Thursday, October 12, 2006

 

coluna 05 de outubro

THE MAGIC NUMBERS
Ao vivo no Buffalo Bar, Londres, 28/09/06


Tudo começou quando fui visitar meu amigo Mario do Wry na noite que ele promove as quartas no Buffalo Bar, chamada Goonite. Acho que eu não marcava presença na festa há meses. Eis que chego lá e após atualizarmos as fofocas do rock, ele me diz “cara, amanha vai ter um show surpresa do Magic Numbers aqui, se quiser te coloco pra dentro”. Como assim?!?! É claro que fiquei animado com a idéia de ver o Magic Numbers tocando no Buffalo Bar, que é um bar não mais que para 100 pessoas no norte de Londres. Não deu outra, no dia seguinte, lá estava este escriba louco para ver Romeo e seus companheiros fofinhos.

A noite estava sendo promovida pela gravadora Transgressive Records, um selo especializado em singles de vinil 7”. Tinham duas bandas de abertura, mas não tava afim de ver e passei boa parte da noite entretido com taças de vinho jogando pinball. Lá pelas 10, os meus gordinhos queridos sobem ao palco. Esse era um show para amigos e familiares, e fiquei sabendo que iriam tocar por 1h30. Delícia. Chegaram tocando uma música nova. Depois outra música nova, tão linda quanto a anterior. Romeo avisou “iremos tocar nosso novo álbum inteiro”. Caralho, que foda! Nem sabia que iriam lançar um cd novo, e agora eu teria o privilégio de ver esse ‘showcase’ do novo trabalho ao vivo!

Veio “Forever Lost”. Quase chorei. Magic Numbers ao vivo é praticamente igual ao trabalho em estúdio; todas as harmonias vocais e as delicadas melodias são reproduzidas impecavelmente no palco. A grande vantagem é ouvir essas pérolas e poder ver a expressão de amor na cara de cada um dos integrantes. O bar era tão pequeno que me sentia como se a banda tivesse me chamado para um ensaio.

A apresentação caminhou maravilhosamente bem, com o quarteto mandando ver músicas inéditas no meio das faixas do primeiro cd. Estavam todas lá: “Love Me Like You”, “I See You, You See Me”, “Which Way To Be Happy” e minha balada preferida “Love’s a Game”. Ver o Romeo em dueto com Angela, a segunda vocalista, foi um momento de tirar a respiração. Quando tocaram o novo single “Take A Chance”, decido que o Magic Numbers é tudo o que preciso na minha vida. As faixas novas não são nem melhores nem piores que as que já conhecemos, apenas tão perfeitas quanto. Eu poderia escrever um livro de mil páginas sobre as sensações que tive nesse show, mas isso fica para outra hora .

Após um hora e meia de show, eu ainda estava em pé, tão anestesiado como no começo. Simplesmente não queria que aquilo acabasse. Mas teve uma hora que o inevitável aconteceu. O show acabou. E dali pra frente não haveria taça de vinho que pudesse me entreter. Corri pra casa e fui dormir, tentando resgatar o sonho que tinha terminado.

>> O novo single da banda, “Take a Chance” sai em 23 de outubro aqui no Reino Unido. O álbum, intitulado “Those The Brokes”, vem em seguida, no dia 06 de novembro.

>> Saem em turnê em novembro, e tocam em Londres no sábado dia 18. Compre ingressos aqui: www.seetickets.com

www.themagicnumbers.net/


*** *** *** *** ***

THE PIPETTES
Ao vivo no Islington Academy, Londres, 01/10/06


Maravilha. Mais um show das Pipettes. Esse deve ser o décimo-quinto que vou, mas não importa. Pipettes é sempre bom. Esse show é um pouco diferente dos tantos que já fui. Acho que faz um ano desde a última vez que vi as meninas ao vivo. De lá pra cá, algumas coisas mudaram. Antes, as Pipettes era uma banda independente, que tocava bastante ao vivo (geralmente em bares e pubs) para ganhar público. Tinham um manager, o Andy, que os colocavam em tudo quanto é lugar pra tocar. Era uma época em que você ia nos shows e encontrava as meninas, assim como os The Cassets, tomando uma no bar, conversando com a galera.

Agora, uma agência é responsável pelas Pipettes, e não mais o Andy. Agora, a banda já tem um disco nas costas, e suas músicas são tocadas diariamente em rádios e na MTV. Agora, as Pipettes estão praticamente todas as semanas em algum jornal ou publicação de música, moda ou comportamento. Agora, possuem estilistas de moda para criar os vestidos de bolinha. Agora, não são mais uma banda independente. Agora, elas têm um arsenal de fãs. Agora, não é mais fácil comprar ingressos para ver elas ao vivo. Agora, não encontramos mais eles no bar antes e depois dos shows. Mas a vida continua. E eu continuo amando elas.

Esse show é num domingo a tarde, o primeiro delas sem censura de idade. “Pipettes live: all ages” estava escrito no ingresso. Enfim, esse é o primeiro concerto que elas fazem para as crianças. Dentro do teatro, meninos e meninas de 10 anos aguardam ansiosamente. Há papais e mamães tomando conta de seus pimpolhos. Há famílias inteiras aqui. É como ir passear num parque num domingo de manhã. Nem preciso dizer que estampas de bolinha dominam a platéia, preciso?

Duas bandas de abertura: a primeira, que não me lembro o nome, manda ver um competente power-pop; a segunda, The Hot Puppies, faz rock a lá PJ Harvey. Beleza. Depois de uma espera de 20 minutos, a histeria começa. Pipettes no palco. Iniciam com “Sex”. Criançada pulando e cantando. Alguns tentam imitar as corografias. Foi natural. A banda foi disparando seu arsenal de hits e só restava dançar e ser feliz. “Pull Shapes” foi a que mais animou o público. “ABC”, “Judy”, “It Hurts To See You Dance So Well”, “Dirty Mind”… Deus do céu, só tinha clássico. Rose, Becky e Gwenno estão mais entrosadas do que nunca. E estão sorridentes, como sempre.

Na hora de “One Night Stand” fiquei imaginando se as crianças sabiam realmente sobre o que se tratava a música. Claro que sabiam. Minha preferida das Pipettes, “I Love You”, não foi esquecida. A única coisa ruim dessa canção é que só dura pouco mais de um minuto. Incluíram no set, para minha felicidade, músicas antigas como “School Uniform” e “Simon Says”.

Também apresentaram uma faixa nova, que não me recordo o título, mas que tem o mesmo jeitão disco de “Pull Shapes”. Após um rápido intervalo, voltaram para o bis, e finalizaram com o ‘manifesto’ da banda: “We Are The Pipettes”. Fim de show, criançada dando gargalhadas e pedindo para os pais comprarem camisetas, bolsas, óculos, cachecol e tudo quanto é mais apetrecho que tinha o logo das Pipettes estampado. Essas tão no caminho certo.


*** *** *** *** ***


THE REVELATIONS
Ao vivo no Notting Hill Arts Club, Londres, 01/10/06


Depois do show das Pipettes, era hora de seguir para Notting Hill, onde horas mais tarde a nova sensação soul-diva de Londres daria um concerto. As Revelations são três garotas que surgiram no ano passado na cola das Pipettes, com o mesmo formato girl-group. Mas enquanto que as Pipettes possuem altas doses de indie-pop, as Revelations atacam com uma sonoridade totalmente retrô, cuspindo ecos de Phil Spector. E para os marmanjos de plantão, devo acrescentar também que as meninas das Pipettes são bem mais bonitas. Mas isso é minha opinião pessoal e não tem importância.

The Revelations é formado por Annika Magnberg, Sarah Vitorino e Louise Masters. Por trás delas, estão produtores e músicos ligados a Alan McGee. Sinceramente, não sei quem escreve as músicas. Se são os produtores ou as meninas, é a pergunta que não quer calar. Mas não me importo. Eu seria hipócrita se criticasse as Revelations por isso, justo eu que adoro Supremes e Shangri-las e muitas outras girl-groups dos anos 60 que tinham compositores profissionais por trás dos hits. O que interessa é que a música é boa.

Essa noite é organizada pelas meninas das Revelations e tem o nome de “Revelations Book Of Soul”. Esse é um projeto mensal que elas têm no Notting Hill Arts Club, onde sempre convidam outras bandas pra tocar, assim como são responsáveis pela ótima discotecagem, recheada de vintage soul.

Quando o show começou, confesso que fiquei com o pé atrás. Tipo, elas começaram a fazer coreografias, igualzinho como fazem as Pipettes. Fiquei meio confuso. Ok, usar o mesmo formato de banda, tudo bem. Mas fazer coreografias? Isso seria praticamente uma imitação das Pipettes. Quase fui embora, mas coloco na cabeça que o pop vive e sempre viveu de reciclagens e que o que realmente importa é a música. E nisso as Revelations não falham. Pelo contrario, mandam bem pra cacete!

O concerto foi jorrando canções fincadas firmemente em soul-music dos anos 60. Havia também bastante influência de Abba, principalmente nas baladas. Mas eram as mais agitadas que eu gostava mais, como o single-hit “You’re The Loser”. Como essa, as Revelations têm umas cinco. Uma mais irradiante que a outra. Tirando as coreografias, que realmente achei desnecessário, a banda é sensacional.

Phil Spector, Burt Bacharach, Motown, Dustry Springfield. Realmente, as Revelations pegam as melhores referências. Anunciaram um novo single para novembro, que vai sair pelo selo Poptones. Depois de 40 minutos, desceram sorridentes do palco, sob aplausos das 50 pessoas presentes. Era hora da discotecagem do Alan McGee. Claro que fui embora, pois não deixaria aquelas músicas chatas que o McGee toca estragar o clima soul que o show proporcionou. Boto fé nas Revelations.


*** *** *** *** ***


RESENHAS


NICKY WIRE – “I Killed the Zeitgeist”

Gente, posso falar? Nicky Wire é foda! Que discão! Olha, que construam bustos dele e do James Dean Bradfield pelo mundo afora! Em 15 anos de carreira, os Manic Street Preachers não lançaram NENHUM disco ruim. E agora em 2006 vemos os trabalhos solo tanto do James quanto do Nicky. Só fizeram coisas boas pelo rock. “I Killed the Zeitgeist” é a primeira investida em carreira solo do baixista e ícone dos Manics. Quando ele começou a gravar no começo do ano, soltou na imprensa que estava fazendo um disco de punk-rock cru. Fiquei curioso. Essa semana foi lançado o dito cujo, e quando colocamos pra tocar, vem a bela surpresa: é puro power-pop! E dos bons! A produção está notadamente crua e abusando da simplicidade, mas as composições são excelentes, repletas de melodias sagaz. Uma prova disso é o single “Break My Heart Slowly”, que começa com um áspero riff de guitarra, para depois entrar com um violão e desencadear tudo no mais belo power-pop. “Shining Path” também segue por mesmas trilhas, assim como “You Will Always Be My Home”. Há alguns números que mostram serenidade, ainda que de forma perturbada, como vemos em “Goodbye Suicide” e “Bobby Untitled”. É um álbum recheado de canções que lembra um montão de bandas e não lembra nada ao mesmo tempo. É apenas rock, e rock é universal. “I Killed the Zeitgeist” é um puta disco.


THE RAPTURE – “Pieces Of The People We Love”
Depois do lançamento desse novo trabalho do The Rapture, ficou mais do que comprovado: eles são os chefes dessa nova onda New-Rave. Não vou dizer que “Pieces Of The People We Love” é um sopro de frescor na música, mas ainda sim sua qualidade está acima do que os trampos dessas novas bandas ‘new-rave’. Pra mim, nunca o rock foi tão bem misturado com a dance music como aqui. A faixa de abertura “Don Gon Do It” chega com muita volúpia e saudáveis doses de Basement Jaxx. Muito sexy. Se você procura algo tão pegajoso quanto o hino “House Of Jealous Lovers”, do primeiro álbum, tente o single “Get Myself Into It”. Com certeza deve causar gritaria em pistas desse mundão. Enquanto que “Get Myself Into It” remete aos ótimos agitos do LCD Soundsystem, “The Devil”, a melhor música do cd, é puro funk, pisando irresistivelmente no mesmo território de Jacques Lu Cont. Eita disco bom, esse. Torpedos dance-rock é o que não faltam: “The Sound”, “Down For So Long” e “Whoo! Alright-Yeah...Uh Huh”. Não poderiam mesmo faltar, afinal The Rapture é isso. Só faça o seguinte: quando você estiver se preparando para os embalos de sábado a noite, coloque esse cd pra tocar. Você estará sob companhia da melhor das energias.


Então pessoal, não sei quanto a vocês, mas até agora, a minha lista de melhores discos do ano está assim...


THE PIPETTES – “We Are The Pipttes”
GUILLEMOTS – “Through The Window Pane”
THE SLEEPY JACKSON – “Personality - One Was a Spider One Was a Bird”
THE AUTOMATIC – “Not Accepted Anywhere”
JOHNNY BOY - "Johnny Boy"
I’M FROM BARCELONA – “Let Me Introduce My Friends”
THE ELECTED – "Sun, Sun, Sun"
MY LASTEST NOVEL – "Wolves"
THE MONTGOLFIER BROTHERS – "All My Bad Thoughts"
THE FLAMING LIPS - "At War With The Mystics"
TILLY AND THE WALL – “Bottoms of Barrels”
JENNY LEWIS with THE WATSON TWINS – “Rabbit Fur Coat”
ESPERS – “Espers II”
JOHN HOWARD – “As I Was Saying”
DAVID GILMOUR – "On An Island"
THE RAPTURE – “Pieces Of The People We Love”
TV ON THE RADIO – "Return to Cookie Mountain"
BELLE AND SEBASTIAN – "The Life Pursuit"
JAMES DEAN BRADFIELD – "The Great Western"
LAMBCHOP – “Damaged”
ISOBEL CAMPBELL & MARK LANEGAN – “Ballad Of Tthe Broken Seas”
ACID CASUALS – “Omni”
NICKY WIRE – “I Killed the Zeitgeist”
THE SUNSHINE UNDERGROUND – “Raise The Alarm”
PET SHOP BOYS – “Fundamental”
PRIMAL SCREAM – “Rock City Blues”
ABSENTEE – “Schmotime”
SHACK – “On The Corner Of Miles And Gil”
FARIÑA – “Allotments”
YEAH YEAH YEAHS – “Show Your Bones”
GRAHAM COXON – “Love Travels At Illegal Speeds”
RHETT MILLER – “The Believer”
TWO GALLANTS – “What the Toll Tells”
SCOTT WALKER – “The Drift”
THE YOUNG KNIVES – “Voices Of Animals And Men”
TOY – “Toy”
DIRTY PRETTY THINGS - "Waterloo To Anywhere"
EMBRACE – “This New Day”
DEVICS – "Push The Heart"
DELAYS – "You See Colours"
SPARKS – "Hello Young Lovers"
THE GOSSIP – " Standing In The Way Of Control"
HOPE OF THE STATES – “Left”
BE YOUR OWN PET – "Be Your Own PET"
DESTROYER – "Rubies"
ARCTIC MONKEYS – “Whatever People Say I Am, That's What I'm Not”
THE KOOKS – “Inside In/Inside Out”
THE STROKES – “First Impressions Of Earth”
CAMERA OBSCURA – “Let's Get Out of This Country”
EL PERRO DEL MAR – “El Perro Del Mar”
BARZIN – “My Life In Rooms”
TRES CHICAS – “Bloom, Red & The Ordinary Girl”
SKYE – “Mind How You Go”
LILY ALLEN – “Alright, Still”
THE DIVINE COMEDY – “Victory For The Comic Muse”
BOY KILL BOY – “Civilian”
MORNING RUNNER – "Wilderness Is Paradise Now"
RAZORLIGHT – “Razorlight”


Isso que eu ainda nem ouvi o The Killers novo...



*** *** *** *** ***

LUCKY SOUL
Estou viciado num novo conjunto londrino chamado Lucky Soul. Conheci através de uma compilação indie-pop que comprei essa semana. E o Lucky Soul até o momento foi o que me chamou mais atenção. Soul Music desse século. Ecos de Saint Etienne. Inocência. Música Pop. Essa banda pode ser isso e mais um pouco. Semana que vem falo mais. Enquanto isso, assiata um clip de introdução para eles:



See ya next week!




xxx



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?