Thursday, June 02, 2005

 

coluna 26 de maio

Estou fora de Londres. Desde semana passada estou em Estocolmo, capital da Suécia, de férias, conhecendo a cidade e a cena indie daqui. Não tenho do que reclamar. Para comprar discos, nada melhor que a Pet Sounds (www.petsounds.se/). Já para um club indie, recomendo o Step On (www.goingunderground.nu). Ambos ficam na estação de metrô Medborgarplatsen.

Embora só tenha pouco mais de um milhão de habitantes, Estocolmo é como qualquer capital cosmopolita do mundo: muvuca no metrô em horário de pico, pessoas de todas as raças, becos sujos e estações centrais de metrô fedendo a mijo. Por isso, não acredite no seu amigo quando ele dizer que "a Suécia sim é um país de primeiro mundo, limpo, com pessoas bonitas e educadas". Isso é lenda. Aqui tem uma porção de orientais, negros e asiáticos. Não que esses não sejam bonitos e educados, pelo contrário, mas quero dizer que a idéia que muita gente tem da Suécia é muitas vezes equivocada. Claro, aqui tem vários loiros de olhos azuis, mas não só eles...

A vibe da cidade é meio parada, pra quem tá acostumado com Londres ou São Paulo, como eu. A arquitetura é muito semelhante a de São Paulo, Salvador e Rio de Janeiro, com exceção de Gamla Stan, parte da cidade que guarda as ruas e arquitetura da cidade medieval. Por ser um arquipélago com várias ilhas, viadutos e pontes não faltam por aqui. Aluguei um carro e em certos momentos bateu um flash back, me vi dirigindo pelas ruas da Pompéia, Pinheiros e centro de Osasco. Bem normal.

Saindo de Londres, é super fácil e barato ir para Estocolmo. Acesse o site da companhia Ryanair e marque já sua viagem. Uma passagem ida e volta não sai mais que £55. Corre lá: www.ryanair.com

Mas a coluna continua. Como não? Essa semana recomendo mais cds legais lançados em Londres, começando por, claro, tres artistas suecos.

Have a look!

*** *** ***

DUNGEN – “TA DET LUGNT”
Terceiro disco do combo sueco Dungen. Nesse trabalho continuam na linha pastoral-rock, com treze faixas transbordando psicodelia (‘Panda', ‘Festival'), climas atmosféricos (‘Lejonet & Kulan', ‘Du E For Fin For Mig') e cosmic-rock (‘Sluta Folja Efter', Bortglomd'). É um disco bastante rico e variado e certamente vai cativar aqueles que gostam de Byrds, Beatles, Brian Eno e Super Furry Animals. O Dungen é encabeçado pelo multi-instrumentista Gustav Ejstes, que canta todas as músicas em sueco, o que dá um charme a mais para o disco. A canção ‘Festival' é uma verdadeira gema psicodélica. Altamente recomendado. Dica: tenho informações que eles tocarão em Recife esse ano, fique ligado.

FINT TILLSAMMANS - “FINT TILLSAMMANS”
Outra banda que canta em sueco. O Fint Tillsammans é um trio que já está na estrada desde do meio dos anos 90 e esse é seu quarto álbum. Também com bastante variações de climas, mas ainda sim bastante coeso, o disco contém dezessete faixas com ecos de Velvet Underground, Leornard Cohen, The Flaming Lips, folk, kraut-rock e indie. Um excelente cd para ouvir numa tacada só, sem pular nenhuma música.

JOSÉ GONZÁLEZ - “VENEER”
O folk continua sendo fonte de inspiração para artistas por aí afora. Ano passado tivemos Devendra Banhart, Cocorosie e Joanna Newson. Agora o sueco José González nos presenteia com mais uma delicada jóia folk. Em “Veneer”, temos onze faixas onde González toca um folk bonito, com ecos de bossa nova e Nick Drake. Um disco para se ouvir num momento de paz, pensando em como solucionar seus problemas. Excelente.

THE FEATURES - “EXHIBIT A”
Vindos da pequena cidade americana Sparta, no estado do Tennessee, o The Features foi formado em 1997. Lançaram dois EPs antes de “Exhibit A”, o debute álbum. O disco foi lançado no finalzinho de 2004 nos EUA mas só teve a edição inglesa em 2005. É uma coleção de torpedos indie-rock, cheios de groove, guitarras ganchudas, um teclado seguindo atrás e a voz do vocalista Matt Pelham, meio gritada e bem marcante. Soa como se o Weezer fosse uma banda cover de 70's-rock-classics. Destaques para as faixas ‘Leave It All Behind' (um verdadeiro hit), ‘Blow It Out', ‘Situation Gone Bad' e ‘Dark Room', essa última sendo bonus track da edição inglesa, não disponível na edição americana. Um álbum up-beat, pra você ouvir do começo ao fim sem pular nenhuma faixa. Ótimo.

VHS OR BETA - “NIGHT ON FIRE”
Depois do The Killers e The Bravery, o Vhs Or Beta é mais uma banda americana que escancara referências dos anos 80 em sua música. O combo formou-se em 1997 e esse é seu primeiro full álbum. Dez canções pra dançar, épicas, encaixando elementos disco, rock e technopop. Um duelo de guitarras, grooves, beats, teclados e vocoders. Remete a Duran Duran, Daft Punk e principalmente ao lado mais dançante do The Cure. A voz do vocalista é bastante semelhante a de Robert Smith. Highlights: ‘The Melting Moon', You Got Me' e ‘Night On Fire'. A última faixa do cd, ‘Irreversible', com seus oito minutos de duração, também é bacana, começando devagar mas depois entrando epicamente num puta clima alto astral. O Vhs Or Beta pode não ser a coisa mais fresh e original do momento, mas ainda sim é muito legal.

TEGAN AND SARA - “SO JEALOUS”
Direto do Canada, esse é o terceiro disco da irmãs gemêas lésbicas Tegan And Sara, e jorra sensibilidade pop logo com a primeira faixa ‘You Wouldn't Like Me'. Contando com membros dos New Pornographers como músicos de apoio, ‘So Jealous' é um disco pop-rock cativante que pode soar enjoativo no começo mas depois ficamos viciados nele. As letras falam de amor e desilusões e cantadas nas vozes sensíveis e warm das garotas, lhe dará uma sensação prazeirosa única. Ouça as músicas ‘I Know I Know I Know', ‘I Bet It Stung' ou ‘Walking With The Ghost' e você verá que não estou errado.

SILVER RAY - “HUMANS”
Um álbum reflexivo e esparso. Quatro faixas instrumentais, longas e improvisadas, que vai percorrendo sem muito destino, mas lhe comovendo a cada virada de tom ou novo acorde. Não é aconselhável para aqueles que não passam por um momento bom da vida, mesmo que a música mais tocante aqui, a última do cd, seja chamada ‘Live On Hope'. Putz, se você tiver mal não ouça. O Silver Ray é um trio da Austrália e vai cativar em cheio quem é fã dos momentos mais melancólicos do Mogwai ou Dirty Three.

ENGINEERS - “ENGINEERS”
O Engineers apareceu em 2004 com o ep ‘Folly' e esse ano lançou o álbum de estréia, ‘Engineers', que é ideal para um bom chill-out de fim de tarde, com onze faixas deliciosas. Ao vivo, como atestado semana passada aqui na coluna, são mais orgânicos e com as guitarras lá em cima. Porém no estúdio, soam bem semelhantes ao Air, com uma parnafernália eletrônica dando o tom aos climas atmosféricos. Vocais tristes e baixos e algumas guitarras com reverb também nos fazem compará-los com sons shoegazers. Quem gosta dos discos '10,000hz Legend' do Air ou ‘Spirit Of Eden' do Talk Talk, tem obrigação de comprar ‘Engineers'.

CUT COPY - “BRIGHT LIKE NEON LOVE”
Os australianos também seguem a onda electro, que parece não ter fim. Esse é o primeiro disco do Cut Copy, oriundos de Sidney, Austrália. O disco foi lançado no final de 2004 mas só agora a Inglaterra está editando seu lancamento. O som é electro-pop puro, com algumas guitarras aqui e acolá. Se você gosta da vibe do Felix da Housecat, Tiga, Fischerspooner e até mesmo New Order, esse é o disco que você tem que comprar em 2005. Franz Ferdinand, Bloc Party e Jet são fãs. E você? Baixe já 'Saturdays' e 'Zap Zap' e sinta o gostinho do Cut Copy.

M.I.A. – “ARULAR”
Bem, tudo que você tinha que ler sobre a M.I.A. provavelmente você já leu. Mas aqui vai mais uma resenha. Esse é o primeiro disco dessa garota que chegou em Londres como refugiada do Sri Lanka devido a guerra civil que por lá ocorre. São doze faixas pulsantes, colourful, com os beats mais bombásticos que você ouvirá esse ano. Um verdadeiro pancadão. O álbum reúne elementos de ragga, hip-hop, electro, funk carioca e sons do Sri Lanka. Um furacão de disco. Sei que soa o máximo do clichê dizer isso, mas mesmo assim, esse é um disco de festa. Destaque para faixas ‘Buchy Done Gun' e ‘Pull Up The People'.

JAGA JAZZIST – “WHAT WE MUST”
Quem curte prog-rock, eis uma boa pedida. Esse novo trabalho do Jaga Jazzist é um emaranhado sonoro que vai longe em sua jornada épica. Gravado no interiorzão da Noruega, são sete músicas instrumentais longas, com forte pegada progressiva, jazz e post-rock, beirando o apocalipse. É uma viagem e tanto. Não tem nenhuma música ruim aqui. Uma beleza de disco. Essa é a banda favorita dos prog-rockers The Mars Volta.


>>>CONFIRA OS OUTROS DISCOS LEGAIS RECOMENDADOS AQUI NA COLUNA:

- M83 | Before The Dawn Heals Us | (Mute Records)
- DESTROYER | Your Blues | (Talitres Records)
- THE BOY LEAST LIKELY TO | The Best Party Ever | (Too Young To Die Records)
- LEWIS TAYLOR | The Lost Album | (Slow Reality Records)
- BLOC PARTY | Silent Alarm | ( Wichita Recordings)
- MERCURY REV | The Secret Migration | (V2 Records)
- ISIS | Panopticon | (Ipecac Recordings)
- DOMINIK EULBERG | Flora & Fauna | (Traum Schallplatten)
- ANTONY & THE JOHNSONS | I Am A Bird Now | (Rough Trade)
- IDLEWILD | Warnings/Promises | (Parlophone)
- KAISER CHIEFS | Employment | (B-Unique)
- BRITISH SEA POWER | Open Season | (Rough Trade)
- M WARD | Transistor Radio | (Matador)
- THE SILENT LEAGUE | The Orquestra, Sadly, Has Refused | (Sic Records)
- THE BRAVERY | The Bravery | (Loog)
- THE SUPERIMPOSERS | The Superimposers | (Little League)
- ADAM GREEN | Gemstones* | (Rough Trade)
- TED LEO & THE PHARMACISTS | Shake The Sheets | (Lookout! Records)

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TCHAU! ATÉ SEMANA QUE VEM!



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