Friday, September 22, 2006

 

coluna 31 de agosto

Seis motivos que provam que o The Horrors não é uma banda fabricada:

01. Alguns membros da banda são djs, e tocam com compactos de vinil 7" originais dos anos 50, 60 e 70. São especialistas em Surf Music, Garage e Psicodelia.

02. Antes de formarem a banda, seus integrantes eram notórios em festas mods no sul da Inglaterra. Inclusive promoviam um club chamado XXXXX, tocando só obscuridades sixties.

03. Nick Zimmer do Yeah Yeah Yeahs é fanático pela banda e convidou pessoalmente o The Horrors para abrir os shows do Yeah Yeah Yeahs. Zimmer ainda esta desesperado para produzir o disco de estréia dos caras

04. O vocalista Farris estuda na famosa universidade de arte Saint Martin. Ele mora no distrito de Whitechapel, zona leste de Londres, onde atualmente é repleta de imigrantes e refugiados e onde no século XVIII Jack o Estripador escolhia e assassinava prostitutas de rua.

05. Eles realmente se vestem muito bem. Não acredito que sejam fabricados. Se você é magro e tem um mínimo de bom gosto na vida, é natural que você use roupas justas. O que você quer, que eles sejam magros e usem calcas big?? Menos, por favor.

06. As linhas endiabradas de teclado da banda são muito boas!!!


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Esses dias me peguei lendo a Uncut e tinha lá um texto de mister Billy Childish opinando sobre a cultura do download. Ele, assim como eu, acha que esse novo hábito esta fazendo a música perder a magia.

Pessoalmente, o que mais me incomoda na cultura do download é o fato de que uma nova geração esta se formando baseada no hábito de baixar algumas musicas esporádicas e ponto final. Foi-se o formato de um álbum conceitual e veio a idéia de ouvir duas ou três musicas de um artista e é o suficiente. E isso tá errado.

Converso com indie-kids de 16 ou 17 anos e eles me falam que nunca compraram um disco na vida, não por falta de dinheiro, mas por falta de habito. Fazer o download é mais prático. Baixam os hits e raramente pegam o restante do disco. Sinceramente, tenho pena desses adolescentes. E acho que nem é culpa deles. Eles foram educados dessa maneira. Os colegas também fazem o mesmo.

Não me leve a mal, você sabe que eu recomendo downloads aqui, mas existem formas e formas de se fazer isso. Baixe uma ou duas musicas de um artista. Se lhe interessar, baixe o álbum. Se gostar, compre-o. Se não tiver dinheiro, ok, deixe os mp3 arquivados em algum lugar e ouça sempre que puder.

Resolvi traduzir o artigo de Billy Childish pois concordo 100% com ele.

OS DOWNLOADS ESTÃO MATANDO A MÚSICA??

SIM, diz Billy Childish


“Como na maioria das coisas, o que parece ser a grande forca dos downloads irá se tornar sua grande fraqueza. O Mais é sempre Menos e a quantidade de coisas que ficam disponíveis com os downloads significa que não há disciplina. O problema não é ter tudo disponível, embora ninguém precise disso tudo. O problema é nossa mentalidade infantil. Quando você tem cinco anos de idade, batatinhas e chocolates a todo instante parece ser sua idéia de paraíso. Coma todos os dias e você vai enjoar deles. Minha esposa baixa músicas porque é conveniente. Fast-food também é conveniente. Conveniência não fazem as coisas melhorarem. De fato, tira a magia e deixa de ser especial.

Até mesmo com as melhores coisas, quanto mais prontamente disponível, mais descartável se torna – e disponibilidade é o veneno da nossa sociedade. Não é nem materialismo. É consumir simplesmente pelo ato de consumir e a música se torna algo que você joga fora. Estamos em perigo de não haver mais música, apenas muzak. Por que você tem que andar por aí com seu iPod toda hora? Isso reduz a música para um chiclete barato, algo que fica de fundo enquanto você faz alguma outra coisa.

Minha visão é que a música ao vivo é a melhor, depois vem o vinil, depois os cds e os downloads estão por último na pilha. É como cozinhar. Fogo à lenha está no topo. Depois vem o gás e fogão e o microondas é a merda. Baixar músicas é como fazer sua comida no microondas. Pelo menos com um álbum a música é sob medida e estruturada e faz sentido no jeito que é apresentada. Baixar música perde isso porque é indiscriminado.

Meu medo é de que ter tudo disponível na internet acabe padronizando a música e resolve todas as pequenas questões. Claro, não é preto e branco. Mas lembre-se que a razão de termos novos formatos é que as pessoas querem encontrar sempre novos caminhos de revender coisas que nós já temos. Meu selo, Hangman, faliu porque me recusei a fabricar cds, que eu pensava que era total roubalheira. Tecnologia digital é marketing para as massas e faz a música ficar descartável. E isso é um sério engano.


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RESENHAS

THE SLEEPY JACKSON – “Personality - One Was a Spider One Was a Bird”

Olha, fazia tempo que eu não via isso de uma banda lançar um bom disco de estréia e depois chegar com um segundo trabalho infinitamente melhor. Como eles conseguem? Assim, esse novo cd dos australianos Sleepy Jackson é muito, muito bom. Uma vez vi a banda ao vivo, na época do primeiro disco, em 2003. São magistrais ao vivo. Sempre botei fé neles. Mas definitivamente não esperava um disco tão bom assim. São treze faixas glaciais e épicas. O termo “dream-pop” realmente foi inventado para descrever obras como essa. Parece que o espírito do John Lennon encarnou no líder/vocalista Luke Steele e ele despejou essas melodias em seus instrumentos. Dá uma escutadinha em “Play A Little Bit For Love” ou “Dream On” e veja se eu não estou certo. John Lennon puro. Mas não é cópia. É inspiração. Isso sim é música pop que se preze. Nesse momento estou ouvindo a faixa “You Won't Bring People Down In My Town” e tremendo de emoção. Melodias, falsetos, produção, energia. Tudo é lindo. Não tem jeito, um disco desse tem que obrigatoriamente entrar no top 5 de qualquer fã de boa música desse planeta. Algumas outras canções que destaco: “Devil Was In My Yard”, “Work Alone” e “Higher Than Hell”. Mas não adianta baixar apenas essas que destaquei. Esse disco só tem efeito se você escutá-lo inteiro. Quem gosta de downloads aleatórios vai se dar mal nessas horas. Esse é um disco mágico.

THE SUNSHINE UNDERGROUND – “Raise The Alarm”
Essa é uma nova banda de rock inglesa que faz uma linha meio dance-rock. Rock’n’roll cheio de swing. Art. Eu to meio enjoado dessas coisas, mas sempre fico de olho. As vezes sai coisa boa. E é o caso desse Sunshine Underground. Eles me remetem a uma mistura de The Rapture com Happy Mondays, e ainda com uma pitadinha daquele The Music. São do norte da Inglaterra, da cidade de Leeds. Vai agradar todo mundo que gosta dos torpedos para pista de dança como Chemical Brothers, LCD Soundsysten, Franz Ferdinand e toda a moçada do tal New Rave. É um disco que se você ouvir no sistema aleatório, vai ter o mesmo efeito que se escutar na ordem correta do cd. Diferente do Sleepy Jackson resenhado acima. Mas gostei mesmo assim. Esses meninos tem o Funk. Highlights: “Dead Scene”, “Put You In Your Place”, “Panic Attack” e “My Army”.

THE YOUNG KNIVES – “Voices Of Animals And Men”
Mais música pra dançar. Vamos nessa? Bem, esse trio de Oxford, UK, está na boca do povo chegado num art-rock. Se você pensou em Franz Ferdinand, Art-Brut ou Wire, acertou. Eu não gostava deles, pois estavam toda hora na MTV2 e sempre quando eu chegava em casa cansado depois de um dia de trabalho, queria ouvir algo mais suave. Mas eles estavam sempre lá. “Desliga essa porra de TV”, era o que eu pensava. Quase esqueci deles. Mas esses dias vi o disco dando sopa na net e peguei. Dei sorte. Não é um álbum ruim. Eu é que tava em outra. Mas se ouvir direito, vai ver que esse cd tem um punhado de músicas matadoras que qualquer banda guitar sonha em fazer. Ah, que riffs! Art-rock em sua melhor forma. Destaques: “In The Pink”, “Mystic Energy”, “The Decision”, “Loughborough Suicide” e o single “Here Comes The Rumour Mill”.



xxx



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