Saturday, May 06, 2006

 

coluna 02 de maio

DIRTY PRETTY THINGS > “Waterloo To Anywhere”
Ao vivo na HMV de Oxford Street, centro de Londres, 24/04


Na semana que consegui baixar o disco do Dirty Pretty Things, eles lançaram o primeiro single do álbum, Bang Bang You’re Dead, e tocararam gratuitamente na loja de discos HMV, no centro de Londres, para promover o lançamento. Antes de contar como foi o show, vou falar sobre o tão aguardado álbum, “Waterloo To Anywhere”.

Pois então, Carl Barat finalmente esta de volta depois do trágico fim dos Libertines. Muita gente encarar isso como uma guerra. Quem é melhor? Babyshambles ou DPT? Não devemos enxergar dessa forma. Devemos, primeiro de tudo, é lamentar que os Libertines afundaram. Sabe o que senti quando escutei pela primeira vez “Waterloo To Anywhere”? Que o que os DPT têm, os Babyshambles não têm. E vice-versa. Então é uma pena que Carl Barat e Pete Doherty não estão mais juntos. Pois Dirty Pretty Things carece da ‘ginga’ e carisma que, apesar de todos os demônios, o Babyshambles possui. Já os ‘Shambles’ pecam pela falta de controle e seriedade, que é um dos trunfos de Carl Barat e sua gangue. E nos Libs, pelo menos em “Up The Bracket”, tudo estava ali.

Se fomos ver, os nomes dizem tudo: Babyshambles é de fato uma bagunça, desordem; Dirty Pretty Things é rock sujão, mas bonitinho. Ambos são talentosos e criativos e, convenhamos, se fomos contar desde começo, essa novela já rendeu aos fãs quatro discos bons. Sim, “Waterloo To Anywhere” é um bom disco. É um puta disco. Mas assim como o segundo trabalho dos Libs e o debut dos ‘Shambles, não supera “Up The Bracket”. Mas também não faz feio.

O álbum começa como um turbilhão. “Deadwood” é dinâmica, rápida e suja, e com certeza deve ser um futuro single; “Doctors and Dealers” segue a mesma trilha, com boa pegada e energia. Então chega o single “Bang Bang You're Dead” que é realmente uma belíssima música e talvez o momento que mais se aproxima do início dos Libertines. Grande parte das letras desse disco retratam os tempos penosos da relação entre Carl e Pete, onde o primeiro dá a sua versão da história sobre o segundo, e “Bang Bang You're Dead” é um exemplo disso: “I knew all along that I was right at the start, that the seeds of weeds that grew in your heart / Bang bang, you’re dead, always so easily led, bang bang, you’re dead, put all the rumours to bed”.

Daí pra frente o cd entra num rítmo que, embora competente e alto astral, peca um pouco pela falta de variedade. Tive que ouvir diversas vezes esse álbum pra saber qual música que era qual. Parece tudo igual. Mas aos poucos nos acostumamos. E logo percebemos que estamos viciados nele. A faixa “The Gentry Cove” vem com roupagem reggae e não desaponta. Em “The Enemy” tem um groove de fundo, e é outro destaque. O rapaz daquela banda chata Cooper Temple Clause, que toca baixo no DPT, deve ter dado palpites, e o resultado é provavelmente “You Fucking Love It”, onde ele próprio começa cantando. Punk-rock rápido e sem tempero. Passo. A música que finaliza o disco é possivelmente a melhor. “B.U.R.M.A” é o nome e também é outra que remete à Time For Heroes-Boys In The Band’s da vida.

Como disse, “Waterloo to Anywhere” é um álbum bacana, mas não se iluda pois não supera o passado e não é nem melhor nem pior que “Down In Albion”. Mas a pergunta que devemos fazer é: mesmo se Carl e Pete estivessem juntos numa boa, como nos velhos tempos, será que fariam um disco tão bom quanto “Up The Bracket”? Acho que não.

Sobre o show, não estarei exagerando se disser que a banda é melhor ao vivo do que em estúdio. Pelo menos fiquei com essa impressão. O impacto deles tocando ao vivo foi maior e só depois do show é que comecei a apreciar de verdade o disco. Bem, apresentação gratuita em lojas de disco no final da tarde pode ser bom para algumas bandas, ruim para outras. No caso do Dirty Pretty Things, que basicamente atrai um público jovem permeado por roqueiros babacas que adoram empurrar e pogar, foi bom, porque quem estava ali pra ver o show numa boa e prestar atenção nas músicas, pôde fazer isso traquilamente, pois o grosso do público do DPT não estava e shows numa loja de disco não oferece a mínima atmosfera e espaço para empurra-empurra.

Outro lado positivo foi que a banda apareceu pra tocar um set de meia-hora, mas a empolgação deles foi tanta, que decidiram fazer um show por completo, que durou mais ou menos uma hora e apresentou o disco inteiro, e ainda dois clássicos dos Libertines, “Death On The Stairs” (minha preferida da banda!!!) e “I Get Along”. Não preciso dizer que foram nessas que o público vibrou mais, preciso? E como de praxe nessas ocasiões, a HMV filmava o show e ao mesmo tempo transmitia para um enorme telão atrás do palco. Então a gente via o Carl pequenino cantando, e atrás o Carl grandalhão imitando, como você vê na foto. Cute.

Dirty Pretty Things é o oposto ao Babyshambles no tocante a dar importância aos fãs. Incrível como eles fazem questão de tratar bem os fãs, atendendo pedidos e conversando entre as músicas. Tanto que um dos motivos para prolongarem o show foi por causa dos fãs, que imploravam por mais. Claro que isso é ótimo, mas senti ali uma pontinha de ‘revanche’ ou sei lá como você queira chamar isso, pois claramente estavam meio que dizemdo “Olha como somos legais e profissionais, Pete é mesmo um vilão!!”. Vi os Libertines em 2002 e o Carl não era tão generoso assim. Mas anyway...

Falando em vilão, deixa eu falar um pouquinho do Pete. Pois é, o rapaz está descendo ladeira abaixo. Deve morrer logo. Ou não. Mas seus demônios estão vencendo. Pobre rapaz. Tão carismático, tão gracioso, tão criativo e ainda sim com os piores demônios dentro de si. Ele não está mais tocando nem gravando, e muito provavelmente só quer saber do cachimbo ou da seringa. Que pena.

O fato de ser preso toda semana é meio foda, porque ele é uma das pessoas mais conhecidas do Reino Unido, tem foto dele nos jornais todos os dias e os noticiários na TV sempre estão tratando dele, por isso é foda o que a polícia está fazendo, pois é só o cara pisar pra fora de casa que algum policial resolve prende-lo. Bem, é o preço que ele está pagando por ser o viciado mais famoso da nação. Qualquer pedreiro ou varredor de rua ou lixeiro sabe quem é o Pete. Eles não sabem o que é Libertines ou Babyshambles, mas sabem quem é o Pete, “the cunt”.

Uma coisa que não concordo são as pessoas que curtem rock e acham Pete um babaca pelas suas atitudes e loucuras. Se não gosta da música, ok, compreendo e respeito. Mas Pete sempre foi um delinqüente. Nas primeiras entrevistas que deu, sempre deixou claro isso. Uma de suas frases clássicas é “o melhor e pior dia da minha vida foi quando assinei contrato com uma gravadora”. O moço nunca escondeu que sempre detestou a indústria da música e todo o sistema que a envolve. Entrevistas, turnês, cumprir horários, ele nunca curtiu isso. Prefere muito mais fazer o papel de trovador, e tocar se e quando estiver afim, em pubs e flats, para amigos e chegados.

Agora achar que o cara é um idiota porque ele é louco ou vai preso ou é viciado em drogas, é meio incoerente, pois pelo que sei o rock’n’roll sempre foi a voz dos delinqüentes, outsiders e malucões, e Pete é nada mais que isso: um delinqüente, outsider e doido varrido. Com final feliz ou não. Mas se você não curte esse lado maluco dele, compre o cd das Sugababes, elas nunca são presas e nem usam drogas. E além do mais, Iggy Pop, David Bowie e Keith Richards (pra citar alguns...) passaram anos e anos afundados em miséria e maluquices, e atualmente o público e crítica elegem esses períodos de loucuras como o pico de criatividade e época áurea deles. Compre uma biografia dos Rolling Stones e descubra você mesmo o que Keith Richards fez durante a década de 70 inteira.


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THE BOY LEAST LIKELY TO
Ao vivo na HMV de Oxford Street, centro de Londres, 26/04


A HMV semana passada tava agitada. Segunda teve Dirty Pretty Things tocando ao vivo. Quarta foi a vez da duplinha The Boy Least Likely To. A diferença é que no DPT ficou gente pra fora, enquanto que no TBLLT tinha espaço sobrando. Cada um cada um. O gancho do mini-show foi o lançamento do single “Be Gentle With Be”, lançado naquele dia.

Cada vez que ouço o álbum “The Best Party Ever”, eu gosto mais. Não é todo dia que tem na praça um disco inspirado, recheado de melodias contagiantes e fofinhas, com as letras retratando as coisas mais inocentes da vida. Eu tinha visto a banda ao vivo uma vez, há mais de um ano atrás, mas ela não estava tão afiada quanto agora. Como foi reportado aqui na coluna, o The Boy Least Likely To agora está sendo administrado por uma grande agência, então eles estão maiores e mais profissionais, e sempre há alguma revista ou jornal ou programa de rádio abordando os rapazes.

A dupla Jof Owen e Pete Hobbs agora esta com uma banda de apoio de cinco pessoas. Tocam um monte de coisas: teclados, violino, banjo, carrilhão, sem contar o tronco principal, violão, baixo e bateria. Isso significa que o som reproduzido ao vivo é tão bom quanto no disco, com a única diferença de que no show ficamos mais empolgados e dançamos e balançamos a cabeça com um baita sorriso estampado na cara.

A apresentação durou o suficiente. Tocaram todas que eu queria ouvir: “I'm Glad I Hitched My Apple Wagon To Your Star”, “Monsters”, “Paper Cuts”, “Warm Panda Cola” e “Apple Wagon”. Uma mais legal que a outra. Na hora ali, tinha um montão de gente que estava de passagem pela loja e nem fazia idéia de quem estava tocando, e deu a impressão que o The Boy Least Likely To ganhou o coração desses que não conheciam a banda. Os aplausos eram mais altos a cada faixa executada. Terminaram com “Be Gentle With Me”, que na minha opinião foi a melhor do show, naturalmente, pois essa é a melhor música deles.

Depois ainda teve sessão de autógrafos. Quem diria, hein? Os garotos menos predestinados, estavam ali dando autógrafos na maior loja de disco do Reino Unido. Eu fui pegar o meu, apenas pra dizer uma coisa para os rapazes: “you seem to be very likely to nowadays”. Quando digo isso, um deles riu, o outro fez um cara de que ficou com vergonha. Hehe. Eles são fofos.

www.myspace.com/theboyleastlikelytouk


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THE ORDINARY BOYS
Ao vivo no Hammersmith Palais, oeste de Londres, 29/04


Uma banda que gosto tanto, e que até então eu nunca tinha visto ao vivo. Até o último sábado. O show fazia parte do mini-festival Carling 24hs, que reunia diversas bandas em diversos lugares em 24 horas aqui na capital inglesa. Teve um montão de coisa, mas acabei só comprando ingresso para ver Preston e sua banda.

Sou um grande fã de Ordinary Boys desde o primeiro ótimo álbum, “Over The Counter Culture”, de 2004. Depois veio o também bacana segundo trabalho “Brassbound”, de 2005, e agora em 2006 rolou o Big Brother, e aí mudou tudo. Para muitos, Ordinary Boys é a banda daquele babaca do Preston e sua namorada loira-burra. Para alguns, eu incluso nesse escalão, Ordinary Boys é o Ordinary Boys, uma banda que faz rock’n’roll divertido, com boa pegada e melodias cativantes.

O show foi uma seleção das melhores músicas dos dois álbuns, então foi um torpedo atrás do outro, para deleite da platéia, que infelizmente me pareceu estar ali pelo efeito Big Brother. Iniciaram com “Over The Counter Culture”, que também é a faixa que abre o primeiro cd. Preston é um rapaz carismático. Ele canta alto e claro, pula e no intervalo das músicas fica de papo com o público. E o cara tem charme, isso tem.

As que sacudiram mesmo o pessoal foram “Week In Week Out”, “Boy Will Be Boys”, “Weekend Revolution”, “On An Island” e “Brassbound”. Em “Talk Talk Talk”, Preston chamou o Ordinary Army, o fã clube official da banda, para cantar a música. Foi lindo, Preston só tocando e o público cantando. Como última música, escolheram a linda balada “Seaside”, onde Prestou pediu para que não erguessem isqueiros, mas ao invés disso telefones celulares. Foi um outro ponto especial do concerto, que durou pouco mais de uma hora e não teve bis. O show começou as três da tarde, terminou pouco depois das quatro e as cinco eu já tava em casa.

www.myspace.com/ordinaryboys


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EMBRACE – “This New Day”
O Embrace é considerado por muitos como uma banda mela-cueca, uns bostinhas sensíveis que fazem músicas para ‘bed-wetters’, um sub-Coldplay e uma das piores bandas indies de todos os tempos, se é que aquilo é indie. Concordo que fazem músicas sensíveis e choramingonas, e quanto a isso, eu não tenho nada contra. Eu gosto do Embrace porque eles são sim responsáveis por melodias sensíveis e choramingonas, mas fazem isso de um jeito especial, sem soar aquelas coisas exageradamente sentimentais baratas e superproduzidas, que encontramos sempre em rádios mainstream e bregas. Esse disco segue a mesma linha do álbum anterior deles; dez belas músicas, todas carregadas com um lado épico, e que não fazem mal a ninguém, com exceção dos cínicos do underground. Isso é o que eu chamo de pop-indie. Highlights: “Celebrate”, “Natures Law” e “No Use Crying”.


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WWW.YOUTUBE.COM

Definitivamente, o site www.youtube.com é um dos mais legais na internet. Com a sua popularização, encontramos vídeos e imagens de tudo quanto é tipo. Desde clips de bandas, apresentações de tv, filmes até mesmo o legendário Alborgheti dando suas pauladas no programa Cadeia. Passo horas e horas assistindo vídeos nesse site. Nesse último feriadão, decidi procurar por coisas relacionadas com o que eu tinha recentemente comentado aqui na coluna. Veja aí.

Circulus – “My Body is Made of Sunlight”
Aquela banda maravilhosa Circulus, que eu resenhei o belíssimo show que assisiti recentemente, tem um video-clip disponível por lá. Um rapaz me escreveu dizendo que não encontrava o disco na net. Pois é, acredito que deve ser difícil de achar, pois pouca gente conhece a banda. Mas agora você pode ver quão peculiar e bacana eles são.



Les Incompetents – “How It All Went Wrong”
Lembra que disse que essa música dos londrinos Les Incompetents é uma das melhores coisas lançadas esse ano?? Pois então, divirta-se com o vídeo clip. Essa música realmente arrasa quarteirão e esses rapazes são muito a cara de Londres. É de praxe você passear em Londres e ver esses indie-kis pelo metrô ou perambulando pelas ruas.



Graham Coxon – “Standing On My Own Again”
O ex guitarrista do Blur lançou um puta discão esse ano e esse é o single escolhido. Um rock’n’roll matador!! Graham Coxon é muito melhor que o Blur hoje em dia e já supera até mesmo o Blur dos anos 90.



The Boy Least Likely To – “Be Gente With Me”
Falei da duplinha lá em cima, e disse que essa música é a melhor da banda. Assista o vídeo clip, muito fofo.



Aqui eu resolvi escolher três vídeo clips cheios de cores, dançantes e alto-astral!!

Tahiti 80 – “Heartbeat”
Essa música me lembra coisas boas. Descobri eles no comecinho do ano 2000, justamente com a linda “Heartbeat”, e comecei a discotecar ela sem parar nos clubes que eu promovia em SP. Essa faixa está no primeiro disco deles, chamado “Puzzle”, que é o melhor LP da banda. Até usei a arte da capa do disco para fazer um flyer de uma de minhas festas em SP, em 2001. No cd que eu tinha, vinha com o cd-room desse vídeo, que é maravilhoso, com as pessoas dançando e tal, e combina bem com o groove alto-astral da música. Irresistível.



Junior Senior – “Move Your Feet”
Essa é uma das bandas mais subestimadas dos dias de hoje. Ninguém dá a mínima para a dupla Junior Senior, da Dinamarca, mas no quesito dance-musica, ninguém supera eles. Esse vídeo clip sensacional prova o que estou falando. Demora um pouco pra carregar a imagem, estão seja paciente um pouquinho. ;-)



The Go! Team – “Ladyflash”
Bem, falando de clips coloridos e dancantes, claro que não poderia faltar o The Go! Team. Esse é o clip de Ladyflash, realmente uma explosão de beleza e cores. A vocalista Ninja é uma graça mesmo, aqui ela ta de roller-girl.





xxx



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