Thursday, October 12, 2006

 

coluna 28 de setembro

TILLY AND THE WALL
Ao vivo no Islington Academy, Londres, 21/09/06


Em tempos que tudo já foi feito e refeito na música e que praticamente todos os caminhos e estilos já foram explorados, o que vale numa banda hoje em dia é a criatividade e inventividade. E nisso os americanos Tilly And The Wall estão bem. São apadrinhados pelo Bright Eyes e já estão com dois discos nas costas, sendo que o último, “Bottoms Of Barrels”, lançado nesse ano, foi devidamente resenhado e elogiado aqui na coluna. Fizeram na semana passada uma excursão aqui pelas terras da rainha e, no último show antes de embarcarem de volta sua cidade natal de Nebraska, consegui vê-los ao vivo, aqui em Londres.

Apenas 6 libras para ver uma banda americana, num palco e espaço impecável, o Islington Academy. Londres é realmente foda. É desses shows que gosto: baratos e sem muito alarde para comprar ingressos antecipados. É só chegar, pagar e ir direto pro bar esperar o show começar. E que show, foi esse do Tilly And The Wall. O conceito me pareceu similar aos das Pipettes: três garotas lindas na frente, e marmanjos cuidando dos instrumentos (um violão e um teclado). Mas a similaridade acaba aí.

Admito que atualmente minha paciência com novas bandas está diminuindo, já que falta inventividade na maioria delas. Porra, seja menos preguiçoso e pense em algum diferencial para a sua banda. Faça como fez o Tilly And The Wall, acrescente de leve um outro estilo musical junto ao seu pop perfeito. No caso desses americanos, suas canções são levemente temperadas com flamenco, e isso certamente dá destaque pra eles. Mais ainda é a performance ao vivo. Não acreditei quando vi que toda a percussão da banda é tocada com sapateados das três garotas na frente. Sim, elas ficam sapateando e fazem o papel de baterista. Porra, os sapateados eram microfonados. Foda. Dá um outro astral para o show.

Começaram o concerto mandando ver um indie-pop perfeito, enquanto umas das minas, a Jamie, era a sapateadora chefe. Violão, piano, doces vocais femininos e muito sapateado. A sapateadora chefe se sentia numa apresentação de ballet. Indie-pop com flamenco: parece impossível mas funciona. O primeiro disco deles é mais folk, e o segundo mais agitado. Os primeiros 30 minutos do show foi um repertório abrangendo os dois discos, sendo a faixa “Reckless” que mais me fez cantar; depois disso, vieram os hits do último cd, e daí pra frente contagiou praticamente todas 300 pessoas presentes.

Naquela semana haviam lançado aqui no UK o single “Rainbows In The Dark”, e um dos melhores momentos foi quando tocaram essa. Os sapateados estavam mais fortes do que nunca. Na hora de “The Freest Man”, indiscutivelmente a melhor música da banda, houve emoção tanto por parte da platéia como da banda. Kianna, a vocalista principal que você vê na foto, tirou as palavras do fundo do seu coração e cantou num vozeirão de lavar a alma de qualquer um. Tocante. Lindo. “Bad Education” também animou bastante o público, assim como “Sing Songs Along”. Já “Lost Girls” deu uma freada no pique, ainda que de forma maravilhosa, com delicadas notas de piano e leves sapateados. Uma bonita balada.

Antes da ótima “Fell Down The Stairs”, Kianna disse que iriam embarcar de volta para os EUA dentro de seis horas, e estavam tristes por deixar o UK. Isso talvez explique o alto-astral e emoção que passavam para a platéia. Se abraçavam a todo momento, pulavam, dançavam e sorriam. Kianna principalmente era a mais emocionada, e se contorcia em todas as músicas. Não há nada melhor do que ver uma banda tocando com vontade. Depois de um bis de três músicas, se despediram. Estavam visivelmente contentes pelo show e entristecidos por ter que voltar pra casa. Tilly And The Wall, o grupo que consegue juntar flamenco com indie-pop e se dar muito bem, principalmente ao vivo. Soberbo.


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LILY ALLEN
Ao vivo na Virgin Megastore de Oxford Street, Londres, 26/09/06


Eu tava de bobeira no centro de Londres quando passei pela Virgin de Oxford St e vi uma muvuca de garotinhas de 12 anos com aquele jeitão hip-hop. “Devem ser as Pussycat Dolls”, pensei comigo. Engano meu. Era a Lily Allen, que se apresentaria ao vivo ali na loja dentro de 20 minutos. Após uma rápida reflexão sobre minha vida e a possibilidade de eu ter perdido o rumo dela completamente, decidi ir conferir. Sim, fiquei chocado e deprimido com aquilo. Algo deve estar errado para eu estar no meio de crianças de 12 anos para ver um show. Pô, mas Lily Allen é tão legal. Para meu alívio, pouco antes de começar, pessoas mais grandinhas e adultas chegaram para me fazer companhia. Lily Allen é ícone teen aqui no UK; 80% do seu público é formado por garotas entre 10 e 15 anos.

Esse foi o primeiro show que vou com essa platéia hip-hop. A diferença para um show de rock é que, além dessa turma hip-hop cheirar melhor, quando o artista entra você vê uma montanha de telefones celulares na sua frente. Toda a molecada quer tirar fotos com seus brinquedinhos. Acho que o único que não estava com o celular levantado era eu. Pois então, lá pelas 6 da tarde, dona Lily Allen chegou, com aquele seu vestidinho marca registrada, e suas pulseiras, brincos e correntes douradas. A primeira música foi a ótima “LDN”, que estava sendo lançada naquela mesma semana. A faixa é um tribito a Londres, cidade que Lily e eu tanto gostamos. “Sun is in the sky oh ai oh ai oh ai and I don’t wanna be anywhere else”. “LDN” poderia ser música de abertura desse site.

Depois teve o b-side, “Nan You’re a Window Shopper”, que é legalzinha. Em seguida o hit-mor, “Smile”, que foi a que todos estavam esperando. Uma ótima música de verão. O rap de “Not Big” foi a próxima. Pra terminar, veio a faixa que finaliza o cd, a engraçadinha “Alfie”, que fala sobre o irmão maconheiro de Lily. A melodia de “Alfie” parece música de desenho animado. Fofa. Aí terminou. Cinco música apenas. Ah, ta valendo para um show gratuito no intervalo do seu trampo. Lily tem carisma. Sua performance de palco não vai além de algumas reboladas e contorcidas discretas, mas aquele seu rosto sapeca e sorridente adiciona mais coisas no ar. Lily agora iria dar autógrafos para 300 crianças e eu voltar a trabalhar. London swings.



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I’M FROM BARCELONA – “Let Me Introduce My Friends”
Ah, músicas felizes. As vezes é bom. No caso dos suecos I’m From Barcelona, é sempre bom. 29 pessoas numa banda. Acho que bateram o recorde. Nem é mais banda, e sim um coletivo. Esse álbum foi gravado enquanto o líder da trupe, Emanuel Lundgren, recebia em sua casa visitas de amigos, que chegavam sempre carregando instrumentos diversos e abarrotados de idéias. Emanuel então foi gravando essas idéias junto com seus camaradas e o resultado é “Let Me Introduce My Friends”, uma coleção (com título mais do que apropriado!) de 11 hits indie-pop pra fazer qualquer fã de The Boy Least Likely To pular da cadeira e começar a dançar. Sinceramente, se o mundo soubesse um pouco o que é justiça, as 11 cancões desse disco seriam lançadas em singles de vinil 7”. Mas como isso não vai acontecer, o jeito é a gente ser feliz com esse disco cheio de climas irradiantes e alegres. E dá pra ser muito feliz. Destaques: “Oversleeping”, “We're From Barcelona”, “Treehouse” e “This Boy”. Dica: após a última música do cd, há uma outra faixa escondida, e é muito muito boa!! Um dos álbuns do ano.


RAZORLIGHT – “Razorlight”
Dois anos após o álbum de estréia, os meninos do Razorlight voltam com um segundo trabalho notadamente mais adulto e coeso, e ainda sim cheio de credibilidade com a nação indie. Se no primeiro disco o pique das músicas foi inspirado em noitadas regadas a muitas drogas e cerveja em pistas indie de Londres, nesse novo a atmosfera é de uma banda se identificando com o sucesso e querendo soar o menos adolescente possível, tanto musicalmente como nas letras. Foi-se a urgência punk, veio um rock sereno. O primeiro single “In The Morning” é facilmente uma das melhores músicas de 2006. Outros destaques vão para “America” (epic-rock), “Back To The Start” (rock-a-reggae) e “Kirby's House” (power-pop). Sabe de uma coisa? Eu adoro Razorlight!


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SHOWS

O segundo semestre está prometendo aqui em Londres. Na verdade, outubro é o mês que as coisas começam a funcionar pra valer por aqui, e toneladas de shows e eventos tomam conta da capital inglesa. O verão e as férias se foram, então é hora de trabalhar. Outubro, novembro e dezembro são os meses mais agitados, com certeza. Já que é assim, você pode conferir abaixo uma lista de shows que recomendo nessa época.

Começando logo nesse domingo, 01 de outubro, tem uma dobradinha indie-pop girl-group! E ainda é durante o dia! Não dá pra perder!

Ao meio-dia, minhas adoradas e agora famosas THE PIPETTES (www.myspace.com/thepipettes) fazem uma apresentação no Islington Academy. Esse show é ao meio-dia, pois permite a entrada de menores de 18 anos. Ou seja, estará entupido de crianças fãs das Pipettes! Ah, como eu queria que minha irmãzinha estivesse aqui comigo para me fazer companhia!

Depois do show das Pipettes, é hora de rumar para a área oeste de Londres, onde as THE REVELATIONS (www.myspace.com/therevelationsuk) fazem show por volta das 16hs no Notting Hill Arts Clubs, que fica, obviamente, no bairro de Notting Hill. Já falei das Revelations aqui, ta lembrado? São três garotas com um paladar indie-pop que contam com produtores espertos e músicas mais espertas ainda. Esse será o primeiro show que vejo delas e estou animado. O single “You're The Loser” que elas lançaram em 2005 é um clássico e estou louco pra ver as músicas novas.

Não precisa comprar ingressos antecipados, acho eu. É só chegar, pagar e entrar.

>> ISLINGTON ACADEMY
N1 Centre - 16 Parkfield Street - London N1 0PS

>> NOTTING HILL ARTS CLUB
21 Notting Hill Gate - London W11 3JQ

Como você pode ver, é o DOMINGÃO INDIE-POP que está dominando Londres!

Os concertos a seguir requerem a compra de ingresso antecipado.

BABYSHAMBLES + THE HOLLOWAYS – 05 de outubro – Brixton Academy

TV ON THE RADIO – 10 de outubro - Koko

THE LONG BLONDES – 17 de outubro – Mean Fiddler

CAMERA OBSCURA – 18 de outubro – Scala

GUILLEMOTS – 02 de novembro - Astoria

THE AUTOMATIC – 03 de novembro - Forum

CANSEI DE SER SEXY – 14 de novembro – Scala

THE RUMBLE STRIPS – 15 de novembro – Kings College

JARVIS COCKER – 15 de novembro - Koko

THE MAGIC NUMBERS – 18 de novembro – Hammersmith Apollo

PRIMAL SCREAM – 24 de novembro – Hammersmith Apollo
PRIMAL SCREAM – 02 de dezembro – Brixton Academy


Você pode comprar ingressos aqui:
www.gigsandtours.com
www.ticketweb.co.uk


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VÍDEOS DA SEMANA

Atenção, caso você não consiga visualizar o vídeo ou seu computador é muito lerdo, clique duas vezes na telinha que abre uma outra janela com o link do YouTube. Easy.


THE FRATELLIS

Olha, nem sou muito fã deles. Uma vez vi um show e achei chato. Na minha opinião, falta uma coisinha na música desses rapazes ingleses: ousadia. Entretanto, devo confessar que o single “Chelsea Dagger”, lançado recentemente aqui no UK, é divertido. Mais ainda é o clip, com sua estética burlesque. Taí, gostei dessa música. Porém, ainda não me animo para escutar o álbum. Assistam o vídeo:



E o THE HOLLOWAYS? Indie-rock com melodias pop correndo soltas. Comentei deles quando apareceram com o ótimo single "Generator", no começo do ano. Algumas semanas atrás foi lançado um outro single, o igualmente belo "Two Left Feet". Os caras embarcarão numa turnê com o Babyshambles agora em outubro e nas próximas semanas sai o álbum de estréia. Desistiram de esperar a oferta de uma grande gravadora e estão saindo pelo selo independente TVT Records. Abaixo você confere o clip de "Two Left Feet".



Já o LARRIKIN LOVE é uma das bandas que mais leva pau na imprensa daqui. Já li uns três jornais/revistas acusando eles de serem copiadores dos piores momentos dos Libertines e, resumindo, ser uma banda de merda. Ainda não ouvi o disco para dar minha opinião, mas confesso que e difícil eu não me empolgar com o single "Happy As Annie".



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Por aqui, os brasileiros dominam. Cansei de Ser Sexy saiu, merecidamente, como vc vê na foto, na CAPA da revista Plan b, além de uma matéria na revista independente The Stool Pigeon; já os The Tamborines foram resenhados pela NME com o single "Sally O'Gannon", que saiu pela gravadora shoegazer Sonic Cathredal.

Parabéns para as bandas!

FUI.



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