Tuesday, April 05, 2005

 

coluna 29 de marco

Woooow! Essa é a primeira vez que escrevo a coluna e não falo nada do The Tears.Quer dizer, tô falando agora, mas quero dizer que da semana passada para essa nãorolou nada de relevante pra contar da banda. Pena. Mas semana que vem quem sabe…

Meu irmão Gilberto Custódio Jr me visita em Londres e, para celebrar, publico aquium texto dele sobre o Grime, uma nova tendência eletrônica aqui de Londres. Aindatem uma resenha dele para o álbum da banda The Icicles.

Já eu, falo de alguns shows que rolaram por aqui na Páscoa e, como sempre, indico lá embaixo umas músicas espertas para se baixar. Se liga!

*** *** ***

GRIME
por Gilberto Custódio Jr.

Dos subterrâneos de Londres surge o Grime, novo estilo musical que abrange diversas tendências musicais eletrônicas, como Ragga, Dubstep, UK-Garage, Hip Hop, IDM, Drum`n`Bass, Breaks, Dub, Techno, Jungle entre outros. Para resumir a história toda, é só botar tudo isso num liquidificador e o BATIDÃO está feito. Em meados de 2004 foi lançada a primeira compilação explicitamente do estilo. Rephlex Records, gravadora capitaneada por Richard D. James, também conhecido como Aphex Twin, lançou “Grime”, uma compilação composta de 3 produtores, 4 músicas de cada: “Nós da Rephlex decidimos chamar isso de Grime para divulgar para as pessoas mais amplamente, fora do mundo especialista dos produtores. Os puristas podem debater o nome, mas enquanto elesfazem isso, turmas ao redor do mundo estão se unindo para curtir esse forte e fresco movimento da dance music”, explica os idealizadores do estilo na contra-capa da compilação.

As canções presentes em “Grime” são todas instrumentais. Isso porque os artistas presentes são todos produtores: MarkOne, Plasticman e Slaughter Mob. Em comum têm o fato de todos apostarem num ritmo inteligente e variado. “Música criada por humanos com cérebros, corações, máquinas e eletricidade”, explicam. Ao mesmo tempo que a música é instrumental, os produtores encorajam MCs e vocalistas a cantarem em cima de suas bases. É o que ouvimos nos sets de Grime disponíveis no site da Rephlex. Ou mesmo no álbum solo de MarkOne, intitulado “One Way”, que tem ótima participação do rapper Virus Syndicate, que metralha poesias e palavras soltas. O sucesso rendeu um segundo volume, também lançado pela Rephlex e intitulado de “Grime 2”. Dessa vez os artistas escolhidos foram Kode 9, Loefah e Digital Mystiks.

Mas fique atento: não é só a Rephlex que monopoliza o estilo. Mestre Richard D. James pode ter sido o primeiro a perceber a coisa toda, mas Grime há tempos já se espalhou por toda Londres e, pouco a pouco, pelo mundo afora. É uma tendência natural: cada vez mais as festas estão mais ecléticas e abrangentes. Então temos a Shockout, sub-selo da Tigerbeat6, que acaba de lançar uma compilação que reúne as melhores músicas de seus ótimos 12”s. A Shockout é capitaneada por Kid 606. E é Grime até a medula. The Bug, DJ Rupture, Soundmurderes, entre vários outros, são alguns dos nomes que fazem parte do universo Shockout/Tigerbeat6, além de rappers doidões que se matam no ragga e UK-garage. Como já mencionado antes, nem só de produtores vive o estilo: rappers também estão fazendo a festa. A compilação “Run the Road”, lançada no começo de 2005, demonstra bem isso, ao reunir nomes como Roll Deep, Dizzee Rascal, Shystie e Kano, todos quebrando tudo em cima das mais loucas bases. Mais legal mesmo é notar a forte presença feminina: Shystie, No Lay e Lady Sovereign, todas marcando presença sem deixar a bola cair um segundo sequer.

Grime está só no começo. Com a palavra Eduardo Ramos, do coletivo paulista Centro Cultural Batidão: “São muitos white labels ainda, é difícil acompanhar, mas a melhor maneira é ficar ligado na rádio pirata Rinse FM, que inclusive disponibiliza sets de vários DJs do estilo”, explica Edu, que acaba de voltar de Londres. Aliás, São Paulo aos poucos vem se rendendo ao estilo, com projetos em casas noturnas como Funhouse (festa Popcorn as quartas), Jive (festa Stamine Dancehall as quintas), Milo Garage (festa da Peligro com Centro Cultural Batidão, também as quintas) e Susi in Transe (festa Susi in Dub as sextas). Se joga!

A curiosidade fica por conta da percepção de que tanto Aphex Twin, quanto Kid 606, já tocaram no Brasil. E segundo conta a lenda, os cachês dos rapazes para tocar aqui foram os mais gordos que os próprios já receberam. Pelo que podemos ver, o dinheiro está sendo muito bem investido. Resta os produtores nacionais abandonarem de vez a idéia fixa de ficar só no drum’n’bass com MPB e cair de cabeça no emaranhado musical que só 2005 pode proporcionar.

Visite esses sites para baixar set de grime em mp3:
Rinse FM: http://www.rinsefm.com
Rephlex Records: http://www.rephlex.com
Tigerbeat6 Records: http://www.tigerbeat6.com

Top 5 Grime do momento:
1. The Bug & Daddy Freddy, “Run the Place Red” (AFX Mix) – Smojphace EP da Men Records

2. Soundmurderer & Sk1_Wayne Lonesome, “Who Wan Seek War” (Rewind Mix) – Shockout Singles Vol. 1 da Shockout

3. Slaughter Mob, “Creeky Door” – Grime da Rephlex

4. Kode 9, “Dislokated” – Grime 2 da Rephlex

5. No Lay, “Unorthadox Daughter” – Run the Road da 679

*** *** ***

M83 / Secret Machines
Ao vivo no Electric Ballroom, Camden Town, Londres, 25/03/2005

Primeira vez que vou ao Electric Ballroom e porra, como é grande! Não esperava tanto. A noite tá sold-out. Vim porque quero ver o M83, diretamente da Franca e que recentemente lancou o melhor disco do ano ate o momento, resenhado aqui algumas semanas atrás. O Secret Machines, norte-americanos, é chato nos discos, mas já que estou aqui, posso verificar se são igualmente chatos ao vivo.

Hoje a noite tenho uma companhia: meu irmão, que está de férias em Londres. Esse é o primeiro show dele na cidade. A princípio, reclama que tem muito homem no lugar. Falo que é por causa do Secret Machines.

O esperado M83 entra em acão. Áo vivo é um quarteto, capitaneado por Anthony Gonzalez. O show de hoje faz parte da turnê britânica para promover o novo disco ‘ Before The Dawn Heals Us’, que, repito, é o melhor do ano até agora. É o revival Shoegazer. Poucas luzes no palco e fumaca.

Comecam deslizar as guitarras, mandando ver no noise, melódico e triste. De repente, esse clima da espaco para explosões épicas, elevadas, grandiosas. Lembram Slowdive, My Bloody Valentine e Talk Talk. Se não fossem banda de abertura, o show teria sido melhor aproveitado. Ah, e o volume poderia estar mais alto. Mas mesmo assim valeu a pena.

Depois de um intervalo, os punheteiros presentes tiveram o que queriam: Secret Machines. Vi uma música e meia e desisti. Fui ao bar pegar cerveja e esperar meu irmão. Era o primeiro show dele na cidade e é nornal um certo deslumbre. Mas a banda é tão ruim que após quinze minutos tava ele me procurando. ‘Vish, me lembrou Rush…’, disse, quando me encontrou. Querem fazer um som cabeca mas fazem é um som de merda. Beleza, fomos embora cedo e evitamos metrô lotado. M83, dedo polegar pra cima. Secret Machines, dedo polegar pra baixo.


*** *** ***


Be Your Own PET
Ao vivo numa garagem qualquer em Notting Hill, Londres, 26/03/2005


The Boy Least Likely To
Ao vivo no Notting Hill Arts Club, Londres, 26/03/2005


Mas que tarde agradável. Cerveja, rock e sol. Tudo isso de graca. Não tirei sequer um centavo do bolso. A jornada comeca de manhã, com eu e meu irmão procurando algo pra fazer num sábado de sol. Londres no inverno é uma puta cidade. Com sol, fica ainda melhor. Uma visita rápida ao site da loja de discos Rough Trade e pronto, programa garantido.

Ás três da tarde a novíssima promessa do futuro do rock, Be Your Own PET, falado na coluna da semana passada, iria fazer uma apresentacão gratuíta na filial de Notting Hill, zona oeste da cidade. Pouco depois, cinco da tarde, não muito longe dali, o The Boy Least Likely To, também já comentado aqui, tocaria ao vivo para promocão do novo disco. Também de graca.

Be Your Own PET: ao chegar na loja, três em ponto, percebo uma movimentacão estranha. Na verdade, tava tudo muito normal para um show de rock ali. Pergunto no balcão e o atentende me diz que o show na verdade não seria na loja exatamente, como de costume, mas próximo dali. Ele só tinha que dar as direcões para o pessoal de como chegar ao lugar. Nunca vi isso. Mas beleza, cinco minutos depois chegamos no lugar do show e putaqueopariu, a apresentacão seria numa casa. Quer dizer, na garagem de uma casa. O sol brilhava e algumas pessoas já estavam lá, esperando com latinhas de cerveja na mão. Me pergunto onde vendiam cerveja ali, mas logo percebi que as cervejas, todas numa caixa de isopor e gelo, eram de graca. Lindo.

Não demorou muito para o show comecar. A banda é de Nashville, EUA, e a mídiabritânica já baixou as calcas e ficou de quatro pra eles. O som é punk-rock do bom,ora angular, ora sujo e podre. E sexy. Lembra Huggy Bear e Yeah Yeah Yeahs. A média de idade deles é de 16 anos. Rock é isso: vigor juvenil. Jemina, a vocalista, é a mais nova rock-star do rock. Linda, loira e magra, tem um jeitão Courtney Love,menos puta e mais sexy. Suas caretas e expressões enquanto canta é um dos pontos altos do show. O resto, três moleques, é responsável pelo instrumental explosivo e sujo da banda. O baixista, Nathan, é um rapaz esquisito. Magro, com dentes tortos e um black power do tamanho da África. Chega ser engracado vê-lo tocando.

O show foi curto. Acho que tocaram todo o repertório. Umas seis músicas, comdestaque para o single ‘Damn Damn Leash’ e ‘Spill’. Agradeceram e depois se juntaram com a galera, dividindo a cerveja. Ninguém foi embora. A banda foi para a barraquinha vender as demos, broches e camisetas e o público sentou em frente a garagem da casa, no asfalto. O sol ainda brilhava. Dei um tempo ali, enquanto alguns jornalistas falavam com a banda. Antes de sair para o próximo show, claro, enfiei mais umas latinhas dentro da minha bolsa.

The Boy Least Likely To: depois de rolar uns grupos de abertura, era quase 7 danoite quando a banda comecou o show. Oriundos de Londres, estavam em casa. O lugar tava cheio. Só tinha fãs de indie-pop. Algumas gordinhas beatnik e uns nerds de ó culos davam o tom. Iniciaram o concerto com as músicas mais leves do disco ‘The Best Party Ever’, como ‘Paper Cuts’ e ‘I See Spiders When I Close My Eyes’. Só para esquentar. O som deles é puro indie-pop, com uma pegada as vezes country, as vezes soul. Super fofinho.

A coisa pegou fogo quando tocaram ‘I’m Glad I Hitched My Apple Wagon To Your Star’, que é contagiante pacas e fofa, muito fofa. O público dancou. Mandaram mais umas e finalizaram o show com o hit twee ‘Be Gentle With Me’. Up-beat e com uma letra linda, foi impossível não chacoalhar e bater palmas de alegria. A música está entre as mais legais e agitadas do Belle & Sebastian. ‘I guess i’ve always needed to be needed by someone, it’s a conforting feeling being under someone’s thumb’, diz a letra. Ao final, o público pediu biz. Mas sem chances. Eles são muito tímidos para darem biz. Fim da matinee. Hora de procurar mais shows para ir a noite.


*** *** ***

THE ICICLES ‘A Hundred Patterns’ Microindie
Por Gilberto Custódio Jr.


Essa é a banda mais twee fofinha atualmente. Formada por 3 garotas na linha de frente e um baterista, os norte-americanos do Icicles elevam a doçura pop a níveis nunca antes imaginados. O debut EP se chama “Pure Sugar” e o kit para imprensa continha doces e papéis de carta perfumados. Já em “Hundred Patterns”, primeiro á lbum propriamente dito, eles incluíram um kit para costura e manuais para fazer seu próprio vestido – com aquele tecido super florido, lógico. Aliás, precisa descrever o visual da banda? O álbum contém 11 canções indiepop upbeat, ensolaradas e super melódicas. Teclados alegres, vocais femininos, mãos pra cima fazendo tchauzinho de acordo com o ritmo... A própria banda cita o All Girl Summer Fun Band como influência. Quando eu disse que o índice twee da banda chegava a níveis estratosféricos, não estava brincando. Já mencionei as letras? “Forever & a Day” começa assim: “I miss you, you’re so cute / been gone an hour and i feel sad”, já “ Porch Swing” não é menos fofurette: “I really think I love you / I just don’t know how to tell you / I’m afraid of what you’ll say”. Precisa botar trechos de “Sugar Sweet”? Melhor não, vai que o leitor sofra de diabete... cai duro só de ler. E sabe o que é pior? Só hoje é a terceira vez que ouço esse disco com empolgação.

*** *** ***


BURN IT: algumas dicas de cancões boas, pra baixar já.

The Thrills ‘Found My Rosebud’ – O quinteto pop The Thrills é uma das minhas bandas irlandesas prediletas, e essa música é o exemplo disso. Difícil explicar, mas ‘Found My Rosebud’ me toca profundo, extracalha comigo e no final me deixa com lágrimas caindo, na frente de todo mundo no vagão do metrô. Vexame.

Rilo Kiley ‘Love And War (11/11/46)' – Ih, falando em vexame, essa é outra. Essa música prova porque o quarteto americano Rilo Kiley merece toda a minha adoracão. Jenny Lewis aqui está com a voz mais doce e perturbada do que nunca.

The Eighties Matchbox B-Line Disaster ‘Mister Mental’ – Essa banda é um atentado contra todas as pessoas chatas do mundo. Você que trabalha num emprego de merda, com pessoas de merda, toque isso bem alto para eles. E mate-os.

The Popguns ‘Bye Bye Baby’ – Banda maravilhosa, música mais ainda. Vindos de Brighton, UK, eles são antigos já, late 80s/early 90s, mas só descobri recentemente. Jangle-pop de primeira. A vocalista Wendy Morgan possui uma voz marcante e muito bonita.

Superimposers ‘Seeing is Believing’ – Foi gravado de dois anos pra cá, mas parece que estamos nos anos 60. Uma gema psicodélica de alto calibre. Genial. É ouvir para crer.

Amusement Parks On Fire ‘Venosa’ – Uma nova banda que resgata raízes shoegazer. Mas não é triste, é um som rocker. São legais. Me lembram My Vitriol e Miss Black America.

dios ‘Starting Five’ – O dios vem da Califórnia e, obviamente, mandam um som ensolarado e meio psicodélico, na praia dos Beach Boys e Beatles. Essa música espelha isso. Lancaram um full-album no ano passado, chamado apenas ‘dios’. Vale a pena. O nome da banda é tudo em minúsculas mesmo.

Adam Green ‘What a Waster’ – Aqui Adam Green faz uma cover do clássico dos Libertines, em versão acústica. Ficou jóia, claro. Essa música fica boa até se o Bono cantar ela…



*** *** ***



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?