Sunday, March 27, 2005

 

coluna 22 de marco

Aê! Beleza aí?

Semana passada digitei The Bravery errado e ninguém me falou nada?! Saiu ‘The Brevary'. Que coisa feia. Isso que dá escrever a coluna cansado e com sono… desculpe-me, brothers and sisters…

But anyway… falando em The BrAvEry, aqui em Londres fãs estão copiando o cabelo e maquiagem deles e os shows são mais ou menos como ‘Nirvana circa 93'. Recentemente, um jornalista da NME ressaltou que eles são FUCKING RIGHT NOW. Até mesmo a banda admite isso. Todo mundo sabe que você compra o cd do The Bravery agora, ouve por um mês e meio, guarda na sua colecão e redescobre daqui a dez anos para dar risadas. Certas coisas vêm e não ficam.

Mas algumas coisas vêm e ficam. Esse é o caso de Antony . Sua voz tem que ser ouvida pra ser acreditada. Na coluna dessa semana escrevo um pouco sobre ele. Ainda, lá embaixo, falo das passagens de Le Tigre e Rilo Kiley aqui em Londres. Antes disso, fique com o clip do The Tears e os novos teenagers rock-stars.

*** *** ***

THE TEARS
O clip do single ‘Refugees', que será lançado dia 18 de abril aqui na Inglaterra, está disponível no fórum oficial da banda.

http://thetears.org/tearsforum/index.php

Vai na parte de NEWS e baixe o arquivo.

O clip é legal, mostra a neve de Londres e casais fazendo coisas proibidas.

*** *** ***

TEENAGE ROCK-STARS
A média de idade deles não passa de 17 anos, mas o som que o Be Your Own PET e The Subways fazem é de gente grande. O primeiro, de Nashville, EUA, é o um punk-rock a lá Stooges, swingado e com uma vocalista ótima, do mesmo estilão de Karen O. Lançaram o primeiro single ontem, chamado ‘Damn Damn Lesh' e é simplesmente irresistível. Um minuto e cinquenta segundos de punk-rock da melhor qualidade. Acabaram de assinar contrato com a Rough Trade para o segundo single, a ser lançado em breve.
Já o segundo, de Londres, vai mais na linha alternative-grunge. Uma mistura de Nirvana e The Coral. Assim, como o Be Your Own PET, também lançaram o primeiro single ontem, com o nome de ‘Oh Yeah', produzido por Ian Broundie, dos Lightning Seeds. Essas duas bandas são o futuro do rock. E tá falado.

http://www.infinitycat.com/byop.html
www.thesubways.net


*** *** ***

ANTONY & THE JOHNSONS
Nesse mês de março a mídia musical britânica foi invadida por uma criatura andrógina e delicada, que atende pelo nome de Antony. Seu último disco, ‘I'm a Bird Now', gravado com sua banda The Johnsons, recebeu destaque em publicacões como Mojo , ID , Time Out, Uncut, The Observer e NME. Em todos os artigos, o que mais se falava era do poder e magia que a voz dele nos envolvia. A Mojo afirmou que essa é a melhor voz da década, e que se
juntar no céu Nina Simone, Billie Holiday e Jeff Buckley, podemos chegar perto do que é sua voz.
De fato, assim que ouvi as primeiras notas do disco, veio o choque. Deus, me senti num paraíso, flutuando, sonhando. Que voz, que voz. É cada vez mais difícil nos dias de hoje ter alguém que canta tão suavemente e tão intensamente ao mesmo tempo.
Mesmo aludindo a Boy George – um ídolo de adolescência de Antony -, Scott Walker e Jeff Buckley, a voz de Antony ainda sim é pura. É cristalina. Musicalmente, o álbum é um passeio por canções suaves, lentas e jazzísticas, destacadas pelo piano sempre em contato com a voz única de Antony. Com dez faixas no total, o disco conta com colaborações de nada menos que Lou Reed, Boy George, Rufus Wainwright e Devendra Banhart.

Nascido na Inglaterra e criado na Holanda e Estados Unidos, Antony não é um iniciante na música. Em sua adolescência, tinha como companhia discos de Marc Almond, Boy George e o mundo de Andy Warhol. Começou a cantar desde cedo. Atualmente com 34 anos, ele percorreu a década de 90 inteira no underground, se apresentando em clubes gays de estilo cabaret em Nova Iorque. Até Lou Reed o descobrir e o convidar para colaborar em sua turnê mundial de 2003, Antony era um total desconhecido.

No meio de década de 90 ele gravou seu primeiro LP, apenas com o nome de Antony & The Johnsons. Mas foi com o já clássico ‘I am a Bird Now' é que Antony ganhou o mundo.
Atualmente fazendo turnê nos EUA, Antony se apresenta em Londres no dia 16 de abril, no Queen Elizabeth Hall.

http://www.antonyandthejohnsons.com/


*** *** ***

LE TIGRE
Ao vivo no The Forum, Londres, 15/03

Caralho! O Le Tigre lota um lugar para 2.500 pessoas em plena terça à noite. Só mesmo em Londres. De onde apareceu tante gente? E olha que nem fazia muito tempo que a banda não tocava por aqui.

Na fila, ouço um grupinho falando português. Não sou o único brasileiro aqui. O público que veio conferir o trio novaiorquino é uma galera super entrosada entre si: dykes, freaks, clones da Kathleen Hanna de 16 anos, gays e indies no geral. A atmosfera tava ótima. Em shows assim não existe divisão de banheiros: você vai no banheiro masculino e encontra um monte de dykes zoando o barraco. Fiquei até com vergonha de mijar no mictório.

A banda de abertura, Gravy Train!!!, foi a coisa mais engraçada que vi esse ano. Duas minas, dois caras. Muita putaria no palco. Músicas up-beat e divertidas, com uma base simples de bateria eletrônica, bastante teclado new wave e letras debochadas. Sem contar as coreografias e reboladas sensacionais. Não os conhecia e esse show foi uma ótima introdução.

Após um intervalo um pouco longo, a tão aguardada Kathleen Hanna e suas comparsas, JD Samson e Johanna Fateman, ganham o palco. Esperei tanto tempo para vê-las ao vivo que confesso que nas primeiras músicas pulei meio que exageradamente.

O palco do The Forum é super grande, mas mesmo assim o Le Tigre ganhou o lugar. A presença de palco delas é muito boa, com as coreografias e danças em perfeita sintonia com os beats. JD é uma simpatia, sempre conversando com a galera. A platéia pulava e cantava junto todas as músicas.

O repertório se baseou nos três álbuns, com uma leve ênfase no belo último trabalho “This Island”. A voz de Kathleen Hanna ao vivo simplesmente SAI… Sim, sai pra fora, alto, claro e marcante, exatamente como nos discos. Os gritos e os timbres fortes são iguais, como pudemos conferir na música “Seconds”. Arrepiei.

A faixa “Nanny Nanny Boo Boo” foi outra que botou o pessoal pra pular e dançar à beça. Kathleen Hanna até se surpreendeu com a excitação do público, dizendo que em nenhum outro lugar essa música excitava as pessoas de tal jeito. Kathleen Hanna não é nada daquilo que lemos por aí. A feminista raivosa líder do Bikini Kill não apareceu. No lugar veio uma mulher vestida com um vestido colorido new-wave que dançava e sorria em todas as músicas, se entrosando bastante com o público. E o sotaque americano dela é muito sexy. Será só eu que acha o sotaque americano sexy??

Em ‘Hot Topic', hit famoso da banda, o lugar vem abaixo. Na faixa ‘New Kicks' elas saem as três do palco e dão espaço para as projeções de telão. A música, um grande manifesto anti-guerra, é de arrepiar. As projeções mostram manifestações ao redor do mundo contra a guerra no Iraque e contra Bush. O fundo fica ‘PEACE NOW' e, junto com os beats contagiantes, nos diminui a zero a cerca da atual situacão o mundo.

Saem para um break e retornam pouco depois para finalizarem o show com o hit ‘Deceptacon'. Moshs e pogos dominam a pista. Após anos ouvindo essas músicas nos clubs indies de São Paulo e Londres, ver a banda tocando ao vivo foi o êxtase. Após isso, deixam o palco num super alto-astral e o público se realiza. O Le Tigre, após anos e anos, continua sendo uma puta banda.

http://www.letigreworld.com/



*** *** ***

RILO KILEY
Ao vivo no The Marquee, Londres, 16/03


Quando soube que o quarteto de Los Angeles Rilo Kiley viria para a Inglaterra, minha felicidade atravessou as nuvens. Em São Paulo me apaixonei pela banda, ouvia o cd até furar, decorava as letras e me emocionava com as músicas, mas as possibilidades de ver o grupo ao vivo eram mais que remotas. Ficava apenas sonhando vendo fotos de shows pela internet. Aqui em Londres é diferente. Quando você está no auge da sua paixão por um artista, ele vem pra cá em turnê e realiza seu sonho.

O Rilo Kiley teve seu masterpiece, ‘More Adventurous', lançado aqui recentemente. É um álbum repleto de canções de amor, espalhadas em vários tons: indie, alt.country, folk e pop. A voz da vocalista Jenny Lewis reduz-te a lágrimas a escorrer pelo rosto. Tocaram no tradicional Marquee, centro de Londres, e eu que pensava que era um dos poucos fãs por aqui, me enganei. O lugar teve sua capacidade de 800 pessoas esgotada, e teve ainda quem ficasse de fora.
O show foi organizado pela revista Word e quem abriu a noite foi Marc Carrol, um singer-songwriter-Dylan-a-like qualquer. Assisti-lo de pé, com o lugar lotado, foi horrível. Sentado num sofá seria o caso.

Em seguida, apresentados pelo editor da Word como ‘a melhor banda do mundo', as estrelas da noite entram de mansinho no palco, um a um. Jenny, a última a entrar, chega sorrindo e segurando uma Carlsberg long-neck. Após aplausos, começam o concerto com ‘It's a Hit', primeira faixa do álbum. Super pop, a música se desenrola com Jenny tocando guitarra e cantando de olhos fechados.

O show é marcado por algumas canções novas. Mas o repertório enfoca mais o último disco, obviamente. A faixa título, ‘More Adventurous', de jeitão country cool, dá uma acalmada no público. Mas em seguida vem o single ‘Portions For Foxes' e novamente a histeria toma conta. Todo mundo canta junto. Até mesmo um amigo que me acompanhou e não conhecia a banda, nessa ele entrou no clima.

A banda em si é muito competente, tocando as músicas fielmente como no disco. O destaque vai para o guitarrista e principal compositor Blake Sennett. Ele é muito cool. Jenny Lewis é pura emoção, soltando a voz de dentro de sua alma, fazendo caretas variadas conforme ela atinge as notas. Era tudo que eu imaginava. Tocam minha música preferida ‘Love And War (11/11/46)' e canto-berro junto: ‘Why must you try to ruin my piece of mind? They were only words and I never meant them'.

Em ‘I Never', Jenny diz que essa é uma ‘love-song' e que não há nada que possam fazer para ela não escrever ‘love songs' como essa no próximo disco. Melhor pra nós. “i got nothing to give you, you see / except everything, all the good and the bad, 'cause i've been bad i've lied, cheated, stolen and been ungrateful for what i had / but all the oceans, and rivers and showers will wash it all away and make me clean for you / 'cause i have never met you”.

O show termina. Mas fica claro que teria um biz. Alguns minutos depois Blake e Jenny voltam. Ele no violão e ela no piano. Mandam ‘Ripchord' e o pessoal até levanta isqueiros para fazer o clima para essa balada, cantada por Blake.

A banda completa retorna e fecham a apresentação com ‘Does He Love You?', a música mais perturbadora e linda desses tempos. Jenny caminha pelo palco, segurando o microfone e cantando as letras com expressão de choro: ‘Your confession is coming out,
You only married him, you felt your time was running out'.

Ao final, fazem uma jam improvisada e Jenny convida os fãs para subirem ao palco e cantarem com ela. Putz, minha hora chegou, pensei. Claro que não deixei essa oportunidade escapar. Pulei no palco e tirei uma foto com Jenny. Tiete mesmo, e daí? Ela me falou que a única coisa que ela sabe do Brasil é que lá temos muitas cirurgias plásticas. Ãh? Deixei ela para outros fãs e desci do palco. Fim de show. Voltei pra casa sem entender muito bem o que tinha acontecido comigo. Que apresentação. E ainda conheci Jenny!

Vá ao site http://www.rilokiley.net/e veja as fotos do show, gentilmente hospedada pelo dono do site Kevin. Tá em Gallery, 03.16.2005 London England.


********************

BURN IT
Aqui vão algumas dicas de músicas para ouvir AGORA. Faça o download, compre o cd, empreste do amigo. Mas ouça.

Regina Spektor – ‘Your Honor'
Dois minutos de pura explosão garageira se duelando com o jeito meigo de Regina Spektor. Perfeito para uma pista de dança bem quente e escura e regada a muito álcool.

Q And Not U – ‘Wonderful People'
Essa música é sexy e funky e dançante e cool e eu sempre toco ela nas minhas discotecagens.

The Heavy Blinkers – ‘Try Telling That To My Baby'
Em menos de três minutos essa banda canadense faz algo tão mágico e tão doce e tão LINDO quanto as melhores músicas do Belle & Sebastian. Altamente recomendado.

The Unicorns – ‘I Was Born (a unicorn)'
Up-beat, lo-fi, debochada, fantástica. A letra é ótima. Essa música é demais. Toca direto no Akter Skoool Klub, aqui em Londres. Muito, muito foda.

The Arcade Fire – ‘Rebellion (lies)'
Uma das faixas mais legais do ótimo debut álbum do Arcade Fire. Sensitive-Indie-Orquestra. Genial.

Nick Cave & The Bad Seeds – ‘There She Goes, My Beautiful World'
Esse é um dos singles do aclamado último disco do mestre Nick Cave . Linda, Linda, Linda. Não é balada, pelo contrário, tem um puta pique e junto com os corais fica uma das faixas mais poderosas do últimos tempos.

The Boy Least Likely To - ‘I'm Glad I Hitched My Apple Wagon To Your Star'
Essa banda é super fofa e essa música nada mais é que um espelho disso. Como diz meu irmão, twee elevado a níveis estratosféricos.

Dogs Die In Hot Cars – ‘Lounger'
A melhor faixa da melhor e mais injusticada banda britânica. O debute álbum dos escocêses Dogs Die In Hot Cars é uma coleção de músicas do mais alto e perfeito calibre pop e ninguém tá nem aí. Quer dizer, eu tô.

************
See you next week.

Comments:

<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?