Wednesday, August 15, 2007

 

coluna 08 de agosto

JOE LEAN AND THE JING JANG JONG

E o furacão Joe Lean And The Jing Jang Jong começa a tomar forma. A banda tem sido destaque de algumas revistas aqui no UK, e na NME dessa semana há um grande artigo com eles, disparando elogios atrás de elogios. Não tem jeito, essa será a banda de 2008. Quando a banda é boa, eu adoro o hype.

Algumas pessoas do Brasil desdenharam o hype do Joe Lean & JJJ, apenas dizendo que a banda é ‘legalzinha’. Mas como bem notou meu irmão Gilberto, que recentemente me visitou aqui em Londres, quem vivencia todo o hype, seja lá qual for a banda, acaba se derretendo, não tem jeito. Aqui em Londres arma-se todo aquele circo ao redor do hype, a gente liga a TV e ta passando entrevista com os grupos, entra nas lojas e ouve tocando, sintoniza o rádio e escuta uma música e comentários. Lavagem cerebral. Lavagem cultural.

Sem contar as revistas e jornais, dos mais sérios aos tablóides sensacionalistas, nos quais sempre há artigos com bandas, independente de ser fofoca ou não. Andamos pelas ruas e recebemos os jornais gratuitos, sempre com muita música e muito hype. E os shows? Aqui vemos aquele alvoroço de fotógrafos, as filas, fãs em estado de êxtase, groupies alucinadas, os cambistas gritando o nome da banda pelas ruas. Existe todo um universo em volta do hype, o que não pode é levar muito a sério.

Mas parece que algumas pessoas no Brasil não entendem isso e ficam meio ‘amargas’ com esse hype. Fica aquela coisa “ai, mais uma banda do UK que estão hypando, ai que merda, ai, detesto hype, oh”. Eu até compreendo. Esse pessoal não está aqui pra vivenciar isso, então é melhor não gostar mesmo do hype. Estão assistindo tudo do lado de fora. É a mesma coisa que ir num concerto e ouvir o espetáculo do lado de fora do teatro. They don’t have a clue.

Teve um comentário que li esses dias na internet que achei hilário, dei muitas risadas, ilustra isso que estou dizendo. O rapaz estava dizendo mais ou menos o seguinte: “olha, advinha, vem do UK, mas não tem hype, o que será? Lewis Hamilton”. Que??? Esse jovem piloto inglês de Fomula 1 vem sendo a coisa mais hypada da Inglaterra nesses últimos 7 meses, aqui só se fala nele, TV, jornais, revistas, websites, outdoor pelas ruas, o garoto é o símbolo da Inglaterra moderna, hype, hype, hype... nada contra o sujeito que soltou essa pérola, muito pelo contrário, mas que planeta será que ele vive? É por isso que eu falo, they don’t have a clue. Mas esqueça isso, a maior parte do publico brasileiro não se importa com o hype, de fato até curte. Só as figuras tediosas que não entendem. The bore Nine-to-Fivers...

Enfim, a NME finalmente esqueceu lixos como Twang e voltou a apostar em artistas de qualidade como Jack Peñate e Kate Nash, e isso é uma boa notícia. Joe Lean And The Jing Jang Jong faz parte dessa nova leva e é uma puta banda legal. E que venha o hype!

> Uma coisa que já tinha notado antes mas esqueci de comentar, Joe Lean também a ator, sempre vejo ele em comerciais de TV, isso é citado na matéria da NME.

Traduzi o artigo da NME, confira abaixo. Alias, esse é um daqueles artigos clássicos da NME, e virará artefato de colecionador nos próximos anos.

“PERFECTIONIST FIZZ POP FROM THE MAN WHO WILL BE KING”

Texto: Pat Long
Tradução livre: Marcio Custódio


Namorados ciumentos, roqueiros entendiantes, fãs do Twang: vire para a próxima página, você vai odiar o Joe Lean And The Jing Jang Jong. O restante de vocês, sejam bem vindos para a sua nova banda favorita. A frente está Joe Lean, the man who would be king. Assim como liderar a banda mais cool desse país, enquanto a tinta da caneta seca no contrato milionário recém assinado, ele também está escrevendo músicas para o próximo disco das Sugababes e acabou de atuar em seu primeiro filme de Hollywood. FODA!

“É meu último trabalho como ator, depois vou me aposentar”, ele explica, com um sotaque nos mesmos moldes posh de Damon Albarn. “É uma adaptação drogada de Alice No País das Maravilhas – meu personagem é Cheshire Cat”.

Mas, francamente, não são com suas qualidades felinas que estamos excitados. É a sua banda. Uma potente combinação de ternos mod dos anos 60, rostos angulares e um repertório repleto de futuros hit singles. O fizz pop apaixonante do Joe Lean And The Jing Jang Jong é o tom perfeito para esses tempos tristonhos. Glamourosos, escapistas e românticos, essa banda deixou metade dos executivos de gravadoras se sentindo como retardatários porque eles perderam seus dois primeiros shows, e não os viram ao vivo até que a banda fizesse sua terceira apresentação. Ultrapassaram todas as bandas que estão há anos tentando alguma coisa no circuito underground, foram assinados por uma gravadora na noite anterior que a NME os conheceu, momentos antes do show de número 15. O single de estréia “Lucio Starts Fire” chega em setembro em edição limitada, e no ano que vem eles estarão sendo tocados na jukebox do pub Queen Vic, serão alvos de fofoca dos tablóides e estarão como trilha sonora do programa Match Of The Day (nota do tradutor: esse programa é uma espécie de Mesa Redonda do futebol inglês, que vai ao ar nos domingos a noite, e sua trilha sonora é composta por bandas do momento, como Arctic Monkeys, The Automatic e Interpol). Confie em nós quando falamos que essa é uma banda especial, uma banda feita de poppeteers para ser a trilha sonora das batidas do coração dessa nação.

Hoje, contudo, a banda mais quente da Grã-Bretanha é também a mais encharcada – estão sentados fumando spliffs depois de terem levado um banho para a sessão de fotos da NME, nas piscinas do parque de Hampstead Heath, norte de Londres. Hoje é o dia seguinte após uma festa que começou 21 horas atrás e que parece improvável que vá terminar antes de 2008. Joe Lean And The Jing Jang Jong (nome tirado de uma swing-song dos anos 30), é de se compreender, estão em bons espíritos, apesar de estarem ensopados. “Tudo que aconteceu foi porque eu dei duro”, sorri Joe. “Mas 70% do que aconteceu com essa banda veio do amor e romance e serendipismo.”

Parte amabilidade, parte arrogância a-lá Borrell, Joe Lean nasceu Joe Beaumont, mas fãs de uma boa televisão talvez o reconheçam pelo seu nome artístico de Joe Van Moyland. Entre papéis em Peep Show (Sophie’s Brother) e Nathan Barley (Mudd), ele era também o baterista da girl-group de Brighton, The Pipettes. Foi membro até seu último show com elas, no palco Pyramid Stage do Glastonbury desse ano.

“As Pipettes era uma banda bastante democrática, mas isso significava que eu não tinha muita opção. Ao invés disso eu sonhava esse mundo alternativo, onde eu teria minha própria banda, sem muitos compromissos. Na minha cabeça soava como Smokey Robinson liderando New Order. Eu fui falando pra todo mundo sobre essa banda maravilhosa que eu tinha, até que chegou num ponto que ficaria meio chato se eu não fosse lá e formasse a banda. Mas eu sou também um perfeccionista. Quando era criança eu nunca desenhava num papel que estivesse amassado. E minha banda é a mesma coisa – não tinha sentido de começar isso se não fosse pra ser perfeito em todos os sentidos, logo desde o início”.

Entretanto – embora ele constantemente refere-se ao grupo como sua banda – Joe quer deixar claro que os Jing Jang Jong não são meros veículos de seu ego. “O Jing Jang Jong não é uma ditadura, é mais ou menos como a ONU, e eu sou os EUA”.

Então vamos introduzir os outros Estados Membros: o guitarrista Tom Dougall é o irmão da Rose Pipette – seus colegas de escola Dom O’Dare e Panda costumavam visitar a casa dela e sempre encontravam Joe Lean passeando por lá. Joe, enquanto isso, percebeu que aquele exército de school-boys andando no quarto de Tom poderia servir para o grupo ideal que tinha em mente.

“Eu percebi que conhecia os três melhores guitarristas desse país”, ele sorri astutamente. “e consegui fazer um deles tocar baixo”. Convencer o baterista de nome esquisito Bummer Jong a deixar sua banda precária foi moleza, especialmente quando Joe delineou sua visão.

“Musica pop precisa ser concisa. Eu odeio qualquer tipo de virtuosidade”, ele diz, socando a mesa. “Você nunca ouvirá um solo de guitarra da gente. Nós nunca iremos escrever uma música com mais de três minutos”.

E que sinfonias de três minutos que elas são: o soul afetado de “I Ain’t Sure”, “o torpedo lamentoso de “Lonely Bouy”, a doce explosão do debute single “Lucio Starts Fire”. Enquanto o Pop está de volta à moda, Joe Lean & JJJ está se entregando a isso; eles não são indie esnobes.

“Quero que minha música seja inclusiva – a meta é ter uma garotinha de nove anos e um senhor de 80 anos dançando ao mesmo tempo em diferentes países. Não precisa ter uma subdivisão no tocante ao que pessoas cool gostam e o que outras pessoas gostam. Odeio isso. Só quero fazer a pessoas se beijarem, essa é a idéia”, declara.

Impressionista felino de Hollywood, destruidor de corações indie, dominador do Pop – Joe Lean é o garoto prodígio multi-task que, junto com seu Jing, seu Jang e seu Jong, irá detonar em 2008.

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