** ***

LANÇAMENTOS DE DISCOS 2007
Especial pop sueco



JENS LEKMAN – “Night Falls Over Kortedala”
Meu compositor sueco predileto, Jens Lekman, volta com novo trabalho de inéditas. Jens Lekman não tem pra ninguém, é o melhor atualmente, no contest. Até aqui, esse é o terceiro disco do rapaz, se incluirmos a compilação de EPs “Oh You're So Silent Jens”. Um fato curioso é que Jens parece estar um pouquinho mais animado com a vida, só um pouquinho, afinal, seu primeiro álbum era constituído praticamente de baladas melancólicas, recheadas de samples, ritmos tristes, letras de fossa e uma voz perfeita. Já nessa nova empreitada, a batida está mais up-beat, há instrumentos de sopro, fazendo as faixas assemelharem-se com gemas de soul-music. O clima esta definitivamente mais alto-astral, podemos até dançar. As letras, entretanto, continuam falando de sentimentos dilacerados, amores perdidos e sensações amorosas estranhas e incertas.

O que mais me apega ao Jens Lekman é sua voz tão real, tão bonita e sofrida, de timbre maravilhosamente grave. Sua habilidade de compor músicas orgânicas mesmo usando samples é um outro ponto alto. Lembro-me que no primeiro álbum eu reconheci de cara que ele tinha sampleado a faixa “So Catch Him” dos saudosos Blueboy. Dessa vez, o sample que peguei de primeira foi “Young Americans” do David Bowie. É tão legal quando um artista que gostamos sampleia outros artistas que admiramos, dando a luz a uma nova jóia pop. “Night Falls Over Kortedala” é, assim como suas obras anteriores, um disco perfeito para ouvir nos headphones em caminhadas no frio, quando você está profundamente triste e sem esperança, querendo radicalmente dar uma mudança na sua vida, mas não encontrando forças pra isso.

Jens Lekman toca ao vivo em Londres no dia 11 de dezembro.



MONTT MARDIÉ – “Clocks / Pretender”
Montt Mardié é o nome artístico para o jovem compositor sueco David Pagmar. Esse é seu segundo álbum, um disco duplo, e a produção é requintada e polida. Enquanto que Jens Lekman canta em timbre grave, David prefere se aventurar em falsettos, e o resultado é quase sempre bom. Ele parece ser gay, mas na verdade o rapaz agradece sua namorada nos encartes dos discos e ela sempre aparece em seus vídeo-clips. David é apenas sensível e afetado, e isso é espelhado em sua música, repleta de orquestras e despindo climas épicos e esmeraldico. A influência de Burt Bacharach é clara. O primeiro cd, chamado “Clocks”, é composto por 10 canções orgânicas, alternando entre baladas suaves e faixas mid-tempo. Os destaques ficam para “The Windmill Turns All The Same”, “Birthday Boy (Drama)” e “1969”.

Já no segundo cd, intitulado “Pretender”, David colabora com outros músicos, aparentemente todos suecos, incluindo Jens Lekman. Fora isso, além de sua sonoridade característica, aqui ele abre o leque e expande seus horizontes, explorando pop eletrônico nos moldes de Orlando e Pet Shop Boys (“Metropolis” em parceria com Fredrik Hellstrom e “Daughters” com Peder Stenberg), down-tempo & soul-music contemporânea (“Haçienda”, junto com Christian Zellinger) e duetos folk (“Castle In The Sky”, com Jens Lekman e “Preternders” em colaboração com Hello Saferide). Qualquer apreciador de um bom pop vai encontrar nesse disco duplo motivos de interesse. Uma pena é que, até o momento, esse álbum só saiu na Suécia, pelo selo Hybris, e ainda não há previsão para um lançamento no mercado anglo-saxão.


PELLE CARLBERG – “In a Nutshell”
Esse é o segundo álbum de Pelle Carlberg, ex líder da banda sueca Edson. “In a Nutshell” apresenta doze faixas folk-rock, ora caindo para números contagiantes (pense em Polyphonic Spree colaborando com Hidden Cameras), ora aludindo a climas de pura magia indie-folk (se você pensou nos primeiros álbuns do Belle & Sebastian, acertou). A canção mais bonita na minha opinião é a que abre o cd, chamada “Pamplona”. Esse disco não tem absolutamente nada de inovador, apenas músicas de qualidade excelente, e isso que me faz gostar de música pop, o fato de que você não precisa necessariamente inovar, basta escrever belas canções que já ganha minha admiração. Vale lembrar que a faixa “Clever Girls Like Clever Boys Much More Than Clever Boys Like Clever Girls” leva o troféu de melhor nome de música de 2007, desbancando “World Was a Mess But His Hair Was Perfect” do Rakes para segundo lugar. É ou não é?






Veja a lista de discos legais lançados em 2007:

THE RUMBLE STRIPS – “Girls And Weather”
AMIINA – “Furr”
ELUVIUM – “Copia”
JUSTICE – †
BRYAN FERRY – “Dylanesque”
DIGITALISM – “Idealism”
THE THRILLS – “Teenager”
RILO KILEY – “Under The Blacklight”
COCOROSIE – "The Adventures Of Ghosthorse & Stillborn"
THE CLIENTELE – “God Save The Clientele”
THE RAKES – "Ten New Messages"
MAXIMO PARK – "Our Earthly PLeasures"
BRETT ANDERSON – "Brett Anderson"
ARCADE FIRE – "Néon Bible"
KEREN ANN – "Keren Ann"
TAP TAP – "Lanzafame"
AIR – "Pocket Symphony"
EXPLOSIONS IN THE SKY - "All of a Sudden I Miss Everyone"
JOHN HOWARD – "Same Bed, Different Dreams"
BRIGHT EYES – "Cassadaga"
THE BISHOPS – "The Bishops"
ELECTRELANE – "No Shouts, No Calls"
MANIC STREET PREACHERS – "Send Away The Tigers"
DARTZ! – "This Is My Ship"
THE HORRORS – "Strange House"
GOOD SHOES – "Think Before You Speak"
LUCKY SOUL – “The Great Unwanted”
JAMIE T – “Panic Prevention”
THE KISSAWAY TRAIL – “The Kissaway Trail”
BUTCHER BOY – “Profit In Your Poetry”
THE CRIBS – “Men’s Need, Women’s Need, Whatever”
THE APPLES IN STEREO – “New Magnetic Wonder”
THE ORCHIDS – “Good To Be A Stranger”
ASH – “Twilight Of The Innocents”
BARENAKED LADIES – “Barenaked Ladies Are Men”
MONSTER BOBBY – “Gaps”
RICHARD HAWLEY – “Lady’s Bridge”
THE POLYPHONIC SPREE – “The Fragile Army”











xxx

This page is powered by Blogger. Isn't yours?