symphony of bliss

LANÇAMENTOS MUSICAIS 2007


COCOROSIE – “The Adventures Of Ghosthorse & Stillborn” (Touch & Go)
Cocorosie é uma dupla composta pelas irmãs Sierra e Bianca Cassidy. Nascidas nos EUA, foram criadas em diferentes áreas, com sua mãe sempre viajando de um lugar para o outro. Na adolescência, as irmãs perderam o contato e só voltaram a se falar quando residiam em Paris. Foi lá, em 2004, que gravaram o primeiro disco da dupla, “La Maison de Mon Rêve”, uma explorativa jornada por ruídos frágeis, arco-íris, sons intimistas e passarinhos em seus pios matinais. Em 2005, desta vez baseadas em New York, lançaram uma seqüência daquela viajem, intitulada “Noah’s Ark”, contendo a mesma áurea que o debute. Era o som dos céus. Agora, nesse terceiro disco, as irmãs dão um passo a frente e exploram uma de suas paixões, o hip-hop, moldando, com maestria, sob a roupagem Cocorosie. O resultado é absurdo, inigualável, inventivo, de tirar a respiração. Todas as virtudes que nos inspiram relacionadas ao Cocorosie, ou seja, os ruídos do além, a magia, a atmosfera agridoce, os sinos e o mundo de fantasia, estão aqui, com a diferença de que dessa vez o compasso está mais frenético, o coração pulsa mais rápido. Cocorosie, uma das coisas mais abençoadas dos dias de hoje, mostra porque reina no topo da música pop. Não tenho muito mais a declarar, apenas pedir para que, por favor, você acredite em sereias, fadas e bruxas. O mundo fará muito mais sentido para você.


DARTZ! – “This Is My Ship” (Xtra Mile)
Putaquepariu, acho um crime uma banda dessas não estar no topo aqui no UK. Eles contam com todos requisitos para serem adorados e idolatrados pela juventude roqueira, mas ainda sim foram completamente ignorados pela mídia e gravadoras. O som desses caras possuem vigor juvenil, esporro, riffs violentos, groove, sustância, energia, tudo calibrado por uma veia pop. É simplesmente um dos melhores discos rock desses tempos e, injustamente, foram jogados para a obscuridade. Enfim, já sabemos, o mundo é injusto, não adianta choramingar. Se você curte bandas como Idlewild, Weezer ou Death Cabie For Cutie, não deixa de escuta-los. Longa vida ao Dartz!. Destaques: “Prego Triangolos”, “Once, Twice, Again!” e “St. Petersburg”.

MANIC STREET PREACHERS – “Send Away The Tigers” (Columbia)
Aí está o oitavo disco dos galeses Manic Street Preachers, desta vez deixando de lado a sonoridade serena dos dois últimos trabalhos e atacando com um bom e alto rock’n’roll. Muita gente celebrou essa volta dos Manics às raízes, e eu também gostei, mas não posso deixar de ressaltar que gosto igualmente dos álbuns anteriores, cheios de baladas. Não entendo porque quando uma banda de rock como os Manics lança álbuns mais tranqüilos as pessoas criticam e quando volta para o rock, as pessoas elogiam. Todos os álbuns dos Manics são inegavelmente ótimos, independente de serem barulhentos ou não. E “Send Away The Tigers” é apenas mais um deles. Destaques: “Autumnsong”, “Your Love Alone Is Not Enough”, “Rendition” e a faixa título. P.s.: O single “Your Love Alone Is Not Enough” entrou direto no número 2 das paradas britânicas, ou seja, os Manics estão novamente em alta por aqui.

ELECTRELANE – “No Shouts, No Calls” (Too Pure)
Mais um álbum das garotas de Brighton, costa sul da Inglaterra. E novamente um trabalho de qualidade, com a tradicional sonoridade da banda rangendo, ora rumando para o kraut-rock, ora para o indie. É um rock mais intelectualizado, mas ao mesmo tempo simplório. E o Electrelane atualmente sabe como ninguém moldar isso de forma admirável. Para fãs de Stereolab, Neu!, Air e Yo La Tengo.

THE BISHOPS – “The Bishops” (1234)
Mais uma ótima banda que lança seu álbum por uma gravadora independente. Já comentei muito deles aqui na coluna e inclusive os entrevistei em 2006. O trio The Bishops reside em Londres e ostenta um som retrô, tomando como modelos os anos 60 dos Beatles e Kinks. Se existe uma banda mod hoje em dia, essa é o The Bishops. O long-play deles é uma coleção de hits para dançar em festas temáticas dos anos 60. O único defeito é que possui faixas demais (13) e isso as vezes deixa o repertório um pouco disperso. Seria melhor uma obra mais coesa, com nove ou dez músicas. Mas tudo bem, isso não tira o brilho e talento dos Bishops. Destaques: “Breakaway”, “Only Place I Can Look Is Down”, “Lies And Indictments/Sun's Going Down” e “Higher Now”.

BRIGHT EYES – “Cassadaga” (Universal)
E o garoto prolífico Conor Orbest aparece novamente sob a alcunha de Bright Eyes. Na verdade, Conor, beirando os 30, já não é mais um garoto, e sim um rapaz consagrado, considerado um dos principais talentos musicas da América atualmente, com um extenso catálogo de álbuns. Nessa sua nova empreitada, Bright Eyes ataca com um revigorante country-pop, ecoando Dylan e soando iluminado e vivo como nunca. Um exemplo disso é o single “Four Winds”, uma das melhores canções de toda sua carreira. E assim percorre Bright Eyes, dando sinais de que sua carreira está apenas no início, e que certamente ele será um dos artistas mais respeitados e consagrados desse século, assim como Bob Dylan foi no século passado.

CONFIRA OUTROS LANCAMENTOS DE 2007, JÁ COMENTADO AQUI NA COLUNA.

MAXIMO PARK – "Our Earthly PLeasures"
BRETT ANDERSON – "Brett Anderson"
THE HORRORS – "Strange House"
GOOD SHOES – “Think Before You Speak”
ARCADE FIRE – "Néon Bible"