Saturday, December 24, 2005

 

coluna 15 de dezembro

Ai ai. Dia 15 de dezembro. 2005 já era. Puta merda. Será que fiz tudo que deveria? Sei não... Mas falando de música, taí embaixo minha lista dos melhores. The Best. Os 20 melhores álbuns e singles. É claro que lá pra 2006 eu estarei descobrindo muita coisa boa de 2005, mas… 'desencana que a vida engana'. Também recomendo alguns livros, filmes e DVDs.

Esse foi o ano que mais li livros na minha vida, mas pouquíssimos foram lançados em 2005. Mesmo assim, selecionei alguns.

No tocante aos álbuns, porra, claro que The Tears tinha que estar em primeiro. As pessoas falam pra mim de ser imparcial e jornalisticamente correto. Imparcial o caralho, Suede/The Tears é minha banda preferida, "Here Come The Tears" foi o disco que mais ouvi esse ano e acredito muito nele, e que muita gente pode cair de amores por ele também. Ok, o The Tears teve ZERO de relevância e sucesso esse ano, definitivamente o som deles não é 'the sound of 2005', mas que se dane. O melhor. O maior. Um dia se Brett Anderson lançar um disco ruim, serei o primeiro a dizer. Mas isso ainda não aconteceu. Eu realmente gostei desse álbum.

Depois, obviamente, Antony & The Johnsons. Uma bela surpresa de Nova Iorque, um disco coeso e rico. As baladas mais graciosas de 2005 e uma das vozes mais bonitas de todos os tempos. Seguindo, o quinteto inglês Maximo Park, com o melhor disco de rock disparado. Petardos punk regados a romantismo e inteligência.

Esses subiram no pódio. O resto você vê logo abaixo. As resenhas desses álbuns estão nas colunas anteriores, como você sabe, e você pode acessar e ler tudinho. Na próxima semana faço a lista geral dos 90 discos que comentei esse ano. E também os piores.

Quanto aos singles, alguns não são singles, mas vale mesmo assim. Deveriam ser, a propósito. Vocês notarão que algumas bandas possuem álbuns fracos, mas se superam nos hits, como é o caso do primeiro lugar, o hino "Hard To Beat" dos ingleses Hard-Fi. Nem aprecio muito essa banda, mas essa música, saindo alto das caixas de som, é IMBATÍVEL. Em seguida, a exótica e engraçada e genial "My Doorbell" dos White Stripes. O disco deles não é lá grandes coisas, mas essa música é pura simpatia. The Cribs vem depois, com o torpedo "Hey Scenesters". Bom, deixa eu acabar com essa enrolação… Let's have it!


>>>> ÁLBUNS
01. THE TEARS -- "HERE COME THE TEARS"
02. ANTONY & THE JOHNSONS -- "I AM A BIRD NOW"
03. MAXIMO PARK -- "A CERTAIN TRIGGER"
04. THE SHORTWAVE SET -- "THE DEBT COLLECTION"
05. BABYSHAMBLES -- "DOWN IN ALBION"
06. GENTLEMAN REG -- "DARBY & JOAN"
07. M83 -- "BEFORE THE DAWN HEALS US"
08. THE MAGIC NUMBERS -- "THE MAGIC NUMBERS"
09. NEIL YOUNG -- "PRAIRIE WIND"
10. THE HAVENOTS -- "NEVER SAY GOODNIGHT"
11. DUNGEN -- "TA DET LUGNT"
12. THE FEATURES -- "EXHIBIT A"
13. THE ORDINARY BOYS -- "BRASSBOUND"
14. CIRCULUS -- "THE LICK ON THE TIP OF AN ENVELOPE YET TO BE SENT"
15. THE CRIBS -- "THE NEW FELLAS"
16. THE DECEMBERISTS -- "PICARESQUE"
17. COCOROSIE -- "NOAH'S ARK"
18. DESTROYER -- "YOUR BLUES"
19. RICHARD HAWLEY -- "COLES CORNER"
20. LEWIS TAYLOR -- "THE LOST ÁLBUM"


>>>> SINGLES
01. HARD-FI - "Hard To Beat"
02. THE WHITE STRIPES - "My Doorbell"
03. THE CRIBS - "Hey Scenesters"
04. GUILLEMOTS - "Trains To Brazil"
05. THE MAGIC NUMBERS - "Forever Lost"
06. THE TEARS - "Lovers"
07. CLOR - "Love + Pain"
08. THE LONG BLONDES - "Appropriation (By Any Other Name)"
09. MAXIMO PARK - "The Coast Is Always Changing"
10. THE RAKES - "Work Work Work (Pub, Club, Sleep)"
11. THE FEATURES - "Leave It All Béind"
12. THE PIPETTES - "Judy"
13. SUBWAYS - "With You"
14. BAXENDALE - "I Built This City"
15. ROYKSOPP - "Only This Moment"
16. BABYSHAMBLES - "A'Rebours"
17. THE ORDINARY BOYS - "One Step Forward"
18. FRANZ FERDINAND - "Do You Want To"
19. MONTT MARDIE - "Highschool Drama"
20. KAISER CHIEFS - "Everyday I Love You Less And Less"


>>>> LIVROS
01. "Umidade", Reinaldo Moraes
02. "O Ninho da Serpente", Pedro Juan Guitierrez
03. "A Long Way Down", Nick Hornby


>>>> FILMES
01. Maria Full Of Grace (www.mariafullofgrace.com)
02. Downfall (www.downfallthefilm.com)
03. Woodsman (www.thewoodsmanfilm.com)


>>>> DVDs
01. The Mighty Boosh ( www.themightyboosh.com )
02. Punk: Attitude ( www.punk77.co.uk/films.dvds/punkattitude.htm )
03. Little Britain Box Set ( www.bbc.co.uk/comedy/little Britain/)


*** *** *** *** *** ***

MAXIMO PARK
Ao vivo no Hammersmith Palais, Londres, 07/12


Esse foi o show que mais esperei em 2005 e que só foi acontecer aqui em Londres em dezembro. Na fila, um exército de indie-kids entre seus 15 e 20 anos. Me senti um vovô. Normal. As bandas hypadas da NME sempre tocam pra criançada mesmo. É legal ver tanta gente jovem com tamanho bom gosto na vida.

O Hammersmith Palais é uma venue sofisticada e com ótima estrutura, e deveria ser usada mais no circuito de shows aqui na capital Inglesa. Fui direto para a banca de merchandising do Maximo Park. Bolsas, badges, camisetas, cachecois. Torrei uma grana. Essa banda merece.

Para combos de abertura, em primeiro veio o Field Music. Tirando algumas boas viradas em algumas partes de algumas músicas, achei um pop bem chatinho. Precisam encontrar o Funk. Depois veio Clor. Gosto deles, mas soam melhores no disco do que ao vivo. Porém os singles "Love + Pain", "Outlines" e "Good Stuff" foram divertidos.

Lá pelas 9h40, sem muito embaço, os donos da noite tomam o palco. Histeria ensurdecedora. Mil e quinhentas pessoas fanaticamente gritando e saudando a banda. Virou Maximo Park Mania. Paul Smith, o vocalista e mentor com seu jeito 'groovy', veio por último, lógico. Como esperei por esse momento de vê-lo ao vivo.

Iniciaram com "Signal And Sign", a mesma faixa que abre o ótimo álbum "A Certain Trigger". Pulos, empurra-empurra e a massa enloquecida. Eu tava logo na frente, e lutei pra ficar de pé. Mas dava pra aguentar. Um show dos Manic Street Preachers não daria, pois a pista fica parecendo um ringue de luta-livre. Mas no Maximo Park era só ter um pouco de ginga que a coisa ficava de boa. Paul Smith já dava sinais de sua arrebatadora performance de palco.

Seguiram com um b-side, eu não conhecia, nem muita gente, mas tinha fluxo e pegada. Me acabei. Logo depois veio o primeiro hit da noite, e minha preferida da banda: "The Coast Is Alway Changing". Sensacional, sensacional, sensacional! Essa faixa é truncada, pop, solta e um refrão pra morrer. A multidão cantava com toda paixão e voz desse mundo as linhas "I AM YOUNG AND I AM LOST". O lugar estremeceu. E eu já tava rouco.

É interessante ver a postura da banda pelo fato de tocar em Londres. Eles são de Newcastle, uma cidade super longe da Capital, ao norte da Inglaterra. A letra de "The Coast Is Alway Changing" fala de idas e vindas a Londres, segundo Paul Smith, 'esse lugar místico e distante', e que pra ele é uma cidade dos sonhos. A todo momento, Paul falava 'legal tocar para vocês, pessoas de Londres', ou 'gostamos disso e daquilo de Londres', ou 'os costumes londrinos são assim e assado'. A banda claramente tem orgulho de suas raízes do interior. E isso também pode ser notado no forte sotaque de Paul cantando. Ele disse que jamais vai se 'americanizar' ou cantar no sotaque londrino para obter sucesso, e que persistirá com seu jeito 'puxado' de falar e cantar.

Para surpresa das pessoas, mandaram mais um b-side. Paul avisou que a noite seria de muitos b-sides e músicas novas. Praticamente tocavam uma do disco, outra não-disco. Se fosse outra banda, isso poderia ter sido um ato infeliz. Mas no caso do Maximo Park, foi ótimo, pois os números não conhecidos também eram pra lá de contagiantes. Não deu nenhuma bola fora.

Vieram os hits "Graffiti", "Apply Some Pressure" e "Now I'm All Over The Shop" (oh, que música!). Loucura dentro e fora do palco. "I know you'll be fine, now that you're not mine". Eles se assemelham com o Pulp. O Pulp é uma banda pop. O Maximo Park é uma banda punk. Mas ambas possuem demasiado romantismo e personalidade. "Once, A Glimpse" também se destacou, com os teclados blips de fundo dando um clima especial, assim como no cd.

Devo dizer, 80% da magia do espetáculo foi por conta de Paul Smith. Carismático, em todo intervalo de música ele conversava com a platéia, explicava sobre o que era a próxima música e fazia piadinhas. Sem contar a sua PRESENÇA. Nos anos 70, Bryan Ferry fazia o tipo intelectual-gala. Nos 80s, Morrissey era o tipo intelectual-gay. Nos 90s Jarvis Cocker era o intelectual-popstar. E agora nos anos 00's, Paul Smith é o tipão intelectual-gala-gay-popstar-acrobata. Ele pula, faz caretas, da piruetas,
cai, levanta, canta, faz guitarras imaginarias e ri. Figurão!!

A lentinha do álbum, "Acrobat" (na letra dessa ele diz que não é acrobata, mas sei não…) foi deixada para o final. Fecharam o primeiro set com a nervosa "The Night I Lost My Head". Sairam e voltaram para o biz, onde finalizaram o show com "Going Missing", uma das mais bonitas do repertório. A hora que Paul cantou com expressão desconsolada a letra 'I sleep with my hands across my chest, And I dream of you with someone else' foi um dos momentos inesquecíveis da noite. Fim de show. Lindo, lindo, lindo.

Esse é o tipo de banda que esta no AUGE da carreira e, ainda bem, consegui pegá-los ao vivo. Eles farão uma extensiva turnê em janeiro e fevereiro aqui na Inglaterra. Os ingressos já estão esgotados. Mas mesmo assim vou tentar ir. Tente você também.


*** *** *** *** *** ***

O FIM DO ROUTEMASTER (R.I.P.)

É com enorme tristeza que eu escrevo essas linhas. Na última sexta feira uma das coisas mais tradicionais de Londres acabou. Foi a última vez que o ônibus Routemaster, o famoso ônibus vermelho retrô, circulou pelas ruas londrinas.

Mesmo com cerca de 80% dos londrinos contrários ao desativamento dos famosos ônibus, e dez mil pessoas fazendo parte de uma forte campanha, o prefeito Ken Livingstone não deu pra trás. Uma pena. O motivo é que esses ônibus, fabricados nos anos 50, não atendem as leis de deficientes fisicos. Mas mesmo assim, segundo pesquisas, 81% dos deficientes também estavam contra a retirada.

Esses ônibus eram muito cool. O melhor ônibus que andei na minha vida. Eu, que odeio usar transporte público, adorava entrar no Routemaster. Confortável e elegante. Ventilação efetiva e ótima vista. Melhor ainda quando a gente subia e ficana no primeiro assento. No visual, do estofado até seu design exterior, tudo era legal. E ainda, além do motorista, havia o condutor que sempre vinha e falava 'your tickets pleeeease'. Era muito fofo. E também tinha a praticidade de você pular dentro ou fora do ônibus a hora que quisesse. Era excitante entrar naquele ônibus. Os ônibus modernos não tem nem um pingo do charme dos Routemasters. Mas agora ele não vai mais existir… Sniff…

A última viagem do ônibus aconteceu na sexta-feira dia 09, hora do almoço. Emocionadas, centenas de pessoas estavam no ponto-início (Marble Arch) e ponto-final (Streatham) para se despedir do ônibus ícone. Teve quem entrou no ônibus e pediu ao condutor 20 passagens. Disse que iria colocar no eBay os tickets históricos. Ooof…

No funeral do ônibus, muitos passageiros regulares estavam inconformados com a retirada do ícone. Alguns choraram. Jim Jones, de 23 anos, disse entusiasmado ao jornal Evening Standard: "Penso em Londres como uma cidade que respeita suas tradições. Não acredito que estão fazendo isso. Já vi muitas vezes pessoas saírem nas ruas para saudar jogadores de futebol ou a rainha. Mas essa é a primeira vez que vejo uma multidão sair pra saudar um ônibus".

Ben Brook, da campanha 'Save The Routemaster', disse: "Retirar os Routemasters de serviço é totalmente desnecessário, é um ato de vandalismo cultural da mesma maneira que emplodir o Big Ben".

Quem quis ficar a bordo na última viagem do ônibus teve que chegar às 6 da manhã em Marble Arch. Quem chegou mais tarde não conseguiu entrar. Na hora da partida, quem estava dentro do ônibus eram algumas pessoas que fizeram fila desde cedo, jornalistas e um policial. Durante a rota, os passageiros vaiavam toda hora que passavam por um ônibus moderno. As pessoas nas ruas aplaudiam para o Routemaster e os carros buzinavam. Dennis Stewart, o primeiro passageiro a entrar, disse: "É uma vergonha o que está acontecendo. Eles são um ícone para Londres e todo o mundo e vou sentir muitas saudades".

Alguns mais agitados estavam falando que se o prefeito Ken Livingstone viesse para a última viagem do ônibus, ele seria linchado. Outros mais calmos pediam autógrafos para o último motorista e condutor. E assim, com um comboio da polícia junto, o ônibus percorreu sua última rota (parte dela faz parte do meu dia-a-dia): Marble Arch, Oxford Street, Oxford Circus, Regent Street, Piccadilly Circus, Trafalgar Square, Big Ben e foi indo, passando por Stockwell, Brixton até chegar em Streatham. Na chegada, um alvoroço de pessoas o arguardavam, com placas tipo "Adeus", "Descanse em paz" ou "Fim de uma era". Um coral de crianças cantavam e acenavam bandeiras do Routemaster. Isso é muito triste.

Visite o site www.routemaster.org.uk e você pode acessar imagens da ultima rota do Routemaster, assim como pegar links para reportagens, artigos e fotos históricas do ônibus mais famoso do mundo.

Outros links recomendados:

www.routemasters.co.uk/
(esse é de chorar, com uma música melancolica de fundo)

www.savetheroutemaster.com/

E com isso o mundo fica cada dia mais chato…




MARCIO CUSTODIO
marcio_custodio1980@yahoo.com.br



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?