Monday, January 23, 2006

 

coluna 10 de janeiro

Tanta coisa acontecendo.

* Sabia que tô assistindo Celebrity Big Brother?? Sim, depois que Preston, vocalista do Ordinary Boys, foi um das ‘celebridades’ escolhidas para participar da nova temporada, essa a primeira vez que assisto o programa na minha vida. Weird. Ninguém conhecia ele e agora o rapaz já é o favorito para ganhar. E é oficial: as vendas dos cds do Ordinary Boys aumentaram dez vezes. Preston esta na capa do ‘Daily Star’, o tablóide mais podre aqui da Inglaterra. Segundo o próprio, ele aceitou participar do programa porque a “linha entre o underground e o mainstream é borrada e indistinta”. Enfim, eu não esperava isso dele, mas compreendo. Eu faria o mesmo.

* E o circo maluco de Pete Doherty está a mil. Essa semana ele foi para Corte e admitiu porte de drogas ‘pesadas’ (cocaína e heroína) e dirigir sob efeito das mesmas. Ele chegou uma hora atrasado. Dezenas de fãs foram ao Tribunal onde Pete seria julgado para oferecer apoio. Ele recebeu liberdade condicional e terá que retornar à Corte em fevereiro, e pode pegar até sete anos de prisão. Dizem que dessa vez ele vai rodar. Já as más línguas dizem que Pete está mesmo querendo ser condenado, pois é mais fácil de arranjar drogas na cadeia. Pete foi pela primeira vez manchete principal do Evening Standard, o jornal mais popular de Londres. Coincidentemente, Carl Bârat está na capa da NME essa semana com sua nova banda Dirty Prety Things. Dizem que o álbum deles é o mais próximo de ‘Up The Bracket’.

* Na última segunda não resisti e fui ver Babyshambles ao vivo aqui em Londres. Pensei que seria um dos últimos shows de Pete antes de ser preso. A apresentacão foi desastrosamente maravilhosa. Pete agora assumiu as guitarras, como nos Libertines, já que Patrick Walden, o guitarrista original dos Babyshambles, decidiu sair da banda. O repertório foi ótimo. Tocaram as melhores do álbum (“A’Rebours”, “Killamangiro”, “Albion”, “Fuck Forever”, “Sticks And Stones” e “In Love With a Feeling”), assim como hits dos Libertines (“Time For Heroes”, “WHAT A WASTER”, “Up The Bracket”, “Don’t Be Shy”). As músicas foram deliciosamente mal tocadas, e Pete uma hora chegou no meio do show e disse: “estamos passando o som agora, estão felizes com isso?”. Depois de uma gritaria da platéia, ele respondeu: “vão todos se fuder”. Ainda, como de praxe, o The General, amigo de cadeia do Pete, subiu ao palco para cantar “Pentonville”. O show durou uma hora mais ou menos e não teve bis.

*** *** *** *** ***


CLUB NME / THE MODERN
Koko, Londres, 06/01


Ao redor da estação de Mornington Crescent, na região de Camden Town, norte de Londres, as coisas estavam agitadas na noite de sexta, dia 06/01. No Purple Turtle, a festa Stay Beautiful, a melhor noite glam de Londres, comemorava cinco anos de existência. Podíamos ver glitter e lantejoulas sobrevoando o local. Do outro lado da rua, no gigante Koko, acontecia mais uma noite do Club NME, a festa semanal organizada pelo tradicional semanário. E a banda The Modern tocaria ao vivo. Afinal, qual dos dois lugares iria se dar ao luxo da minha presença?? Deu que o Club NME ganhou essa, já que no Stay Beautiful eu já tinha ido diversas vezes e no Club NME seria minha primeira vez, além do que eu estava louco para ver The Modern ao vivo.

Pois é, finalmente eu no tão falado Club NME. E o impacto foi forte. Pregar para convertidos é um crime que a NME não pode ser acusada. Martelando e hypando sempre um número coeso de bandas, e cativando mais público com shows e festas, a revista está criando um público indie cada vez maior aqui na Inglaterra. Hoje, sexta à noite, há festas da NME em mais de 20 cidades do país. E festas SÃO importantes para uma cena. Claro que Londres tinha que ser a maior. A gente tem idéia que um club indie é aquela coisa de 200 ou 300 pessoas se apertando numa pista de dança suada. Mas o que vem acontecendo em Londres é que atualmente tem muitas festas que recebem mil pessoas ou mais. Eu já tinha ido no Afterskoool Klub, com 700 pessoas. Também sempre fui no Frog com umas mil e poucas pessoas. Mas agora, man, this is far too much. Duas mil pessoas lotam o Koko toda sexta para dançar e curtir bandas como Razorlight, Libertines e Franz Ferdinand. Isso é o Club NME. Duas mil pessoas nume festa. Ta parecendo (argh!) rave. Man, oh man.

O Koko é um teatro vitoriano que ocupa o lugar onde antes foi o Camden Palace. Na época do Camden Palace, o teatro estava caindo aos pedaços, com um público formado por punks-pobres, crianças-new-metal, putas, ladrões e traficantes. Em 2002 eu fui lá e tentaram me assaltar na pista de dança. Barra. Aí fechou. Depois de uma reforma que durou uns seis meses, o espaço renasceu como Koko, foi totalmente redecorado e hoje abriga shows exclusivos do Coldplay, Madonna e também do circuito indie, além de sempre receber uma boa clientela. O lugar é realmente esplêndido por dentro, com o vermelho como cor principal, há uma grande pista de dança e palco, e mais dezenas de corredores, salas e bares. É um labirinto. Top place. E a NME tomou conta das sextas.

A discotecagem não é aquela coisa “indie-cool-electro-mix-bastard-pop-bomba-bomba”. É simples: só hits das bandas novas. Só hits das bandas que a NME martela. Ou seja, praticamente tudo é legal. Não tocou nada de eletrônico. Não tocou NADA de anos 90, 80 ou mais velho. A coisa mais velha que tocou foi The Strokes, e ainda o single novo. Antes do show ao vivo, a selecão foi um passeio por The Killers, The Libertines, Arctic Monkeys, Kings Of Leon, Yeah Yeah Yeahs, The Hives, Franz Ferdinand, Razorlight, The Rakes, The Go! Team, Kaiser Chiefs, Maximo Park, The Futureheads, The Mystery Jets, British Sea Power, The White Stripes, Art Brut, The Ordinary Boys, The Dead 60’s, Interpol, Arcade Fire, Hot Hot Heat, The Bravery e Bloc Party. Depois do show ao vivo, tocaram AS MESMAS BANDAS, só que outros hits. Resultado: me acabei de dançar. Advinha qual música que causou maior histeria na galera? “Killamangiro”, dos Babyshambles. Arrepiou. Eu nem esperava, depois das infinitas ‘presepadas’ de Mr. Doherty. Mas ele ainda é o ídolo da juventude indie inglesa.

No tocante ao The Modern, que tocou ao vivo: eu os já conhecia e quase comentei deles aqui na semana passada, nas minhas apostas para 2006, mas me faltou tempo. São totalmente tecnpop. Abusam do Human League a criam hits cativantes e sensuais. Dois teclados, uma bateria eletrônica, uma guitarra e a vocalista loirona a lá Debbie Harry. Dá pra ver na cara que são fascinados por sintetizadores, glamour e música pop. A performance foi impecável. O visual deles é ótimo. A qualidade do som tava perfeita. E as músicas são incrívelmente pop, com grande apelo mainstream. Ouça o single “Jone Falls Down” e tenha a prova. Pra quem gosta de: Erasure, Human League, Soft Cell, Blondie, Ladytron, Orchestral Manoeuvres in the Dark etc. Se eles encontrarem a gravadora certa, podem se dar tão bem quanto o The Darkness ou Scissor Sisters. Cross the fingers. O próximo show deles em Londres é no dia 1 de fevereiro, no Water Rats.

www.the-modern.co.uk/
www.nme.com/clubnme
www.koko.uk.com
www.staybeautifulclub.co.uk

*** *** *** *** ***

Falando ainda sobre a NME, mais do que nunca a publicação vem dando mais espaço para novas bandas. Como acontece toda vez em janeiro, essa semana saiu a edição de quem vai brilhar nesse ano que começa.

Ano passado as apostas incluíram Bloc Party, Kaiser Chiefs e Magic Numbers. Deu no que deu: essas bandas lançaram ótimos álbuns e fizeram turnês pelo mundo afora.

Dessa vez o semanário organizou a lista por “gêneros específicos”. Confira:

TEAM THAMES BEAT
The Mystery Jets, Jamie T, Larrikin Love e The Rumble Strips

THE AMERICAN INVASION
Be Your Own Pet, The Like e Two Gallantes

SOUNDS OF THE UNDERGROUND
Plan B, Sway e Jammer

POWER PUNK’D EMO
The Automatic, Fall Out Boy e Panic! At The Dico

REVENGE OF THE BRITPACK
Boy Kill Boy, The Young Knifes, The Sunshine Underground e Polytechnic

CARL’S COMEBACK
Dirty Pretty Things

GUILTY PLEASURES
Captain, Guillemots, The Feeling e Van She

BET THEY LOOK GOOD ON THE DANCE FLOOR
Goodbooks, Shitdisco e Hot Chip

NEW YORKSHIRE
The Long Blondes, Tiny Dancers, Bromheads Jacket e !Forward Russia!

INDIE-POP ANTHEMS
Clap Your Hands Say Yeah, The Spinto Band e Semifinalists

* Algumas bandas não são exatamente ‘novinhas’, mas talvez novidade para a NME. O destaque foi para a nova empreitada de Carl Bârat, Dirty Pretty Things. O Arctic Monkeys, talvez a banda mais nova de todas, nem entrou na lista, talvez porque eles já são conhecidos e grandes o suficiente. De toda a lista, quem eu acho que vai estourar MESMO são os Mystery Jets e Boy Kill Boy. Típico rock inglês, isso nunca pode faltar.


*** *** *** *** ***


THE STROKES – “First Impressions Of Earth”
O primeiro grande lançamento de 2006 fica com o terceiro trabalho do Strokes. Aqui temos o quinteto americano querendo soar diferente, procurando novos caminhos e tentando não cair nos próprios clichês. E quase conseguem. Em ”First Impressions Of Earth”, há dois problemas: 1) quatorze faixas é um exagero. 2) a voz de Juliam Casablancas não se encaixa com essa tentativa de novo rumo. Após 30 minutos de audição, tudo fica um tanto monótono. Julian se dava bem com aquele pique pra cima e a roupagem ‘velvet & television’ dos álbuns anteriores, mas aqui ele derrapa feio. E ainda tem nego que fala que Pete Doherty canta mal... Ainda, há destaques: o single “Juicebox” e a faixa que abre o cd “You Only Live Once”, e as magníficas “Electricityscape” e “Ize Of The World”, estão entre as melhores músicas da banda. O resto fica devendo aos dois primeiros discos. Contudo, não é um álbum ruim, mas decepcionante. Perderam o funk.

*** *** *** *** ***

* Jenny Lewis, a voz por trás do Rilo Kiley, lançou um álbum solo, com a ajuda das ‘Watson Twins’. Ela esta na capa da revista americana Fader. Comprei a revista e vi que também há uma matéria com Tom Zé e a cidade de São Paulo. Ainda não li nenhum dos artigos, mas já ouvi o disco de Lewis. Semana que vem comento.

*** *** *** *** ***

MARCIO CUSTODIO
marcio_custodio1980@yahoo.com.br

COLUNAS ANTERIORES
http://bestmusic2004.blogspot.com/






***



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?