Monday, March 06, 2006

 

coluna 27 de fevereiro

Voltei. Cheguei em Londres na semana passada e tive uma das semanas mais corridas de todos os tempos. E eu ainda estava meio enferrujado pelas minhas férias, então já viu... não deu pra escrever coluna.

Mas foi bom, pois agora eu e o site decidimos que atualizaremos a coluna semanalmente as segundas, e não mais as quintas, como vinha acontecendo. Pra mim é melhor, pois posso me organizar no final de semana e me dedicar mais aos textos. Quem gosta, pode comemorar, pois vou escrever mais e mais. Quem não gosta, agüente.

Fica combinado então: toda segunda-feira nesse mesmo bat-local. Right? Pois.

Coluninha ta recheada...

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Guillemots
Ao vivo no Islington Academy, Londres, 23/02/2006


Era a noite mais fria do ano e ao invés de eu sair do trabalho e ir pra casa, decidi assistir Guillemots ao vivo, num concerto promovido pela revista Time Out. Só tinha um problema: a apresentação estava sold-out e eu não tinha ingresso. Arrisquei mesmo assim. Central Line. Northern Line. Tô aqui. Ao chegar, o segurança com cara de poucos amigos já foi logo avisando "você não tem ingresso, você não vai entrar". Nenhum cambista por perto. Perguntei "boss, existe algum outro jeito de eu entrar?". Ele colocou a mão no meu ombro e me levou afastado dali. Disse baixinho "give me a tenner and that's fine". O seu pedido é uma ordem. Joguei 10zão na mão dele. Ele finalizou: "entra rápido, cara".

Lá dentro, depois de molhar a mão do segurança, era a vez de molhar minha garganta com uma pint. Foi o que fiz. A platéia, pouco mais de 150 negos, era aparentemente formada pelos funcionários da Time Out, figuras da indústria da música, amigos da banda e alguns fãs. Quase não se via indie-kids.

Esperei pouco e as luzes se apagaram. Surgiram batuques e uma corneta. Um a um, o quarteto Guillemots foi se colocando a posto. Os batuques, cornetas e outros barulhinhos foram se intensificando. Um ritual indiegena. O grandalhão Fyfe Dangerfield sentado a frente de sua parafernália de teclados e brinquedos. O brasileiro Mc Lord Magrao pegou sua guitarra e pedais. A baixista Aristazabal levantou seu baixo acústico. E o batera Rica Caol tirou suas baquetas da bolsa. O lindo clima ritualístico durou cerca de três minutos e, aos poucos, foi brilhantemente desaguando na mais cristalina sinfonia pop. Nesse momento, concluí que esse grupo é tudo o que eu preciso na minha vida em 2006.

Eu já tinha visto um show deles no ano passado, abrindo para o The Tears. Confesso que não achei grandes coisas naquela ocasião, talvez pelo fato de estar na pilha pra ver a atração principal. Mas depois começou o falatório, eu ouvi os singles e tudo mudou. Hoje à noite estou aqui só pra ver eles e estou encantado com cada nota que ecoa nos meus ouvidos.

O próximo número anunciado foi o novo single "We're Here". Uma balada épica. Sensibilidade lá em cima. Refrão radiofônico. Foi nessa hora que me dei conta que sim, Fyfe Dangerfield, o principal compositor do quarteto, é nada mais que um gênio. O show prosseguiu com faixas do primeiro EP "I Saw Such Things In My Sleep" e outras que eu não conhecia. "Made Up Love Song #43" arrancou suspiros de quem tava do meu lado. Praticamente todas as canções começavam viajantes e aos poucos puxavam para a melodia. A idéia de juntar músicos com raízes variadas é um dos trunfos dos Guillemots e essa receita de fundir criativamente música de vanguarda com harmonias assimiláveis vai calar a boca de qualquer um que acha que tudo já foi feito na música pop. Guillemots é uma banda única. Remete a Radiohead, Arcade Fire, Flaming Lips. Mas soa Guillemots mais do que tudo.

Foram tocando e não aparecia sequer uma musica dispensável. Todas preenchiam o lugar (e meu coração) de forma espetacular. Num momento Fyfe pediu silêncio ao público presente. Um sujeito gritou do fundo "Seu Rock-Star!". Fyfe respondeu no ato: "Rock-Star é o caralho, sou Pop-Star". Pelamordedeus. Esse sabe das coisas. O brasileiro Mc Lord Magrao manda muito bem, mais experimentando e brincando com suas guitarras e pedais do que de fato tocando riffs. Percebi que improvisam bem no palco. A baixista Aristazabal é uma das mulheres mais sexy do pop de hoje. Tem um jeitão latino, sapeca e sorri praticamente o show inteiro. Uma simpatia. Por diversas vezes ela toca seu baixo de olhos fechados e sorrindo. Fiquei na dúvida se ela realmente estava se concentrando nas suas linhas de baixo ou pensando em outras coisas. O baterista Rica Caol é um figurão. Ele tem uma cara engraçada e eu dou risadas só de olhar pra ele.

Teve uma hora que a banda saiu e só deixou Fyfe no palco. Esse subiu em sua cadeira e, com um teclado de brinquedo e sem microfone, foi cantando versos um mais lindo que o outro. Palavras saiam de sua boca diretamente dos cantos mais profundos da sua alma e, assim que terminou, uma explosão do público fez o chão tremer. Foi um dos momentos mais sublimes da apresentação.

A banda volta para tocar as mais agitadinhas, incluindo o hit "Trains To Brazil". Todo mundo dançou e cantou junto e eu fiquei muito feliz nessa hora, pois essa sim é uma música arrasa-quarteirão. Os instrumentos de sopro que contém na gravação desse número foram substituídos ao vivo por lalalás de Fyfe e Aristazabal, e o resultado foi igualmente maravilhoso. Veio o b-side desse single, chamado "Go Away", de tendência meio reggae. Curti. Eles têm essa coisa jazzy-reggae em algumas faixas que é muito alto-astral. Nessa hora a baixista fica dando pulinhos upa-lelê upa-lelê. Funny.

Saíram e voltaram rapidamente para fecharem a noite. Aplausos e histeria. Mais uma balada linda e aos poucos foram deixando as melodias e recebendo os sons experimentais. Esses foram diminuindo vagarosamente, dando espaço para mais palmas e gritos dos que assistiam. Esse show foi sem brincadeira uma das coisas mais lindas que já vi e serviu para reforçar uma tese que eu já vinha matutando em minha mente: essa banda vai lançar um dos discos do ano. Fácil.

www.guillemots.com/

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Multiplex

Ouvi pouca coisa de produção nacional na minha recente viagem ao Brasil. Acabei ficando com os mais óbvios. Curti um disco do Pexbaa que caiu na minha mão. Comentei que tinha adorado dos beats&blips do Cansei de Ser Sexy. Mas a banda que realmente chamou minha atenção foi o Multiplex, de São Paulo. Recebi graciosamente o mais novo single deles, chamado "Moderno", e foi paixão a primeira audição.

O trio Multiplex (Leandro, Maurício e Bruno) faz basicamente música pop. Mas música pop, como todos sabem, é um caldeirão cheio dos mais variados apetrechos. No caso dos multiplexados, usam referências que vão da Disco Music ao Rock'n'Roll, com colheradas de Electro e alguns refrões deliciosamente pegajosos. Em certos momentos nos perguntamos como uma banda pode ser assim tão sexy e genial...

Cantando em português alto e claro, as letras espelham o mundo cão na qual o grupo habita. Leandro Cunha, 'the leader of the gang', é o responsável por elas. Recheadas de humor-negro, as canções do Multiplex são pura diversão. Eu simplesmente não entendo como faixas do calibre de "Particularidades" ou o próprio single "Moderno" ainda não atraíram ninguém de gravadora forte para lançar. Isso aqui é hino para qualquer salão de festa no Brasil. Dos mais underground aos mais comerciais. Todo mundo pode entrar nessa. Não é a toa que o slogan deles é "Multiplex, o som que devasta". Devasta mesmo.

Aliando-se a uma roupagem atual, mas capturando elementos de pura farofa velha, o Multiplex é o equilíbrio ideal entre o que é 'kitsch' e o que é 'cool', se é que de fato existe algum equilíbrio. Seus refrões jamais passam desapercebidos, porém estão longe de serem algo ordinário-chulé. As linhas de guitarras, na maioria das vezes, são econômicas, mas hipnóticas. Os beats possuem uma levada funk irresistível e a voz de Leandro contagia. Sem contar a produção feita no capricho, assinada por Wendl.

Citações a cidade de São Paulo não faltam. A faixa "Moderno" é um exemplo. Dá pra sacar o lado mondo-trasho na qual os integrantes estão imersos: "Na Rua Augusta, Consolação também / Todos os dias a mesma surpresa, nada pra comer, nada na mesa / Todos os dias a mesma emoção, meia-noite e meia no meio do Centrão". Isso tudo com beats esbanjando swing ao fundo. "Particularidades" começa funk, depois vira rap, depois cai num balanço que não faria feio em coletâneas de hits dance anos 80. A faixa termina com uma bela bofetada de uma guitarra glam. Lindo.

Na parte 1 do single "Moderno", há um remix para a faixa "Cassino". Mais uma prova do talento desse trio. O clima muda. É menos folia e mais viajem. Mas ainda sim totalmente dançante, com versos sobre sonhos de vinil, pimentas e molhos.

Leandro Cunha acha que a vida é brega. Que não adianta querer dar uma de underground-trendy-gostosão, pois no fundo o que é divertido mesmo é um bom hit do Erasure. Pelo menos ele tem uma ótima e infalível carta na manga pra argumentar sua opinião: sua banda Multiplex.

Tocam ao vivo praticamente todo o mês em São Paulo e também sempre dão algumas escapulidas para outras cidades. Se eu morasse em SP ou ao redor, não iria perder show desses rapazes. Na foto temos eles tocando na TV Cultura. Prometem novos lançamentos em breve. Keep an eye.

O single "Moderno" pode ser comprado aqui - www.multiplex.mus.br/ .

E você pode ouvir agorinha mesmo os hits "Particularidades" e "Moderno": www.myspace.com/multiplexbr

Ah, não deixe de bisbilhotar o fotolog de Leandro Cunha: www.fotolog.com/multiplex


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THE GOSSIP – " Standing In The Way Of Control"

Cansei de ler sobre esse tal The Gossip em revistas e sites e acabei indo atrás desse novo lançamento, que é o terceiro álbum dos caras. Um trio: dois rapazes e uma mina gordinha. Rapaz, essa gordinha manda muito bem. Se garante sozinha, até. Que vozeirão. Parece a Allison Moyet do Yazoo, só que de pileque. São americanos. Pelo que li, esse disco novo se difere dos outros, que eram barulheira grunge. Agora eles foram para uma linha mais dançante e soul, semelhante aos compatriotas Dirtbombs, The Detroit Cobras e Mooney Suzuki. Adorei. São onze faixas matadoras, algumas com balanço firme, outras mais calmas, mas na mesma intensidade. Rock'n'Roll Soul ao melhor estilo da expressão. É impossível ficar parado na faixa título. No mesmo clima é "Listen Up" e "Your Mangled Heart". A melhor faixa do LP, entretanto, fica com "Keeping You Alive". Esse trio têm funk e fogo na veia. Nas mais lentas, minhas prediletas são "Coal To Diamonds" e "Dark Lines". Um grande disco.

www.myspace.com/gossipband

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The Spinto band ao vivo!

Pessoal, a maravilhosa banda americana THE SPINTO BAND, já comentada diversas vezes aqui nesse espaço, vai tocar ao vivo nessa quarta-feira lá na festa do pessoal do Wry, a tradicional e bacana GOONITE, no Buffalo Bar. É imperdível! Uma chance única de ver esse ótimo grupo num palco intimista e aconchegante. Eu vou! Se liga nos detalhes:


THE SPINTO BAND – LIVE!

Goonite – Buffalo Bar
Quarta dia 01 de marco,
começa tipo umas 9pm.
259 Upper Street – Islington
Ao lado da estação de metrô Highbury & Islington

www.goomusic.net/


Chegou no meu ouvido agora que o Spinto Band vai abrir os shows dos Arctic Monkeys lá nos EUA em marco. E aí, deu pra botar uma fé?

www.spintoband.com/

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The boys very likely to

Na última sexta-feira abri o jornal The Guardian e estava lá um artigo de uma página sobre The Boy Least Likely To. Já no Daily Telegraph havia uma entrevista com Maximo Park, enquanto que no Evening Standard a dupla de meninas Smoosh ocupavam meia página. A música de qualidade, não interessa se é de grande gravadora ou não, está abocanhando a mídia mainstream da Inglaterra. Essa atitude indie ridícula de achar que o que possui integridade só vem dos selos independentes vai ficar mais ridícula ainda. Não existe uma linha separando o que é comercial e o que não é. Se você que gosta de Arctic Monkeys mas acha que eles não interessam mais só porque são os mais famosos do momento, deveria parar de ouvir música ou acordar pra vida. Essa matéria com The Boys Least Likely To, em pleno The Guardian, um dos maiores jornais do UK, é a prova de que a atitude de querer se distanciar do mainstream é uma grande babaquice. Quem diria, hein? Uma das bandas mais indie-pop e fofinhas desse milênia está caindo na boca do povo. I'm having it. A seguir, traduzo praticamente toda a reportagem.


MALDITO TILINTAR
"PLINKING HELL"


O homem que deu as Spice Girls ao mundo tem uma nova carta na manga: um par de entusiastas com carrilhão. Dave Simpson encontra-se com o The Boy Least Likely To.

Traducão: Marcio Custódio

É início de tarde em um dos mais exclusivos Clube de Cavalheiros em Londres – o tipo de lugar que você precisa apertar uma campainha e dar seu nome pra entrar. Lá dentro, o estalo do fogo da lareira acompanha os encontros de negócios. Enquanto isso, enfiado num outro canto, dois senhores que atendem por The Boy Least Likely To estão discutindo o que, para eles, é o negócio mais importante do carrilhão.

"O carrilhão tem na verdade uma grande tradição no pop", começa o vocalista Jof Owen. "Bruce Springteen usou um em Born To Run".

"Exceto que era bem baixinho", expande Pete Hobbs, que cria as músicas. "Eles são enfiados no meio de instrumentos de cordas. Nós queremos usá-lo como principal instrumento. Tínhamos aquele riff e soávamos um lixo no teclado, muito agressivo. Tentamos todos os tipos de instrumentos até que acabamos pegando aquele conjunto de sinos, o carrilhão, do Early Learning Centre. Apenas ouvimos aquele tilintar – plink! – e pronto, a ficha caiu".

O carrilhão faz o primeiro som no álbum de estréia do The Boy Least Likely To, "The Best Party Ever", que parece ser uma das histórias de sucesso menos predestinada do pop. Um ano atrás, os rapazes estavam carimbando a mão as capas de seus lançamentos caseiros, prontos para enviar algumas cópias para a loja Rough Trade. Agora relançado – depois de gerar um enorme interesse quando a loja elegeu disco da semana – faixas estão sendo tocadas no Channel 4, Virgin Radio e Radio 2. Mas isso não é tudo. A banda formada num quarto foi agora escolhida por Simon Fuller. Esse é o homem por trás da agência 19 Management e, claro, o homem que trouxe ao mundo as Spice Girls.

Fuller é sinônimo de pop manufaturado. Pra ficar claro, o conceito desse homem assinar uma banda que sorridentemente se descreve como "meio que um lixo" e "as vezes, uma absoluta bagunça" soa um pouco como se Sven-Goran Eriksson (técnico da seleção inglesa) pegasse um time de várzea e o levasse para a Copa do Mundo.

"É um parceria estranha, mas ele [Fuller] realmente gostou do álbum," sorri Owen. "Tivemos um monte de reuniões com gravadoras mas todos eles queriam mudar a música, remixar, adicionar faixas. Ele foi o único que não quis mudar nada – apenas perguntou do próximo". Entretanto, Hobbs tem outra visão. "O lance pra se lembrar é que a 19 é de fato uma companhia independente e eles controlam o que eles fazem. Todas as outras pertencem a outras corporações. Então se você pegar por aí, eles não são tão diferentes da gente".

"E outra, as pessoas lá são na maioria mulheres", sorri Owen, suavemente. "Elas pedem as coisas de jeito doce. Elas não berram!".

A encantadora mistura de inocência e clareza permeia a música do TBLLT e sugere que a antena pop de Fuller não interferiu ainda. As músicas deles são refrescantes mas ridiculamente bem trabalhadas, enraizadas nos The Beach Boy, gravadoras Sarah e Postcard e, bem, os Archies. O som de uma mítica e agradável escola disco, eles fazem o The Magic Numbers soar como o Marilyn Manson. E ainda por trás das melodias infantis, banjos e gravadores – tocados por uma amiga chamada Sweet Amanda Applewood (que eles insistem que é uma pessoa real) – estão assombrosos sentimentos como Dormindo Com Uma Arma Embaixo Do Travesseiro, o conto do medo da sociedade moderna.

TBLLT em pessoa é exatamente como sua música. Agora nos seus vinte e poucos, eles começaram a beber tardiamente ("Babysham!" diz Hobbs, sorrindo. "Foi um pequeno ato de rebelião porque todo mundo bebia cerveja. Muito embaraçoso quando você ia comprar isso"). Owen começou a fumar um ano atrás numa tentativa desesperada de tentar parecer crescido. Eles finalizam as frases um do outro e geralmente parecem dois alunos desobedientes ao invés de um grupo pop. Entretanto, são capazes de momentos de pura inteligêngia.

"Sabe aqueles dias que você está na praia e tudo está perfeito, mas você sabe que tudo vai acabar?", cisma Owen. "Isso é como eu vejo a emoção predominante em nossa música."

[depois o artigo cai na vida dos dois, mostrando como tudo começou, como se conheceram, como eram zuados na escola e como passaram a comprar discos em feiras de artigos usados]

Depois de um tempo experimentando em bandas de rock de outras pessoas, eles finalmente se juntaram em 2001. "Você me deu algumas letras," Hobbs lembra Owen, "E eu me lembro de pensar 'hum, isso não é muito rock'".

"Mas quando a gente tentou fazer rock, éramos horríveis", admite Owen.

Em vez disso, enquanto Owen escrevia letras com títulos como "Warm Panda Cola", Hobbs criava as músicas com o que estivesse disponível, inicialmente gravando num computador montado pelo seu pai, até que quebrou. O primeiro lançamento deles, o single 7" de Paper Cuts de 2003, foi prensado 300 cópias. As canções eram trabalhadas nos finais de semana, no meio de empregos esquisitos (Hobbs fazia omeletes, enquanto que Owen achou emprego cuidando dos pertences de presos numa prisão).

Tendo seis ou sete dias entre trabalhar numa faixa ou outra deu a eles uma "perspectiva real" e o par optou outras práticas não usuais como planejar o primeiro concerto no Albert Hall (eles eventualmente foram parar num pub na Holloway Road) e se recusar a mandar demos para pessoas.

"Bem, a gente mandou uma, para a Independiente, porque a A&R era uma garota" concede Owen. "Ela odiou a gente!".

Apesar de que são dificilmente 'o último dos causadores', Owen insisti que assinar com a 19 foi um típico 'ato de pequena rebelião'; outra foi ir contra a atitude DIY/Indie e aparecer primeiramente na festa da revista Smash Hits, depois abrir os shows do James Blunt [uma espécie de Fábio Jr. aqui na Inglaterra]. "Nós recebemos e-mails de ódio de nossos fãs. Coisa pesada", diz Hobbs. "Tipo, 'eu prefiro mandar crianças para a casa do Michael Jackson ao invés de comprar seus discos!'".

Talvez a aposta de Fuller é que a mistura de inocência com travessura do The Boy Least Likely vai seduzir tanto adolescentes quanto adultos. Varias das letras de Owen exploram o medo de crescer e morrer velho, abandonado e sozinho. Em "Monters" ele canta 'people turning into monsters, making out with other monsters, getting marriage and wheeling baby monsters in prams…'.

No final, o mundo que eles têm evitado está se colidindo. Hobbs se mudou para Londres enquanto que Owen continua na sua amada Wendover da sua adolescência. Pergunto se ele poderia alguma vez contemplar algo inicialmente inimaginável, como se casar.

"Oh Deus, não." Ele da risadas. "Tipo, nós temos namoradas. Nós não estamos juntos".

www.theboyleastlikelyto.co.uk

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Voltando aos Trópicos

Minha visita ao Brasil foi legal, de um modo geral. Discotequei em vários lugares e me diverti. Gostaria de agradecer a todos que me receberam e deram oportunidade desse escriba escolher uns sons nas pistas. O lugar que mais gostei foi o Milo Garage. Pequeno, simples e muito aconchegante. E a galera parecia estar na maior buena, se é que você me entende. Ambiente ótimo. É o tipo de lugar que eu iria bater cartão se estivesse morando em São Paulo. Fora que o som é divertidíssimo.

A discotecagem que mais senti prazer em fazer foi em Campinas, no bar Informal. A pista era pequena, mas o ânimo das pessoas era frenético. Fiz uma mistureba tremenda. Não sei porquê, mas senti que o clima estava favorável a mim naquela noite. Toquei de tudo um pouco. De Blur a Electronic a Johnny Boy a Magic Numbers a Sweet a Clor a White Stripes a Hard-Fi a Pulp a Underworld a Chemical Brothers a The Jam a The Features a Pet Shop Boys a Dead 60s a Ordinary Boys a Regina Spektor etc etc etc. Velharias e novidades. Rock e eletrônico. E o povo dançou TUDO. Sem preconceito. Só na diversão. A pista ficou lotada do momento que entrei até quando toquei minha última faixa. É o diferencial de tocar em cidades do interior. O pessoal sai pra se divertir. Em cidades grandes como São Paulo, muitos saem para dar opinião ou fazer carão, e esquecem de curtir a festa.

***

Não esqueçam de comprar o single do The Upper Room com a música "All Over This Town". Já disse aqui e digo novamente: essa música é FODA. Está sendo lançada hoje, dia 27/02.

No mais, Guillemots na cabeça! Yeah!

Até a próxima segunda!



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