Saturday, April 16, 2005

 

coluna 12 de abril

A primavera é a época do ano em que a gente mais passa frio aqui na Inglaterra. Simplesmente porque o sol aparece algumas vezes e a chuva dá um tempo, e com isso acreditamos ingenuamente que o inverno acabou. E então saímos pra trabalhar desagasalhados. Aí toma frio de gelar, vento na cara e o escambau. É a estação pega troxa, como eu. É primavera aqui mas ainda sim é mais frio que o inverno no Brasil.

Ok, não se preocupem, prometo que essa é a última vez que falo do tempo aqui na coluna.

Essa semana resenho o show do Subways e meu irmão Gilberto conta como foi The Buff Medways ao vivo aqui ao lado de casa. Londres continua agitada como sempre quando o assunto é rock'n'roll.

Ainda tem The Tears, claro, e também meu guia de músicas essenciais, que aliás tá cheio de coisa legal. Se liga aí.


*** *** ***

THE SUBWAYS
Ao vivo no Mean Fiddler, Londres, 06/04/2005


Ver uma banda como o The Subways ao vivo dá uma sensação de que você está vendo a história acontecer, assistindo a ascensão de uma banda underground para o mainstream. Você está vivenciando o hype. Por isso, o clima no show estava ótimo. Expectativas a mil.

O Subways é um trio londrino que deve estourar nos próximos meses e que já foi devidamente recomendado nessa coluna semanas atrás. A banda está em diversas revistas de música e comportamento e os shows são sempre sold-out. Mandam ver um som pesado e pop ao mesmo tempo, que deixaria Kurt Coubain orgulhoso. Lembram exatamente o Nirvana circa ‘Bleach'. E com pitadas de The Coral e Dinosaur Jr.

Lançaram apenas um single, o bacana e inflamado ‘Oh Yeah'. Mas essa banda é boa mesma ao vivo. Puta punch, puta peso, uma guitarra que vale por dez. Um barulho alto e forte, melódico, sensível às vezes, com uma pegada firme. Muito firme. Puro rock'n'roll. E de altíssima qualidade. Eles têm uma média de 18 anos mas o que vemos aqui é coisa de gente grande. Moshs, polgos e empurra-empurra dominaram boa parte da pista. A excitação contagiava a todos.

O show é curto, por volta de uma hora. Ficamos com um gostinho de ‘quero mais' quando deixam o palco. Essa é a grande diferença para uma banda boa e uma banda mela-cueca. Esse foi o segundo show que vi deles e mais uma vez me convenceram. Esses garotos têm um longo e brilhante futuro pela frente.

www.thesubways.net/

*** *** ***


THE BUFF MEDWAYS
Ao vivo no Boston Arms, Tuffnell Park, Londres, 08/04/2005
Por Gilberto Custódio


Antes de mais nada, vamos as apresentações. The Buff Medways é a nova banda de Billy Childish, um punk veterano que desde 79 já tocou num monte de bandas, a mais conhecida sendo Thee Headcoats. O som sempre foi basicamente a mesma coisa: rock de garagem influenciado pelos sixties. O homem é considerado uma lenda para os fãs do estilo. Quando soube que ele ia tocar num lugar que tradicionalmente recebe as bandas de garagem da cidade, dei gritos de felicidade. Ainda mais ao saber que esse lugar fica praticamente ao lado de casa. Ao chegar no Boston Arms a banda de abertura já estava tocando. Falo do Armitage Shanks, que foi extremamente tosco e despretensioso, com direito a cover de “14th Floor” dos Television Personalities. Achei o show longo... estava ansioso mesmo era pra ver o Billy Childish.

Quando ele subiu no palco e soltou os primeiros acordes já estava impressionado. O velhinho manda muito bem. Com sua guitarra vermelha estilosa, entupida de fuzz, mandava uns solos barulhentos com direito a poses e caretas, que ficavam geniais devido ao bigodão e a roupa do sujeito. Me peguei diversas vezes rindo. O efeito fuzz crescia ainda mais devido aos amplificadores valvulados da Vox. Os acordes e riffs quadrados do Buff Medways ganham outra dimensão ao vivo. Sujo, alto e tosco. E impressionante ver alguém da idade de Billy Childish fazer tanto barulho com a guitarra! E ele estava feliz, altos sorrisos, cada intervalo bebia algo de sua garrafa térmica e falava um monte com a galera, que festejava horrores, seja gritando ou batendo palmas. Uma noite inesquecível!

www.theebillychildish.com/

*** *** ***


THE TEARS

A nova banda de Brett Anderson e Bernard Butler adiou o lançamento do single ‘Refugees' e do álbum ‘Here Come The Tears'. O single será lançado dia 25/04 e o álbum vem somente em junho. Tudo isso aqui na Inglaterra. Só porque não aguento mais esperar. Eles divulgaram o set-list completo do álbum, veja a seguir:

Refugees
Autograph
Co-Star
Imperfection
The Ghost of You
Two Creatures
Lovers
Fallen Idol
Brave New Century
Beautiful Pain
The Asylum
Apollo 13
A Love As Strong As Death

O single ‘Refugees' entrou em terceiro lugar nas mais pedidas da rádio XFM de Londres.

Semana passada Bernard Butler fez um post no fórum da banda dizendo o seguinte, sobre sua relação com Brett Anderson: ‘We love each other, so what?' Hummm…

www.thetears.org

*** *** ***


BURT IT: guia semanal de faixas essenciais. Faça o download. Já.

THE DECEMBERISTS ‘Billy Liar'
Essa é minha mais nova paixão. Um quinteto chamber-pop dos EUA, recheado de orgãos, pianos, violinos e acordeon nunca pode ser ruim. Esse é o primeiro single tirado do novo álbum ‘Picaresque', lançado a pouco. Cativante e divertido. Uma delícia.

THE BISHOPS ‘Will You Ever Come Back Again?'
Essa faixa só foi lançada em cd-r e é vendida apenas nos shows do The Bishops. A perfeita mistura de power pop, mod-rock e indie-pop.

THE FEATURES ‘ Blow It Out'
Grande banda oriunda do Tennessee, EUA. São os preferidos do Kings Of Leon e mandam ver um puta som, energético e cheio de vigor, algo no meio de Weezer e The Jam. Esse é o segundo single deles, explosivo e sensacional.

VHS OR BETA ‘Te Melting Moon'
Alguém aí se lembra de The Bravery? Eu não. O novo revival 80's chega com o nome de Vhs Or Beta. Nada de novo, apenas diversão garantida. Essa faixa é um grande hit pra pistas indies.

BRITISH SEA POWER ‘Please Stand Up'
Sem sombra de dúvidas essa é a melhor faixa no novíssimo e excelente disco do British Sea Power. Um guitar-pop perfeito, que só mesmo essa fantástica banda sabe fazer. Mágica, épica, simples, poderosa, genial.

RAZORLIGHT ‘Somewhere Else'
Novo single dos londrinos Razorlight. E uma de suas melhores músicas até agora. Johnny Borrell dá sinais que realmente veio pra ficar. Estão no caminho certo. Impossível não se contagiar com essa balada.

EMBRACE ‘Gravity'
Uma das coisas que me dá ódio na NME é o critério dela analisar uma banda. O Embrace lançou no ano passado um disco lindíssimo, tão bom quanto os melhores álbuns do Travis e Coldplay. Sensitive-pop-indie de primeira. Mas porque agora a moda é ser art-rocker, a NME deu nota 2 para o álbum. Se fosse em 1999, falariam que era o melhor disco da década e por aí vai. Tipo assim, acho que antes de mais nada temos que ver se o som da banda é bom ou não, e não ver se ela faz parte da moda ou não. Primeiro vem a música, depois o resto. ‘Gravity', primeiro single do último lp, é maravilhosa. E o restante do disco segue por essa mesma linha. Nota 10.

BRIGHT EYES ‘Devil In The Details'
Só foi o Bright Eyes dar uma mudada, usar uns scretches, botar uma pitadinha eletrônica em seu folk triste e bêbado, que os críticos já o acusam de copiar Radiohead, roubar os beats de Trent Reznor ou ter como inspiracão uma banda cover do New Order. Oh, sabe nadas esses negos de revistas de música. O garoto prodígio Cornor Orbest lancou dois discos recentemente sob sua conhecida faceta Bright Eyes, sendo que um deles, ‘Digital Ash In a digital Urn', possui roupagem eletrônica-pop e é muito legal, mas infelizmente, foi mal recebido por parte da mídia. A música ‘Devil In Details' mostra que o disco é ótimo, triste, desesperado e pop na medida exata.

HAL ‘Play The Hits'
Terceiro single dessa bacana banda inglesa, um ótimo sensitive-guitar-pop. Meio Coldplay, meio Stills, meio Badly Drawn Boy. O álbum deve vir aí. Vale a pena uma ouvida.




***

Comments: Post a Comment

<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?