Friday, September 22, 2006

 

coluna 13 de setembro

E advinha quem esta em terras britânicas??? Yesssssss! Cansei de Ser Sexy!! They’ve done it! O combo esta em todos os lugares aqui em Londres e já fizeram dois bem sucedidos shows, um deles abrindo para o Kasabian (argh!) na festa do site da NME. É raro ter músicos brasileiros aqui ligados em música indie, por isso tem que prestigiar e curtir! Por conta disso, resolvi abrir espaço para eles aqui na coluna dessa semana, e traduzir o polêmico e histórico artigo que a NME fez com eles. Hilário do começo ao sim.

Alguns amigos meus acharam ridículo o fato de terem falado que São Paulo é violento. Bem, vai saber o que realmente eles falaram e o que foi parar na revista, mas o lance é: pra que ser hipócrita? São Paulo é violento sim e o Brasil tem umas das piores reputações do mundo nesse sentido, então pra que ficar disfarçando e colocando a poeira debaixo do tapete? Patriotismo cego é uma coisa que o CSS não pode ser acusado. Compreendi o que o CSS quis dizer. Dei risada do Adriano falando que foi assaltado em caixa eletrônico e que todos os clubes underground de SP é uma bosta. Rárárá! Deu pra sentir que ele tava tirando sarro, mas não deixo de concordar. Se lhe perguntassem no exterior se SP é violento mesmo, o que você diria? Bah. Sem essa, meu. Encare a realidade e tente se divertir com ela. O que parece que é o que o CSS está fazendo. Rárárá!

Só pelo fato do CSS ter ido tão longe e também por estar no mundo todo, prova que, mesmo violenta, é possível ser inteligente e fazer música boa em São Paulo. E os gringos enxergam isso.

A seguir segue a matéria, escrita pelo notório repórter da NME Tim Jonze. Vale lembrar que o texto foi publicado esse mês na sessão Radar da NME, onde a revista abre espaço para artistas em ascensão. Já vi muitas bandas nessa sessão, como Libertines, Gossip, Guillemots, Razorlight, Lily Allen e muitos outros. A tradução foi minha mesmo. Enjoy.

CANSEI DE SER SEXY
... ou CSS para os chegados. “Music is my hot hot sex!” diz os falastrões birutas dessa trupe pop brasileira – quem somos nós pra argumentar?


Lick, lick, lick my art tit”, uiva a agitada gatinha-sex brasileira se contorcendo no chão. “Suck, suck, suck my art hole!”

Você já deve ter percebido, mas nós não estamos entrando naquele papo-furado do Chris Martin. Estamos nos EUA para checar um dos primeiros shows na gringa dos party-monsters CSS (conhecidos também por Cansei de Ser Sexy). E você está a ponto de ouvir falar muito mais desses falastrões birutas a partir de agora.

Começaram em São Paulo cerca de três anos atrás como uma forma de conseguir free drinks; o CSS consiste em Lovefoxxx (vocais), Luiza Sá (Guitarra, bateria, teclado), Carolina Parra (guitarra, bateria), Ana Rezende (guitarra, gaita), Iracema Trevisan (baixo) e o bofe Adriano (bateria, produção). Superando certos obstáculos técnicos como não saber tocar seus instrumentos (e quando o rock’n’roll não foi assim?), CSS foi logo estourando na cena local com um emaranhado de letras obscenas e lambidas funk. Naturalmente, a música da banda vem com um punhado de influências, remetendo tanto para Peaches quanto para os Strokes, Christina Aguilerra e seu adorado Bikini Kill. Entretanto, a banda insiste que suas reais influências vêm de TV Shows, amigos e sorvetes.

“Dizíamos que nossa única influência era sake!”, sorri Iracema.

“Mas sério, ninguém pode dizer, nem mesmo a gente!”, coloca Lovefoxxx. “Temos essa música chamada “Alcohol” que fazia a galera delirar. Adriano diz que é uma faixa reggae, mas eu acho que é mais country!”.

Independente do que está no cocktail, foi o suficiente para fazer os servidores do MySpace deles sair do ar temporariamente mês passado, quando muitos fãs tentaram, de uma vez só, ser “amigos” da banda. E foi o suficiente para chamar a atenção da legendária gravadora indie Sub-Pop quando o LP “Cansei de Ser Sexy” (tradução: Tired Of Being Sexy) pousou no seu escritório. Assinados antes mesmo da gravadora ter visto um show, isso foi a deixa para o CSS sair fora de sua violenta cidade natal.

Adriano: “A cena dos clubes em SP nunca muda. Estão sempre apodrecendo porque ninguém nunca limpa. O maior clube é um salão preto, sem janelas e sem saídas de emergência. Os donos são traficantes Argentinos”.

A banda inteira suspira... “Seremos mortos quando voltarmos para São Paulo...”

É realmente violento desse jeito?

Ana: “Fomos assaltados antes de partir para essa viagem. Estávamos com todos nossos passaportes e equipamentos dentro do carro e um mano muito louco de crack veio em nossa direção fingindo que estava armado.”

“Fui seqüestrado duas vezes em caixas eletrônicos”, conta adriano.

“Rio é mais perigoso”, diz Lovefoxxx. “Uma vez fui para um baile funk (geralmente violenta, sempre divertida música do Rio de Janeiro) e haviam pessoas segurando armas gigantes. Alguém me disse que em festas mais perigosas há garotas que tiram as roupas e fazem a dança do escravo, tipo posição cachorrinho.

Na grande tradição do escapismo pop, CSS não documenta os problemas da vida brasileira, mas fala a língua internacional de obscenidades em músicas como “Meeting Paris Hilton”, “Music Is My Hot Hot Sex” e o puta single “Let´s Make Love And Listen Death From Above”.

“A gente achou que se colocássemos o nome deles no título da nossa faixa, os DFA 1979 iriam pesquisar sobre eles no Google e descobrir sobre a gente!”, diz Lovefoxxx, dando gargalhadas. “Sebastian Graigner (vocalista/baterista do DFA 1979) veio no nosso show em Toronto e disse que amou!”

Tão elegantes quanto estilosas e sexy, você não deveria julgar os hábitos sexuais da banda pelas suas letras...

“Elas são apenas engraçadas”, envergonha-se Lovefoxxx. “Inglês não é nossa primeira língua, e se cantasse em português, eu me sentiria muito mal, como se eu fosse uma piranha putona. Minha mãe ficaria envergonhada. Em inglês é tipo ‘sex sex bitch bitch lick my ass pfft!’ Não que eu queira realmente dizer isso...”

O lance é, vimos eles se contorcendo no palco enquanto despejavam suas excitantes trilhas ensolaradas. Nós sabemos que eles de fato querem dizer isso... Muito em breve você também vai saber.


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RESENHAS

THE RUSSIAN FUTURISTS – “Me Myself And Rye”

Com canções como essas do Russian Futurists, fica difícil argumentar que tudo de bom já foi feito na arte. Vou além, são obras como essa que nos dão grandes perspectivas para o futuro da música. Aqui estamos tratando de um projeto de um homem só: Matthew Adam. Esse americano já lançou três discos sob a alcunha de Russian Futurists e agora, com “Me Myself And Rye”, nos entrega de presente uma compilação do melhor dos três. Música inventiva e simples. Há variedades de instrumentos, efeitos e harmonias indie-pop, num total de 13 faixas que deixarão fãs de Belle And Sebastian ou Magnetic Fields felizes. Eu não conhecia a banda e agora já estou até correndo atrás dos LPs anteriores. É a prova de que essa compilação faz sentido e fornece uma ótima introdução para os ‘Russos Futuristas’. Destaques: “Precious Metals”, “Paul Simon” e “Let's Get Ready To Crumble”.



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Chegou a hora de mais recomendações de vídeo-clips. YouTube pra você!

THE SLEEPY JACKSON – “God Lead Your Soul”:
Os australianos Sleepy Jackson lançaram, ao lado do Guillemots, o disco do ano. E essa é uma das jóias tirada do disco. Dream-pop em seu momento mais inspirado.


THE PIPETTES – “Judy”: Música velha das Pipettes, que finalmente sairá como single. Um clássico da música pop. O clips é uma graça.


PULP – “Lipsgloss”: Pulp, uma das melhores bandas dos anos 90 e possivelmente de todos os tempos, acaba de ter seus três discos mais importantes relançados em edição de luxo. São eles: “His’n’Hers” (1994), “Differente Class” (1995) e “This Is Hardcore” (1998). Essencial. Todo jovem fã de música deveria ir atrás. Para celebrar, coloco aqui o clip de Lipgloss, do disco “His’n’Hers”.


THE SUNSHINE UNDERGROUND – “Put You In Your Place”: Grande combo dance-rock de Leeds, UK. Estão bombando em todo lugar. Esse dias ouvi numa pista de dança e puta-q-pariu, me acabei. Que groovy! Que groovy!


THE DEARS – “Ticket To Immorality”: Os canadenses fãs dos Smiths, The Dears, acabaram de lançar seu terceiro disco, com o ótimo título “Gang Of Losers”. Essa é a primeira música de trabalho. Muito boa.


JAMES DEAN BRADFIELD – “There’s No Way To Tell a Lie”: Primeiro single do primeiro disco solo do James Dean Bradfield, o líder dos grandes Manic Street Preachers. James nunca dá bola fora.




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