Monday, June 12, 2006

 

coluna 29 de maio

BRETT ANDERSON

Boletim para fãs do Suede e The Tears: finalmente Brett Anderson quebrou o silencio. Desde que o The Tears lançou o álbum, no primeiro semestre de 2005, a banda deu apenas um show em Londres e depois sumiu completamente.

Recentemente Brett afirmou que não estava rolando nada com os Tears no momento. Aí na semana passada ele divulgou seu website, e falou de seu álbum solo, que deve ser lançado em janeiro de 2007 e terá muita orquestra e uma pitada Scott Walker. Disse ainda que compôs e produziu todas as músicas, e que tocou todas as guitarras no disco. Uau! To muito curioso pra ouvir isso aí!!! Anyway, pra quem quiser visitar o site do mocinho, visite: www.brettanderson.co.uk/

É bonitinho, né?


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MY LIFE STORY
Ao vivo no Mean Fiddler, metrô Tottenham Ct Rd, Londres, 26/05/06


Quando somos adolescentes, sonhamos em um dia fazer coisas que, naquele momento, beiram o impossível. Fico me perguntando as vezes que tipo de sonhos as pessoas tem. Comprar um carrão? Ter um emprego numa ‘multinacional'? Ter gêmeos? Ir pra Disneylândia? Ser médico? Sei lá. Esses nunca foram meus sonhos, embora não reclamaria se acontecesse comigo. No meu caso, lá nos meus 16 ou 17 anos, sonhava em assistir ao vivo as bandas que faziam minha cabeça e marcavam minha vida naquela época.

Oh, que tempos penosos foram aqueles. Naquela fase da minha vida, eu estava na escola e trabalhava em empregos que eu teria que juntar dois anos de salário pra pagar somente as taxas de embarque de uma passagem para o exterior. A adolescência é uma época mágica da nossa vida. Por mais que eu goste das coisinhas de hoje, são as coisinhas dos meus tempos de teenager que levam lágrimas aos meus olhos. Por mais que me empolgue com Maximo Park e Guillemots, na verdade são conjuntos como Suede, Pulp e My Life Story que realmente mexem comigo.

Mas a vida caminha e a fila anda. E o destino me trouxe aqui no UK. Um pouquinho tarde, é verdade, mas tudo bem. Posso dizer que sou uma pessoa realizada. Dos grupos que fizeram uma marca no meu coração aos 17 anos, só faltava o My Life Story pra assistir ao vivo. Peguei Suede antes de terminarem, nove vezes. Pulp foi uma inesquecível vez. Placebo também um único surpreendente show. Manic Street Preachers algumas vezes. Mas quem diria, em pleno 2006, o My Life Story retorna para apenas um show. Quem viu, viu, quem não viu, jamais verá. E eu estou aqui.

Bem, vamos ao que interessa. A molecada de hoje, chegada em !Forward Russia! e Arctic Monkeys, não deve fazer idéia do que é uma banda de orquestra pop. Não estou falando de orquestras pra velhos, devagar quase parando. Falo daquelas que fazem a gente dançar. Algo triunfal. O My Life Story, liderado pelo excêntrico Jake Shillingford, era isso: um combo indie, mas que abusavam de romantismo, lançando três álbuns nos anos 90 e atingindo o ápice de uma orquestra pop.

O show de hoje reúne a banda completíssima, contando com uma orquestra de oito músicos, mais a banda base. Ao todo eram 12 pessoas no palco. O lugar comportava mil pessoas e estava lotado. Os ingressos se esgotaram em três semanas. O público obviamente era formado por trintões. Barrigudinhos e barrigudinhas viajaram de longe para esse show. E muitos gays. Bem semelhante ao pessoal que freqüenta os shows do The Tears hoje em dia.

Pensei que seria tranqüilo ali na pista, mas quando as luzes se apagaram, uma introdução com uma música clássica começou e as pessoas se puseram a gritar, tudo mudou. Oh My God. A banda tomou seu lugar, Jake Shillingford chegou triunfantemente por último e o explosivo início de “Sparkle” deu o pontapé. Vi que eu estava enganado. Empurra-empurra, gritaria e histeria tomaram conta. Aquela explosão de violinos foi teste pra cardíacos.

My Life Story não poderia ter escolhido uma faixa melhor para iniciar o concerto. “Sparkle” é sem dúvida o cartão de visita da banda. Não acreditava no que eu estava testemunhando. Três violinos e um cello, todos no talo. Deu um relâmpago na minha cabeça e comecei a pensar quantas vezes eu já não tinha escutado aquilo na minha vida. Lembrei de pessoas que não vejo há anos. Como o tempo passa. Jake estava irradiante. Ele é mesmo um pop-star. Nasceu pra isso. Pena que o mundo não sabe. “IF YOU TOOK MY HAND, WOULD IT STILL BE BLIND? YOU DON'T SPARKLE, YOU DON'T SHIIIIIIINE, SPARKLE IN MY EYES!!”.

Emendaram com “Girl A Girl B Boy C”, o primeiríssimo single da banda, se não me engano, lançado há mais de dez anos. Depois foi “Funny Ha Ha”. Engraçado que fazia muito tempo que eu não escutava My Life Story, pois meus discos estão todos no Brasil. Mas conforme foram tocando o set, percebi que conhecia todas as músicas tããão bem, mas tão bem, que foi como se eu tivesse passado a semana inteira com eles bombando meu iPOD. Mas enfim, era um show dos hits do My Life Story, ou seja, músicas imortais, hits turbinados por orquestras, instrumentos de metais, o vocal andrógino de Jake e uma sensibilidade pop única. É claro que eu iria facilmente me identificar com essas músicas, independente se foi ontem ou há cinco anos que as escutei pela última vez.

Derramaram hits atrás de hits. O set foi baseado na compilação “Sex And Violins: The Best Of My Life Story”, que estava sendo lançada naquela noite. “Strumpet”, uma das faixas mais rock, foi divina. Tenho um carinho especial por ela e sempre injeto, de uma forma ou de outra, nas minhas discotecagens por aí. Eita musicão pra levantar defunto!! Outra que teve histeria foi “The Penthouse In The Basement”, do primeiro álbum “Mornington Crescent”.

O fato das músicas estarem muito fieis as versões em estúdio foi um ponto alto do show. Melhor ainda era ver tudo aquilo sendo tocado ao vivo, na nossa frente. O palco estava tomado por uma parafernália de instrumentos, e todos músicos, quando chegava sua hora de solar, fazia uma grande pose, pra roubar a cena. O repertório do MLS é tão rico que teve solo de tudo: piano, trompete, violinos, trombone, flauta, guitarra, cello. Um Espetáculo realmente com E maiúsculo.

Jake se preparou bem para esse show de volta. A cada três músicas, o rapaz estreava uma nova vestimenta, uma mais glamourosa que a outra. Jake é puro luxo. Enquanto ele ia ao camarim se trocar, a banda estendia as versões das faixas, com a orquestra sem nenhum medo de ser feliz. “Angel”, uma da baladas mais bonitas da história da música pop, foi um desses momentos. A versão original possui lá seus sete minutos, mas no show durou mais de dez, com a orquestra arrancando todas as lágrimas que poderia existir dentro de nossos olhos. Chorei. Muito. E não foi só eu.

Pulei e dancei e cantei em “The King Of Kissingdom”, do segundo álbum. Uma das minhas preferidas, ela é alto-astral, feliz, brilhante. Tinha ocasiões que Jake pegava o violão. Isso acontecia quando apresentavam canções do terceiro e último LP da banda, “Join Up Taking”, que é o menos orquestrado, porém tão comovente quanto os outros. “Neverland” foi um desses momentos que mais se destacou. Não é pra menos, a faixa é ótima e tocante.

Saíram do palco, fizeram uma ceninha de dez minutos e retornaram para o biz. Naturalmente não esqueceram de “12 Reasons Why I Love Her”, uma das faixas mais conhecidas do MLS. Só que essa música tem duas versões. Não sei como aconteceu, foi gravada inicialmente com os “17 motivos pelo qual ele ama ela”, sendo assim, o nome da canção era “17 Reasons Why I Love Her”. Depois a faixa foi editada, e acabaram ficando apenas 12, “os motivos”. Mas no show, como era uma apresentação de gala, foi deixada como no original. Jake então contou, um por um, todos os 17 motivos. A cada motivo que ele cantava, uma pessoa da banda jogava pra platéia uma folha com o número do motivo, e o motivo em si escrito. Deu pra entender? Arrasaram. As orquestras deixaram todo mundo surdo nessa hora. Foram 15 minutos de luzes, escândalo e virtuosismo espalhafatoso orquestrado.

Terminado o espetáculo, a banda inteira deu as mãos e agradeceram o suporte de todos. O público não deixou a desejar e ovacionou por uns cinco minutos sem parar. Jake estava a ponto de chorar de emoção. Fim de show, todos comemoraram ali na pista. Muitos davam risadas. Alguns seguravam o choro. Fui para a banca de mershandising e comprei a camiseta que celebrava esse show de volta, como você vê na foto. Encerrava ali mais um capítulo da história da minha vida.

>> Jake Shillingford abriu um profile no MySpace para celebrar a volta do My Life Story. Quem diria, quando a banda estava na ativa, MySpace era algo inimaginável. Pois é, agora eles tem uma página lá, e você pode ouvir quatro das pérolas do MLS, incluindo a versão original de “17 Reasons Why I Love Her”: www.myspace.com/mylifestoryspace . Como vocês podem ver, a página tá cheia de comentários de pessoas que foram no show, com algumas fotos ótimas. Confira!!!!

>> Todas as fotos que você vê aqui na coluna fui eu mesmo que tirei.


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THE AUTOMATIC
Ao vivo no Frog, metrô Tottenham Ct Rd, Londres, 27/05/06


Mais uma vez a noite Frog, uma das baladas indie mais descoladas de Londres, nos dá de lambuja um puta show. A essas alturas, achar ingresso para ir num show do Automatic é algo que poucos conseguem. Esse quarteto galês apareceu no final do ano passado e vem aumentando sua legião de fãs de forma alarmante. Essa semana estão em primeiro lugar da parada da MTV2 com o single “Monster”. E mesmo assim, como de praxe nas noites Frog, era só chegar cedo e entrar, sem precisar comprar ingresso antecipado. Que beleza. Já perdi as contas de quantos shows inesquecíveis peguei no Frog, assim, facinho facinho.

Eu e o Automatic temos uma rixa. Quer dizer, tínhamos. Minha namorada é completamente obcecada por eles. Uma obsessão de ouvir a banda todos os dias e ficar idolatrando quando estão na MTV. Teve uma vez que ela me arrastou num show dos caras. Não sei o que me deu naquela noite, eu estava muito irritado. Na segunda música, fiquei tão puto de estar ali que deixei ela sozinha e fui pra casa. Como sou desnaturado. Sei lá, eles me pareciam uma banda de roqueiros idiotas, com uma pitada da coisa mais horripilante desses tempos: emo.

Mas eu estava enganado. Pois foi só a música “Raoul” começar a passar na MTV que vi que ali tinha algo. Essa música é muito boa. Vibrante até não poder mais. Mas mesmo assim, sempre pra discordar da minha namorada, eu falava que não gostava. Afinal não poderia voltar atrás. Eu estava curtindo a banda, mas claro que não poderia admitir isso pra ela. Quando o single foi lançado, comprei de presente pra ela uma cópia. E outra pra mim, mas essa eu escondi.

Veio o segundo single, a faixa chamada “Monster”. A partir do momento que minha namorada ouviu pela primeira vez, ela descontroladamente canta todos os dias, toda hora. “WHAT'S THAT COMING OVER THE HILL, IS IT A MONSTER, IS IT A MONSTER?!!?!?!” Tenho ouvido esse refrão há três semanas sem parar. Até que quando descobri que o Automatic iria facilmente tocar no Frog, dei a notícia a ela, e lá fomos nós novamente ver o Automatic.

A noite nem estava tão cheia quanto imaginei. Quer dizer, estava cheia e lotada, mas suportável. O Automatic iria tocar logo a uma da manhã. Fomos, juntos com um casal de amigos, lá pra frente assistir. E aí veio a banda e foi loucura do começo ao fim. Definitivamente me arrependo de ter falado mal deles, pois são ótimos, pura energia e rock'n'roll, e me lembram os momentos mais inspirados do Weezer. Sério, o Automatic é tudo que o Weezer vem tentando ser desde o segundo álbum, mas não conseguem.

O som é puro indie-rock. Não se iluda como eu, pois eles não são (argh!!!) emo. É indie, nem um pouquinho a mais, nem um pouquinho a menos. Eu sou indie-kid, e você? Eu gosto do Automatic, e você? A molecada gritou, cantou e fez muito crowd-surfing. Na hora de “Raoul” e “Monster”, a duas mais conhecidas, foi gente voando pra todo lado. Perdi minha voz e meu chapéu. O tecladista, como disse um amigo, tem fogo no rabo. Ele rouba o show, com suas danças, pulos e gritos. Um figurão.

O show foi curto e quando me dei conta, já tinha acabado. Me surpreendi: oito músicas sensacionais. Não vejo a hora de escutar o disco desses moleques. Minha namorada agora está tirando sarro da minha cara. Que merda. Só quero deixar claro uma coisa: RETIRO TUDO QUE EU DISSE ANTERIORMENTE SOBRE O AUTOMATIC. ELES SÃO MUITO FODA!!! Com certeza eles vão ser capa da NME esse ano e fazer mis sucesso do que já estão fazendo agora.

>> Ouça as fantásticas “Raoul” e “Monster” na página do MySpace do Automatic: www.myspace.com/theautomatic . Note que eles estão em extensiva turnê no UK. Venha ver o Automatic já! Você não vai se arrepender.




xxx



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