Sunday, May 08, 2005

 

coluna 04 de maio

2005 tem sido um bom ano para a música. Na verdade, todo ano é um bom ano para a música. Mas só pra quem é esperto. Só pra quem tá ligado. Se ficar limitado aos meios de comunicação mainstream, vai achar que o ano tá fraco. Por isso sempre digo: vasculhe a internet, compre fanzines, leia revistas, ouça rádio e vá a shows. Música boa é o que não falta por aí.

Na coluna dessa semana, faço um guia básico de festas indie aqui em Londres. E ainda tem as ótimas músicas que estão em alta no meu iPOD, lá no final. Se liga. E ainda tem mais. Leia e vá atrás dos bons sons. C'you!

E não esqueça de visitar as colunas anteriores, se você perdeu alguma. O endereço tá lá embaixo.

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::: SUPER FURRY ANIMALS NO BRASIL


Segundo a NME dessa semana, a conhecida banda do País de Gales Super Furry Animals acabou de finalizar o sétimo álbum de estúdio, que os levou a percorrer o mundo para gravar.

O disco, considerado ‘épico', foi gravado no Rio de Janeiro , Barcelona e em Cardiff , capital do País de Gales. Produzido pelo brasileiro Mario Caldado (que também já colaborou com os Beastie Boys), o álbum será lançado em agosto desse ano com o nome de ‘Love Kraft'.

O vocalista da banda Gruff Rhys falou que esse trabalho é épico e super orquestrado, mas que ainda sim soa como uma banda junta tocando num quarto. Disse ainda que a banda fez um pacto para não ter influência nenhuma de música brasileira, apesar do disco ter sido gravado no Rio . Segundo Rhys, “não existe nada pior e clichê que uma banda ir para um outro país gravar um disco e incluir no trabalho beats daquele país. Encontramos uma mesa de gravação velha no Rio que nos deu um som mais intimista, sampleamos o som de alguns insetos brasileiros, mas realmente nesse trabalho não há samba. Esse é o disco menos comercial que já fizemos, é bastante atmosférico”.

Ainda não se sabe qual será a primeira música de trabalho, mas o vocalista disse que está entre três faixas: “há um cosmic funk chamado ‘Laser Beam', uma ótima balada chamada ‘Frequency' e ainda há a faixa ‘Psyclone', que é sobre uma galinha atravessando a rua e sendo atingida por um meteoro”.

Rhys acrescentou que após seu disco solo lançado no começo desse ano, é ótimo voltar a trabalhar com os Furries: “estou pensando seriamente em ser o único artista solo a ‘me separar' (!!!), talvez faça shows ao vivo na internet”, declarou. “É legal lançar um disco sob seu nome, mas também quando estamos juntos é mais divertido. Estamos tocando juntos há dez anos e estamos gradualmente tendo forças telepáticas”.

Confira aqui em breve mais detalhes sobre o novo disco dos Super Furry Animals.

www.superfurry.com

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::: THE MAGIC NUMBERS COMPLETA DISCO CLÁSSICO


O quarteto do oeste de Londres The Magic Numbers acabou de gravar o álbum de estréia e a própria banda julgou o álbum como ‘clássico'.

Segundo o semanário inglês NME, a banda, que irá lançar o homônimo lp em junho pelo selo Heavenly Recordings, irá antecipar o lançamnto com um single no dia 23 maio, chamado ‘Forever Lost'. “É um disco honesto e soulful”, disse o vocalista Romeo Stodart a NME. “Sinto como se tivéssemos realmente feito um disco de estréia clássico, estou muito feliz com isso. Há diferentes variações de atmosfera refletida no disco. Muitas canções falam de amor, de perda, e encontrar esperança no decorrer disso. Nós quatro da banda somos bem amigos e íntimos e as músicas espelham isso”.

E embora tenho terminado as gravações apenas alguns dias atrás, Stodart já pensa no segundo álbum, que ele espera lançar dentro de um ano. “Temos muitas canções novas e seria legal entrar num estúdio para gravá-las. Algumas dessas faixas são mais loucas porém ainda com bastante harmonia”.

O tracklist do disco será:

‘Mornings Eleven'
‘Forever Lost'
‘The Mule'
‘Long Legs'
‘Love Me Like You'
‘Which Way To Happy'
‘I See You, You See Me'
‘This Love'
‘Wheels On Fire'
‘Love Is A Game'
‘Try'

A faixa ‘Hymn For Her', lançada ano passado como limitado single 7”, fará parte do disco como faixa escondida.

A banda fará uma turnê em maio pela Inglaterra, com a data de Londres marcada para o dia 12, no The Forum. Para comprar ingressos, visite www.gigsandtours.com

Vi uma apresentação ao vivo da banda, em fevereiro, e atesto que eles realmente são muito bons, com uma sonoridade power-pop-folkie que chega perto da perfeição. Altamente recomendado.

Visite o site da banda: www.themagicnumbers.net

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::: THE PIPETTES É UM FEMÔMENO NO UNDERGROUND


O combo inglês The Pipettes, oriundo da cidade de Brighton , já comentado aqui na coluna, é um verdadeiro furacão na cena underground de Londres e também de toda Inglaterra. A banda vem se apresentando regularmente em bares e pubs aqui de UK e vem ganhando cada vez mais fãs. Os shows estão sempre lotados.

Até o momento só lançaram um single limitadíssimo em vinil 7'', para a música ‘School Uniform' e antes mesmo do lançamento, o single já estava esgotado. A gravadora Unpopular Records ( www.unpopular-records.com/ ) colocou a disposição como pré-order no site on-line e antes mesmo do single vim pronto da fábrica, as 500 cópias já tinham sido encomendadas. Nenhuma loja de discos recebeu o single e nem a própria banda teve a oportunidade de vendê-lo nos shows. Vendeu igual água no deserto.

Vale dizer que os The Pipettes, com sua brilhante mistura de garage-pop-rock e girl-groups, nunca foi tocada no rádio e nem recebeu nota em nenhuma revista de música importante. É um fenômeno underground e acho muito difícil eles atingirem sucesso mainstream, apesar do apelo pop que eles têm. Os The Pipettes são compostos por uma banda de apoio com quatro garotos (conhecidos como The Cassets) e três garotas lindíssimas de vestidos de bolinha como vocalistas. Seus shows são pura energia e diversão, e as músicas são realmente contagiantes, pop e sweety. Eles abrirão os shows do The Magic Numbers, aí em cima, no mês de maio aqui na Inglaterra.

Veja fotos de shows recentes dos The Pipettes:
http://www.flickr.com/photos/unpopular/tags/pipettes/

Veja o site official deles:
www.thepipettes.co.uk/


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THE TEARS NA XFM


A rádio rock de Londres Xfm fez uma session com The Tears na semana passada. Brett Anderson e Bernard Butler falaram da relação dos dois atualmente, de como é excitante tocar ao vivo, do disco ‘Here Come The Tears', do show que dariam na Rough Trade, entre outras coisas, e ainda tocaram três músicas: ‘Apollo 13', ‘Refugees' e ‘Autograph'.
Ouça aqui:

http://www.xfm.co.uk/article.asp?id=81681

Definitivamente, ‘Autograph' é até agora a melhor música pop de 2005.

O single ‘Refugees' ficou em nono lugar na parada de singles aqui na Inglaterra na semana de lançamento. Pelo menos entraram no top 10.

Semana passada marquei presença nos dois in-store shows que o The Tears deu aqui em Londres, um na Virgin Megastore da Oxford Street e outro na Rough Trade em Covent Garden . Os shows foram ótimos, como de costume, e super intimistas. No final, olha no que deu…

www.thetears.org


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GUIA DE FESTAS INDIE EM LONDRES


Bem, Londres como a capital mundial do rock obviamente tem uma cena indie gigante. Shows rolam todos os dias em praticamente todos os bairros e público é o que não falta. Mas a cidade também abriga uma boa quantidade de festas, que sempre estão lotadas e com diversão garantida. Já que alguns leitores da coluna pediram informações de lugares legais pra ir, resolvi fazer um guia básico com as melhores festas indies semanais de Londres. Confira:

Segundas

:::: TRASH @ The End
Devo confessar não sou lá muito fã da Trash. Muita gente bonita, cool e… esnobe. Mas tem lá quem gosta e descorda de mim. Sempre rola pequenos shows ao vivo e o som é indie, rock, eletrônico. Djs: Erol Alkan, Rory Philips & James. www.trashclub.co.uk/
The End: 16a West Central St, WC1A 1JJ . Metrô: Tottenham Court Rd.


Terças

:::: WHITE HEAT @ Madame Jo Jo's
Essa festa é ótima, super descontraída, com atmosfera bacana. A discotecagem é uma das melhores, tocando novidades e clássicos na medida certa. Os djs são Matty e Olly. Também sempre rolam pequenos shows. Os brasileiros do Wry tocarão por lá no dia 10 de maio. www.whiteheatmayfair.com
Madame Jo Jo's: 8-10 Brewer Street . Metrô: Picadilly Circus

Quartas

:::: THE GOONITE CLUB @ Buffalo Bar
Esse club é comandado pela galera do Wry e é muito legal. O Buffalo Bar é um lugar intimista, com poucas mesas e sofás e uma pequena pista de dança. Ainda, sempre têm shows ao vivo. A discotecagem é indie, velharias e novidades.
Buffalo Bar: 259 Upper Street . Metrô: Highbury & Islington

:::: DEATH DISCO @ Notting Hill Arts Club
Festa famosa organizada pelo famoso Alan McGee, fundador da Creation Records. Ele é um dos djs, tocando só obscuridades do rock. Também sempre rola bandas ao vivo.
Notting Hill Arts Club: 21 Notting Hill Gate W11. Metrô: Notting Hill


Quintas

:::: THE BUNKER @ Metro Club
Se você é chegado num som angular, essa festa é pra você. Os preferidos da casa são bandas como Gang Of Four, Bloc Party, Futureheads e afins. A discotecagem, comandada pelo dj Paul Tunkin, fica em post-punk, maximum rock'n'roll, new wave e por aí vai. Recomendo.
Metro Club: 19-23 Oxford Street . Metrô: Tottenham Court Rd.


Sextas

:::: QUEENS OF NOISE @ The Barfly
A dupla indie-celebrity de Londres, Mairead e Tabitha, são as Queens Of Noise e o clube delas de sexta é o maior hype em Camden Town. Sempre lotado. Shows ao vivo rolam uma vez ou outra. Essa festa é a cara de Londres.
The Barfly: 49 Chalk Farm Road. Metrô: Camden Town

Sábados

:::: FROG. @ Mean Fiddler
Com certeza a maior festa indie de Londres. Todos os sábados mais de mil pessoas se espremem no Mean Fiddler, centro de Londres, para dançar as mais novas da cena indie. O mais legal são os shows, sempre com bandas legais. Obrigação conhecer.
Mean Fiddler: 165 Charing Cross Road . Metrô: Tottenham Court Rd.

:::: AFTER SKOOOL KLUB @ The Quad
Essa é minha balada preferida em Londres. Simplesmente a melhor vibe, a melhor discotecagem, a melhor estrutura. Não há bandas ao vivo. Só som dos djs Olly, Glyn, Jamie e Max. A melhor festa de Londres, na minha opinião.
The Quad: Houghton Street WC2A 2AD. Metrô: Holborn.

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DRUZZI'S BALTIMORE WAREHOUSE PARTY
30/04, num squat em East London


Uma squat party é a coisa mais normal aqui em Londres. Mas uma com Jarvis Jocker como dj não é sempre que rola. E por isso decidi ir. Cheguei no lugar e descobri que tinha que comprar ticket em outro local, escondido dali, uns quarteirões à frente. Eita função. Fui ao esconderijo onde vendiam os tickets, um pub velho que tocava soul-music. Nada na cara. Depois voltei ao lugar e beleza, sem fila nem nada, tudo muito escuro e discreto, tava dentro. A festa era num galpão abandonado no bairro descolado de Shoreditch, East London . Essa área possui uma quantidade enorme de bares y pubs y clubs e é como se fosse os bairros boêmios da Vila Madalena em São Paulo ou Lapa no Rio. Uma atmosfera jovem, eu diria.

A música eletrônica dominava as duas pistas do lugar. Numa tocava um electro meio new-wave, meio torto, bastard-pop e afins. N'outra rolava um electro de jeitão house, up-beat e moderno. Não vi nem palco, nem banda ao vivo, o que eu diria é que foi uma puta de uma PROPAGANDA ENGANOSA, pois ao invés do que foi divulgado, além de vários djs que tocariam, as bandas Campag Velocet e Park Attack se apresentariam ao vivo. Mas elas não estavam lá. Ok.

O rei da festa, Jarvis Cocker, se mantinha no meio da multidão, ora no bar ora no sofá junto a sua esposa. Magricelo, cabeludo, devagar e com seus óculos de marca registrada, definitivamente esse cara é um figurão. Mas quem esperava ver o Jarvis autor das lindas e eternas canções do Pulp se deu mal, pois ele estava mais para o Darren Spooner, sua persona para seu projeto electro Relaxed Muscle. Mas pelo menos não estava fantasiado de corvo-esqueleto.

No seu set ele só mandou electro esquisito, falando com um vocoder no meio dos beats, fazendo barulhos com um tecladinho e mandando caretas para a galera. Figura. Na outra pista, rolava um electro nervoso, pesado e ganchudo. O público, uma mistura entre freaks & estudantes, dançava e se divertia à beça. A todo momento dealers nos ofereciam ‘pills'. Não é porque hoje temos o Jarvis é que essa squat party vai deixar de ser squat party, certo? Ao final do set de Jarvis não tive mais paciência para os beats eletrônicos e fui para mais uma batalha com os night-buses de East London. Função.

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BURN IT: músicas espertas para o seu iPOD.

THEE UNSTRUNG ‘Psycho':
Segundo single do quarteto de Londres Thee Unstrung. Os integrantes da banda têm uma média de 19 anos e ‘Psycho' segue a mesma linha do primeiro single, pop-punk clássico, na linha dos Libertines. Essa banda vai dar o que falar. Pelo menos no meu pequeno mundinho indie. O álbum deve sair em breve.

MAXIMO PARK ‘Graffiti': Outra banda que vai estourar. O Maximo Park vem do nordeste da Inglaterra e bebem da mesma fonte dos Futureheads, punk angular e SMART. Esse é o segundo single deles. Keep an eye.

M.I.A. ‘Buchy Done Gun': Esse é o som dos imigrantes! Como já disse na semana passada, a mc M.I.A., de origens de Sri Lanka, é um furacão aqui em Londres e seu disco realmente é muito bacana, misturando ragga, hip-hop, electro, funk carioca, bhangra. Nessa faixa tem samples da Dayse Tigrona, produzido pelo rei do funk carioca DJ Marlboro. Bombástico.

MATES OF STATE ‘Goods (All In Your Heads)': Essa é a banda mais fofa do meu iPOD. Depois que os vi ao vivo (show resenhado aqui na coluna), não me canso de ouvir essa dupla americana. É fofo mas não é twee. Isso é o que eu chamo de boy-girl-cute-sweet-alternative-pop. Essa música espelha bem isso.

WEEZER ‘Beverly Hills': O Weezer está de volta! E esse é o primeiro single do novo álbum. A sonoridade? Weezer. Quero dizer, college-power-pop-rock de preza.

THE KILLERS ‘ Smile Like You Mean It': Apenas mais um hino do The Killers, o quarteto synth-rock de Las Vegas. Esse é o quarto single tirado do álbum ‘Hot Fuss' e foi lançado essa semana por aqui. Clássico. O disco ‘Hot Fuss' já vendeu mais de três milhões de cópias pelo mundo.

THE DEARS ‘ 22: The Death Of All The Romance': Terceiro single tirado do último álbum dos canadenses The Dears, lançado aqui na Inglaterra essa semana. Um charme de canção. Aqui, Murray Lightburn, o Morrissey negro, soa elegantíssimo e melancólico, nos presenteando com uma jóia pop.

TRESPASSERS WILLIAN ‘Vapour Trail': Essa banda é meio velha já, coisa anos 90. O som é meio etéreo, dreamy, delicado… Aqui eles revisitaram o clássico do Ride e fizeram uma versão lindíssima. Está na coletânea lançada essa semana pelo dj Erol Alkan. Coisa fina.

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SEMANA QUE VEM EU VOLTO!
www.oilondres.com.br



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