Thursday, April 05, 2007

 

coluna 29 de março

LANÇAMENTOS 2007


BRETT ANDERSON – "Brett Anderson"

Muito já foi falado sobre o, enfim, primeiro disco solo de Brett Anderson. Acho que li umas 15 resenhas em publicações inglesas, e apenas duas foram positivas. O resto meteu o pau sem dó. A primeira pergunta que fica é: Será que essas revistas e jornais merecem alguma credibilidade? Sim e não. E mais fácil comparar o trabalho atual de Brett com as bandas da última modinha, e ridiculariza-lo pelas suas baladas, do que analisar pura e unicamente a música em questão e o universo no qual ela foi criada. É aquela questão de preguiça no jornalismo. Mas também a mídia vive do frescor do momento, o vigor juvenil, e elogiar a fórmula e figura já conhecida do Brett não seria uma das atitudes mais favoráveis para a integridade e vendagem dessas publicações. É o sistema. É a inércia. A segunda pergunta é: será que o publico consumidor se importa com essas criticas? Essa já não sei responder precisamente, mas posso te assegurar que Brett vem sendo tocado, aqui no Reino Unido, em rádios com ouvintes de faixa etária acima dos 30, e que esse sim é um excelente mercado para Brett explorar. Ao lado de James Blunt, Katie Melua, Rufus Wainwright e Laura Veirs, porque não? Ridículo seria bater na mesma tecla que os Arctic Monkeys e Kaiser Chiefs.

Mas afinal, e a música? Bem, não espere muita coisa. Não que seja ruim, mas é claramente o trabalho menos inspirado da carreira do Brett. Mas tudo isso é meio relativo, não é? Tem um amigo meu que nunca ouviu Suede antes e adorou o disco, esta totalmente fascinado. Tenho outro colega que acompanha Brett há tempos e não ficou nem um pouco empolgado. E vice-versa. A minha opinião é: pode ser o mais fraco de Mr. Anderson, mas ainda sim há toques mágicos que só ele consegue proporcionar. São onze baladas, cobertas por uma mantra orquestrada, momentos de serenidade e letras que podem não ganhar nenhum premio de poesia, mas não são tão mal quanto a mídia e detratores adoram proclamar.

E sua voz? Quanto a isso não precisam se preocupar, continua intacta, marcante e fascinante como sempre. Não há nenhuma faixa com o pique alto-astral de Trash ou Lovers e, convenhamos, Brett esta no direito dele com isso. Por que não esquecer os hits por um tempo e lançar um álbum suave, super adequado para deixar tocando em casa naquele seu momento de reflexão e solidão? Cada artista tem o seu momento e cada carreira passa por fases assim. O que me deixa mais excitado é saber que Brett esta colocando a cara pra bater e dando continuidade em sua carreira; ele poderia ter desistido e estar vivendo de direitos autorais. Isso mostra que o moço realmente se importa com música e que, porque não?, mais pra frente, depois de muita estrada percorrida, pode novamente lançar um masterpiece como Dog Man Star. Nothing ventured, nothing gained.

Destaques: " To The Winter", "Song For My Father", "Infinite Kiss" e "Love Is Dead".


THE HORRORS – "Strange House"

Ok, vamos falar do The Horrors. Deixa eu entrar no clima antes, apagar a luz, vestir um pretinho gótico, pintar o olho e o lábio de preto. Pronto. Quer saber? The Horrors é foooooooooooooda. Vocês já imaginaram o que seria de nós sem o The Horrors nesses tempos cruéis? Vocês já deram uma espiadinha por aí e viram o estado lastimável que esta a cena rock-indie-mainstream no momento? Sim, compreendo seu ponto de vista, o The Horros é apenas mais uma banda de garagem, não há nada de inovador e tal e somente o visual não conta e tal. Mas, caralho, eles são uma ESTUPENDA banda de garagem e, vai se fuder, o visual deles conta SIM. Até se fosse surdo eu seria um fã do The Horrors; iria apenas fitar as fotos dos caras e estaria feliz.

Julgar que remetem a isso e aquilo é desculpa, pois desde que o rock nasceu ele deriva de outras coisas, só que existem uns que são inspirados e outros que não. The Horrors, thanks God, possuem inspiração de sobra percorrendo pelas veias. O quinteto tem o pacote quase completo: visual absurdo e intrigante e uma sonoridade que, tudo bem, não é o melhor de todos os tempos, mas é retrô e pesado na medida exata, sombrio, certeiramente bem produzido e raro nos dias de hoje. E se isso não é o suficiente para fazer você simpatizar com eles, tudo bem então, fique com o The Twang ou The Enemy ou simplesmente desista do rock. Destaques: "Count In Fives", "Death At The Chapel", "Sheena Is A Parasite" e "Thunderclaps".



GOOD SHOES – “Think Before You Speak”

Outra ‘salvação’ do rock nesse fraco ano de 2007 vem do quarteto do sul de Londres Good Shoes. Uma pena que, assim como o The Horrors, ficarão confinados ao sucesso mediano enquanto que mediocridades ganham o mainstream. Talvez se tivessem surgido há dois ou três anos atrás o cenário seria diferente, com certeza teriam a mesma moral de um Franz ou Maximo Park. Mas como 2007 é o ano das bandas picaretas New Rave e do rock “copy+paste”, pouca gente irá se deliciar com esse debute do Good Shoes. “Think Before You Speak” é o segundo disco que tanto o Futureheads e Maximo Park nos prometeram, mas não cumpriram. Guitarras angulares, letras cativantes sobre o dia-a-dia e uma sensibilidade pop que poucas bandas de rock conseguem assimilar é o que prevalece por entre essas 14 músicas.

Poderíamos rotular como um exemplar e competente Pop-Punk, que pode muito bem deixar entusiasmado tanto fãs de Undertones como das Pipettes. “Small Town Girl”, um das melhores faixas desse álbum (e também desse ano), certamente prova o que estou dizendo. Os primeiros singles do Good Shoes, lançados há mais de um ano e meio, tinham uma sustância mais pesada, soavam mais punk do que pop. Felizmente, a banda re-gravou esses singles para o álbum e aqui estão mais polidos, na medida perfeita, deixando de fora aquele esporro desnecessário e aquelas pinceladas de rock-rebelde. Ainda bem. “Think Before You Speak” só não é melhor porque a quantidade de faixas (14) é um exagero e tira um pouco a consistência da obra. Mas mesmo assim, um excelente disco de uma, quem sabe, promissora banda. Destaques: “Photos”, “Never Meant To Hurt You”, “Small Town Girl” e “Morden”.


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OUTROS LANCAMENTOS JA COMENTADOS AQUI NA COLUNA:

ARCADE FIRE – "Néon Bible"
KEREN ANN – "Keren Ann"
TAP TAP – "Lanzafame"
AIR – "Pocket Symphony"
EXPLOSIONS IN THE SKY - "All of a Sudden I Miss Everyone"
JOHN HOWARD – "Same Bed, Different Dreams"





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