Monday, June 26, 2006

 

coluna 26 de junho

LES INCOMPETENTS

To chocado. Esses dias abri meu MySpace e estava lá uma mensagem dos Les Incompetents, a banda que lançou a música mais legal desse ano, “How It All Went Wrong”, já falada aqui na coluna.

Infelizmente, a mensagem não estava divulgando nenhum show ou música nova, e sim informando os fãs sobre o que aconteceu com Billy, um dos vocalistas da banda. Na última sexta eles tocaram no Barfly, em Camden Town, e na volta pra casa, Billy foi atacado por uma gang. Ele caiu, foi espancado e bateu com a cabeça na calçada. O que aconteceu foi que Billy agora está em situação crítica no hospital, inconsciente, com o risco de ter fraturado o crânio. Tá alarmado?? Eu também. Você vai ficar mais ainda quando eu contar a historinha que tenho com Billy e com a banda.

O ano era de 2003, e eu recém chegado em Londres, costumava a freqüentar a festa White Heat, que acontecia às terças no Infinity Club, centro de Londres. Numa dessas baladas, conheci um rapaz no banheiro, e ficamos conversando. Ele ficou surpreso e excitado ao saber que eu era do Brasil e que gostava de rock. Nos demos bem, e minutos depois ele me apresentou para todos seus amigos. O nome dele era Billy, que anos depois fui descobrir que seria o vocalista dos Les Incompetents. Depois desse nosso primeiro encontro, ficamos amigos, mas como minha vida sempre foi corrida, nunca fomos tão próximos. Regularmente eu o encontrava no metrô, na rua ou nas festas de rock, e sempre dávamos risada e bebíamos e curtíamos a vida. Teve uma vez que ele falou pra mim que estava sério com sua banda, que ainda não tinha nome certo, mas estava querendo algo em francês

Pois então, foi assistindo o clip da música “How It All Went Wrong” que eu percebi que o Les Incompetents é a banda do Billy. Nunca encontrei ele novamente depois que percebi isso. E agora o cara está correndo risco de vida no hospital, e isso me deixa chateado pra caramba. Porra, justo o Billy, um cara tão gente fina e animado?!

Na página do MySpace deles há várias mensagens de apoio dos fãs. Deixe a sua: www.myspace.com/lesincompetents

Assista o clip de “How It All Went Wrong” e assista Billy em ação, ele é o vocalista que NÃO está de óculos, e está de terno e gravata.




GET WELL SOON, BILLY!


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THE PIPETTES

Com o lançamento do álbum “We Are The Pipettes” se aproximando, as Pipettes estão em todo lugar. Encontrei no youtube.com uma entrevista mostrada recentemente na MTV2, no programa Gonzo. Notem que a conversa cai num assunto que eu já citei aqui: as Pipettes fizeram as ‘polka-dots' (estampas de bolinha) novamente ficarem em moda aqui no Reino Unido. Se você andar por Londres, vai notar isso. E elas concordam, como podem conferir no vídeo.



Não se esqueça, “We Are The Pipettes” será lançado dia 17 de julho na Inglaterra. Veja aqui a capa, em primeira mão.

www.myspace.com/thepipettes


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PETE DOHERTY

Então mais um capítulo da saga de Pete Doherty foi escrito na semana passada, quando ele mesmo se admitiu numa clínica de reabilitação para usuários de heroína em Portugal. Segundo dizem, o rapaz foi por vontade própria, pois percebeu que se continuasse do jeito que estava, sua próxima parada seria a cova. A idéia é ficar por lá por um tempo, mais ou menos um mês, para receber tratamento e sair do seu círculo de amizades, composto por traficantes, junkies e deliquentes de alto calibre. Ainda, ele pretende gravar algumas músicas por lá. Resta esperar se dessa vez ele fica, ou se não fará como das outras vezes, sair pior do que estava.

Como tributo, deixo aqui um home-vídeo em dedicatória a Pete, com bonitas imagens desde o começo dos Libertines até os dias de hoje, passando pela saga Kate Moss e Babyshambles. Dá pra ver quão doido varrido é o sujeito... hehe...



A música de fundo é “The Man Who Came To Stay”, uma das melhores
coisas que Pete já fez.

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HOPE OF THE STATES – “Left”

Deus do céu, quando li que o Hope Of The States tinham deixado o lado épico e grandioso do trabalho de estréia para dar espaço para uma pegada mais pop nesse segundo disco, fiquei aborrecido, pois adoro esse aspecto grandioso em bandas e naturalmente amei o primeiro cd do HOTS. Mas essa segunda obra não desaponta nem um pouco. Pelo contrário, até empolga. As músicas que dão o pontapé brilham majestosamente, com uma estrutura simples, com portas abertas para as guitarras. Há inspiração, há talento, há substância. O primeiro single “Sing It Out” é o retrato disso. O astral muda na quinta faixa, a deslumbrante “The Good Fight”, que é uma releitura do primeiro disco. Pianos, orquestra, guitarras, drama. Adoro. Em seguida vem a faixa título e sem dúvida a que mais se destaca no disco. Quase seis minutos de rock robusto, com caídas melancólicas e climas cinematográficos. E ainda tem gente que vem me falar de Radiohead...

O álbum poderia terminar aqui, e o cenário ficaria perfeito. Mas não. O Hope Of The States ainda oferece mais meia-dúzia de trilhas, esbanjando rock visceral, ora subindo lá em cima com orquestras, ora abusando das guitarras. A música “The Church Choir”, que finaliza o cd, prova isso e é impecável. Coisa de mestre. Com “Left”, um segundo disco tão bom quanto o primeiro, os ingleses HOTS mostram que não são banda de uma temporada só e nos deixam com boas perspectivas para o futuro. Agora, a razão pela qual esse disco está recebendo críticas negativas é um mistério que pretendo desvendar ainda esse ano.


LILY ALLEN – “Alright, Still”

Taí um disco com alto calibre comercial, que certamente vai ser comercial, e que eu gosto e tiro o chapéu. Oh, se todos os hip-hops fossem assim, o mundo com certeza seria um lugar menos pior. Veja bem, tá na cara que dona Lily Allen não tem lá muitas referências para compôr.. digamos... ‘hits imortais', mas a garota pelo menos tem bom gosto para produtores e o resultado disso é que esse é um disco de verão, leve, livre e solto. “Alright, Still” flerta com reggae, hip-hop e rock, mas tudo com uma produção afiada, esperta e simples. É música comercial sim, mas aqui a substância está sob a aparência, e não o contrário. Os arranjos são
orgânicos e se você procura por um disco eclético e amplo, com certeza esse pode ser a sua salvação. As letras retratam o cotidiano da juventude de Londres e é um bom meio para entender o povo daqui. As faixas que mais gostei são as que possuem sonoridade reggae & ska: “Smile”, “LDN” e “Friend of Mine”. Lily Allen será o novo furacão britânico nos próximos meses.


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THE LONG BLONDES

Parece que o charmoso quinteto inglês The Long Blondes caiu no esquecimento. Errado. A banda na verdade acabou de, finalmente, assinar contrato com a Rough Trade, e está calmamente preparando o lançamento do álbum de estréia. A revista Plan B deu capa para eles nesse mês e o clip da música “Weekend Without Make-Up” está rodando adoidado na MTV inglesa. As rádios também abriram espaço para a faixa. Por isso, resolvi traduzir um artigo que foi publicado no jornal londrino Evening Standard em março desse ano, apostando nos Long Blondes como os sucessores dos Arctic Monkeys. Na época, a banda liderara por Kate Jackson ainda não tinha gravadora, e esse foi um dos pontos discutidos na matéria. Enjoy!


MEET BRITAIN'S BRIGHTEST BAND
“CONHEÇA A BANDA MAIS ESPLÊNDIDA DA GRÃ-BRETANHA”


Texto: David Smith
Tradução livre: Marcio Custódio

Esqueça os Arctic Monkeys – as estrelas do novo pop são os Long Blondes


Enquanto todos os olhares estiveram direcionados para os Arctic Monkeys no NME Awards na semana passada, onde ganharam três prêmios, outra banda de Sheffield, The Long Blondes, acanhadamente compareceu para pegar o prestigiado troféu dos Novos Talentos. Não apenas essa é uma banda sem contrato com gravadora, mas seus integrantes tiveram que tirar folga de seus trabalhos diurnos para atender à cerimônia cheia de estrelas. Quando combinei de encontrar com eles pra discutir essa vitória significante (ganhadores do passado incluem Franz Ferdinand e Kaiser Chiefs), apenas dois deles estão disponíveis em seus horários de almoço para um encontro num pub no centro de Sheffield. O principal compositor e guitarrista Dorian Cox está no trabalho num departamento administrativo da faculdade de Sheffield, a guitarrista base Emma Chaplin está atarefada na biblioteca de artes de Leeds, e a baixista Rennie Delaney está trabalhando no departamento de mídia na universidade de Rotherdam, onde estudantes fãs chegam e ficam bisbilhotando-a.

Fui deixado com a vocalista Kate Jackson, uma fada de expressão vampírica numa boina branca, com unhas azuis e denso lápis de olho preto. Ela vende roupas vintage no E-bay pra ganhar a vida, e sempre pega as melhores peças pra ela. Rapidamente ficamos também na companhia do baterista Screech Louder, do qual o nome rock'n'roll (e está até no certificado de nascimento, graças aos pais hippies)**, os óculos a lá Morrissey e o cabelo curly tingido fazem dele um ser totalmente inapropriado no seu trabalho temporário no Home Office.

“É como viver uma vida dupla”, diz Jackson. “Mas nós realmente achamos que não ter conseguido um contrato de forma mais rápida será bom pra nós a longo prazo. Quando isso acontecer, estaremos prontos para isso.” Isso quer dizer “quando”, não “se” Quatro contratos exclusivos para lançar singles individuais, sendo o mais recente a rouca “Separated by Motorways”, não deram nenhum retorno financeiro, mas criaram um rebuliço na indústria da música e uma apaixonada base de fãs. O burburinho é por causa de pomposas e estilosas canções, incluindo o funk rígido de “Giddy Stratospheres” e a gritada e punky “Lust In Movies”, que referencia Anna Karenina e a protegida de Warhol, Edie Sedgwick. E também há o fato que eles passam horas e horas cuidando da aparência, especialmente Jackson, que está dando duro para alcançar status de ícone. Ela já apareceu em diversos suplementos de moda, e na cerimônia da NME também foi nomeada para Mulher Mais Sexy, perdendo inexplicavelmente para Madonna.

“Ter boa aparência certamente não causa nenhum dano”, ela diz. Louder adiciona: “Mas não gosto da idéia que porque há garotas na banda, nós devemos ser aparência sob conteúdo. Somos pessoas inteligentes – somos capazes de pensar tanto na nossa música quanto no nosso jeito de se vestir, ao mesmo tempo”.

Cantoras glamourosas como Debbie Harry e Marianne Faithful foram mencionadas como comparação, assim como as garotas líderes das bandas britpop Sleeper e Elastica. “Não acho que há garotas suficientes em bandas e eu não diria que sou derivada de ninguém. A procedência não está lá”, diz Jackson.

A causa dos Long Blondes é sem dúvida favorecida pelo sucesso meteórico dos Arctic Monkeys. Estou vendo até quando eu consigo durar sem mencionar eles na entrevista, e é Jackson que eventualmente cultiva o fantasma “É pura coincidência que algumas bandas de Sheffield estão se dando bem no momento. Estamos fazendo coisas diferentes”, ela fala.

"A gente se cruza as vezes, e eles são caras legais, mas não é como se a gente estivesse juntos todo sábado no Leadmill”, diz Louder. “E há também a diferença de idade – os Arctic Monkeys são bem mais novos que a gente”.

Com idade entre 23 e 25, o quinteto decidiu independentemente estudar em duas universidades de Sheffield, inspirados por compartilharem o amor por um dos grandes expoentes da cidade, Jarvis Cocker e Pulp. “Jarvis é realmente um homem inglês, uma figura meio Noel Coward”, arrebata Jackson. A banda não se conheceu nas aulas, mas sim nas várias discotecas indies de Sheffield. “Acho que sempre foi a cidade mais cool do país, não somente agora”.

Há dois casais na banda, Cox e Chaplin, já de longo-termo, e Delaney e Louder, que entrou na banda sem ter nenhuma experiência com as baquetas, mas desse jeito ele poderia conhecê-la melhor. Entretanto, falta de habilidade musical não prejudicou o progresso deles.

“Sei que iremos fazer um bom disco”, diz a vocalista. Fique de olho. Pra agora, já são duas da tarde e a banda mais esplêndida da Grã-Bretanha precisa voltar ao trabalho.


** Nota do tradutor: Louder, o sobrenome do baterista Screech, significa ‘mais alto' no tocante a volume, em português, e é uma expressão típica para fãs de rock.

Assista o vídeo de “Weekend Without Make-Up”, com direito a chapinha no cabelo de Kate e tudo mais!
http://www.youtube.com/watch?

Essa Kate Jackson é muito charmosa, é ou não é?


xxx



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