Thursday, April 05, 2007

 

coluna 15 de março

WIRELESS FESTIVAL

O sol decidiu dar as caras nessa última semana, não é mesmo? Então, o verão tá chegando e, com ele, os festivais também. Em 2007 teremos mais uma edição do Wireless Festival, que rola no Hyde Park, centro de Londres. Não tem que acampar nem nada, uma beleza. É só ir e depois pegar o metrô de volta pra casa. Pra mim todos os festivais deveriam ser urbanos desse jeito. Essa história de lama e ficar dias sem tomar banho só tem uma leve pincelada de romantismo quando você tem 15 anos. Depois não dá.


Confira as principais atrações do Wireless Festival desse ano:

Quinta, 14 de junho:
- THE WHITE STRIPES
- QUEENS OF THE STONE AGE


Sexta, 15 de junho:
- FAITHLESS
- BADLY DRAWN BOY
- JUST JACK


Sábado, 16 de junho:
- DAFT PUNK
- CSS

Domingo, 17 de junho:
- KAISER CHIEFS
- EDITORS
- THE TWANG
- THE CRIBS
- THE TWANG


Só te falo uma coisa: não marque bobeira e compre já os tickets, que estão a venda aqui: http://www.o2wirelessfestival.co.uk/

Sol, cerveja, Hyde Park e Daft Punk. Tem coisa melhor?


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BRETT ANDERSON
Ao vivo no Bush Hall, Londres, 06/03

Pois é. Não deu pra evitar. Brett Anderson aqui em Londres. E pra variar, SEMPRE AS MESMAS PESSOAS. E com elas sempre as mesmas picuinhas, principalmente entre os britânicos. Fãs do Brett, eu hein, ô raça. Fui entrando no Bush Hall e minhas energias sendo sugadas. “Dá próxima vez tomo banho de sal grosso antes de vir”, pensei. Tinha também a turma de aventureiros-viajantes-obsessivos de sempre, o pessoal do Japão, Escandinávia, Israel, Espanha. Com eles tudo na santa paz e felicidade. Vieram de longe, estão incessantemente sonhando com o Brett. São os britânicos que são ‘osso duro de roer’, um mais mala que o outro. Não acredita? Dá um pulinho no fórum oficial de brettanderson.co.uk e veja você mesmo, oficialmente o site com a maior concentração de babacas da internet mundial, tirando o orkut. Mas enfim, to aqui, vamo nessa, peguei minha pint e me enfiei, eu e minha pança, ali na frente, do ladinho. Cheguei propositalmente depois da banda de abertura.

O Bush Hall é lindo, sempre que venho me deslumbro com a arquitetura requintada. É apertado, cabem umas 600 pessoas, mas parece que sempre tem espaço de sobra. Apagam-se as luzes, as orquestrações de “The More We Possess The Less We Own Of Ourselves” iniciam, criando um clima charmoso - a cara do Brett. Depois de alguns minutos, a banda entra, Fred Ball o primeiro, Brett o último. Delírio e choro dos mais fanáticos. Começam com a minha preferida do álbum, “To The Winter”. Fui assistindo o Brett de pertinho, naquele palco pequeno, e fui tendo flashs da semana do ICA, onde também o cenário era minúsculo. Emendaram com “Love Is Dead”, o single. E da-lhe todo mundo cantar junto. Depois Brett tirou seu terno e se jogou. Tava sorridente, açanhadinho, confesso que nunca vi ele tão alto-astral assim desse jeito. Também, quer o que?, assisti os últimos dez shows do Suede, dá pra imaginar o clima entre a banda. Depois vi mais uns dez The Tears, onde a atmosfera era melhor. Mas agora parece que a bicha se encontrou.

A dobradinha “Dust And Rain” e “Intimancy”, de longe o ponto mais fraco do novo álbum, também tava de duplinha no set ao vivo. Ficou melhor que no disco, mais rock, menos afrescalhadas, mas ainda sim, ruins. Brett realmente tem problemas pra escolher faixas de álbuns (e também de shows), tinha que meter essas duas ali no começo, pra quebrar o clima. Anyway, pra compensar, o número seguinte foi “Back To You”, a parceria com Fred ‘Pleasure’ Ball, e daí pra frente a qualidade foi impecável. Um pianinho familiar começou de mansinho, e logo bateu. Ah, que lindo - “By The Sea”, umas das minhas prediletas do Suede. Era fechar os olhos e imaginar o Suede dos bons tempos ali na sua frente. Ou ficar olhando o Fred Ball, que é uma sósia do Neil Codling. Brett tava bem, magro como sempre, e com um traje idêntico dos shows do “Coming Up”. Camisa preta, suada, desabotoada, calca preta com uma leve boca-de-sino. Só faltou a franja.

Não tocaram “Scorpio Rising”, e convenhamos, não fez nenhuma falta. Depois, numa tacada só, vieram “Colour Of The Night”, “One Lazy Morning”, “The Infinite Kiss” e “Song For My Father”, essa última com Brett soltando a voz, de joelhos, concentradísimo, e realmente provando que sua voz continua única e potente. As pessoas pedem as notas do “Dog Man Star”, mas acho que isso não significa ‘cantar bem’. A voz do Brett é bonita de qualquer jeito, o timbre dela é especial, com ela em forma ou não. Assim sendo, considero algumas faixas e b-sides da era “A New Morning” as melhores coisas que Brett já fez. E naquela época sim a voz dele capengava. Mas agora dá pra ver que a cena voltou aos trilhos. Só pra finalizar o primeiro ato, Brett depois da ótima “The Infinite Kiss” disse que essa era uma música sobre foder, e anunciou que a próxima seria sobre morrer, dando início a fascinante “Song For My Father”.

Bis. Brett sentado num banquinho, encarando o violão. Veio com “Clowns”, lindíssima, ‘breathtaking’. Mais um exemplo que Brett sempre peca na escolha do repertório dos álbuns. O que uma música maravilhosa como “Clowns” faz de fora do novo disco? Brett only knows. Aí ele começa os primeiros toques de “The Living Dead” e a minha noite tava feita. Memórias da minha adolescência, sensação de conforto e prazer. A vida às vezes lhe proporciona momentos de felicidade. Às vezes.

Daí em diante, foi um mini festival de músicas do Suede, pra alegria de TODOS que estavam presentes. “Everything Will Flow”, “Can’t Get Enough” e “Trash”, nessa ordem. No palco, Brett rebolava e se requebrava de um jeito para nenhum fã das antigas botar defeito. Só faltou socar o microfone no bumbum, ui, mas aí já era pedir demais, né? Na platéia, pulos, gritos e sorrisos. E o Matt ainda tava ali... Olha, não vejo problema nenhum do Brett mandar essas do Suede no final do show. Afinal, o Brett não precisa provar nada, precisa? Ele que vem lançando discos, compondo, metendo as cara, dando continuidade na carreira. Que mal há em fazer a galera feliz e tocar “Trash”? Deu uma apimentada na coisa, e depois a noite terminou e não dava pra esconder, estávamos todos de alma lavada.

No final, corri pro bar pra matar a sede com mais uma pint. E pra variar, ouvi um “Hey, Brazil Guy!” de longe, e vieram alguns conhecidos falar comigo, gente que só encontro nos shows do Brett. Isso que dar ir em todos os shows em Londres, você acaba se tornando figura carimbada entre o clã de fãs do Suede. As pessoas não sabem meu nome, apenas me chamam de “Brazil Guy”. Oh. Terminei a pint e zarpei dali, deixando esses malas pra trás. Se o show valeu a pena? Bem, comprei ingressos para a turnê de maio, então claro que valeu! Brett never fails to deliver.

BRETT ANDERSON TOCA NA FESTA POPSTARZ, NO SCALA, NO DIA 30 DE MAIO. SERÁ UM SHOW ACÚSTICO. SEE YOU THERE.
www.popstarz.org/


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THE HORRORS
Ao vivo na Virgin Megastore, Oxford Street, Londres, 05/03


Fazia um tempinho que eu não saía do trabalho e assistia um showzinho free na Virgin aqui do centrão. A última vez foi Lily Allen, meses atrás. Então aqui estamos, eu e minha pança, pra variar, no meio da criançada. Éramos os únicos tiozinhos ali, tirando os pais que vieram ACOMPANHAR seus filhos para o show. E todo mundo vestido a caráter, de Jack The Ripper. Menos eu e minha pança. E ela vive me perguntando, “ô aí de cima, quando você vai deixar de freqüentar showzinhos de rock pra crianças?”. Minha resposta é sempre a mesma, “não enche, pança”.

Olha, vou falar, pra mim quem é o chefe do The Horrors é o Spider Webb, não tem jeito. Sem ele a banda seria apenas mais uma banda barulhenta de garagem, indo do nada a lugar nenhum. É ele que proporciona o Horrors com pinceladas groovy e idéias certeiras. Claro, tem o Faris e toda sua altura e gritos e giros. E também contamos com o guitarrista que tem uma pinta de monstrinho Gremlins, o tal Joshua Von Grinn, com o sorriso mais mirabolante do rock. E Coffin Joe e Tomethy Furse? Bah! Paus mandados. Spider Webb é o cara, e é ele que aparece primeiro no palco (veja foto), com sua capa Jack The Ripper e franja cobrindo os olhos. A partir do momento que senta a mão em seu teclado, o demônio chega para abençoar a apresentação.

The Horrors ao vivo. Como você imagina que seja? Pois eu digo: ALTO PRA CARALHO. Yes, Yes, Yes. Exatamente como deve ser uma banda como The Horrors. Tocaram umas seis ou sete músicas, as mais famosas. Espalhado nelas, sob pouca luz, um ritual de guitarras trash-crash, teclados demoníacos, entortadas psychobilly e berros. E claro, tudo num volume muito alto. Seria o The Horrors uma das melhores bandas de rock nesses tempos de vacas magras? Com certeza. Quem acha que é mais um clássico exemplo de “visual sob conteúdo” está bem enganado. Estão salvando a lavoura nesse ano de 2007. Destaques do show: “Count In Fives”, “Gloves” e “Sheena Is A Parasite”. No final, veja só, até minha pança queria pintar o olho, de tão convencida que ela ficou. E eu disse, “tudo bem, desde que você não se torne emo”.
xxx

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