Wednesday, April 27, 2005

 

coluna 19 de abril

Nada como viver em um país onde a música rock é a raíz. Tenho que aproveitar enquanto estou aqui, embora às vezes sinto falta da efervescência e caos e cores de um país latino. Às vezes. Mas estou na Europa e aqui tenho que me enquadrar. Não é difícil.

Em Londres, mesmo fora da região central, qualquer bairro, qualquer área, tem um pub-bar com um palco e diariamente bandas pop-rock iniciantes ou de médio porte se apresentam ao vivo. O legal é que tanto numa segunda-feira gelada quanto num sabadão de agito, esses shows nunca estão vazios.

Essa semana fui ao pub Water Rats, no bairro de King's Cross, onde tinha show dos escoceses Motormark e do duo americano Mates Of State. Veja aí embaixo como foi.

Ainda, continuo com minha lista dos melhores discos lançados recentemente por aqui. Resenhei mais alguns para vocês. A coluna tá gorda essa semana.

E não esqueça meu blog aí do lado, com dicas de baladas e shows. Ah, essa semana não tem BURN IT, já que tem um monte de álbuns legais para vocês irem atrás.

I see you baby, shaking your ass ;-)

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MELHORES 2005, a lista continua.

::: ANTONY & THE JOHNSONS | I Am A Bird Now | (Rough Trade)

Essa foi a maior surpresa desse ano. Um disco de pura e singela beleza. Antony está em todas no momento. Aqui em Londres todos os meios de mídia destacam esse cantor andrógino, que tem uma voz tão suave e tocante que faz a gente passear entre nuvens e borboletas enquanto ouvimos-o. Pianos, instrumentos de cordas e uma voz única, perfeita e eterna. Não existe adjetivos para descrever esse álbum. Estará nos meus dez melhores do ano com certeza. O lp conta com convidados de peso como Boy George, Devendra Banhart, Cocorosie, Rufus Wainwright e Lou Reed.

::: IDLEWILD | Warnings/Promises | (Parlophone)
O Idlewild vem de uma das cidades mais bonitas da Europa: Edinburgh, na Escócia. Esse é o quarto disco deles e é o mais pop de todos. O som emo-rock dos primeiros discos não está presente aqui. Em ‘Warnings/Promises' presenciamos o talento do vocalista Roddy Woomble para escrever pop-songs de boa qualidade e sua admiração por R.E.M. São doze pop-pieces, com guitarras bem posicionadas e refrões inesquecíveis. Destaques: ‘As If I Hadn't Slept', ‘Too Long Awake', ‘Love Steals Us From Loneliness', ‘Welcome Home' e ‘I Understand It'.

::: KAISER CHIEFS | Employment | (B-Unique)
O Kaiser Chiefs, de Leeds/UK, dá toda a pinta que é uma banda de um álbum só. Tomara que eu esteja errado. Esse disco de estréia é puro brit-pop quadrado, divertido, inglês e dançante. É Blur e Menswear na cara dura e fim de papo. Bom pra uns, ruim pra outros. Como li na Time Out certa vez, impossível uma banda americana soar assim. A música ‘Everyday I Love You Less And Less' é o grande hit, e já vem sendo tocada nas pistas indies aqui de Londres à exaustão. Outros hits são ‘I Predict a Riot', ‘Na Na Na Na Naa', ‘Oh My God', ‘Born To Be a Dancer' e ‘Time Honoured Tradition'.

::: BRITISH SEA POWER | Open Season | (Rough Trade)
E dá-lhe o império britânico. Traduzindo, o nome da banda é ‘força do mar britânico'. Mais britânco que isso, só se a banda se chamase ‘british tea power'. O quinteto British Sea Power lançou novo disco e para nossa felicidade, onze novas gemas guitar-pop, soltando jorros de dramaticidade, intensidade e genialidade. Um disco épico e simples ao mesmo tempo. Um clássico absoluto. Simplesmente uma das melhores bandas britânicas dos dias de hoje e não tem o que falar. Impossível destacar faixas, pois todas são boas. Mas ainda sim eu teimo e jogo com ‘Please Stand Up'. Amém.

::: M WARD | Transistor Radio | (Matador)
Esse é o quarto long-play de M Ward e aqui ele atinge o pico de seu talento. ‘Transistor Radio' é uma coleção de clássicos folk-soul, repartido em dezesseis faixas. Um álbum intimista, sensível, quente, reflexivo e cheio. A canção ‘Four Hours In Washington' é uma gema country-psicodélica fantástica. M Ward vem lá da costa oeste dos EUA e quem é fã de Devendra Banhart e Bonnie ‘Prince' Billy, deve obrigatoriamente ir atrás dos trabalhos dele.

::: THE SILENT LEAGUE | The Orquestra, Sadly, Has Refused | (Sic Records)
Eis um masterpiece para fãs de Mercury Rev. O The Silent League é de New York e é encabeçado por Justin Russo, que inclusive tocava teclado com o Mercury Rev. Junto com mais dois colegas, gravou esse que é o álbum de estréia deles. Um clássico para apreciadores de orquestral-pop.

::: THE BRAVERY | The Bravery | (Loog)
Engraçado a polêmica do The Bravery. Aqui na Inglaterra, são adorados pela mídia, NME, Mojo e Uncut falaram super bem, e por onde tocam, esgotam os ingressos e causam agitação. No EUA parece que o hype é menor. Tem até quem tenha ódio mortal pela banda, como uma amiga de New York, que me escreveu pedindo para eu parar JÁ de ouvir The Bravery e que ela não conhece sequer uma pessoa nos EUA que goste deles. Sem contar a rixa entre o eles e The Killers, com uma banda falando mal da outra. Ah, esses americanos... Bem, The Bravery faz um som que não é dos mais originais, isso é bem verdade, mas dá pra ouvir. Numa boa. É a fusão perfeita entre The Strokes e Duran Duran. Fica melhor ainda se você ouvir bombasticamente alto numa pista de dança. Hits: ‘An Honesty Mistake', ‘Swollen Summer', ‘Unconditional', ‘Public Service Announcement' e ‘Out Of Line'. Mais uma banda de um disco só.

::: THE SUPERIMPOSERS | The Superimposers | (Little League)
Desde que comprei esse disco do Superimposers, estou tentando descobrir de onde eles são. Não sei. Fiz uma pesquisa na internet e não descobri. Dane-se. O que importa é que essa primeira compilação de singles 7” da banda é uma belíssima coleção de 60's nuggets, mas só que gravado nos dias de hoje. Rock, soul, psicodelia, country, tudo com acabamento atual, refinado, feito para pessoas de puro bom gosto musical. Minha faixa preferida é ‘Seeing Is Beliveing'.

::: ADAM GREEN | Gemstones* | (Rough Trade)
Terceiro álbum desse rapaz nova-iorquino que faz um estilão vintage-crooner. Ele era um dos moleques por trás do Mouldy Peaches e agora tá firme em carreira solo. Embora não muito inspirado como no disco anterior, mas ainda sim bacana, em ‘Gemstones*' Adam Green continua cantando seus contos loucos sobre viagens de cogumelos, garotas de tetas siliconadas e cantores do Beachwood Sparks. Tudo isso sob boas e cativantes melodias, recheadas de teclados vintage-groovy, alguns strings e violão. As faixas ‘He's The Brat' e ‘Emily' são os destaques. Um fato engraçado é que no lançamento do single ‘Emily', Adam Green fez uma breve turnê aqui na Inglaterra e os anúncios dos shows diziam que quem se chamasse Emily, poderia entrar de graça nas apresentacões.

::: TED LEO & THE PHARMACISTS | Shake The Sheets | (Lookout! Records)
Taqui mais um disco do Ted Leo & The Pharmacists e taqui mais um disco de pop-punk cheio de vigor e energia. Esse é o quarto disco deles e vem soltando rajadas pra tudo de ruim que os tempos de hoje nos oferecem: guerras, líderes políticos otários e injustiças. Um bom álbum de rock pra ouvir do começo ao fim sem pular nenhuma faixa. Highlights: ‘Waiting To Do', ‘Me And Mia', ‘Counting Down The Hours' e ‘Better Dead Than Lead'.


Esses são os outros álbuns que recomendei anteriormente aqui na coluna, lançados recentemente:
- M83 | Before The Dawn Heals Us | (Mute Records)
- DESTROYER | Your Blues | (Talitres Records)
- THE BOY LEAST LIKELY TO | The Best Party Ever | (Too Young To Die Records)
- LEWIS TAYLOR | The Lost Album | (Slow Reality Records)
- BLOC PARTY | Silent Alarm | ( Wichita Recordings)
- MERCURY REV | The Secret Migration | (V2 Records)
- ISIS | Panopticon | (Ipecac Recordings)
- DOMINIK EULBERG | Flora & Fauna | (Traum Schallplatten)


O ano de 2005 ainda promete muito mais. Veja só o que os próximos meses nos reservam: The Tears, Babyshambles, Be Your Own PET, The Magic Numbers, Johnny Boy, The Pipettes, The Priscillas, Subways, Yeti e The Features, além de outros.

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MATES OF STATE / MOTORMARK
Ao vivo no Water Rats, Londres, 13/04


Entrei no Water Rats para tomar umas pints apenas e lá descobri que, se esperasse uma hora, começariam os shows do dia. Já estava lá mesmo, então resolvi ficar. A primeira banda eu não vi e nei sei o nome. Tava sentado com uma pint de guinness na mão. O lugar foi enchendo e quando a segunda banda começou, o Motormark, já estava entupido de gente. Uma vibe ótima.

O Motormark é uma garota e um garoto. Os dois estavam dos pés as cabeças vestidos de couro. O som foi um electro-pop ora meio twee, ora caindo para um lado dark, meio hard-electro, sempre up-beat. E bem alto, o que foi ótimo. Tinha horas que ele pegava na guitarra e ela só cantando, com os beats programados arregaçando ao fundo. Às vezes ela pegava no baixo e mandava ver um groove forte e distorcido. A moça cantava parecido com a Siouxsie ou a Karen O. e o moço remetia ao Ian Curtis. Eles são da Escócia e já lançaram dois discos, sendo que o último, ‘Chrome Tape', lançado pela Digital Hardcore Recordings, merece uma ouvida.

Vem o Mates of State, que eu não conhecia. Novamente um duo. Ela e ele. Kori e Jason. Têm lá seus vinte e poucos anos. Na verdade, são um casal. São casados no papel e tudo mais, e vieram diretamente do Kansas, EUA, para Londres.

O show começa. Ela nos teclados e programações e ele na bateria. Ambos cantam. Não tem guitarra nem baixo. Daí se percebe que a coisa seria leve. E realmente foi. Ficamos imersos sob canções uma mais pop e doce e carinhosa que a outra. Canções muito legais, por sinal. Teclado, bateria, cantos e criatividade. Sem contar os refrões, super meigos e fofos, e as letras, esquisitas e românticas. O som deles é muito legal. Como o pop deve ser: ingênuo e simples. Adorei. E não fui o único, já que boa parte da platéia gritava e cantava junto, com empolgação. Tocaram por uma hora mais ou menos, com direito a bis.

Depois fui até a barraquinha de cds&camisetas e vi que eles já tem vários discos lançados nos EUA. Comprei o mais recente, chamado ‘Team Boo', e não me canso de escutar.

www.matesofstate.com
www.digitalhardcore.com


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E para quem acha que a volta dos Libertines e impossível, veja só a notícia que saiu na NME.COM:

http://www.nme.com/news/112084.htm

Sou totalmente a favor de uma reunião dos Libertines, mas só depois que o disco dos Babyshambles for lançado! :-)


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Semana que vem tem resenha dos shows do The Tears em Cambridge e Manic Street Preachers aqui em Londres, além de outras coisas. See you, folks!



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