Saturday, October 28, 2006

 

coluna 26 de outubro

Pessoal, muitos leitores me escreveram perguntando do atual endereço da coluna. Só dando um toque, o endereço de web da coluna esta mudando semanalmente, então, é mais fácil colocar no bookmark (favoritos) o endereço www.oilondres.com.br e ficar ligado que toda quinta tem atualização. Ok?

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JARVIS COCKER – “Jarvis”
O que já era iminente, aconteceu: Jarvis Cocker está de volta. Tudo bem que seu álbum solo somente será lançado dia 13 novembro, mas uma vez que o dito cujo vazou na internet, já era. E o que dizer de Jarvis Cocker? Certamente, uma das figuras mais influentes na minha vida. Me lembro muito bem quando todos na minha escola escutavam lixos como dance-music e pagode, eu me fascinava com as músicas de “His’n’Hers”, um dos discos clássicos do Pulp, então a banda de Jarvis.

“His’n’Hers”, sem sombra de dúvidas, foi o disco que mais escutei na minha vida. Naquela época não existia downloads gratuitos, então a gente economizava a mesada do pai por dois meses, comprava o disco e ouvia ele nos próximos dez meses da sua vida, sem parar. Ah, eu poderia dizer que aqueles eram tempos penosos, mas não. Era muito melhor. A dificuldade de ter o disco, e depois escutá-lo por uma boa parte da sua adolescência fazia dele um verdadeiro tesouro mágico. Muito melhor que hoje em dia, onde os jovens baixam 50 cds por ano, e não capturam a magia de nenhum deles.

E quantas vezes não levei uma foto do Jarvis para uma costureira e pedi para ela fazer um terno IDÊNTICO ao dele? Ah, bons tempos! Boas recordações também quando comecei a sair para as festas indies em SP e imitava as danças do Jarvis na pista. Eu me achava. E as letras?? Vish, verdadeiros manifestos em prol dos outsiders. Mas Jarvis não só marcou minha vida, mas da música britânica também. Nos anos 90, quando esse escriba enfrentava a adolescência, o Pulp dominava a Inglaterra com seu pop esplêndido e as grandes sacadas de Jarvis.

De 1993 à 1998, o Pulp reinou no UK. Foram cinco anos de pura glória. Quatro discos e um EP marcam essa época: “Pulp Intro” (1993), “His’n’Hers” (1994), “The Sisters EP” (1994) “Different Class” (1995) e “This Is Hardcore” (1998). Depois foram desaparecendo dos holofortes da fama, até que, em 2001, quando lançaram o último trabalho de estúdio, intitulado “We Love Life”, Jarvis decidiu acabar com a banda. Ele se casou, teve filhos e se mudou para Paris para viver uma vida reclusa. Mas como todo bom gênio, não conseguiu deixar de transparecer suas idéias em forma de música e, aos poucos, foi compondo melodias e escrevendo letras. E assim nasceu “Jarvis”, seu primeiro disco em carreira solo, gravado com a ajuda de alguns parceiros-metres de Jarvis, como Richard Hawley e Steve Mackey.

A crítica aqui na Inglaterra vem descendo elogios para esse disco. A maioria das resenhas destaca as letras de Jarvis, sempre inteligentes e bem escritas. Mas e a música? Bem, aí temos que analisar com cuidado. Claro, as letras de Jarvis sempre foram e sempre serão um de seus maiores trunfos. No caso desse novo trabalho, estão recheadas de medo e repugnância a esse mundo contemporâneo, onde as pessoas ficam cada dia mais ignorantes e os governantes cada dia mais filhos-da-puta. Concordo em tudo com Jarvis. Mas musicalmente, não espere um retorno de Jarvis a boa forma.

Sim, esse cd vem repleto de belas baladas (“I Will Kill Again”), rockzinhos supimpa (“Fat Children”), ótimos momentos pop (“Heavy Whether” e “From A to I”), passagens perturbadas (“Disney Time”) e boas surpresas (temos que esperar meia hora por uma faixa secreta no final do disco, chamada “Running The World”, uma música com a melhor letra-protesto contra os líderes mundiais que eu já vi), mas, sejamos honestos, está muito longe do esplendor pop que foi o Pulp nos anos 90. Não é um disco ruim, não me leve a mal, mas falta aquele vigor que só o Pulp proporcionava nos ano 90. Não posso nem dizer que esse parece um disco de b-sides do “His’n’Hers” ou “Different Class”, pois até os b-sides daquela época eram absurdamente lindos.

“Jarvis” é um bom trabalho, que tem lá seu charme e que dá prazer em escutar, mas sou uma pessoa fortemente influenciada pela fase áurea do Pulp, então não posso afirmar que é um retorno a boa forma. Acredito que os mais jovens podem gostar desse cd, e com isso ir atrás dos discos do Pulp. E acredito que Jarvis é uma pessoa que tem criatividade fluindo em suas veias, e não vai parar por aí. Com certeza virão outros discos e, quem sabe, um dia ele pode fazer algo tão forte e marcante como seus melhores discos com o Pulp. Mas se não fizer, não tem importância, tá perdoado, ele sempre será Jarvis, o grande Mestre.


Para os jovens de hoje, escolhi um vídeo que mostra o Pulp no auge. É um programa da TV britânica exibido em 1995, onde o Pulp apresenta duas músicas: “Monday Morning” e “Underwear”. Na época, inacreditavelmente, consegui esse vídeo em fita VHS na Galeria do Rock em São Paulo. Veja os movimentos de Jarvis, suas danças esquisitas, seu aspecto dandy, repare no terno, no salto do sapato, na costura da calça, as expressões em seu rosto, na sua magreza. Quando eu tinha 15 anos, tudo o que eu queria ser quando crescer era Jarvis Cocker. É fácil de saber porquê ao assistir esse vídeo.




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LARRIKIN LOVE - "The Freedom Spark"
Em 2002/03/04, o culto aos Libertines aqui na Inglaterra era tão grande que foi inevitável que na cola deles viriam outras dezenas de copias baratas. Praticamente todas eram uma pior que a outra (The Paddingtons, The Unstrung, The Others, pra citar as mais famosas). Deus, essas bandas eram tão merdas que era até constrangedor pensar nelas. Claro que não duraram mais que uma temporada.
Felizmente, dessa plantação nem tudo foi jogado fora. Larrikin Love, do sul de Londres, é um exemplo. Ao lado do The Holloways, é a melhor banda até o momento a sair da sombra dos Libertines e sua jornada rumo a Arcadia, regado do melhor pop-punk cru e romântico. Não que Larrikin Love seja cópia idêntica de Peter Doherty & Cia, mas a essência é a mesma. Depois de diversos singles lançados no ano passado, há algumas semanas atrás vimos aqui no UK o lançamento do álbum de estréia do Larrikin Love, intitulado "The Freedom Spark". E, embora a imprensa britânica tenha detestado esse disco, eu achei legal. A capa representa bem essa visão romântica do mundo de Albion.

Não é nada que vá salvar o mundo, mas porra, da pra ficar entretido com musicas como "Well Love Does Furnish A Life" e "Edwould". Junto com a pegada pop-punk, o Larrikin Love joga pra dentro estilos como ska, folk e musica celta, como podemos perceber nas ótimas "Meet Me By The Getaway Car" e "Forever Untitled". O single "Happy As Annie", com seu alto astral a mil por hora, é certamente a melhor do cd.

O único problema é a banda acreditar demais nesse mundo de Arcadia e Albion, e achar realmente que a Grã-Bretanha dos dias de hoje é uma nação de merda, e que os melhores dias já passaram. Na letra do single "Downing Street Kindling", junto com a boa pegada pop, o vocalista canta no refrão que "Esse pais não há nada mais pra me oferecer / Esse pais é um inferno". Bom, parece que o rapaz tá reclamando de barriga cheia, afinal, onde além da Inglaterra temos uma sociedade tão familiarizada com costumes e contos de Arcádia e da Inglaterra Victoriana? Precisam conhecer outros países pra ver o que é inferno. Tirando isso, o Larrikin Love é competente no que se propõe a fazer: ótimas melodias pop-punk.

THE RADIO DEPT - "Pet Grief"
Oh, o que seria da música sem a melancolia? Essa pergunta com certeza o trio sueco The Radio Dept não saberia responder. Em 2004 lançaram o disco de estréia, que inclusive resenhei aqui na coluna na época. Aquele disco era total shoegazer e se não me falhe a memória, indiquei o disco para os fãs de My Bloody Valentine e Slowdive. Dois anos se passaram e agora em 2006 o trio volta com novo trabalho, dessa vez sem muitas guitarras, com mais roupagem eletrônica, mas com a mesma melancolia.
Esse disco é excepcional do começo ao fim, com suas 12 faixas criando um clima sonhador e injetando no ouvinte boas doses de angústia e melancolia. Bem, isso é o tipo de coisa que os suecos sabem fazer muito bem, né? Pois então, quando você estiver de coração partido ou estiver se sentido melancólico pela simples razão de você ser melancólico, pegue esse disco e faca bom proveito. A loja de discos inglesa Rough Trade falou que esse cd é "a mistura das músicas que o Pet Shop Boys nunca escreveu com o sucessor de Loveless do My Bloody Valentine que você espera até hoje". Pra você ver que aqui no negocio é serio. "Pet Grief" é notadamente um dos lançamentos do ano.


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The Magic Numbers – “Take a Chance”

Como já tinha avisado aqui na coluna algumas semanas atrás, o Magic Numbers vem aí com novo disco, que será lançado agora em novembro. Essa semana eles botaram nas lojas o novo single, a bacana “Take A Chance”, que vem sendo tocada exaustivamente tanto em rádios comerciais como em rádios indie. Assista o clip da música, que também ta direto na MTV:




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CSS

Aqui em Londres o lance é o seguinte...

Quando estou conversando com meus amigos hooligans torcedores fanáticos do Arsenal, eles adoram falar do Ronaldinho Gaúcho. Já quando estou de papo com um metaleiro, ele puxa conversa sobre o Sepultura. E quando estou trocando uma idéia com um indie, ele vem logo falando do CSS.

CSS está nos flyers das baladas indies aqui em Londres, na sessão ‘bandas que tocamos’. Nessa semana a NME fez uma entrevista com um DJ por aqui e o cara fez um top 10 das faixas que ele anda tocando. CSS estava e primeiro, com “Lets Make Love...”

Vão fazer uma turnê por aqui em fevereiro, junto com o Klaxons. Antes disso, não se esqueça, tem CSS dia 08 de dezembro no Fórum, junto com 1990’s e The Rogers Sisters. Acho que possivelmente podem sair na capa da NME nessa época.

Fora que, tirando a Uncut e Mojo (que são boas revistas, porém mais preocupadas com o último peido do Bob Dylan do que com bandas novas), TODAS as revistas de música já fizeram matérias com CSS: Plan B (matéria de capa), NME, The Stool Pigeon, The Fly, Disorder e Artrocker.

Dá-lhe CSS!


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This River Is Wild...

E quanto as paradas britânicas, o KILLERS está em primeiro lugar pela TERCEIRA semana consecutiva, com o álbum “Sam’s Town”. Isso é mais do que merecido, né? Esse sim é um disco comercial, feito para as massas, e que é MUITO bom. Vale ressaltar que a imprensa, assim como o público, amou esse novo trabalho, elogiando demais a trupe de Brandon Flowers. Desde a mídia nacinal, como os jornais The Guardian e Evening Standard, até as revistas mais undergrounds, como Disorder e Dummy (como você pode conferir nas fotos), todo mundo destacou o Killers agora no final de setembro / começo de outubro.

Leia uma boa matéria que saiu na última sexta no jornal The Guardian:
http://arts.guardian.co.uk/filmandmusic/story/0,,1925872,00.html?gusrc=rss&feed=1

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